– E agora do distrito 4, Alexander Hespain. Com nota... Onze. – Meu coração pulou de alegria, com certeza tinha o dedo de Nanda nesta nota, mas não me importei. Fiquei em êxtase vendo Roslanne, Mags e Magally comemorando. Deram-me abraços e beijos de parabéns, até que pararam para ver a nota de Belatriz.

– Belatriz Bozalles. Com nota... Nove. – Imediatamente ela adquiriu uma expressão de decepção, ignorou os parabéns e foi para seu quarto. Fiquei muito feliz pela minha nota, que me ajudaria muito em conseguir patrocinadores e chances até de vencer os Jogos. As notas seguintes seguiram rapidamente, todas de baixas a médias. Exceto por uma enorme surpresa. A garota do distrito 10, chamada Trice Formentin, tirou um onze também. Bom demais para uma simples garota do distrito 10, com certeza ela não era fraca como a maioria de um distrito pobre. Após ela, ambos do 11 tiraram 6. O garoto do 12, chamado Ralf, companheiro de Nataly, tirou um 3. Ela veio logo após com um 7 abaixo de seu rosto. Não tão alta, mas foi bem.

Três tributos com nota 11. Quase a nota máxima, isso não passará despercebido pelos patrocinadores, Idealizador e é claro, os outros tributos. Fora o Carreirista do 2, com certeza a atenção dos outros serão a mim e a Trice Formentin. Seremos vítimas procuradas, ou até mesmo, poderosos evitados. Ao contrário dos tributos com notas baixas, que passaram despercebidos. Segui para o jantar, havia um enorme banquete servido. Belatriz não estava na mesa.

– Onde está Belatriz? – pergunto.

– Está no quarto dela. Revoltou-se com a nota. – responde Mags.

– Como assim? – pergunto indignado. – Ela tirou um 9! Tantos outros tributos não chegaram nem perto. Aposto que Henri e Nataly com seus 8 e 7, com certeza estão felizes. Até outros carreiristas também tiraram 9.

– Sim, mas como carreirista acho que ela esperava mais. – Ela vira o olhar para mim. – Ela também é muito competitiva. Esperava tirar mais que você.

– Ah, claro Mags. Mas não estou mais me importando, ele tirou um 11 apenas porque recebeu ajuda daquela garota. – Belatriz aparece na sala de jantar e se senta no lado da mesa oposto ao meu.

– Claro que não! Eu me esforcei muito para me sair bem na sessão individual. – rebato.

– Tudo bem então. Só te digo que na arena, ela não vai poder te ajudar. – diz ela.

– Claro que não. Mas o pai dela pelo contrário, estará tentando nos matar. Ou fazer de nossas mortes coisas divertidas. – digo.

– Inclusive a sua. – rebate ela. Fiquei sem resposta.

– Não quero mais discussão. – interrompe Mags. – Vamos jantar.

– Sim, estão perdendo tempo. Está tudo delicioso! – diz Roslanne. – Ah, menina. Soube que você agora é uma dos Carreiristas, por isso não poderá comer sobremesa como eles. Lamento. – Belatriz a olha com desprezo, expressando não se importar com isso. Continuamos comendo em silêncio, até que a falta de certa pessoa extravagante me vem à mente.

– E Glebaurio? Não voltou mais depois daquela discussão? – pergunto.

– Ele desistiu do cargo. – Responde Magally. – Mas não importa, eu mesma planejei o traje de vocês dois para amanhã. Ele não me ajudava em nada.

– Escutem. Amanhã eles permitem que nós trabalhemos com nossos tributos antes dos Jogos. – diz Mags. – Eu e Belatriz vamos treinar as nove enquanto Alex fica com Roslanne. Depois trocamos. Depois vocês ficarão nas mãos de suas equipes de preparação e de Magally para as entrevistas.

– Tudo bem. – digo. Afasto-me da mesa e vou para meu quarto. Antes de entrar, peço que um avox me traga aquele chá maravilhoso que te faz pegar no sono. Deito na cama a espera dele, quando me vem pensamentos ruins e mente. Amanhã, quando vou ir dormir, será a última vez, será para acordar no outro dia e ir para a arena. Penso no que Belatriz me disse, que o pai de Nanda também trataria de fazer a minha morte divertida. Por mais que ela seja amarga, está certa. Não posso depender da ajuda dele ou de Nanda na arena, tenho que ser independente, não posso me submeter à ajuda deles. Penso também em minha família. Em como no passado, a nota de Lays também foi alta, não me lembro exatamente qual. Mas a nota foi alta e isso encheu-nos de esperanças. Meu temor é que essas esperanças com a minha, também durem pouco tempo.

O avox chega com meu chá em uma xícara, ainda fervendo. Deixo a xícara no criado-mudo ao lado da cama e novamente vou tomar banho. Não me importo em tomar banho muitas vezes em um dia, a água tem o poder de me acalmar, esquecer as coisas ruins e me trazer alegria. Passou-se muito tempo e sai da água, nem vi o tempo passar. Por sorte o avox deixou um tipo de pires em cima da xícara para que o calor não saísse. O chá ainda está morno. Enquanto bebo, penso naquela planta usada para produzi-lo. No pouco que vi da Capital, havia poucas árvores, e com certeza, nenhum tipo de horta ou plantação. Essa planta claramente veio de outro distrito, o 11 talvez.

Adormeço pouco tempo depois de beber todo o chá. Felizmente apenas um sonho me atormentou essa noite. Eu lutando na arena contra a garota do 10, que também tirou um 11, Trice Formentin. Ela era muito boa com qualquer arma e tinha sangue em toda parte de seu corpo, mas com certeza não era dela. A garota era alta, magra, com cabelos da cor laranja forte, quase um castanho. Ela tinha uma expressão perversa, vi em seus olhos uma sanguinária pior até que os carreiristas. Um medo daquela menina tomou conta de mim.

Assim que o relógio trocou de 8:59 para 9:00, fui acordado por Roslanne.

– Acorde meu anjo! Nosso treinamento já vai começar! – diz ela alegremente. Tomei um banho rápido em consideração a ela e me sentei em uma poltrona ao lado da dela em seu quarto. Comia pãezinhos doces acompanhados de Chocolate Quente, enquanto ela falava. Não entendo tudo o que ela diz, ela fala muito rápido e em meio a gritos e sorrisos de alegria e satisfação.

Quando termino de comer e ela para de falar, começamos o treino. Ela me faz vestir um terno comum apenas para praticar usando um. Também calço sapatos sociais apertados que ela me deu. Logo, ela me ensina várias posições para me sair bem na hora da entrevista; na hora de sentar, conversar, rir, levantar, etc. Cada ato que eu faria requeria uma posição diferente. Também me ensinou a andar decentemente com os sapatos, além de apertados nunca usei esta coisa antes.

Logo nosso tempo acabou. No final ela fez até um teste escrito para certificar-se de que eu aprendi o que fazer em cada ato. Sai de seu quarto e me dirigi ao quarto de Mags. Lá também haviam duas poltronas lado a lado. Nosso treinamento foi basicamente conversa, perguntas e respostas sobre tudo o que poderia acontecer na arena. O que eu deveria fazer em cada situação, o que fazer se eu necessitasse de tal coisa, etc.

Meu tempo com Mags passou rapidamente. Ela não fez um teste escrito como Roslanne, mas fez perguntas sobre tudo o que aprendi. Fui um ótimo aluno.

– Não importa o que vier. Você estará preparado. – diz ela. – Confio em você, com certeza você não terá o mesmo destino de sua prima.

– Mags, como ela era nos treinamentos? – pergunto cabisbaixo me lembrando de Lays.

– Ela era extraordinária. Assim como você, ela sabia o que fazer em todas as situações. Uma Tributo totalmente poderosa e preparada para vencer. Mas foi vencida pelo seu maior defeito, o medo de altura. Não resistiu ficar naquela altura e se contorceu para soltar-se. – ela me encara. – Resta saber, qual é o seu defeito Alex. E como evitar que ele o prejudique. – Abracei-a agradecendo por tudo e pelos conselhos. – Agora vou tirar uma soneca. Logo eu acordo para ver a entrevista de vocês, até mais.

Saio de seu quarto e me dirijo ao meu. Surpreendentemente lá já estava montada uma completa estação de preparação.

– Oi amor! – abraça-me Columbia.

– Você estava lindo no desfile! Nosso trabalho foi ótimo. – diz Vivian.

– Olha para esse cabelo, precisa de um tratamento urgente! – reclama Dóguilas me avaliando.

Deito no tipo de maca que eles montaram e começam o trabalho. Fazem tudo conforme foi antes do Desfile dos Tributos. Deixam-me só de cuecas. Columbia e Vivian hidratam a minha pele e aparam meus pelos do corpo, cílios, sobrancelhas e barba. Dóguilas faz inúmeras massagens e tratamentos em meu cabelo. Quando terminam, estou perfeitamente polido como uma estatua brilhante. Meu cabelo está brilhante e hidratado, minha pele está macia e bonita, mas pinicando.

Visto uma espécie de camisola que vai até os joelhos e sou acompanhado pelos três até o elevador. Lá estava Belatriz com a mesma veste e Roslanne para nos acompanhar ao lugar onde ocorrerão as entrevistas.

– Com nosso tratamento mais as roupas de Magally, você ficará deslumbrante! – grita Columbia.

– Não desarrume o penteado! – avisa Dóguilas.

– Boa sorte querido! – grita Vivian.

– Obrigado pessoal, vocês são demais! – agradeço-os. Eles sorriem de forma orgulhosa. A porta do elevador se fecha e vamos descendo.

– Você é tão feliz assim com todo mundo? – indaga Belatriz. – Você é muito falso.

– Eu não sou falso. – retruco. – Eu sou simpático com quem merece. Com você eu não sou por exemplo.

– Sem discussão meus anjinhos. Logo chegaremos. – interrompe Roslanne. – Tenho que avisá-los, vocês terão de ficar na mesma sala antes das entrevistas. Já que Magally será a estilista dos dois. – Eu e ela nos constrangemos, mas olhamos para frente logo depois com atitude. Saímos do elevador e fomos para os camarins abaixo do grande palco para as entrevistas. Nos sentamos em duas poltronas afastadas e logo Magally entra no recinto.

– Muito bem queridos. Terei de ser a estilista dos dois nesta ocasião. Estou com a roupa de Alex aqui, buscarei a de Belatriz enquanto Alex se veste. – Magally como sempre falando de modo forte e nos transmitindo segurança. Ela então pega minha roupa; camisa social era azul clara, um terno completo azul escuro brilhante do paletó as calças, que tinha perfeito contraste com um fraco laranja na gravata e um forte laranja nas linhas de detalhes do terno, e também um sapato social preto com detalhes azuis.

Magally me mandou vestir enquanto ela buscaria as roupas de Belatriz. Assim que ela saiu, me despi completamente não me importando para a presença de Belatriz. Vesti todo o traje, mas fiquei com dificuldades na gravata.

– Eu arrumo. – Belatriz que estava no canto da sala se aproximou e arrumou a gravata.

– Porque me ajudou? – pergunto.

– Ah... não sei. – ela se afasta. – Você devia ter mais educação e não sair ficando nu na frente de garotas. – Comecei a rir.

– Você se importa com isso na situação em que estamos? Amanhã estaremos na arena. – digo.

– Desculpa por sempre ser ríspida e muitas vezes egoísta. Eu faço tudo seriamente porque quero sair viva daquela arena. – Ela é interrompida por Magally entrando na sala. Magally me observa com o traje completo.

– Você está deslumbrante. – diz ela. – Agora você. Aqui estão suas roupas. – Ela mostra as roupas de Belatriz. É um vestido todo azul claro com detalhes brancos e rosas. – Você pode se virar por favor? – Magally me olha seriamente e me viro. Tempo depois ainda estou esperando, perco a paciência e me viro.

– Porque estão demorando tanto? – digo. Magally estava calçando os sapatos de Belatriz e ela estava penteado os longos cabelos castanhos. Sento na poltrona e espero elas terminarem. Penso nas atitudes dela até agora, tudo o que ela fez. Brigar com Nanda, Roslanne e comigo, para hoje me ajudar com um gesto de gentileza. Será que estava certa em me trair com os carreiristas para se manter viva? Era difícil de entendê-la, mas mesmo assim, isso não justifica os seus maus atos.

Elas terminaram e ela estava pronta, devo admitir que estava linda. Saímos da sala e fomos para o corredor que ia em direção ao palco, lá já estava a maioria dos tributos. Henri estava próximo a mim. Ele estava vestindo um terno amarelo com detalhes pretos. Trocamos olhares nervosos e sussurrei um boa sorte, ele fez o mesmo e se virou para frente. Após os últimos tributos chegarem, Ralf e Nataly, que usava um vestido todo laranja forte com renda amarela em toda parte; todos ficaram em fila aguardando o início das entrevistas.

Caesar animou a plateia e os deixou ansiosos para o início das entrevistas.

– E agora, vamos conhecer os tributos que vocês querem tanto conhecer! – Ele ri com certa falsidade, um riso forçado. A plateia grita em concordância e ele inicia. – E para começarmos. Vamos ver se ela brilha como purpurina. Vamos aplaudir bem forte, a Karina! – A garota do distrito 1 desfila com facilidade até a poltrona ao lado de Caesar. Da início a entrevista falando em como ela está preparada e confiante para a arena, em como ela acha lindo todas as roupas das pessoas da Capital. Depois vai Luigi, o pequeno menino fica absolutamente tímido em frente a multidão e apenas responde as perguntas de Caesar. Logo após vai Létcya, a carreirista do distrito 2.

– Bem vinda, Létcya! Como está se sentindo na véspera da entrada da arena? – pergunta Ceasar.

– Estou louca para entrar lá e matar muitos vermes inferiores! – Ela fala seriamente.

– Vejo que temos uma garota forte e confiante. – Caesar fala olhando para o público. Com certeza ele sabe que Létcya fará um show de mortes nos Jogos, todos da Capital ficarão animados. Depois dela vai o enorme carreirista do distrito 2, Patrick. Ele diz estar extremamente preparado e louco para entrar na arena. A companheira de Henri, Mary, a garota do distrito 3, sobe ao palco.

– O que você acha desta edição dos Jogos Mary? – pergunta Caesar. Ele parece fingir que se interessa pela resposta.

– Pelos meus cálculos. Será uma ótima edição. Todos os tributos estão preparados e temos uma ótima diversidade. Espero me sair bem. – responde ela. Logo depois sobe ao palco Henri, no começo tímido perante a multidão, mas logo se solta.

– Olá Henri, como vai? – Caesar da início a conversa.

– Estou ótimo Caesar. Estou adorando a Capital e toda a tecnologia maravilhosa que vocês têm. – Lembrei-me de quando ele falou sobre a tecnologia que é produzida no distrito 3, e retirada para a Capital.

– Com certeza por vir do distrito 3, você entende muito disso. – diz Caesar.

– Claro. Inclusive muitas coisas legais eu ajudei a criar. – diz Henri.

– Você realmente parece um garoto excepcional. Não é pessoal? – Caesar pergunta e toda a platéia concorda. – Tenho mais uma pergunta para você. O que pretende fazer para vencer os Jogos desse ano?

– Este ano existem muitos tributos ótimos, bem treinados e fortes. – diz Henri. – Mas para mim, a inteligência supera a força. E a inteligência será minha arma para me sair bem.

– Incrível! Boa sorte então. – eles se cumprimentam. – Aplausos para Henri. Distrito 3! – A multidão o enche de aplausos, ele desce pelo outro lado do palco e logo Caesar continua.

– E agora, vamos ver se ela é Bela como o nome. Do distrito 4, vem aí, Belatriz! – Belatriz sobe ao palco com muita classe e se senta. – Vejo que você é mesmo Bela, não só no nome!

– Obrigado Caesar. – ela sorri. – Vocês da Capital também são muito lindos. – A multidão grita em alegria e concordância.

– Muito obrigado querida! Falo por todos da Capital. – Caesar aperta suas mãos. – Mas que anel lindo você está usando! – Na tela da televisão, avisto o anel. É apenas a segunda vez que o vi na mão de Belatriz, a primeira foi no trem de transporte para a Capital, mas naquela ocasião não observei com muita ênfase. Era um anel dourado com uma pedra verde muito bem lapidada no centro. – Ele é seu? – pergunta Caesar. Ela hesita um pouco, mas responde.

– Ele é meu sim. – Ela responde cabisbaixa, mas ergue a cabeça rapidamente. – Ele foi o anel de noivado de minha mãe. Ela sempre o usou, mesmo quando meu pai morreu em uma viagem para o mar. Só o tirou para dar para mim, no dia em que fui selecionada na colheita. – diz ela. Realmente me lembrei de um dia em que meu pai estava contando sobre outra embarcação de pesca no mar, quando um dos tripulantes morreu se jogando no mar e nadando até o fundo para liberar a âncora de uma pedra que a estava prendendo. Ele se sacrificou para que o barco continuasse o curso e todos os outros se salvassem de uma enorme onda que engoliria o barco se ele continuasse no ponto em que estava preso. Agora entendi, aquele homem era o pai de Belatriz, o homem que salvou toda a sua tripulação a custo de sua vida.

– Isso é realmente emocionante. – diz Caesar, toda a plateia se silencia em comoção. – Te desejo toda a sorte, para que você continue usando este anel na entrevista do vitorioso após os Jogos! – Ela agradece e se retira do palco. Caesar não perde tempo e continua as entrevistas.

– Agora, vamos dar às boas vindas a ele. Do distrito 4, Alexander! – Meu coração dispara e sou levado para o palco.

O tempo para quando vejo aquela multidão enorme com todas aquelas pessoas com roupas ridículas. Nem percebo Caesar me cumprimentando e me dando as boas-vindas. Só consigo perceber uma senhora idosa com uma enorme túnica preta por todo o corpo. Apenas seu rosto fica exposto, este é todo inchado e rosa, com os cílios to tamanho da minha mão. Além de um enorme circulo verde cintilando na sua cabeça. Caesar fala ao meu lado:

– Então, Alexander. Conte-nos como conseguiu uma extraordinária nota onze nos treinamentos! – Desperto da visão daquela senhora avistando Magally me olhando com cara feia da plateia.

– Bom, Caesar. Me esforcei bastante, E... – Avistei aquela senhora se mexendo; quando isso acontecia, o circulo verde em sua cabeça ficava girando e parecia uma gosma. Comecei a olhar por todos os lados e muitas, muitas pessoas vestidas de modo ridículo me vieram na visão.

Não resisti, e comecei a rir.

– Alexander, você está bem? – Caesar perguntava e todos da Capital se calaram, estranhando um tributo de nota onze rindo sem motivos. Fechei os olhos e me virei para Caesar, tentando conter o riso.

– Estou ótimo! – Exclamo. – É que vocês da Capital se vestem de modo muito diferente.

– Diferente? – Caesar estranha. – Como assim diferente?

– Muito engraçados! – digo, ainda rindo.

– Acho que somos engraçados. – Caesar olha para o público, e sem motivo, todos eles riem, incluindo ele. O riso deles acaba com o meu. – Você é muito simpático Alex! Se é que posso lhe chamar assim.

– Claro que pode Cae-Cae! – Invento um apelido carinhoso para Caesar, por um lado cômico, porque eu e a plateia rimos. Caesar ri forçadamente.

– Engraçado. – ele diz. – Agora, Alex! Vamos falar seriamente ok?

– Sim, Caesar. Desculpe o apelido. – digo.

– Nada de mais, você é muito bem humorado! – Ele diz rindo e colocando a mão sobre meus ombros. – Agora, tenho uma pergunta para você. Sobre sua prima. – Minha expressão fica séria.

– Ah, sim. Lays. Ela esteve aqui neste palco há oito anos. – Ele balança com a cabeça positivamente e olha para o público.

– Todos nós, eu acho, nos comovemos quando ela caiu naquela altura. Era realmente uma garota extraordinária. E bem humorada como você. – Ele se vira para mim seriamente. – Você acha que terá o mesmo fim que ela?

– Com certeza não. – digo firme. – Lays foi derrotada pelo seu maior defeito, o medo de altura. E eu não tenho defeitos para me derrotar. – Minto, esperando atrair patrocinadores. – Estou confiante para vencer. E com certeza, Lays sempre estará ao meu lado. – Ouço um suspiro de carinho da plateia, essa ligação familiar pareceu comovê-los.

– Muito bem, desejamos toda sorte para você. – Caesar estende a mão para me cumprimentar.

– Muito obrigado Cae-Cae! – Todos da plateia riem novamente, até Caesar e eu. Nos levantamos e ele ergue meus braços.

– Aplausos para Alex! Distrito 4! – Saio do palco sendo aplaudido e encontro Mags, Magally, Roslanne e Belatriz a minha espera.

– Você foi incrível! – diz Roslanne.

– Vocês foram ótimos. Minhas roupas ficaram fantásticas com as luzes do palco. – diz Magally.

– Como sempre “bem humorado”. – indaga Belatriz. – Com certeza garantiu uns patrocinadores, garoto “bem humorado”. – Ela mudou de tom ao falar bem humorado.

– Muito obrigado “garota do anel”! – digo, dando ênfase a garota do anel. – Sua história foi ótima, também terá patrocinadores.

– Eu não menti! Nem queria contar sobre isso àquelas pessoas desprezíveis. – diz ela.

– Tudo bem. – digo. – Eu sei, ouvi falar de seu pai no distrito.

– Vocês dois foram bem. – Mags me interrompe. – Com certeza vocês terão patrocinadores. Agora vamos ver as outras entrevistas. – Eu e Belatriz nos encaramos e nos voltamos para a televisão.

As outras entrevistas foram se seguindo normalmente, a maioria dos tributos acanhados e com medo. Poucas exceções. A garota do distrito 5 que foi logo depois de mim, chamada Jacqueline, respondeu com muita classe as perguntas se Caesar. Me surpreendi com a garota do distrito 7, chamada Géssika; a menina que eu sempre achei ter 12 anos pela sua altura, na verdade tinha 16. Provavelmente era uma anã ou tinha problemas em relação a crescimento. O garoto do distrito 9 ficou em absoluto silêncio, não falou nada. Deixou Caesar sem resposta e a plateia frustrada. Logo depois dele, foi Trice Formentin, a garota do distrito 10 que também tirou onze.

– Bem vinda senhorita Formentin! – Caesar a cumprimenta com classe e a acompanha até o assento. A garota ruiva o trata com desprezo e apenas encara o público. – Então querida, como explica sua incrível nota nos treinamentos?

– Apenas fiz uma coisa parecida com o que sempre faço. Demonstrei de modo exemplar aos senhores Idealizadores. – diz ela.

– Pode nos contar o que sempre faz? – pergunta Caesar.

– Mato animais. Trabalho no abatedouro do distrito 10. – Ela fala muito séria. – Demonstrei minhas técnicas a eles.

– Interessante. – Caesar olha impressionado para a plateia e novamente para ela. – Agora, minha cara Formentin. Desculpe, adorei seu sobrenome querida Trice. – Ele ri, mas ela retribui com um olhar de nojo. – Pode nos contar como pretende usar essas técnicas para vencer os Jogos desse ano? – A garota agora ri, pela primeira vez mostra um sorriso. E sobre seu rosto belo em meio aos cabelos ruivos ela atinge a todos, principalmente a mim com o que fala.

– Claro. Vou matar todo mundo. Principalmente meus concorrentes nota onze, Patrick e Alexander.