Sabem, eu sou uma pessoa desorganizada. Tentei mudar isso e ainda tendo, até tive ajuda. Mas não saber me organizar faz parte da minha personalidade. Antes, eu estava falando sobre a minha vida, não? Sim, eu lembro que era isso, mas há um pequeno problema: eu não me sinto confortável para falar disso agora, então pulei alguns anos. Me perdoem, logo eu explicarei tudo, mas não agora.

Esta é uma carta dirigida ao mundo, como vocês devem saber. Cada um de vocês, vidas com seus ideais, metas e sonhos. E eu, uma existência obscurecida pela a podridão. E que quase decaiu nela.

Mas enfim, saindo das minhas divagações, vou dizer sobre a minha vida com doze anos. Eu ainda estava abalado com a tragédia que me ocorreu, ou melhor, à minha mãe, e Hyouma e Kumi estavam envolvidos. Aquilo me dava ódio e ânsia de vômito, eu queria ver ambos mortos, aqueles que antes eram irmãos para mim. Especialmente o Hyouma. E aonde eu estava? Exatamente em Konoha!

Estava com doze anos de idade e havia acabado de acordar. Mas eu estava diferente, ou melhor, o meu olhar... ele havia mudado, desde a tragédia. Os ninjas chamam essa habilidade de Rinnegan, que pertenceu a personalidades lendárias, como o Sábio dos Seis Caminhos, Uzumaki Nagato, Uchiha Madara e Uchiha Obito. Quando cheguei em Konoha, com meus seis anos de idade, o hokage se impressionou - ele era justamente o tão famoso Uzumaki Naruto -, na verdade, todos se impressionaram.

Eu era diferente de todos, eu tinha esses olhos divinos.

Continuava com o meu físico normal, meu cabelo liso e negro e pele alva, até um pouco pálida. Mas os meus olhos não eram mais castanhos, eles eram como os daquele que criou a arte ninja. Mas então, o Hokage me deixou viver na vila, no antigo apartamento em que ele vivia e mandava de mês em mês um anbu ou jounin normal para me entregar o dinheiro que eu gastaria para as despesas.

Mas nos últimos meses, tem aparecido sempre a mesma pessoa, uma gentil mulher e justamente a esposa do Hokage Naruto. O nome dela era Uzumaki Hyuuga Hinata, uma jounin e responsável pelo o poderoso Clã Hyuuga. Ela costumava aparecer no meu apartamento e não apenas me entregava o dinheiro como tentava interagir comigo. Mas na época eu não tinha tempo, ou ao menos eu achava que não tinha.

Enfim, voltando ao meu cotidiano, eu acordei cedo, como sempre fazia. Eu era um aluno da Academia Shinobi e era conhecido por ser o mais segundo melhor em teoria e o melhor em prática. Eu era visto como um gênio e muitos tinham altas expectativas em mim, de eu ser um grande ninja. Mas em um mundo sem guerras, qual seria o valor de um ninja?

Levantei da cama e fui para o pequeno banheiro tomar um banho para acordar e pôr as ideias em dia. Enquanto refletia sobre os últimos acontecimentos, deixava a água fria e estranhamente confortadora cair sobre o meu corpo nu, anestesiando as minhas dores por ao menos alguns instantes. E eu pensava sobre tudo que me ocorrera e sobre o meu objetivo na época: eliminar três pessoas. Era isso que eu queria e aquele era o único motivo de eu querer me tornar um ninja.

A propósito, eu estava me preparando para o último teste da Academia, que definiria se eu me tornaria um gennin ou não.

Também houveram algumas pessoas que chegaram em minha vida, além da Hinata-san. Ela e o Hokage tinham uma filha chamada Hyuuga Yue, uma aluna regular com notas regulares e muito amiga de Uchiha Yurika, que por sua vez era filha de Uchiha Sasuke e Uchiha Haruno Sakura. Yurika - ou mais chamada de Yuri - era a que vencia a minha pontuação em provas teóricas.

Terminei o banho e fui para o quarto de toalha pegar as minhas roupas. As vesti. Era uma grande vestimenta negra com um laço roxo na cintura, vestia uma calça também negra e sandálias comuns (N/A: parecido com a roupa do Obito no mangá). Ainda não tinha bandana, claro, então o meu cabelo permanecia solto, formando uma franja. Mesmo não sendo organizado, eu sempre fui um tanto caprichoso com a maneira que me parecia.

Me olhava no espelho, já acostumado com os meus novos olhos. Ainda não disse a razão de eu ter o Rinnegan, não é? Direi isso mais tarde, não se preocupem.

Comi apenas uma maçã de café da manhã, aquilo já era bom os suficiente e saí do apartamento e do prédio. Na rua, enquanto caminhava, pude vislumbrar ao longe uma figura até bem familiar: olhos esverdeados, cabelo longo e rosado e uma feição gentil no rosto. Ela tinha ótimos traços. Dei um suspiro.

- Bom dia, Yori-kun! Eu estava pensando em irmos para a Academia juntos - ela dizia, com uma feição gentil. Simplesmente a fitei, creio que de uma maneira vaga.

- Ah, bom dia, Yurika-san - respondi.