Dias de Um Passado(quase) Esquecido escrita por Lexas


Capítulo 10
Guerrilha Urbana




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Arakáejeaipo – Parte 1 - Encontros

- Droga de trânsito .
Era a sexta vez que Amy repetia essa mesma frase . Seu nervosismo já era bastante notável . 
- Droga, e justo agora !
Logo à sua frente, um engarrafamento colossal de carros se seguia, impedindo qualquer movimento . E ainda era de manhã ...
- Droga de trânsito ! E justo agora !
Ela olha para frente mais uma vez . Seria uma longa manhã ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- C-c-como é que é ? Mas isso é impossível ! Como foi que ela ... ?
Ela não tem tempo de obter sua resposta, uma vez que o ataque de Makoto se aproximava . Jogando-se para o lado, escapa do raio que vinha em sua direção . Agora, bastava saber como Júpiter havia descoberto sua localização .
Makoto, por outro lado, havia percebido algo deveras incomum : o céus sofreu uma rápida distorção, voltando ao normal logo em seguida .
Ela continua ali, observando o telhado da escola, esperando por alguma coisa .
Então, finalmente acontece .
Era como se o espaço acima da escola sofresse uma distorção, como se algo encoberto tivesse perdido sua proteção . Podia parecer estranho, mas aquele espaço tremia, revelando aos poucos uma nova figura . Seja quem fosse, queria assustar as pessoas, pois a roupa de “morte” não deveria ter outro propósito . Ou teria ?
De qualquer forma, a realidade se distorcendo e revelando uma nova figura seria algo bem interessante ... se ela não tivesse anos de experiência nesse ramo .
Do alto da escola, ela ficava analisando a situação, tentando formular respostas . Como Júpiter a havia localizado, se a mesma estava imperceptível ?
Ela teria suas respostas mais rápido do que esperava, uma vez que a Sailor havia saltado do prédio e estava caminhando em sua direção .
Makoto chega em frente a escola, enquanto olha para o telhado . Aquilo era estranho, pensava . Não o fato daquele novo inimigo, mas estar lutando em frente àquele colégio enquanto era observada por dezenas de alunos . Ou melhor, por apenas alguns curiosos que estavam se perguntando quem seria o palhaço que havia chegado, isso por que havia disparado seu ataque do alto de um prédio, de maneira bem rápida, de forma que pouquíssimas pessoas o teriam visto .
Antes de prosseguir ela para, enquanto olha para as crianças que estavam na janela . Teria que agir com extremo cuidado, pois não lhe agradava a idéia de ferir os espectadores .
- Gente, olha só ! – gritava uma das crianças que estava na janela, ao ver a mulher vestida com uma roupa de marinheira saltar tão alto que conseguia alcançar o teto ...
- Olá .
- Oi .
- Como descobriu ?
- Segredo profissional, sabe como é . – E, no fundo, ela agradecia a dica dada pelo youma de que havia algo estranho na escola . Depois de passar longos minutos procurando e ter que ouvir aquele indivíduo mentalmente desprivilegiado repetir diversas vezes que algo ruim estava por perto, seu cérebro começou a ativar . Seja quem fosse que estivesse ali, estava perto, observando tudo o que acontecia . A pergunta era : onde ? Não demorou muito para ela perceber que, se a pessoa estava naquele colégio, era porque devia ter somado dois mais dois e descoberto que as Sailors agiam muito naquela área, e que haviam agido diversas vezes naquele colégio . Não era um raciocínio tão difícil assim de se chegar . Alguém com um pouco de atenção aos fatos poderia perceber isso . Mas quem seria burro o suficiente para atacá-las justamente no local em que elas levavam vantagem ? A não ser que tivesse um  bom plano .
- Um tanto quanto óbvio, não acha ?
- E é .
- Mas você não pode me culpar . Não achei que você atacaria a escola, com todas essas crianças aqui .
- Aquilo foi apenas para confirmar uma suspeita, mas vejo que tirou sua concentração e perdeu seu disfarce . Truque interessante o seu .
- Prática .
- Então ...
- Então ... ?
- Quem é você ?
- Quer saber quem sou eu ?
- Exatamente .
- Ora, Sailor Júpiter ... – embora seu rosto estivesse coberto, Makoto consegue ver um rápido sorriso - ... você sabe muito bem que não é assim que funciona .
- Sim, eu sei, e já esperava por isso . Não vai se render ?
- E por que essa pergunta, uma vez quem ambas conhecemos as regras do jogo ?
- Isso foi em respeito a uma pessoa que passa bastante tempo nesse local . Mas vejo que não deu certo . Gente da sua laia só aprende da pior maneira .
- Júpiter, Júpiter ... sabia que você fala demais para alguém que está sozinha ?
- Eu sou mais do que suficiente para dar um jeito em você !
- É mesmo ? Estranho isso, vindo de alguém que sempre precisou da ajuda de uma “princesa” para superar os obstáculos .
O conhecimento daquela pessoa estava começando a irritar Makoto . Seja quem fosse, conhecia as Sailor e deve ter estudado sobre suas lutas . Era uma mulher, sem sombra de dúvida . A sua postura, seu tom de voz, seu jogo de palavras ... se aquilo não fosse uma mulher, não queria arriscar um palpite .
- Vai engolir suas palavras !
Rapidamente ela se abaixa e toca o telhado, impulsionando seu corpo para frente com a força da mão . Quando a mulher se dá conta do que aconteceu, Makoto já está colada nela e dá-lhe uma banda, tirando seus pés do telhado . Aproveitando que os pés dela não tocavam mais no chão, Makoto acerta-lhe um soco na estômago, o qual a lança para o alto . Em seguida ela salta, preparando-se para dar o golpe de misericórdia ...
... quando o indivíduo encapuzado gesticula os dedos da mão direita e faz surgir um pedaço de madeira em sua mão, e da ponta dela, um pedaço de metal encurvado . Por pouco Makoto não é dividida ao meio pela foice, girando seu corpo no ar para escapar do golpe e caindo no telhado da escola,  ato esse imitado pela mulher .
- Você é bastante forte . Acho que te subestimei .
- Bela foice . Quer usar ?
- E ainda dúvida ?
Makoto corre em sua direção com o braço esquerdo retraído, preparando-se para o que der e vier . A mulher de negro salta, caindo em sua direção, enquanto ela estica seu braço, fazendo-o se chocar com o cabo da foice .
Aquilo era impressionante . Seja lá quem a tivesse fabricado, não era apenas uma foice , mas uma arma magnifica, uma vez que sentia toda aquela energia percorrer seu corpo . A mulher pensava em algo parecido, uma vez que a foice foi arrancada de sua mão pelo golpe e arremessada para longe . Ambas param de atacar, bem próximas uma da outra, analisando a situação .
- Nada mal  ... para uma Sailor . Mas será que ainda consegue lutar ? – ela apontava para a mão de Makoto, a qual tremia devido a energia que havia percorrido aquele braço . Makoto cerra o punho, fazendo cessar aquela tremedeira .
- Eu gostaria de saber se você ainda consegue lutar sem a foice . Não que eu duvide disse, claro . Mas, só por curiosidade, a quem devo associar esse belo “rosto” ?
- Nada é o meu nome, silêncio o meu sobrenome, inexistência o meu apelido . Satisfeita ?
- Hmmm ... essa capa preta, essa foice ... Dona Morte ? Não, acho que não ficou muito bom . Talvez ... já sei, vou te chamar de Death !
- Como é que é ?
- Death significa “morte” em inglês . Podemos continuar ?
Ela dá um pisão no telhado, tirando algumas telhas do lugar .
- Mas que diabos ... EU NÃO TENHO NOME, ENTENDEU ? POR QUE É QUE TUDO QUANTO É PALHAÇO TEM QUE INVENTAR UM NOME PARA UMA PESSOA QUE RESOLVEU SE VESTIR DE MANEIRA DIFERENTE ???? E QUE NOME RIDICULO É ESSE, “DEATH” ?
- É, acho que ficou bom .
- Eu vou te matar e pintar esse lugar com o seu sangue !!!
Death estica sua mão, e a foice retorna . Espumando, ela avança contra Makoto, a qual permanece parada, esperando pacientemente . A luz do sol reflete na foice, iluminando o rosto de Makoto para a “morte” que se aproximava ...
.... até que, no último instante, quando a foice estava quase encostando em seu rosto, ela se abaixa e dá um passo para frente, deixando Death passar direto . Ela se levanta, ficando de costas para ela, e bem próxima . Makoto joga seu cotovelo direito para trás, dando uma cotovelada na mulher, pegando-a de surpresa . A primeira vista, seria um golpe comum ... se a pessoa que o aplicasse não tivesse força de sobra para erguer um ônibus . A mulher é arremessada para fora do telhado às pressas, indo em direção a uma queda infeliz no concreto .
Aproveitando aqueles breves segundos, Makoto comemorava por seu plano ter funcionado. Não poderia lutar seriamente enquanto estivesse naquele telhado, correndo o risco de ferir alguém . Aliás, não era um risco, mas uma certeza .
Mas um ponto interessante era a reação de “Death” . Parecia ser uma pessoa “comum”, visto a maneira que reagiu à brincadeira . Já havia descartado a possibilidade de um youma rebelde e de um remanescente dos caçadores da morte . Restavam então o Circo da Lua da Morte e as Sailors de Galáxia .
- Hmmm, pensando bem, essas duas últimas possibilidades também não fazem muito sentido . Será que é um inimigo novo ?
Ela salta, caindo de pé em frente a escola, enquanto Death termina de se levantar da queda .
- Death, eu sei que geralmente nós acabamos descobrindo isso depois que eliminamos seus guerreiros mais fortes e ficamos cara-a-cara com o manda chuva do império da semana ... mas poderia me poupar o tempo de te surrar e me contar quem diabos é você e o que pretende ?
Se Makoto pudesse ver o rosto de Death, veria o ódio encarnado .
Rapidamente ela avança contra Makoto, e a mesma apenas tem tempo de segurar a foice pelo cabo, detendo o ataque . Infelizmente, era esse o objetivo .
Death estava sorrindo com aquilo . Quando tocou no cabo, toda a energia dele começou a percorrer o corpo de Makoto . Ela não gritava, mas também não significava que aquilo não estava doendo, pelo contrário .
Ela simplesmente não estava acreditando naquilo .
Death não parecia ser muito poderosa ... mas uma energia gigantesca vinha da foice, tanto que ela estava ajoelhada enquanto segurava-a .
A principio, parecia ser simplesmente energia, mas ela teve outra surpresa . Rei era a única do grupo que tinha essa habilidade, mas depois de muito treino, ela aprendeu a sentir as diferentes formas de energia que fluem pelo universo . E se espantou com aquilo . Estava percorrendo seu corpo, não apenas causando-lhe dor ... mas devorando-a . Aquela energia estava agindo como um parasita em seu corpo, destruindo sua essência aos poucos .
Ela cogitou a idéia de se libertar facilmente, mas lembrou-se que, se fizesse isso, colocaria a escola e provavelmente todo o bairro em risco .
Ela dá um empurrão na foice e salta para trás, escapando do ataque . Death torna a avançar, tentando atingi-la diversas vezes, falhando devido a agilidade de Makoto .
Estava ficando cada vez pior, pensava . De alguma forma, a velocidade de Death havia aumentado . Seria esse o real poder dela ?
- Caramba !!! Pessoal, olha só isso !!!!
- O que foi, Hino ?
- Noriko, você tem que ver isso !!! Tem duas pessoas brigando na frente da escola !!!
- E o que isso tem demais ? – ela perguntava, ignorando o fato de que todos os alunos que estavam encostados na janela estava olhando para fora .
- Olha só .
Ela ficou espantada . Eram duas pessoas : uma mulher cujo uniforme era igual ao deles, baseado no uniforme de marinheiro, só que bem mais curto . A outra era alguém que vestia uma espécie de manto que cobria o corpo e rosto, impedindo seu reconhecimento, com exceção das pernas, que ficavam de fora do joelho para baixo .
- Ei ! – gritava o estagiário que estava substituindo a professora – estamos em aula, entenderam ? A única coisa que há lá fora é a rua e as pessoas passando, portanto tratem de  voltar aos seus lugares já !
Ninguém deu a mínima . Deveria ser a entonação de voz, pensava .
- Sentem-se agora se não quiserem levar uma advertência por desrespeito !
Continuavam não ligando . Será que todos os professores começavam assim, sofrendo na mão dos alunos ? Hora de tomar medidas drásticas ...
- Olha só, o que temos aqui ! É o diário de classe . Talvez eu devesse tirar quatro pontos da média bimestral de todos os alunos para descobrir se isso os faria me respeitar um pouco ...
Eles não deram a menor bola, o que foi realmente estranho . Aquilo não deveria ter funcionado ?
Death ataca Makoto, mas está salta, escapando do golpe . O professor substituto chega perto da janela para descobrir o que estava chamando a atenção de toda a turma, no exato momento em que Sailor Júpiter  toca os pés na parede e, quando estava prestes a cair, crava seus dedos na parede . Ela deixa o corpo “agachado”, enquanto se segura e observa o que havia acontecido : quando a lâmina da foice tocou no chão, fez um corte no mesmo, o qual seguia até a entrada da escola .
O professor também estava assustado, mas por um motivo diferente : aquela mulher fantasiada pendurada na parede da sua sala .
- V-você ... você ... - Makoto olhava para o lado, vendo um homem que devia ter cerca de vinte anos colocar a cabeça para fora da janela . – o que você faz aqui ?
- Perdão, professor , mas eu e aquele elemento ali ...
- Não me importa isso ! Por que você tinha que voltar ???
- Hã ?
- Droga, vocês tinham que voltar bem no meio da minha aula ?
- Nós nos conhecemos ?
- É claro que eu te conheço, Sailor Júpiter ! Quem mais usaria um uniforme tão ... aham ... curto ? Será que você poderia resolver isso longe daqui, por favor ?
- É o que eu estou tentando fazer .
- Moça, como é que você consegue ficar pendurada na parede – perguntava Hino .
- Segredo profissional . Vocês todos, saiam da janela já !
- Acho que eles não vão te obedecer .
- Vou tentar afastá-la daqui o máximo possível .
- Certo ... posso pedir um favor ? Tente não destruir nada, se for possível . Todos aqueles caras que vocês combatiam acabavam por arrasar Tóquio !
- Não tenho culpa ! São eles que ...
- Cuidado, ela vai atacar !
Júpiter sequer tem chance : Death aponta a foice para ela, e dela sai um raio negro, o qual atinge-a . No entanto, ela não sente nada, pelo contrário, é como se não tivesse sido atingida ... até que ela percebe que não consegue se mexer . Embora sua mão estivesse solta, ainda estava na mesma altura, ao lado do professor . De repente, a dor . A mesma sensação de antes, aquela energia devorando sua essência . Tinha que fazer alguma coisa, mas não conseguia se mexer . E o pior, estava próxima demais da escola para tentar algo ...
- ACABA COM ESSE BICHO FEIO, SAILOR JÚPITER !!!!
Um dos alunos havia gritado, dando-lhe incentivo . Ela olha com o canto do olho esquerdo, confirmando quem era : um certo garotinho, de olhos verdes e cabelos castanhos, fazendo um sinal com o polegar esquerdo para ela . Esforçando-se um pouco mais, ela estica o braço esquerdo e faz o mesmo gesto para ele . Não podia ser derrotada e não estava com vontade de ficar mal na frente do seu próprio filho . Hora do show .
Ela cruza os braços e fecha os olhos . Em seguida, ela os abre .Quem olhasse para eles não veria mais olhos, mas faíscas no local . E fortes . De igual forma, faíscas pulsavam pelo seu corpo, chocando-se contra a parede que a energia negra havia formado .
- AHHHH !!!! Ela vai usar aquele ataque dela !!! Sailor Júpiter, não ouse ! Se fizer isso, vai acabar ...
- Pare de falar, deixa ela se concentrar ! Ela sabe o que está fazendo !
- Como é ? Desde quando você conhece ela ? E quem é você mesmo, garotinho ?
- Meu nome é Kino Akira , e eu ... hã ... bem ... eu joguei com ela no joguinho das Sailors !!!
- Nunca existiu nenhum joguinho das Sailors, Akira . O máximo que houve foi um jogo da Sailor V !
- Quem é a Sailor V ???? – era a pergunta feita por todos os  outros alunos .
- Esqueçam ...
- Hã ... é um personagem secreto ! Eu tenho uma tia que é viciada nesse jogo que me deu essa dica ! É isso !
- Mesmo assim ... Júpiter, você pode acabar causando um curto circuito na rede elétrica do colégio, ou do bairro ! Por favor, pare !!! Ai, onde está a professora Aino quando eu mais preciso dela ?
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Minako estava pasma . Diante de seus olhos, alguém desaparecido há muito tempo . Mas o mais intrigante não era seu retorno, mas seus motivos . Afinal, o que faria tal pessoa atacá-la ? Pelo que se lembra, ele havia escapado do controle de Nehelemia, então ... ?
- Vênus ... por que você não larga esse sujeito ai e tenta salvar sua vida, pelo menos ?
- Olho-de-águia , é você mesmo ? O que faz aqui ? Eu devo estar imaginando coisas .
- Imaginando, é ? Vejamos então o que acha disto ! Sombra, ataque ! Víbora Venenosa Devoradora de Sonhos Matlimysuura, de um jeito nessa mulher !
A sombra de Olho-de-águia se ergue e toma forma humanóide, mas não muito definida. Estranhamente, não torna-se uma pessoa como costumava fazer, pelo contrário, permanece como sombra .
- Está é a mais poderosa das sombras, Vênus, e sabe por que ? Por que ela devora o que você tem de mais precioso ! É por isso que ela não tem forma, é um pesadelo ambulante !
A sombra pula em cima de Minako, e a mesma se joga para o lado, carregando o rapaz .
- Hmm, nada mal , mas será que você agüenta fugir dela por muito tempo com esse fardo ?
Minako coloca o rapaz no chão, disposta a fazer alguma coisa, qualquer coisa que funcionasse .
- Por favor, Olho-de-águia, pare ! Eu ... eu não quero te machucar ... eu não quero que mais ninguém saia machucado ! Por favor, pare com isso !
- Certo, eu me rendo .
- Está falando sério ?
- Estou .
A sombra atinge Minako em cheio, arremessando-a contra a parede . Não acreditava que havia caído em truque tão primário . Ela tenta se mover, mas não consegue . A sombra havia envolvido seu corpo, prendendo-a na parede e impedindo seus movimentos, com exceção dos braços e pernas que estavam livres .
- Eu estou decepcionado, sabia ? uma bela guerreira como você, recusar o prazer do combate ?
Em resposta ao seu comentário, o peito de Minako começa a brilhar, aumentando cada vez mais de intensidade, até que ocorre uma pequena explosão, a qual lança pedaços da sombra para todas as direções .
- Matlimysuura ! Isso foi impressionante ... mas ainda não é o suficiente !
Ele puxa seu bastão, e lança sua chama contra Minako . A mesma une as mãos e fecha os olhos, enquanto uma luz amarela cobre seu corpo por completo .  A chama atinge-a, mas ela permanece ali, totalmente indiferente ao ataque .
Eis que, em meio ao turbilhão de fogo, ela sente ele se aproximar, mas mal tem tempo de reagir, pois ele a acerta no rosto, em meio ao fogo .
Ele se afasta e realiza mais uma vez seu ataque, atingindo-a em cheio .
- AAAHHHHHH !!!!!!
- Morra de uma vez !!! E não volte nunca ... hã ?
Ele cessa o ataque, apenas para perceber que ela não estava mais ali . Mas então, onde ... ?
Ele olha para o alto e depois para trás, bem a tempo de vê-la atingindo o chão .
- Vejo que consegue saltar uma altura dessas mesmo destransformada . Mas por quanto tempo será que resiste ?
- Arf, arf, Olho-de-águia, por que ? Por que está fazendo isso ? Você não é meu inimigo, entendeu ? Nunca teve culpa do que fez, e não acredito que agora tenha . Por favor, pare !
Levando-se em conta o ataque, ela havia resistido bem . A manga esquerda de seu vestido não existia mais, haviam pequenos buracos no resto da roupa, e uma pequena queimadura no joelho direito .
- Reaja, Vênus .
A chama do bastão cessa, dando lugar a um fio bem grande .
Minako salta, mas o chicote se enrosca em sua perna, fazendo-a cair violentamente contra o chão .
- Vamos lá, Vênus, reaja ! Isso é revoltante, sabia ? Era para essa luta durar horas, mas vejo que vou te matar em poucos instantes !
Ela se levanta, encarando-o, mas de forma diferente . Não era um olhar de ódio ou raiva ... mas de compaixão .
- Durante muito tempo eu lutei contra pessoas como você . Venci muitos, matei tantos outros . Mas isso tudo por causa da minha visão limitada de como as coisas realmente funcionam . Muitos parecidos com você morreram, muitos inocentes, muitos que estavam apenas cumprindo ordens . E tudo isso para satisfazer alguém superior a eles . Não eram realmente maus, apenas tinham uma missão . Todos os youmas que eu matei, todos os meus semelhantes do Clã Black Moon que sofreram nas minhas mãos .... pare com isso, por favor . Eu não vou lutar com você,  entendeu ? Eu não desejo seu mal, mesmo que você me faça sofrer .
O chicote se move como se estivesse vivo, enroscando o pescoço de Minako . Ela tenta se soltar, mas ele aperta com bastante força .
- Conversa ! Não acredito que você esteja arrependida de ter matado todas aquelas pessoas ! Deve ter mais alguma coisa nessa história !Anda, reage ! Reage ! Reage !
Ele apertava mais e mais o pescoço dela, mas sua única reação era tentar arrebentar o chicote, sem sucesso .
- Hunf . Isso não tem a menor graça .
O chicote se desenrosca do pescoço dela, e se divide em quatro partes, os quais seguram suas mãos e pés, erguendo-a no ar em direção a parede . Quando a tocam, eles começam a mudar sua consistência, tornando-se finos, negros e viscosos, mas igualmente perigosos, impedindo que ela se movimenta-se por completo .
- Talvez, se você recebesse incentivo, reagisse a altura . Vejamos ...
- O-o que vai fazer, Olho-de-Águia ? O que vai fazer ?
- Esse seu acompanhante, ele parece bastante desatento ao que está acontecendo . Talvez devêssemos acordá-lo . Ei, levanta – ele o chuta na barriga, sem acorda-lo, no entanto . – Mas que dorminhoco ! Vamos, acorda !
Olho-de-Águia continua chutando sua barriga diversas vezes, até que o rapaz se move . Ele tenta se levantar, mas uma forte dor na barriga o impedia disso .
- AAAAAIIIII !!!! Mas que droga ! Quem foi o palhaço que ...
Ele não pronunciou nem mais uma silaba ao ver aquele homem de cabelo vermelho e espetado sorrir para ele .
O rapaz é agarrado pelo colarinho e levantado a força . Olho-de-Águia dá uma rápida olhada, e Minako faz o mesmo, uma vez que não havia olhado ele com muita atenção . Fora os rasgos em suas roupas que ela já havia percebido, não indicava que era um mendigo . Parecia ser um rapaz que deveria ter entre dezoito e vinte anos, cabelos negros como a noite e olhos castanhos como o tronco de uma árvore e tinha praticamente o tamanho de Minako  .
- É impressão minha ou você quer alguma coisa de mim ?
- Muito engraçado . Não tem medo de mim ?
- Por que eu teria ?
- Por que eu vou te matar, isso basta ?
- Não . Não tenho medo de morrer, siga em frente .
- Não tem medo ? E o que acha de morrer lentamente, agonizando aos poucos ?
- Antes do corpo morrer, você precisa morrer internamente, e eu já passei por isso, sabe .
- Você não me engana, deve estar se roendo de medo por dentro !
- Eu não tenho medo .
- O que houve com vocês, humanos ? Antes, fugiam de medo, mas agora sequer gritam !
- Sinto muito, amigo, mas se eu ainda tivesse medo de alguma coisa, nunca poderia ter descoberto o significado da palavra sonho .
- É mesmo ? – num piscar de olhos, o jovem estava preso em uma parede de madeira, preso pelos pulsos, impossibilitado de se mover também – pois vejamos o que temos aqui dentro !
- Pare, Olho-de-Águia  ! Ele é apenas um garoto ! Não percebe que está fingindo que não sente medo ? No fundo, ele está apavorado, mas não quer admitir ! Por favor, pare ! Você não era assim ! Nunca foi uma pessoa cruel ! Por favor, pare !
- Eu nunca fui ... cruel ? Vênus, saiba apenas que, se algo acontecer a ele ... a culpa será totalmente sua, e de sua covardia .
O peito do jovem brilha, fazendo um espelho surgir em seguida . Olho-de-Águia agarra o espelho, e coloca seu rosto dentro dele ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Embora envolta naquela energia, Júpiter estava longe de estar indefesa . A eletricidade fluía pelo seu corpo, atingindo sua prisão lentamente, até que a energia flui cada vez mais rápido, chocando-se violentamente contra si mesma . Quando a eletricidade se chocava consigo mesmo, causava uma pequena explosão, a qual expandia a energia ao redor de Makoto . Segundos depois, o resultado não foi outro : Makoto é liberta, visto que Death não consegue mantê-la presa por muito tempo .
Livre de sua prisão, ela toca o chão, encarando sua atacante .
- Podemos continuar ?
- Você é louca ! Usou seu poder contra si mesma !
- Talvez eu seja, mas foi interessante descobrir que não pode manter seu ritmo por muito tempo . Ou estarei enganada ? Por acaso tentar repor a energia que meus raios eliminavam não te exauriu bastante ? Bom, isso não importa, vamos resolver isso de uma vez por todas !
Makoto corre em sua direção, atacando seguidas vezes,  mas a mesma se esquiva . Estranho, muito estranho . Isso era algo que não escapava da mente de Makoto . Aquela mulher era muito estranha ... e rápida . E, pelo visto, estava se esforçando ao máximo para não ser atingida . Será que ela sabia de sua força ? Talvez isso explicasse a sua atual postura defensiva . Nem a foice estava sendo usada . Talvez ela estivesse se preservando para um ataque mais poderoso ... ou outra coisa . De qualquer forma, aquela foice era perigosa e  aquele último golpe não havia sido um golpe comum, pensava . Não por apenas rachar o chão, mas por prende-la na parede . Seria ela uma bruxa ?
- É, acho que não tem jeito .
Aproveitando uma falha na guarda de Júpiter, Death investe com tudo, pronta para dividir em dois o rosto da Sailor elétrica .
“Tum” .
- Ai, ela acertou a Sailor ! Estamos perdidos !
Tum ?
O olhar de Makoto era de pura indiferença durante alguns segundos, até que vira o rosto e dá um sorriso para os alunos, e depois para Death . A mesma não concordava, visto sua expressão de ira e a força que colocava na foice, tentando desesperadamente forçar sua arma contra o rosto dela, em vão . Ela, por usa vez, estava surpresa com aquilo . Seja lá quem a tenha fabricado, a lâmina daquela foice não era normal . A principio, tentara utilizar seu campo eletromagnético para deter a lâmina mas, quando percebeu que a mesma estava mais próxima do que deveria, jogou o rosto um pouco para trás e segurou a foice pelo cabo, detendo o ataque a poucos centímetros de seu rosto, surpreendendo Death .
- Tola ! Não deveria ter tocado nela !
Dito e feito, Makoto sentia aquilo percorrer seu corpo continuamente . Não tinha forma, não tinha cor, não tinha essência, era uma espécie de energia invisível aos olhos, mas que ela sentia pulsar daquela arma, e como era poderosa  ! Por mais que tentasse, Makoto não conseguia soltar sua mão, como se estivesse presa . No entanto, ela não gritava . A dor não era uma novidade para ela, seja qual for o tipo e origem . Embora fosse uma dor imensurável, ela não gritava . Seu braço tremia, fruto da enorme carga .
- Está gostando, Júpiter ? Sofra ! Vamos, sofra ! Quero ouvir você gritar, quero ouvir você implorar ! Não conseguirá tirar sua mão daí nem em mil anos ! Ficará presa até o fim, enquanto sua essência é sugada !
Ela gostou de ouvir aquilo .
- Não conte com isso, “Death” .
Makoto estica seu braço livre, agarrando o pescoço de Death .
- Gccc !!!!
- Vejamos quem resiste mais tempo, meu braço ou o seu pescoço !
Devido a sua enorme força, ela nem precisou fazer muita força para Death começar a sentir a falta de ar, além da dor . Não acreditava que houvesse mulher tão forte assim . Imaginava que a guerreira de Júpiter estivesse mais forte, mas não tanto assim ! Nenhum dos filhos de Seo se equiparava a ela, nem mesmo sua “guerreira de elite” .
Sem alternativa, ela detém seu ataque e permite que Makoto solte seu braço que estava preso na foice . Makoto flexiona os joelhos e joga seu corpo para trás, escapando do contra-ataque .
- CENELHA RELAMPEJANTE DE JÚPITER !
Death vê aquela bola elétrica vindo em sua direção numa velocidade espantosa e salta, escapando milagrosamente . Makoto simplesmente sorri .
- Te peguei .
Durante aqueles curtos instantes, tudo o que havia acontecido voltava a sua mente . Podia ter quebrado o pescoço de Death, mas tinha outros planos para ela . Com certeza não estava sozinha nisso tudo , devia estar tendo a ajuda de alguém . Com um pouco de “delicadeza”, conseguiria arrancar dela tudo o que precisava saber ... mas algo a havia deixado preocupada . Durante os instantes em que tocou em Death ... foi uma coisa estranha, pra não dizer pavorosa . Era como se Death emanasse ... não, isso era impossível . Talvez ela pensasse dessa maneira no passado, mas a vida foi uma boa professora para ela . Não apenas treinou fisicamente, mas mentalmente . Aprendeu novas técnicas de combate e desenvolveu ainda mais seu estilo . Estudou bastante como realmente funcionavam seus poderes, e criou algumas teorias sobre como funcionam algumas das diversas formas de energia existentes . A energia de Death tinha uma coloração escura, talvez seu maior poder seja a escuridão ... mas na verdade, Makoto estava tentando criar uma desculpa para na admitir que, quanto tocou-a, sentiu como se tivesse tocado em alguém que emanava pura maldade ...
- Argh ! Até parece coisa da Minako !  Bom, de qualquer forma  ....  TROVÃO DE JÚPITER – Aquilo era impressionante para todos os espectadores, uma vez que ela estava no meio da rua e várias pessoas, além da escola toda, haviam parado para ver o “quebra” . Alguns ali, e somente alguns, lembravam quem era aquela mulher . A grande maioria achava que era uma apresentação de mágica, ou coisa parecida . Mas para os poucos que carregavam memórias daquela guerreira encravadas no fundo da mente, aquela era uma cena diferente . As palavras que aquela mulher havia gritado eram diferentes de sua real posição . Deveria ser um golpe rápido e eficaz, mas ela parecia estar segurando as palavras finais . Como resultado, faiscas pulsavam de seu corpo, e não eram pequenas ! Algumas atingiam postes, explodindo algumas lâmpadas e assustando os transeuntes incautos . A eletricidade que pulsava pelo corpo da joviana atingia níveis incríveis, impressionando até os maus saudosos fãs daquela Sailor em particular – RESSOE !!!!
Da mesma forma que o anterior, um raio segue em direção a Death, que havia saltado mais alto do que uma pessoa normal faria, mas uma cena bem costumeira para os antigos observadores daquelas batalhas . Ela começa a girar a foice rapidamente, criando uma barreira em torno de si . O raio se aproxima cada vez mais ... até que toma a forma de um dragão, pronto para engoli-la !
Aquilo a deixa pasma . O dragão elétrico atinge sua barreira, forçando-a ao limite . Embora tivesse parado de girar a foice, a barreira ainda se mantinha, e ela utilizava sua arma para fortificar a barreira . Por mais que fosse difícil de acreditar, estava sendo empurrada para o alto pelo dragão serpentiforme ! E a barreira não estava sendo totalmente indefensável, uma vez que sentia uma grande quantidade de eletricidade ultrapassar sua proteção e ferindo-a . Num esforço hercúleo, ela consegue se manter assim por mais alguns instantes, tempo suficiente para o dragão passar direto por ela, seguindo em direção ao céu . Agora, seria a sua vez . Aquela Sailor pagaria pela ousadia com a própria vida . Mas por que ela ainda estava com os braços cruzados ?
(Akira) – Uau ! E não é que ela vai mesmo fazer aquilo ?
(Noriko) – Aquilo o que, Akira ?
(Akira) – Hã, nada não, é que ... ei, ainda estou de mal com você ! Não fale comigo !
(Noriko) – Seu bobão ! A culpa não minha !
(Akira) – É, sim ! Toda a turma ficou tirando um sarro da a minha cara enquanto você respondia as perguntas fáceis !
(Hitomi) – Seu bobão ! Bobão ! Peça desculpas ! Não foi ela quem respondeu que o sistema Solar possui onze planetas !
(Hino) – Ou que a capital da China é Hong Kong ...
(Akira) – Você tinha que se meter também, Kageyama ?
(Hino) – Mas é claro ! Afinal, é a minha priminha querida !
(Akira) – Hitomi também é sua prima ?
(Hino) – Não, só a Noriko !
(Akira) – Tá, me desculpe, mas eu não disse que a capital da China era Hong ... oh-oh ... eu disse ?
- Aham ! – diziam os três, em uníssono .
(Akira) – Ai, que mico ... e pensar que Minako-sensei ... Minako-sensei .... ei, esperem um pouco ! Era me corrigiu quando eu falei sobre os planetas, mas não me corrigiu quando eu errei a capital ?
(Hitomi) – Era estava um pouco desatenta na hora .
(Akira) – E como é que você sabe disso, se eu não percebi ?
(Noriko) – Coisa de mulher . E porque você deveria ter percebido ? Quer dizer que fica observando direto Minako-sensei, é ? Acho que isso é amor ... ^__^ !!!
(Akira) – NÃO É NADA DISSO !!!!
Mas espera um pouco . Se ela estava desatenta ... talvez não fosse bem assim . Ela devia estar prestando atenção no que acontecia ao redor ... ela deve ter percebido que iam atacar a escola e sair antes ! Que genial ! Ela deve estar lutando com alguém a essa hora ! Bem que eu achei que era brincadeira quando ela disse que não era mais Sailor Vênus ...
Como era típico daquele golpe, Júpiter cruzava os braços para executá-lo só que, desta vez, ela não os descruzou . Ficou assim por um certo tempo, enquanto Death caia em sua direção . Ao seu ver, ela tinha um raciocínio extremamente lendo, pois demorou demais para perceber o qual era sua real intenção .
Makoto descruzou os braços e os esticou ao máximo que podia . Foi quando a ficha caiu e Death olhou para trás, a ponto de ver seu atual pesadelo retornando : o dragão elétrico havia retornado ... mas ele estava ... estava .... aquilo não era possível ! Ele estava se dividindo ? Um, dois três .... agora eram seis pequenos dragões, os quais cresciam rapidamente e tornavam-se tão grandes e assustadores quanto o primeiro . O primeiro se mostra incrivelmente rápido, uma vez que ele desce para baixo de Death e depois sobe, chocando-se contra sua barreira .
Foi então ela se odiou novamente por demorar demais para perceber : aquele dragão apenas estava empurrando-a para cima . Os demais ... estavam cercando-a . Direita, esquerda, trás, frente ... e acima . Estavam vindo em sua direção, com toda a carga, prontos para reduzi-la a átomos dispersos pelo universo .
Todos os que assistiam a cena sentiram pena quando ela foi atingida pelos dragões elétricos ao mesmo tempo e sem piedade . Era como estar no centro de uma tempestade elétrica, sem a menor chance de sobrevivência . Pela primeira vez, seu gritos de dor puderam ser ouvidos, e a distância .
Todos estavam pasmos, seja na rua, seja nos prédios, seja na  escola . E, enquanto todos prestavam atenção, um garotinho saia de sua classe, sem ser percebido .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Olho-de-Águia retira seu rosto de dentro do espelho, pasmo . Aquilo era estranho . Aquele rapaz deveria gritar, agonizar . Ele deveria tremer só de pensar na hipótese de alguém ver seus sonhos mais secretos . Mas não foi isso que aconteceu, pois ele ficou quieto e em silêncio o tempo todo .
Para Minako, no entanto, aquilo não fazia a menor diferença . A única coisa que a preocupava era o fato de mais um inocente estar envolvido . Será que algum dia teria paz ? Por mais que lutasse, sempre surgiam novos inimigos, destruindo tudo o que havia sido conquistado . E enganavam-se os que pensavam que a destruição deles resolveria o problema, uma vez que deixavam chagas profundas em cada um . Não apenas a destruição física, mas a psicológica . Prédios destruídos, bairros arrasados, veículos entortados ... tudo poderia ser reconstruído, substituído, por que não estavam vivos, não possuíam o sopro da vida . O ser humano não . Cada parte dele é única . Cada um deles é único . Uma simples ferida, por menor que seja, pode influenciar a vida de uma pessoa para sempre .
Ela tentou desde o principiou, mas não conseguiu . Tentou, tentou e tentou, mas não conseguiu, e desistiu : não conseguia mais segurar aquela dor em seu peito ... e chorou .
- Você é estranho . Esse seu sonho, ele é tão bonito e, ao mesmo tempo, depressivo . Sonha um dia encontrar um mundo de paz, no qual possa viver com sua namorada . No entanto, esse sonho vai se distanciando cada vez mais, até sumir . Afinal, o que é você ?
- Nem queira saber, cabelo vermelho . Nem queira saber . Apenas termine com isso de uma vez por todas .
- Por que a pressa ? Não quer mais viver ?
- Eu não desejo a morte, mas não existe mais nada que me atraia na vida .
- E por que ?
- Você disse que viu meus sonhos . Deve saber a resposta .
- Não, eu não sei . Aquele sonho era muito superficial, não pude vê-lo por completo . Vamos, diga-me .
- Não .
- Como é ? Está me desafiando ?
- Não . Apenas não vou te contar sobre o sonho . Ande, acabe de uma vez com esse pesadelo !
- Como quiser, “majestade”
Olho-de-águia olha para o espelho, e o mesmo começa a rachar, partindo-se em centenas de pedaços em seguida . Aquilo fora a gota d’água para Minako, que não conseguiu aceitar aquilo . Como alguém poderia ter tanta maldade para fazer algo desse tipo ?
- Agora, você está morto . Não passa de uma casca vazia . Não possui mas sonhos, sendo apenas um receptáculo para os vestígios de vida que se recusam a abandonar o corpo . Até nunca mais, idiota .
A madeira que o segurava desaparece, deixando seu corpo sem vida despencar no chão . Seus olhos estavam opacos, sem o brilho que costuma pulsar nos seres vivos .
- Seu ... seu ... seu monstro !!!! Seu monstro assassino !!!
Pela primeira vez, em muito tempo, ela estava sentindo um ódio inigualável de uma pessoa . Não, aquilo não era uma pessoa, mas uma criatura desprovida de alma .
- Resolveu reagir, Vênus ?
- Você não é um homem, é um covarde ! Tirou uma vida apenas para se divertir !
- Corte o sermão, Vênus . Preocupe-se apenas com sua vida, enquanto a tem .
Ele vai se aproximando de maneira ameaçadora . Num rápido movimento, agarra seu pescoço, apertando-o fortemente .
- Tem algo a dizer antes de morrer, Vênus ?
- Gccc !!! Eu ... eu não acredito ... que tamanha barbaridade possa ter sido cometida . Por que fez isso ? O que foi que aconteceu com você para que mudasse tanto ? E o que houve com Olho-de-Tigre e Olho-de-Peixe ? Vocês sempre andavam juntos, o que foi que houve ?
- Morra, Vênus .
- Eu tenho pena de você, Águia . Não achei que pudesse haver alguém tão cheio de maldade . Isso vai te consumir, mais cedo ou mais tarde . Mas mesmo assim, eu não o odeio . Pelo contrário, sinto pena de você . Não só de você, mas de todos aqueles que não tiveram o direito de escolher em todas essas guerras que eu lutei . Mas o que me dói mais ainda é saber que você está tendo a chance de escolher, e está escolhendo errado .
- Sabe qual é o seu problema ? Você fala demais . Acha mesmo que vai mudar o mundo com essa sua “nova postura” ? Abra os olhos para a verdade, mulher ! Nada vai mudar isso, nem sua vida, nem sua morte . Não existem inocentes numa guerra, e sim baixas de guerra . Não importa o quanto lutemos, sempre haverão baixas em ambos os lados, aliado ou inimigo . A única coisa a se lamentar e o fato deles não terem mais de uma vida para dar pelos seus pontos de vista !
Ele aproxima sua mão do rosto de Minako, gerando uma pequena chama . Ela sente o calor se aproximando, e começa a derramar lágrimas . Por mais que tentasse, não conseguia atacar . Não conseguia ferir um ser vivo . Não conseguia .
- Adeus, Sailor Vênus .
- Eu não concordo com você .
Ele se vira, apenas para se assustar mais ainda : o rapaz estava ali, de pé . Seus olhos ainda estavam sem brilho, mas ele estava de pé . Era um cadáver ambulante .
- Você não morre ?
- Não . – os estilhaços do espelho começam a levantar-se do chão – Você não pode me matar . Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa .
- Tolice . A morte é necessária – Os vidros levitam no ar, um a um .
- Sim, ela é, mas mesmo assim, ninguém tem o controle sobre a morte e a vida, a não ser que esteja causando mortes e tirando vidas .
- Belo discurso, mas lembre-se de que a morte é necessária para haver a vida .
- E vice-versa . Admito que a morte seja necessária, mas uma vida é preciosa demais para ser perdida, seja de quem for . Na verdade, o ideal seria não lutarmos .
- Não me diga que também acredita nessa baboseira de “amor” da qual Vênus fala ?
- Na verdade, não . Mas ela tem razão, muitos não tem a chance de escolher, ao contrário de você . Há baixas em todas as guerras, isso é inevitável, mas lutar contra elas não é impossível . A verdade é que, numa guerra, em ambos os lados, sempre há pessoas que não querem realmente lutar, que estão fazendo isso sem muita escolha .
- Isso por acaso é um sermão ? Não vão me convencer com esse papo piegas !
- Não, eu não estou . Mas a verdade é que há muita injustiça nesse mundo, a qual é praticada por quem sabe e por quem não tem ciência disso . Tentar acabar com isso não é impossível, mas é um sonho distante . Um sonho utópico, por assim dizer . Quem sabe, um dia haverá uma sociedade em que todos sejam iguais, sem distinção de classe ou de raça . Um lugar em que vidas não sejam perdidas de maneira estúpida, onde o direito individual seja respeitado . No entanto, é um sonho distante . Mas, até lá ... esse maravilhoso mundo gera seres incríveis, com o intuito de defender os fracos e oprimidos . Solte essa garota, agora .
- Com licença, Minako, mas achei alguém melhor para me divertir .
Os estilhaços levitam até acima da cabeça do rapaz, e se juntam . Nem Olho-de-Águia acreditava nisso : ele havia reconstruído o espelho por si próprio . E o mesmo agora brilhava, de maneira bem mais forte, quase cegando-o .
- Argh ! Eu não acredito ! Você reconstruiu o espelho pelas suas próprias forças !!!
- Ainda acha que eu só falo lorota ? Pois contemple meu sonho !
O espelho se aproxima de Águia, embora o mesmo tentasse não olhar . Durante um descuido, ele fita o espelho, vendo seu interior . Ele fica pasmo, pois o sonho de anteriormente ...era o mesmo, mas estava diferente . Podia senti um conjunto de emoções fortes de indestrutíveis vindo dele . Era como se o sonho dele tivesse renascido !
- Argghhh !!!
Um forte clarão cega Águia, impedindo-o de ver o que se passa : o espelho dirige-se até o rapaz, entrando em seu peito, de maneira lenta, até que volta até seu lugar de origem . Seus olhos voltam a ter o brilho da vida, tão comum nos seres humanos . Sua respiração havia voltado e um novo sorrido acenava em seu rosto . Nesse momento, Águia voltou a enxergar . Irritado com o que acabar de descobrir, ataca o rapaz com seu chicote, enrolando-o por completo .
- Morra, desgraçado ! Vou espremer todos os ossos do seu corpo até que virem pudim !
- Arrgghhh !!!!
- Isso não tem nada a ver com você, entendeu ? Não precisamos de mais um enxerido nos atrapalhando ! Eu não sei quem é você ou o que faz aqui, mas não vou permitir que surja mais uma pedra em nosso sapato !!!
- Interessante isso . Quer dizer que eu sou uma pedra no seu sapato ? É, certos hábitos nunca mudam ...
O rapaz começa a mover os braços, forçando o chicote . Águia estava pasmo, pois aquilo era praticamente impossível para um humano fazer . Instantes depois, o chicote se arrebenta em diversas partes, surpreendendo-o .
- Vem cá, tu tem mais algum truque ?
- Grrrr !!!
Ele saca seu pequeno bastão, o qual rapidamente se envolve em chamas, as quais ele dispara contra o rapaz . O mesmo não tem chance de esquivar . Ou será que isso não lhe ocorreu ?
De qualquer forma ... um pequeno turbilhão de chamas atingia seu peito, sem no entanto, fazer com que o mesmo demonstre qualquer tipo de reação . Águia continua com o ataque sem, no entanto, conseguir resultado .
Esse cara está mesmo me atacando com fogo ? Que idiota !
- Chama isso de fogo ? Eu vou te mostrar o que é fogo de verdade ...
Ele estica a palma de sua mão para frente, e fecha os olhos . No mesmo momento em que abre os olhos, uma chama surge na palma de sua mão, a qual cresce mais e mais . Não era uma chama comum, pois ardia como a paixão . Mais do que isso, aquela chama representava seu sonho, seu coração ... seu amor . O amor, velho conhecido de muitos, o qual, da mesmo maneira que o fogo, queima e é incontrolável . Mas aquilo não importava pra Águia nem um pouco, isso por que ele estava assustado com a total falta de ódio ou ira no rapaz . Como ele conseguia criar chama tão poderosa, tendo um coração tão puro ? Afinal, os flamejantes são conhecidos pela sua capacidade inata de aumentar o calor de suas chamas em momentos de muito ódio . No entanto, não era isso que ele estava sentindo, apenas uma terna e duradoura paz .
Seus pensamentos não duram muito, visto que a chama salta da mão do rapaz e cresce mais ainda, atingindo Olho-de-Águia em cheio, consumindo-o até o último instante .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Por algum motivo inexplicável, um engarrafamento havia se formado . Alguns diziam que alguém havia batido, outros diziam que os faróis haviam pifado . Claro, a grande maioria se preocupava em xingar a mãe de quem estava na frente .
O fato era que, para um guerreira “fria”,  ela já estava ficando bastante esquentada . Já perdera a noção de quanto tempo passara ali, e quanto mais ficaria . Tinha que fazer alguma coisa . Ficar ali não adiantaria de nada, e ela tinha um certo pressentimento de que precisava se apressar .
Ela sai do carro, contemplando a enorme fila de carros . Aquilo era fisicamente impossível : como poderiam haver tantos carros nas ruas em tão pouco tempo, se ainda era de manhã ? E depois, o horário em que as pessoas se deslocam de casa para o trabalho já havia passado, logo ...
Amy começa a andar, pensando no que iria fazer . Ou melhor, no que já planejara fazer, uma vez que não tinha planos de ficar ali o dia todo ...
- Com licença, senhorita, mas aonde pensa que vai ?
Amy se vira ao perceber que alguém havia segurado-a pelo braço . Era uma mulher, e possuía um cabelo bem comprido que terminava numa trança grande, porém nem um pouco vulgar, pelo contrário, bastante elegante . Seus olhos azuis pareciam combinar com seu cabelo, o que a tornaria apenas mais uma entre milhares de pessoas na capital, se não fosse um detalhe . Um pequeno, ínfimo, insignificante, minúsculo e quase imperceptível detalhe : ela estava fardada . Usava uma saia azul-escura e uma camisa da mesma cor em tons mais claros e carregava no pescoço algo que lembrava um apito .
- Hã ... bom dia, policial ... ?
- Kobayakawa, muito prazer . Aonde a senhora está indo ?
- Eu ... eu estava pensando em  andar um pouco .
- Senhorita ... como é mesmo seu nome ?
- Amy . Mitsukai Amy .
- Senhorita Mitsukai ... nos temos um engarrafamento enorme pela frente, e ainda estamos tentando descobrir qual a causa dele . No entanto, algumas pessoas abandonaram seus carros, agravando-o ainda mais e bloqueando algumas ruas que poderiam ser usadas como rota alternativa . Fazendo isso, estará contribuindo para o agravamento do mesmo, compreende ?
- Sim, mas ...
- Gostaria de pedir que a senhora retorne ao seu veículo, por favor .
- Mas eu preciso sair daqui, e rápido ! Se eu não sair daqui agora, eu ... eu ...
- Sinto muito, senhora, mas preciso de sua cooperação . Retorne, por favor .
- Droga .
- Ei Miyuki, anda logo ! Não temos muito tempo !
- Só um minuto, Natsumi .
Amy olha para o lado, bem a tempo de ver um carro de policia em uma rua transversal, com uma outra policial acenando . A mesma sai do carro, e demonstra estar bastante impaciente . Vestia o mesmo uniforme da policial só que, ao contrário da outra policial, o ultimo botão da camisa não estava abotoado, dando a impressão de um estilo mais folgado, e seus cabelos eram curtos e castanhos, combinando com seus olhos .
- Miyuki, a gente ainda tem que atender aquela chamada, lembra ?
- É claro que eu sei, mas com esse trânsito não conseguiremos ir a lugar algum .
- O carro tem um motor bastante potente, lembra-se ? – e, enquanto falava, ela apontava para o veículo . Um fato curioso sobre o veículo da policia japonesa era que ele era bastante compacto, ao contrário de equivalentes de outros países . Valendo-se disso, conseguia a façanha de cortar caminhos por becos realmente estreitos – Podemos cortar caminhos por algumas ruas e chegar até lá bem rápido !
- Bem demorado, quer dizer . Eu já tracei um mapa, e precisaríamos desbloquear algumas ruas para chegar até lá .
- Peça reforço, então . Pelo visto, a coisa lá está bastante feia !
- Com licença, policial, mas do que está falando ?
- Recebemos uma denúncia de que arruaceiros estavam criando problemas em um bairro próximo daqui, e estamos indo averiguar . Enquanto nos dirigíamos, encontramos esse engarrafamento . O pior é que recebemos outra ligação dizendo que estão saqueando as lojas por lá .
- Que horror !
- Eu sei, mas estamos ilhadas aqui .
- Tem certeza ? – Natsumi dá um sorriso maroto pra Miyuki, enquanto se dirige para trás do carro, abrindo seu porta malas e retirando algo bastante estranho . Parecia ser uma máquina compacta, ou melhor, desencaixada . A policial puxa algumas peças para o lado, fazendo-a tomar forma . Parecia ser um tipo de veículo bastante pequeno de duas rodas, bastante compacto . Um observador desatento perguntaria se não era um velocípede motorizado . Um observador desatento .
- Uau ! Uma Honda moto Compo !!! E com um motor incrementado a nitro !
- Demais, não é ? A Miyuki aqui é uma excelente mecânica, e aproveitou para dar
uma “incrementada” na moto, sabe . Claro, o carro também ...
- Não sabia que a policia utilizava um modelos desses .
- E não usa . Bom, eu já vou indo . Miyuki, peça para a Yuriko mandar reforço para desbloquear as ruas, e depois contorne a rua principal . Eu vou indo na frente para tentar controlar a situação . By !
Ela senta na pequena moto, e vai seguindo por entre os carros, feito que até uma moto de tamanho normal teria dificuldades . Em poucos segundos, ela some da vista das duas .
- Bem, eu também tenho um compromisso no meu bairro, se me dá licença ...
- Aonde pensa que vai, senhora Mitsukai ? Não pode deixar seu carro parado aqui !
- Oh, droga .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Te peguei, “Death” !
Ela estava cansada, exaurida e ferida . Mais do que isso, estava no limite de suas forças . O ataque de Júpiter havia surpreendido-a totalmente, pra não dizer massacrado . Mesmo utilizando tudo o que tinha para erguer uma barreira, havia se ferido, e muito . Estava parada, em pleno ar, ofegante, protegida por uma barreira semi-invisível . Maldita Júpiter ! Não esperava que ela estivesse tão forte !
Makoto esboça um rápido sorriso, e então começa a correr na direção dela . E de forma bem rápida .
Death, por outro lado, estava bastante cansada . Havia utilizado tanta energia, que estava praticamente impossibilitada de agir .
Alguns passos depois, Makoto salta . Não um salto comum, mas um salto poderoso . Muito provavelmente um dos maiores que já havia dado .
Todos estavam observando aquilo atentamente . Não sabiam o que ... mas sabiam que ela iria fazer alguma coisa .
No meio do salta, ela começa a girar seu corpo como um espiral . Utilizando seus últimos resquícios de poder, Death ergue uma nova barreira .
- Sua hora chegou, Death ! – eletricidade em sua forma mais pura pulsava pelo corpo de Makoto, assustando Death e impressionando os estudantes, motoristas, professores e demais transeuntes . E não só isso, mas se dirigia totalmente para seu punho esquerdo, o qual estava retraído .
Aquilo foi a carta de sentença para ela, em sua mais sincera opinião . Havia enfrentado duas versões do ataque mais fraco de Júpiter, o qual não parecia ser tão fraco assim, e agora teria que enfrentar um golpe totalmente novo ?
- RELÂMPAGO ... AVANTE !!!!!
Em um ato supremo de desespero, ela consegue fortificar sua barreira ... embora não colocasse muita confiança na mesma .
- Putz ! Isso tá melhor que cinema ! – apenas um comentário feito por um observador qualquer . O motivo ? Bom, não era a luta em si que chamava a atenção . Ou melhor, chamava, mas não tanta atenção quanto esse último golpe . Tratava-se de um soco poderoso, cujo potencial máximo era explorado em adversários aéreos . Mas não era isso que causava o maior espanto, mas sim a sua forma : um dragão . O corpo inteiro de Makoto estava envolto num dragão elétrico, cujo punho dela terminava na boca do mesmo . Era algo bastante bonito ...e inútil . Não servia de nada e, na verdade, nem ela gostava tanto assim dele . Estava se esforçando para moldar a eletricidade em torno de seu corpo até tomar a forma de um dragão serpentiforme . Tudo bem que seu golpe possuía essa forma, mas aquele golpe não . A culpa era de Akira, ela pensava, o qual havia dado essa sugestão. “Vai ficar maneiro”, ela lembrava-se das palavras dele . Tudo bem, pode até ser, podia estar fazendo o maior sucesso e impressionando todo mundo ... mas que não acrescentava nada ao golpe, isso era verdade .  A não ser, claro, um pouco de medo por parte do adversário .
Tanto poder vindo de uma única pessoa ... o golpe atinge sua barreira, liberando toda a sua potência . Era mais forte do que imaginava, fora o fato de não estar agüentando mais . Ignorando-o como se fosse uma bolha d’água, o punho atravessa a barreira e, num último movimento, ela utiliza a própria foice para se defender .
- Idiota .
Em um rápido lampejo, estava no chão . Mais do que isso, estava viva, e inteira, ou quase . Havia sido atingida pelo golpe ... e sobrevivido ? Talvez, mas ...
De maneira graciosa, Júpiter atinge o chão, para a alegria geral de todos . Seu olhar não era mais de brincadeira, mas sério . Death não acreditava que havia sobrevivido ao golpe, tampouco que Júpiter não parecia estar cansada depois de usar tamanha energia ! Ela estica seu braço, tentando puxar sua foice, quando tem sua segunda surpresa : não havia mais foice . O que quer que aquilo tenha sido um dia, seja lá o que representava, não existia mais, fato confirmado quando ela olha para o lado e vê apenas o pouco de metal que sobrara, retorcido . Incrível . Fascinante . Aterrador .
Perfeito, havia dado certo . O poder de Death havia diminuído, como havia imaginado . Estava certa quando deduziu que ela estava tirando uma energia enorme daquela foice, logo precisava dar um jeito nela . Seus ataques contínuos apenas provaram sua teoria, uma vez que sobreviver aos seus ataques seria algo bem difícil . Mas eles cumpriram sua função, exauri-la ao máximo . Quando seu punho tocou-a, despedaçou a arma em milhares de pedaços, deixando como pedaço maior um pedaço de metal retorcido . Agora, restava apenas Death . Ela possuía algum poder, era verdade, mas esse ela podia perceber que era inferior .
- Hunf !
- Não comece . Acabou .
- Não me subestime, Júpiter . Não sou nenhuma amadora, fique sabendo !
- Tenho certeza que não, mas está acabada . Também não sou nenhuma amadora, como percebeu . Posso sentir perfeitamente o tamanho de seu poder, e sei que não tem a menor chance de me vencer em sua atual condição .  E não pense que pode fugir, pois nós cercamos essa área toda .
- Hunf ! Está blefando .
- Não brinque comigo . Não vai gostar de me ver irritada .
- Está blefando, não cercaram esse lugar . A propósito, obrigada . Você me foi bastante útil .
- Do que está falando ?
- É difícil encontrar pessoas como você, sabe . Achei que essa cidade não tinha  nada que prestasse, que era coberta de lixo inútil, mas fico feliz em ver que me enganei . Agora poderei seguir em frente .
Makoto salta para trás, bem a tempo de esquivar de um raio que veio do céu . E outro em seguida . E outro . E outro . Do canto dos olhos, ela pode perceber que os raios era negros como a escuridão, talvez até mais do que isso .
- Júpiter, apenas uma pergunta : se não consegue se esquivar do ar, como pretende se esquivar de mim ?
Ela SENTIU aquilo . Doía muito, na verdade . Corria na direção de Death, mas a dor impedia cada vez mais seus movimentos . E como doía ! Não era uma dor física propriamente dita , era mais do que isso . Ela olhava para seu corpo, comprovando que não havia nenhum ferimento . Olhava para todas as direções, comprovando que não havia sido atingida . Mas a dor continuava .
Akira, o qual estava do lado de fora da escola observando tudo, não acreditou quando ela caiu de joelhos, só não caindo ainda mais por que seu orgulho não permitia .
Ele mesmo, o qual presenciou boa parte do desenvolvimento de sua mãe, estava surpreso com o que via . Como era possível Sailor Júpiter, guerreira da força e resistência cair assim, de uma hora para outra ? E de onde vinha tamanha dor ?
Makoto se perguntava A mesma coisa . Como isso era possível, depois de tudo o que passou ? A dor era tão intensa, tão destrutiva e, ao mesmo tempo, diferente de tudo o que havia enfrentado . Mas de onde ela vinha ? Não sabia, apenas que ela aumentava mais e mais .
Death se aproximava com um sorriso no rosto . Ela dá uma rápida olhada nos observadores, e retorna a olhar para Júpiter . Eles estavam surpresos com aquilo, pois não esperavam tamanha reviravolta no jogo .
- Orgulhosa como sempre . Não vai gritar ? Pois eu acho que deveria, do contrário morrerá mais rápido .Dê o braço a torcer, vamos . Gritar não vai te fazer mal . Sei que isso dói bastante, portanto não se preocupe se der vontade de gritar ! Vamos !
Seu rosto era de pura agonia . Estava com as mãos sobre a nuca, tentando resistir, mas era forte demais . Recusava-se a gritar . Jamais daria esse gosto a seu oponente . Jamais . JAMAIS ! Nesses último anos, criou para si mesma e para os que a cercavam uma imagem de alguém que sempre tinha as coisas sobre controle, não importa o quão ruim a situação esteja . Gritar era fraqueza, coisa dos fracos, e ela não era isso . Não que fosse prepotente, mas entendia que deveria estar acima de seus adversários se quisesse evitar o pior . A última vez em que se deu ao luxo de gritar simplesmente pela dor foi durante um evento muito, mas muito importante : o parto de seu filho . Ela não iria gritar, mesmo que tivesse que arrancar a própria língua .
Por pouco ela não esborracha seu rosto, escapando ao colar as mãos no chão . Estava com os joelhos e as mão encostadas no chão, ofegante . E muito . Aquela dor não parava de maneira nenhuma . E Não conseguia se acostumar também , mesmo depois de todo o treinamento para suportar a dor, não conseguia se acostumar . Iria morrer, disso não tinha dúvida ... mas não permitiria que Death sobrevivesse para prejudicar os outros, jamais .
Não estava ignorando a dor, isso era impossível . Mas, ao invés disso, resolveu aceitá-la . Como uma ferida no corpo que avança mais e mais, destruindo tecidos e aumentando a dor, a qual não podia ser vencida . Estava sentindo toda aquela dor na pele ... mas estava concentrada no que estava prestes a fazer, e precisaria de muita concentração para tanto . Sentia aquilo corroer sua alma ... mas continuava se concentrando .
- Qual é o problema, Júpiter ? Por que não grita ? Seu orgulho é tão importante assim, que impede-a de fazer a única coisa que pode fazer ? Quer saber ? Cansei de você !
Death agarra se pescoço, apertando-o . Makoto podia sentir sua dor se ampliar mais e mais com isso, como se ela estivesse recebendo a essência de seu adversário . Não iria resistir por muito tempo dessa forma .
Um garotinho que observava aquilo, irritado e frustrado, começa a se movimentar em direção a Death, com um objetivo bastante nobre ...
- Devagar, garotinho – ele olha pra trás quando alguém o toca, segurando-o pelo braço . Era um homem alto, vestindo camisa sem manga e bermuda xadrez .- é perigoso demais para você .
- Exatamente – outra pessoa, uma garota – É melhor deixar isso para quem sabe .
- Mas ... mas ela vai matar a ma ... digo, a Sailor Júpiter !
- Não se preocupe – o rapaz respondia – ela não vai morrer . Ela é uma Sailor, e as Sailors são invencíveis ! Nada pode detê-las !
- Mas ela está ... ela está ... sofrendo !!!
- Sem problema – a garota continuava – ela não vai morrer . Não hoje, nem amanhã, tampouco num futuro próximo . Nem que para isso tenhamos que intervir ....
Um brilho surge nas mãos da garota, e a mesma corre em direção a Death, para a surpresa de Akira . Num movimento incrivelmente rápido para um humano normal, ela salta, surpreendendo Death, a qual larga Makoto e se afasta para não ser atingida pela espada que havia surgido nas mãos da garota .
- Miserável ! Quem mandou você se intrometer ?
Quando ela vai reagir, sente uma dor imensa nas costas, fazendo-a cair no chão . A garota aproveita e salta, enquanto que a lâmina de sua espada brilha . Menos de um segundo depois, um raio parte da lâmina, atingindo-a em cheio e levantando um monte de poeira naquele local .
Makoto mal conseguiA acreditar . Ao longe, Delsmeter, ao seu lado, Safion ... havia sido salva pelos Youmas !!!
- Tudo bem com você, Júpiter ?
Ela não respondia . A dor ainda continuava, embora tivessem derrubado Death . Logo ...
Não demora muito para ela se levantar, para a surpresa de todos . Ela estica o braço até suas costas, e retira três objetos metálicos dela . Dardos . Precisos e mortais .
- Devia ter atirado na cabeça – diz ela, para Safion e para quem quer que tivesse atirado os dardos . – agora, todo irão morrer !!!
Aquilo havia ficado pior do que já estava . Agora, o número de vitimas iria aumentar, e ela não duvidava que Death fizesse o mesmo com as outras pessoas . Tinha que pensar em alguma coisa, e rápido . Seu ataque . Ainda podia utilizá-lo . Havia recebido a dor durante todo esse tempo enquanto se concentrava, tentando canalizar a quantidade exata de eletricidade que precisava . Também precisava calcular corretamente a área, nem mais nem menos . Iria descarregar um corrente controlada e continua no chão, derrubando Death e fazendo-a perder a concentração . Teria que ser algo preciso e perfeito, do contrário atingiria a população que a cercava, e eles não iriam sobreviver a uma descarga daquelas, mesmo que ela reduzisse seu poder ao mínimo .
Seria agora ... se não fosse um novo problema : Safion . Ela não resistiria . O ataque definitivamente mataria aquela Youma . Seria uma pena, mais um Youma morto, como muitos . Seria uma pena que ela não tivesse mais vidas para dar pela paz universal ... a quem estava querendo enganar ? Não conseguiria fazer isso de maneira alguma . Youma ou não, era uma vida ... como assim, youma ou não ? Era uma vida, e ponto final . Não um objeto do qual poderia se desfazer quando desse vontade . Podia ser uma vida, duas ... mas não poderia ter o peso na consciência de sacrificar um para salvar milhares . Sacrificaria a sua com prazer, mas não a dos outros . Tinha que haver uma alternativa .
E havia, ela sabia disso . Bastava se liberar totalmente .
Significava utilizar todo o seu poder, coisa que não havia feito . Por mais forte que fosse aquela dor, por mais forte que fosse o adversário ... ela venceria . Mas não sem causar sérios danos aos arredores . Não tinha dúvidas de que causaria um colapso no sistema elétrico da área, dos bairros vizinhos, e da cidade inteira, até . Mais do que isso, por mais que houvesse lutado em toda a sua vida, sabia que a terra não era e nunca seria um campo de batalha para as Sailors e suas inimigas, por mais protegida que estivesse . Não, ela não podia arriscar isso também . A escola, a rua, o sistema elétrico, as tubulações de gás ... tinha que haver alguma alternativa .
- Fim da linha pra você, Júpiter, e para seus defensores também . Não se preocupe, em breve essa dor irá terminar, eu garanto .
Um novo problema : a dor aumentara de forma espantosa . Mais do que isso, os raios negros de antes agora a atingiam, aumentando a dor mais e mais . E, como se não bastasse, ela pode ver de relance Safion ser atingida e torturada de igual forma, enquanto Delsmeter se esgueirava entre as pessoas . Devia estar procurando uma posição melhor para atacar, pensava . Pena que não chegaria a tempo . E onde estava aquele youma retardado ?
Seria esse o fim ?
Death se deliciava com o que estava acontecendo, não, se fartava . Em apenas alguns minutos, havia conseguido mais do que em semanas, e de apenas uma pessoa !
No entanto, esse êxtase que sofria, o qual fazia com que ela fosse tomada por um prazer fenomenal, acabavam por cegá-la para a dura realidade .
- Oh-oh – ultimo pensamento de Delsmeter, Akira e todos os que pararam para assistir a luta . Para os que acharam que a luta havia sido fantástica, ficariam surpresos com o que estava se aproximando . Claro, a dor sofrida por Makoto e Safion e o êxtase de Death bloqueava as percepções das três para o que estava se aproximando ....
De forma violenta, cruel, implacável, devastadora e destruído, ele atinge Death . Ele, o turbilhão . Não um turbilhão qualquer, mas um turbilhão de chamas . E não eram chamas comuns ... eram chamas de puro ódio, vindas de alguém que estava há tempo pedindo por alguém em quem pudesse descarregar tudo o que estava sentindo há dois dias .
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Já não era sem tempo – pensava Makoto, no exato instante em que percebeu que a dor havia parado e que Death estava no chão, queimando, enquanto um turbilhão de fogo descia dos céus e castigava-a impiedosamente .
Seus gritos ecoam pelos arredores, assustando a todos . Era como se uma fera estivesse agonizando em seus minutos finais ...
Ela toca o chão de forma majestosa, se é que o ataque não tinha deixado essa impressão . Muitos estavam surpresos com isso, e alguns já esperavam que alguém interviesse, além daquela garota com espada . Não uma pessoa qualquer, mas alguém do grupo de Júpiter .
- Argh ! O-o que ... Marte ?!?!?!?!?! Finalmente resolveu aparecer !
Por pouco ela quase não ergueu uma barreira, bloqueando parte do ataque, o que havia impedido seu extermínio há pouco . No entanto, aquilo intrigava Makoto : ela ainda tinha forças para fazer aquilo ? Então, ela tinha mais poder do que havia deduzido, e não vinha somente da foice, ou melhor, ex-foice .
- Sailor Júpiter, tudo bem com você ?
- Vou ficar . – e ela não deixou de notar a total falta de vida na voz de Rei . – e você, está bem ?
- Não . Vamos acabar logo com isso .
- Espere um pouco ! Não a mate, precisamos dela viva !
- Para que ? Quer obter respostas ? Pois eu providenciarei isso . Quem é você ?
Death havia olhado nos olhos de Rei, e se assustou : não eram os olhos de uma Sailor . Elas não possuíam um olhar tão ... frio e, ao mesmo tempo, carregado de ódio . Embora houvesse erguido uma barreira, estava caída no chão, bastante ferida . Os constantes ataques de Júpiter, da humana intrometida e de Rei acabaram por reduzir a trapos sua capa, de forma que a única coisa inteira era seu capuz, o qual ainda mantinha a sombra que cobria seu rosto .
- Sailors ... hunf ! Acham mesmo que ... hã ?
- Marte, o que vai fazer ?
- O que eu deveria ter feito há muito tempo . Essa corja só serve para nos ferir das maneiras mais diferentes possíveis . Temos que mostrar a eles que não somos tão boazinhas quanto parecemos .
Rei aponta ambas as mãos para a barreira, as quais começam a emitir um brilho vermelho . Um brilho quente .
O brilho rapidamente atravessa a barreira e a destrói, envolvendo o corpo de Death, a qual não sente nada . Em pouco s segundos, seu corpo inteiro estava coberto pelo brilho .
- O que você fez ?
- Não brinque comigo . Eu não sou como as outras . Sou bem pior . Posso ser bastante cruel quando necessário, e não hesito em fazer o que tem que ser feito . Eu só vou perguntar uma vez e, se não responder, irei matá-la . Ficou claro  ? Então, quem são vocês, e o que querem ? Por que atacaram o centro de Tóquio, o templo Hikawa e o colégio Juuban ?
- ................................................................................................................................. ...............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
- Não vai me responder ?
Um detalhe que Makoto havia prestado atenção : não havia sentido Rei se aproximar . Ela estava bastante ocupada, é verdade, mas deveria ter sentido . Ela deve ter diminuído tanto seu poder, que fez sua presença desaparecer para todos ! Devia ser por isso que Death não havia percebido .... espere um pouco, sua mente começava a fervilhar, como ela sabia que Death podia sentir a presença das pessoas ? Isso era óbvio, do contrário, por que o ataque ao colégio ? Então, se isso fosse verdade ... elas eram o alvo dessa vez !
- Júpiter ... eu já me pronunciei, e não tornarei a fazê-lo . Escute bem o que direi : isso que  esta envolvendo-a é o que eu chamo de chama fria . É fogo puro, em nada diferindo do ataque anterior . Talvez você deva experimentar do que ela é capaz para aprender a ter respeito .
Ela deu um grito tão forte, como se seu peito estivesse sendo rasgado de dentro para fora . A dor era insuportável, até mesmo para seus padrões . Mais do que isso, todos os que estavam observando sentiam na pela a dor só pelo grito .
- Marte !!!
- Não se preocupe, não é o que está pensando . Veja .
Makoto olha, pasma . Death estava ... ilesa . Quer dizer, estava da mesma forma em que estava depois do turbilhão de fogo . Mas aquele grito ... ?
- Ora, Júpiter ... todas nós temos nossos segredos, não é mesmo ? Se eu posso impedir que ela seja afetada pelo fogo, não acha que eu seja capaz de fazer algo melhor ?
Outro grito . E outro . E outro . E todos estavam observando isso, esperando o desfecho dessa batalha . Makoto observava, tentando entender o significado das palavras de Rei, fracassando terrivelmente . Até que, em meio aos gritos, a ficha caiu . Rei estava imitando o que Death havia feito há pouco . Na verdade, suas chamas estavam queimando Death, com uma pequena exceção : Rei estava impedindo que o “efeito especial” do fogo agisse : consumir . O fogo tem uma capacidade incrível de destruição . Mais do que isso, de consumir o que afeta . Death não estava sendo queimada pelo fogo, mas estava sofrendo toda a dor da queimadura ! Rei estava “segurando” a chama para que ela não se queimasse !
Impressionante para alguém que há dois dias atrás não acreditava em todo o poder que possuía .
Death gritava, e gritava, e gritava . Esperava por tudo, menos por isso . Sabia que acabaria por encontrar todas elas, mas não esperava que Marte fosse tão hábil .
A total falta de compaixão em Rei era evidente, algo que Makoto percebeu rapidamente . Sua amiga estava praticamente descarregando todo o sofrimento pelo qual passou, e a vitima era Death . Se continuasse assim, iria matá-la .
- Rei ... – Makoto se aproxima, colocando a mão sobre seu ombro e falando bem perto dela - ... se continuar assim, irá matá-la .
- E daí ?
- Daí que será inútil tudo isso se ela morrer . Precisamos dela viva para interrogá-la .
- Ela não vai falar, e você sabe disso – Death para de gritar, embora o brilho não cessasse – e você ai, não ouse tentar nada, ou vai ver o que é bom !
- Com um pouco de incentivo, falará .
- Não irá, e você sabe disso . Tentei sondar a mente dela, mas não consegui . É como se a maldade dela me impedisse .
- Matá-la não irá adiantar .
- Por que se preocupa tanto assim com ela – a irritação era evidente em sua voz – é só uma criatura estúpida, igual a tantas outras que matamos !
O povo estava ficando mais curioso com a súbita discussão delas . Akira, por sua vez, se movia para conseguir uma posição melhor, uma vez que a rua estava LOTADA ! Era uma “rodinha” gigante, o qual assistia ansioso o que acontecia .
Infelizmente, Akira estava se movendo, e não estava prestando atenção ao que estava acontecendo .
Makoto e Rei estavam saltando para todas as direções, esquivando-se, até que param .
Eis que ambas olham para a escola, e encontram seu atacante no teto . E ele continua atacando, ou melhor, tacando nelas o que possuía : telhas ! Ele estava arrancando as telhas do colégio e atirando nelas . Não era algo realmente assustador, mas considerando-se o elemento surpresa ...
- Espere ! – último grito de Makoto quando Rei une suas mão, preparando-se para atacar .
- FOGO DE MARTE ...
Ela não continua, depois que percebe o que iria fazer . Seu alvo estava encima da escola, um lugar perigoso para combater . Aliás, ela e Makoto estavam um pouco distantes da escola, e que a fez deduzir que isso era obra de Makoto para proteger aquele lugar .
As duas continuam seguindo até a escola e esquivando das telhas, aproximando-se rapidamente .
Já Makoto estava intrigada . Seja quem fosse, deveria ser bem forte para arrancar as telhas e atirá-las com tanta força e tamanha distância .
Num rápido movimento, ambas antecipam o ataque seguinte e se aproxima da escola de forma que não podiam ser vistas . O atacante cessa o ataque quando Marte cai poucos metros e frente . Ele recua, apenas para bater em algo bem grande .
 - Aonde pensa que vai ?
Makoto tem a chance de olhar bem nos olhos de seu atacante ... apenas para se surpreender ao descobrir que não era ele ... mas ela . Uma garota, mais nova do que ela, a qual possuía olhos castanho-claro e um longo cabelo ruivo . E o que a surpreendia mais ainda era o fato dela estar vestida de forma tão ... tão ... normal ! Da mesma forma que aqueles que havia enfrentado no centro de Tóquio, aquele outro sujeito que Rei havia transformado em pudim no templo, essa garota estava vestida com roupas normais !
- Assassinas !!!
- Como é ? – Rei havia se irritado com o que ela havia dito .
- Do que você está falando ?
- Não banquem as desentendidas, suas assassinas ! Vocês ... vocês ... vocês mataram meus irmãos !
- Eu não estou entendendo o que você está falando – Makoto a pega pela gola e levanta a garota, encarando-a – mas meça suas palavras . Quantos você acha que morreram no Centro de Tóquio ? Cem ? Mil ? Se está se referindo aos que fizeram isso tudo ... eu os mataria novamente se tivesse chance . E por que você possui essa aparência ?
- Isso não foi esperto .
- Eu sei . Ela foi muita idiota em nos atacar . E então, mocinha, gostaria de nos acompanhar ?
- Não estou me referindo a isso, Júpiter . Tente sentir .
- Sentir o que ? Não tem nada aqu ... ah, não . Não . Não . Não . Não . Não ! Eu não acredito ! Como fomos cair em um truque tão primário ?!?!?!?
O motivo da frustração de ambas era óbvio : elas haviam detido o ataque da garota, é verdade, e agora ela estava em suas mãos . Só que, para tanto, elas tiveram que se afastar de Death, logo ....
(Em respeito as criancinhas que  estão na escola em que as Sailors estão lutando, o trecho a seguir será censurado)
- Mas que M**** !!!! P**** !!! P*** Q** P**** !!! Filha da p*** !!! BASTARD !!!  Marte, ela ainda está brilhando, não consegue utilizar aquilo de novo ?
- Já tentei, e não funcionou . Ela deve ter anulado aquilo . Droga ! Foi tudo em vão !
- E pensar que ... que ... a garota ...
Makoto olhava para ela de forma maliciosa . Talvez não estivesse tudo perdido como pensava .
- Garota, você vem com a gente – dizia Makoto, ainda segurando a garota . Por mais que odiasse admitir ... aquela Sailor a estava assustando, e muito .
- Pronta para colaborar ? – comentava Rei, de forma o mais fria e impessoal possível .
- Por que não largam a garota – Ambas olharam para a rua, a tempo de ver quem estava falando : um homem  - e vem resolver suas diferenças comigo ?
- VOCÊ !!!
Rei salta, soltando fogo pelas ventas, literalmente . Aquele homem ... era o mesmo que a havia atacado dias atrás ! E, a julgar pela marca em seu rosto, não restavam dúvidas .
Curiosa com aquilo, Makoto também desce, mas ainda segurando a garota . Não iria cair no mesmo truque duas vezes . Ambas  o haviam cercado, impedindo qualquer ação de sua parte .
- Sailor Marte . A guerreira do fogo . A principio, eu não acreditei quando me disseram que eram vocês que estavam causando tanta confusão, mas vejo que me enganei . Olá, Marte . Sentiu saudades ?
- Você sabe quem eu sou ?
- Não de rosto, mas essa queimadura no rosto me trás recordações, sabe . E, pelo que eu fiquei sabendo, somente uma pessoa poderia ter feito isso .
- E o que pretende aqui ? Veio se vingar ?
- Não exatamente, vim até aqui apenas para livrar essa garotinha ai . Tudo bem com você, Naru ? Elas te machucaram ?
- Não, senhor Maki . Mas não precisava ter vindo, eu podia ...
- Não discuta com os mais velhos, garota ! Aprenda a ser grata quando tiver oportunidade !
- Belo conselho – Makoto o encarava – mas poderia me fazer o favor de explicar como pretende fugir daqui ? Como já deve ter percebido, aquela chama na mão de minha amiga é mais rápida do que qualquer truque seu, portanto pense bem no que vai fazer !
- Há ! Há ! Há ! Há ! Há ! Há ! Há !
- Não comece ! Dei um jeito na sua amiga de preto, e faço o mesmo com você ! E foi essa mesma risada que fez ela perder o controle da situação !
- Pena que eu perdi essa parte . Tem um engarrafamento enorme até aqui, ainda bem que o metrô passa aqui perto . Bom, foi divertido encontrar vocês, mas eu tenho coisa melhor para fazer . Naru, fuja .
Por essa ninguém esperava : de sua inércia total, Maki estala seus dedos, e então acontece : o vento atinge a todos, com exceção de Naru, de forma violenta . Num piscar de olhos, os três estavam dentro de um pequeno furacão, o qual os fazia girar cada vez mais rápido e sem chance de controlar seus movimentos .
- Naru, o que pensa que está fazendo ? Cai fora, eu si me cuidar !
A garota pula para o telhado da escola e depois salta para o prédio seguinte, sumindo da vista de todos ao saltar para outra rua.
- Droga, de novo ! Não era para eu ter sido atingido ! Por que eu ???
- Preocupe-se com problemas mais realistas . A garota fugiu, mas você teve o azar de ficar .
- Até parece que vocês conseguirão fazer algumas coisa !
- Disso eu não sei, só sei que minha amiga aqui não está no seu melhor estado, e está procurando alguém para descarregar a tensão .
- Como ?
Rei expele chamas do próprio corpo, as quais tomam por completo o mini-furacão, atingindo a todos os que estavam lá dentro, sem exceção .
- Ai – única frase decente expelida por alguém caído no chão depois de tudo isso .
- Verme . Tudo bem com você, Júpiter ?
- Só o meu orgulho que está um pouco ferido . Vamos, temos que levá-lo . Espero que não apareça mais ninguém para levá-lo .
- Só um instante . Seu nome é Maki, não é ?
- Ai ! Você é surda por acaso ?
- NÃO ME PROVOQUE !!!
- Não pense que me assusta . Não tenho medo de morrer, se quer saber . E fique preparada, pois ainda irei revidar essa marca no meu rosto !
Rei agarra-o pelo pescoço, e ergue-o ;
- Revidar ? Revidar ? Seu monstro ! Você ... você ... você é desprezível ! Não merece estar vivo ! Só não te mato agora por que quero descobrir o que está acontecendo !
- Vai te catar .- e, surpreendentemente, ele cospe na cara dela . Ele iria morrer, pensava Delsmeter, o qual havia se aproximado, acompanhado de Tokin  .
Era o que todos imaginavam, inclusive Makoto . Ela podia sentir o estado de espirito de Rei, a maneira que ele se apresentava : estada perturbado, em frangalhos . Ela iria matar alguém a qualquer momento . Mas não foi isso que aconteceu .
Isso por que ela, depois de toda aquela correria, voltou a prestar atenção em seus sentidos, em suas capacidades . Naquele momento, Rei sentiu, como há muito tempo não sentia, com exceção de Death ... uma presença maligna .
Ela larga Maki no chão e se vira, encarando aqueles três . No chão, Safion, a qual ainda estava totalmente inconsciente depois do ataque de Death e, parado alguns metros à sua frente, estavam Delsmeter e Tokin .
- Tinha que ser . Não acreditava, mas não podia haver outra explicação . Eram vocês esse tempo todo . Qual é o motivo dessa vez  ? Sua rainha está morta, não há mais ... mais ... não acredito . Não pode ser tão simples . Vocês ... vocês querem vingança ! Seus miseráveis ! Por tudo o que fizeram, eu não os perdoarei jamais !
- Sailor Marte, espere ! Não é nada disso, eles estão do nosso lado dessa vez !
- Enlouqueceu, Sailor Júpiter ? Por acaso se esqueceu que foram eles quem derrubaram nosso antigo império ? A guerra dos mundos, as cidades destruídas, as vidas perdidas ... essas criaturas nojentas são fantasmas de uma época morta que ainda insistem em nos atormentar !
- Marte, eu sei que você está nervosa, mas ...
- NÃO OUSE DIZER COMO EU ESTOU ! Você não sabe nada ! Nada ! Não é você quem está sofrendo, sentindo seu peito ser devorado dia após dia e saber que ainda está viva ! Você não teve que sacrificar nada para estar aqui ! O que você entende por isso, hein ? Nada ! Nada ! Não ouse defender esses ... esses ... essas coisas ! Eles não passam de animais irracionais que matam tudo o que encontram pelo caminho apenas por prazer e diversão !
Sabia que ela estava abalada, mas não tanto . Se perguntava se agiria assim em situação semelhante . A simples idéia lhe doía só de pensar . Mas, tendo razão ou não, ficar de braços cruzados enquanto Rei exterminava aqueles três estava fora de questão .
- Sailor Marte, pare com isso agora !
Rei se vira, mais surpresa  com quem havia dito isso do que com a frase em si .
- Nós sempre trabalhamos juntas, sempre . Sempre ajudamos uma a outra, seja na luta ou na vida . Dê-me apenas um motivo para que eu me detenha, apenas um  .
- Eles não são monstros ou animais . São gente .
Aquilo foi mais do que suficiente para Rei tirar suas conclusões . Ela dá as costas para Makoto, e continua seguindo na direção dos Youmas .
- Marte, pa ...... !!!!
Eu ... eu ... não consigo falar ... nem me mexer ! Rei !
- Não se meta nisso, pois não lhe diz respeito . Eu não sei o que eles fizeram com você, mas prometo que desfarei essa lavagem cerebral a qual você passou .
Rei ! Rei ! Rei ! Rei ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Tudo bem com você ?
- T-tudo ... obrigada .
- De nada .
O rapaz aponta a palma da mão para Minako e pequenas chamas saem dela, as quais cobrem todo o corpo da loira . Elas se dispersam, levando consigo o que a prendia, derrubando-a no chão, mas ele a apara .
- Tem certeza de que está tudo bem com você ?
- Eu ... sim .
Ela se solta dos braços dele e se dirige para onde se encontrava os restos de Olho-de-Águia ; a única coisa que havia restado eram seus brincos e seu bastão, o qual ainda estava pegando fogo, mas sem sombra de dúvida por motivos diferentes .
- Não, de novo não . Essas coisas ... isso nunca termina . Eu não queria que fosse assim ... não era isso que eu queria para a minha vida ! Eu tinha sonhos de paz, sonhos de uma vida tranqüila na qual não precisasse rever o passado ! Por que ? Por que ? Por que eles sempre voltam ? Por que ?
- Mina ... – ele se aproxima e coloca a mão sobre o ombro dela, a qual estava agachada no chão, cobrindo o rosto com as mãos .
- Pobre Olho-de-Águia ... o que houve com o seu desejo de sonhar ? Você nunca foi mal, eu sempre soube disso . Deveria estar sofrendo muito por estar longe de seus amigos, não é ?
- Venha comigo, você está ferida e precisamos – ela se levanta, encarando-o . Sua face estava encharcada de lágrimas, enquanto tentava olhar seriamente para ele . Mas uma coisa era visível nela : tristeza e amargura .
Minako desliza seu mão através do curto caminho que os separava, atingindo o rosto dele, ato que ele não esperava . Talvez um agradecimento, um choro como o de agora, mas o que ela acabara de fazer ...
Mas talvez ela estivesse certa, ele pensava . Já havia passado por isso antes, e a reação dela fora parecida .
- Por que você fez isso ?
- Me desculpe, Mina, mas eu não havia te ...
- Eu não compreendo . Você o havia desarmado, havia tomado o controle da situação, por que o matou ? Poderíamos ... poderíamos ...
- Como ? – não era isso que ele esperava . Ela estava realmente preocupada com o sujeito que estava prestes a matá-la ? Mas por que ?
Ele é puxada de seus pensamentos no momento em que percebe o rosto dela : molhado . Ela já estava chorando há algum tempo, mas as lágrimas tinham um significado especial dessa vez .
Isso por que ele podia sentir o que estava acontecendo com ela, pois nascera com esse dom . Ela estava, de alguma forma, ferida . Não só fisicamente, mas psicologicamente . Já imaginava que tipo de coisa teria feito tal ferimento a ela, mas não imaginava que as cicatrizes demorariam tanto para sumir .
Ele não podia fazer nada para ajudá-la . Seus poderes de nada adiantariam nesse momento . A única coisa que poderia fazer diante de uma situação dessas, seria utilizar algo que sua mãe lhe ensinou, há muito tempo atrás .
Ele a abraça .
Tão simples e, ao mesmo tempo, eficaz .
Naquela manhã, o bairro de Juuban estava sendo palco de combates violentos, protagonizados por seres que ultrapassavam o conceito de realidade . Seres capazes de causar destruição em massa com a força do pensamento . Detentores de poderes extraordinários e inigualáveis .
E, no entanto, incapazes de superar o ato feito pelo rapaz .
Um simples abraço, simples e eficaz . Mais do que um aperto, uma transmissão de calor humano . A transferencia para alguém de um sentimento muito importante .
Quem era ele ? De onde veio ? Por que ele tem poderes ? E por que a salvou ?
Ela não conseguia as respostas, simplesmente por que sua mente não permitia que seus lábios pronunciassem tais perguntas . Mas de uma coisa ela tinha certeza : podia sentir, mesmo que não tivesse idéia do por que, que ele estaria ali, protegendo-a . E, de igual forma, podia sentir a alegria dele ao saber que havia alguém para ser protegido .
- Q-quem é você ?
- Você não se lembra de mim ? Sofreu tanto assim para esquecer de tudo o que passamos, Mina ?
- Eu não sei quem você é ... mas obrigada .
- Não, eu não mereço . Pelo contrário, te devo desculpas . Sinto muito, devia ter me controlado .
- Você sente ?
- Sim . Bem ou mal, eu o matei, não é ?
- Como assim ? Não te entendo, mas ...
- Você ... me desculpe, esqueci do quanto sofreu . Meus poderes, lembra-se ? Aquele sujeito, Polegar-de-Águia, não é ? Pois bem, ele pode ter sido qualquer coisa, mas de uma coisa eu tenho certeza : não estava vivo .
Não estava vivo ? Ela ouviu mesmo isso ? Mas como isso era possível ? E como ele sabia disso ? E o que ele quis dizer com “meus poderes, lembra-se” ?
Talvez essa pergunta tivesse que ser deixada para depois, um outro dia, uma outra hora, quem sabe . A questão ... a questão é que ela estava começando a perceber a SENTIR !!! Algo ...algo errado com o lugar, errado com a rua, com os prédios ... com o bairro todo !
Minako fecha os olhos, temendo o pior . É o que acontece . Finalmente, ela consegue sentir a gravidade real da situação .
Ela podia sentir aquilo, nos mínimos detalhes . Era grande . Era perfeito . Atingia prédios, ruas, praças ... estendia-se por todo o bairro, cobrindo-o do inicio ao fim . Uma barreira . Não uma qualquer, mas uma invisível . A questão é : como ? Era para ela ter sentido aquilo . Era . Se ela era sensível a coisas desse tipo, que diria então algo que cobria todo o bairro ! Mas como não havia sentido ?
A resposta é óbvia : ela havia sentido, mas não havia compreendido o que era . Seu mal-estar era um indicio disso, de que algo estava errado . Seus olhos brilham de maneira intensa, tão fortes quanto uma estrela, permitindo-lhe entender melhor o que era .
Trevas .
Alguém havia se utilizado da escuridão para criar uma barreira em torno do bairro, e ela só havia percebido isso por que seu corpo estava incomodado com esse tipo de energia . E não foi feito por qualquer um, deveria ter sido alguém poderoso e experiente . Um verdadeiro mestre na criação, controle e entendimento da escuridão .
Silêncio .
Durante toda aquela confusão, só agora se lembrou de ter sentido Rei e Makoto bem próximas . E Amy, embora um pouco mais distantes . Não nutria ilusões de que os problemas ocorreram somente com ela, pelo contrário . Ela dá um passo para trás, temendo pelo pior .
É o que ocorre .
- Quem estiver ai, poderia aparecer, por favor ?
- “Poderia aparecer, por favor” ? Mas o que é isso ? O que houve com o “punirei você em nome de Vênus” ?
Saindo de uma sombra na parede, ela surge . E não parecia muito amigável . Não que seus trajes dissessem o contrário : O que quer que tenham sido algum dia, agora não passavam de trapos sujos e destruídos, queimados em várias partes . Atrás dela, o que restava de uma capa, com mais da metade queimada, restando apenas o capuz, o qual cobria metade de seu rosto, o que não era problema, uma vez que uma escuridão inexplicável cobria toda a sua face .
- Eu não o utilizo mais, embora você pareça saber bastante a meu respeito, não é mesmo ?
- Quem ...
Minako vira rapidamente o rosto para trás, encarando o rapaz . Seus olhos se cruzam, o que faz com que ele se cale . Mas não apenas o ato dela, mas a expressão que havia feito . Reconhecia aquele olhar . Sempre que fazia isso, significava que queria resolver as coisas ela mesma . Acreditava que podia fazer isso . E, para tanto, pedia apenas que ninguém se intrometesse, sinal este compreendido por ele .
- Não esperava que ainda estivesse viva .
- A julgar pelo seu estado, imagino que tenha tido problemas até agora, não é ? Diga-me ...
- Ah, pare com isso ! Já estou cheia de toda essa conversa de “quem é você” ! Por acaso vocês, Sailors, não sabem dizer outra coisa ?
- No entanto, ainda não sei como me referir a você . Mas minha curiosidade não é a respeito de teu nome, mas de tua origem . Desejo saber e compreender o que você é .
- Oh, que meigo ! Sinto-me lisonjeada em saber que alguém tem interesse em mim . Escute, não gostaria de saber como é o meu interior ? Ah, sim, esqueci que você não pode ver como é o meu corpo por dentro, então ... deixe-me fazer o que eu tenho de melhor fluir para que você veja !
Diferente das outras vezes, uma escuridão muito mais densa começa a envolver Death . Aquilo começa a assustar Minako . Diferente das outras vezes ... ela estava com medo ! Não pelos outros, mas por si mesma . As trevas de Death  não eram comuns . Eram especiais . Ela era especial e, como havia percebido, muito poderosa .
Ela foi arrancada de sua linha de raciocínio quando aquilo começou a aumentar, fechar . Não demorou para notar que ela estava bloqueando a única saída, e teria que enfrentá-la para escapar, algo que não desejava fazer em nenhuma hipótese .
- Cuidado ! – o rapaz a agarra pela cintura e salta para trás, escapando da escuridão que seguia em sua direção . Mais um pouco, e Minako seria arrastada . Mas, como a escuridão estava se aproximando, e não havia saída, qualquer atitude seria temporária . Ele aponta sua mão, canalizando suas chamas, ato esse impedido por Minako ;
- Pare ! Não é puramente escuridão, posso sentir . Isso ... isso está devorando tudo o que encontra pelo caminho ! Se você atirar, só vai torná-la mais forte . Temos que ...
Ela não tem tempo de terminar : percebendo que as trevas se aproximavam, ele a agarra e salta para a parede, tomando impulso e saltando para a próxima, ato esse repetido diversas vezes enquanto ela vai ganhando altura até o alto do prédio .
Pena que não deu tempo . Inesperadamente, a escuridão cobre cada centímetro ali existente, atingindo-os antes mesmo deles alcançarem a metade do trajeto ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Puf, Puf, Puf .
Estava com o coração na mão . Não acreditava no que acabara de fazer . Havia enfrentado as Sailors, e sobrevivido ! Mais do que isso, havia garantido a fuga daquela que seria responsável pelo seu grande objetivo . Logo, estava feliz . Ou não . Havia sido um intervenção medíocre, é verdade, mas havia funcionado . No entanto ... no entanto ... Maki . Não era para ele ter aparecido . Não era para ele ter ficado . Não esperava que isso acontecesse . Imaginava que Seo, do jeito que é, acabaria intervindo, mesmo que ela não desejasse isso . Mas Maki ...
Ele era um dos filhos mais velhos de Seo, correção, era um amigo de Seo . Embora mais jovem, ele ainda era bem mais velho que os outros . Tinha hábitos estranhos, era chato, mal-educado e grosso ... mas Maki era Maki, e nada mudaria seu eterno jeito de ser . E ele ainda havia usado seu dom para salvá-la, mesmo sabendo o que isso significaria .
Seus pensamentos são interrompidos quando ela tem que se abaixar, escapando de um chute aéreo que a colocaria a nocaute por um longo tempo . Naru ergue o braço, bloqueando um soco e, no desespero, dá um chute, sentindo que acertou alguma coisa . O ataque cessa, dando-lhe a chance de enxergar perfeitamente de onde havia vindo o ataque e, de todas as surpresas que havia tido durante toda a sua vida, aquela era a maior : uma criança . Vestia um uniforme escolar, o que a fez se lembrar de que estava próxima de uma escola mas, mesmo assim, uma criança . Uma criança que a havia atacado, quase derrubando-a no primeiro golpe . Uma criança que havia assumido uma posição de combate, convidando-a para brigar .
- Garota, saia da minha frente .  Não tenho tempo para isso .
- É o fim da linha pra você ! Não vai escapar !
- Como é que é ?
- Vocês vão receber o que merecem por destruído o Templo Hikawa ! Juro que acabo com você !
Ela não estava mais impressionada com a criança . Estava impressionada com o que acabara de ouvir . O Templo ... Hikawa  ? O lugar aonde seus irmãos e irmãs morreram ? Estaria esse garoto envolvido nisso ? Estaria ele ... junto com as Sailors ?
- Miserável .
Naru cerra o punho, enquanto muda sua posição, o que surpreende Akira . A mulher ... sua pose, sua posição, sua nova postura ... era uma guerreira ! Interessante, ele pensava .
Alguns minutos . Ambos ficam se observando, analisando um ao outro . Aquilo era impressionante, ambos pensavam .
Para Akira, encontrar adversário assim era inesperado . Depois de um tempo observando, havia concluído algo a respeito dela  não havia brechas . Ela estava pronta parar atacar, sem que a guarda fosse danificada, coisa que ele só havia visto em sua mãe . Deveria ser uma guerreira habilidosa .
Já ela pensava de maneira parecida . Embora fosse uma criança, podia sentir que não era uma pessoa comum, não era um humano comum . Ele controlava quase que perfeitamente sua respiração, sem antecipar seus movimentos, algo até então impossível para alguém tão novo . E os seu olhos ... eram olhos de um guerreiro . Podia sentir seu espirito e o dele vibrando pelo combate eminente . Mais do que isso, podia sentir uma força dentro daquele garoto que superava a de um humano normal . Pena que ele não iria desenvolvê-la .
- Prepare-se !!!
Apesar do aviso, ele não consegue se esquivar do cotovelo dela, o qual acerta entre seus olhos . Como ela era rápida !
Sem perder a concentração, Akira acerta um gancho de cima para baixo no queixo dela, surpreendendo-a . Naru vai girando seu corpo em 360o , caindo bem longe dele .
Ambos param, analisando o que ocorreu .
Nossa, essa doeu ! Essa daí é forte !
Ele não é uma criança comum . Ninguém tão novo teria tanta força .
- Seu verme !
- Hã ? Ora, sua metida !
- Pode começar quando quiser, seu verme .
- Ora ... já vi que você é uma nojenta ...
Akira corre e salta, girando a perna e formando um arco em direção a Naru . Ao contrário do que ele esperava, ela não se esquiva, mas bloqueia o golpe com o braço .
Embora tenha obtido sucesso, ela sentiu aquilo . Era mais forte do que uma criança . Muito mais .
Akira recebe um chute na barriga, mas gira o corpo para tentar diminuir o impacto como chão, conseguindo cair agachado . Ele a encara, compreendendo que aquilo não era brincadeira . Seja lá quem aquela mulher fosse, era superior, e muito,  aos que ele havia enfrentado no Templo Hikawa .
Ele se levanta, retomando sua postura . Durante alguns breves e penosos segundos, ele a observa . Sabia que tinha que fazer isso, pois já havia entendido que, se não tomasse cuidado, iria se machucar pra valer . Não que tivesse medo de sentir dor, o que ele já havia superado há algum tempo. Mas ele tinha planos para a mulher, e precisava estar inteiro para isso .
Ele avança e bloqueia uma joelhada, se abaixando e dando-lhe uma rasteira em seguida; ela salta, esticando perna e acertando a face dele, jogando-o para trás . Antes de se chocar contra a parede, ele toca as mãos no chão e toma impulso para o alto, girando o corpo e tocando com os pés na parede, aproveitando para tomar impulso e se propulsionar em direção da mesma .
Tomada de surpresa pela agilidade do garoto, ele não consegue se desviar quando ele vira o corpo e lhe a certa um chute no meio do rosto . Caindo um pouco atrás dela, ele se ergue rapidamente e soca-lhe as costas, mas a mesma vira-se rapidamente e segura a mão dele . Ele reage com outro golpe, mas ela novamente segura sua outra mão, e ambos ficam assim, medindo forças durante alguns instante, olhando um nos olhos dos outros .
- Mas afinal, o que um moleque faz aqui numa hora dessas ? Não deveria estar na escola ?
- Não ... sou ... um ... moleque !
- Ah, não ? Quantos anos você tem, garoto ?
- Não é da sua conta !
- Não seja grosseiro ! Sua mãe não lhe ensinou a respeitar os mais velhos ?
- Eu não respeito gente como você !
- Gente ... como eu ?
Para a surpresa do garoto, Naru o ergue, arremessando-o contra a parede . O mesmo se levanta um pouco dolorido, impressionado com aquilo .
- Levante-se, moleque ! Antes de te matar, vou te ensinar uma coisa !
- Eu não quero aprender nada com gente como você !
- Gente como eu ... e quem você pensa que é para dizer isso ? Vamos, diga-me!
- Não é da sua conta ! – Akira avança, saltando baixo e aplicando um chute no rosto dela . Aproveitando da guarda aberta dele, ela dá-lhe uma rasteira, derrubando-o ; Akira rola no chão, escapando de um pisão, o qual deixa uma marca de pé no chão . Jogando seus pés para cima, ele toma impulso com as mãos e se levanta .
- Você é forte .
- E você, não é ? De onde acha que isso veio, hein ?
- Da ... isso não te interessa !
Ele salta o mais alto que pode, caindo em direção dela com um chute armado . Infelizmente ela esquiva do golpe, fazendo com que ele atinja algumas latas de lixo . Não perdendo tempo, Akira se vira e a chute, errando e atingindo o vácuo . No meio do giro do chute, ele move seu cotovelo e atinge o rosto de Naru, pegando-a de surpresa . Ele dá um pequeno salto e aplica uma joelhada no rosto dela, desnorteando-a . Ao tocar o chão, Akira mais uma vez dá um salto baixo, girado seu corpo e sua perna na direção de Naru com o máximo de força que tinha . O golpe a atinge bem no tórax, arremessando-a contra um monte de latas de lixo .
Akira estava um pouco ofegante . Com exceção de sua mão, nunca havia lutado tão a sério contra outra pessoa . E sua perna ... como doía ! Aquela mulher tinha um corpo duro pacas !
Silêncio .
Aquele garotinho não estava brincando . Seja quem for, tinha alguma força e, mais importante do que isso, algum treinamento . Mas de onde ... ? Claro, a pesquisa que havia feito ! Segundo as poucas reportagens da época que traziam alguma informação realmente útil, as Sailors agiam em equipe, sempre em equipe, sendo raras as vezes em que apenas uma ou duas eram vistas agindo . A julgar pelas fotos, poderia ter criado um perfil delas, mas era algo difícil : por algum motivo que ela não conseguia entender/explicar, ela via apenas cinco garotas na foto vestidas de marinheiro, mas os rostos, embora descobertos, não ficavam gravados em sua memórias . Muito estranho .
De qualquer forma, para uma equipe agir sempre junta do principio ao fim, era por que possuíam algumas deficiências graves . Talvez uma delas, a qual possuía uma força incrível, pelo que pesquisou, não seja tão veloz, mas essa é apenas uma teoria sua, a qual acabou de ir por água abaixo .
Um garotinho com uma força desproporcional a sua idade, aparece justamente quando ela estava fugindo de duas Sailors, sendo que uma delas era realmente “forte” ... fora o fato dele dizer que viera para impedi-la de cometer outros atos ... óbvio demais . Aquele garoto deveria ter algum parentesco com a Sailor Júpiter . Primo, sobrinho, irmão, filho ... tanto faz, mas estava certa disso .
Ela não era a pessoa mais indicada para cuidar das guerreiras lunares, e admitia isso . No entanto, sabia que, depois que tudo isso passasse ... elas teriam o que merecem . Iriam pagar, iriam sofrer por todos os que mataram . De qualquer forma, seria uma perda de tempo continuar ali ...
Mas não era má idéia deixar um presentinho para aquelas mulheres intrometidas e esse garoto estúpido ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Tum Tum
Tum Tum
Tum Tum
Tum Tum
Era um coração batendo, disso ela tinha certeza . Podia ouvir seus batimentos como se fossem vindos de uma orquestra . Independente de abrir ou fechar os olhos, ela sabia aonde estava : em lugar algum . Estava no nada, no vazio . Estava no vácuo, na inexistência, na ausência . Estava na escuridão .
Não havia conseguido escapar, apesar dos esforços daquele rapaz . E quem seria ele ? Infelizmente, numa situação como essa, isso não fazia a menor diferença . Ela estava condenada, e o rapaz também . E Makoto . E Minako . E Akira . E Shin . E Rei . E Amy . E ...
Pensamentos ao acaso não faziam a menor diferença  . Não do lugar em que se encontrava, simplesmente o “nada” .
Estava presa, e sem saída . Aquele novo inimigo a prendera em algum lugar aparentemente sem saída .
Frio . Estava sentindo muito frio . O lugar era escuro, desprovido de luz . Não via sua mão, seus pés ... nada . Apenas sentia que estava ali, seja lá onde fosse .
Que fim para ela, largada na escuridão . Presa aonde nunca deveria estar, estava condenada pelo resto da eternidade .
O Silêncio . O nada . O vazio . Tudo isso, de uma só vez . Se uma pequena parte deles era aterradora, senti-los em toda a sua essência era mais que suficiente para matar alguém .
Mas ... o que fazer ? Não havia escapatória . De uma maneira ou de outra, todas teriam que passar por isso, e fracassariam . Não lhe agradava a idéia de ser pessimista, mas era a pura verdade . Todas falhariam, uma vez que a única que tinha alguma chance, ela mesma, já havia sido derrotada .
Por que as coisas tinham que ser assim ? Por que ?
Depois de muito tempo, ela havia compreendido a tristeza de Usagi depois da batalha contra Beryl .Havia tido a chance de ser uma garota normal, sem superpoderes e responsabilidades, mas teve que voltar a ativa  . Mas, mesmo sabendo de tudo o que fez de bom, ainda assim estava triste .
Mas por que essas coisas acontecem ? Será o destino ? Será o acaso ? Será puramente o que chamam de azar ?
Ou então sua sina . Sempre há alguém, sempre . E sempre há alguém mais forte, sempre . E o pior, eles sempre tem alguma ligação com seu passado, sempre .
Com Beryl, resolveram seu passado, com o Clã Blackmoon, resolveram seu futuro . E, ao enfrentarem O Silêncio, O Circo da Lua da Morte e Galáxia, resolveram problemas passados com antigos inimigos ainda mais poderosos, garantindo um mundo em que uma sociedade pudesse se desenvolver até ...
Ou não . Quem seriam esse ? O padrão deles era diferente dos outros . Seriam antigos inimigos ? Era o mais óbvio, mas algo estava errado, algo não se encaixava .
Seus pensamentos eclodem e se espalham, transcendendo o conceito de espaço e tempo . Há quanto tempo estava ali ? Isso não importava mais, pois poderia repensar sobre o que havia passado durante toda a sua vida .
Isso era injusto . Havia cumprido sua missão, havia dado o melhor de si por um mundo melhor ... isso era injusto . Não somente com ela e com as outras, mas com aqueles que iriam desfrutar de seus esforços . Injusto . Era injusto perder aquilo pelo qual tanto lutou : A Terra . De certa forma, entendia os objetivos dos Youmas e do Clã Blackmoon : embora seja algo difícil de se entender, o que eles mais queriam era a Terra . Esse, com certeza, era o maior objetivo daqueles que foram, ou seriam , no caso, exilados em Nêmesis .
Mas e os outros, o que queriam ? Poder e destruição . Puramente isso . Abalavam tudo o que encontravam pelo caminho, simplesmente pelo prazer da conquista .
E esses de agora, o que queriam ? Viveria para descobrir ? Talvez não ...
Estranho . Algo estava acontecendo de errado com ela . Podia sentir, era como se algo estivesse sendo tirado dela, mas não sabia o que . Ou melhor, sabia sim, apenas não havia percebido . Aquilo não era apenas uma prisão, mas o interior sombrio de uma pessoa que estava sugando alguma coisa dela . Mas o que ?
Não demora para ela perceber .
A força, o odor de podridão, o mal-estar ... era igual ao exterior, só que pior . Exterior ?
Ela estava sendo sugada ... mas o que ? Era algo que aparentemente não fazia falta, mas ela sentia que estava perdendo algo . Dentro de seu peito, seu coração batia mais e mais rápido . Ela sabia que teria que agir rápido, do contrário perderia algo que lhe faria uma enorme falta . Mas o que ?
Ela toca seu peito, o qual começa a brilhar . A luz, no entanto, não dura muito, sendo engolida pela escuridão . Foi ai que ela entendeu . Ela estava perdendo algo muito importante, algo que lhe faria muita falta . Descobriu quando começou a brilhar . Isso por que aquilo não era simplesmente luz, mas a mais pura manifestação de seu espirito, de sua  alma .
AS TREVAS ESTAVA ABSORVENDO SUA ALMA !!!!!
Ela abre os olhos, mesmo sabendo que não enxergaria nada . A simples idéia a deixa em pânico, fazendo-a se debater em meia a escuridão . Que tipo de criatura  seria capaz de ato tão ... tão ... abominável ? Absorver a alma de alguém, sua essência ... era como privar uma pessoa de seu descanso pós-morte . Era imperdoável ! Como ela não sentia dor pelo fato disso estar acontecendo ?
Simplesmente por que ela era ela .
Luz, pura e simplesmente . Possuía um espirito luminoso, diferente das outras pessoas . Era seu próprio poder que estava retardando o processo e anulando a dor . Mas e quanto aos desafortunados ? O que ela estava sentindo lá dentro, era idêntico ao que sentia lá fora, embora numa proporção maior .
A barreira . A barreira que havia coberto todo o bairro, a qual ela demorara para perceber, estava fazendo isso . Mas ... por que aqui e agora ?
Eram elas .
O Lugar era uma armadilha para elas . Seja quem fosse, planejava absorver a essência da Sailors . O quanto terá conseguido ? E quanto mais conseguiria ?
Como aquilo deveria doer . Podia imaginar o horror que as pessoas passariam ao sentir uma dor sem sequer saber o motivo e de onde vem . Era como morrer aos poucos, só que de uma maneira bem mais rápido .
- Não perca seu tempo, Vênus . Você já está condenada .
Uma voz cavernosa, e de mulher, fato que não passou despercebido por ela .
- Quem é você ?
- Eu sou o seu fim . Você é uma vergonha , sabia ? Nem ao menos serve para reagir ! Por isso, será a primeira a morrer !
- Você ... pretende matar a todas ?
- No momento me contentarei apenas com você, mas elas terão sua hora . Júpiter e Marte me pagarão por essa humilhação, pode ter certeza disso !
- Mas por que você quer lutar ? Mesmo que elas tenham te atacado, foram vocês quem começaram ! Por que tudo isso, por que ?
- Faça um favor a todos : não se humilhe ainda mais ... pois era você quem deveria ter essa resposta .
A dor . Imensa . Incontável . Indescritível . A escuridão havia se tornado mais agressiva, e nem seu poder poderia protegê-la . A dor ... como era enorme . E não era só física . "dio, rancor, desespero, angustia, tristeza, desesperança ... tudo aquilo ecoando em sua alma, despedaçando lentamente . Como alguém poderia suportar aquilo ? Não poderia .
Ela não merecia aquilo . Não depois de tudo pelo que passou . Aqueles sentimentos doentes ... por que eles a invadiam ? Ela não os queria, apesar deles quererem entrar .
- Porfavorporfavorporfavorporfavorporfavorporfavor ....
Minako parecia uma garotinha assustada, encolhida enquanto sofria . Todos os seus medos, sua angustia ... e seus arrependimentos .
Ela estava chorando . Não lágrimas de dor, mas de tristeza . Tristeza por ter que passar por aquilo mais uma vez, por ter que encarar forçosamente seu passado . Tristeza por não reagir .
E não podia . Por mais que quisesse, não podia . A dor de que tudo começasse tudo de novo era grande demais para permitir qualquer reação . Começasse ? Já havia começado, e ficar se enganando não adiantaria de nada, ela pensava . Mas, mesmo assim, ela havia feito sua escolha . Não queria se envolver, não queria lutar, não queria machucar outras pessoas novamente .
- Porqueporqueporqueporqueporqueporqueporqueporque ...
Era uma pergunta previamente respondida . Por que sim . Sempre haveria alguém perturbando a paz, cujas ações iriam de contra os interesses de outras pessoas .
Era, de maneira dura e fria, jogada em sua cara da forma mais violenta possível ... a verdade .
Uma lágrima . Duas . Várias . Estava chorando novamente . Teria que ser assim ? Não haveria alternativa ? Afinal, estaria ela errada em sua maneira de pensar ?
Seu peito torna a brilhar, fato que não passa despercebido pela escuridão, a qual o ataca . No entanto, ela não obtém resultado . Pelo contrário, a luz se espalha de maneira mais rápida, de forma que Minako havia se tornada uma estrela-humana . Em torno dele e aonde seu brilho tocava, as trevas se distanciavam, temendo a destruição .
- M-me desculpe . Eu sinto muito por isso . Não queria ter que fazer isso ... mas não posso permitir que continue fazendo isso com as pessoas . Você não tem o direito de fazer isso com elas, ninguém tem . Por favor, me desculpe .
Como uma fogueira alimentada cada vez mais, seu brilho aumenta lentamente . A escuridão aumenta sua força, tentando atacá-la, mas aos poucos via detendo seu avanço . Até que acontece : O brilho de Minako se expande de tal forma e com tanta velocidade, que o vazio eterno no qual ela se encontrava é simplesmente coberto pela sua luz, não restando nenhum vestígio de trevas . Nenhum .
O Grito de agonia emitido por Death era inexplicável . Era indecifrável . Parecia um monstro irracional agonizando nos seus últimos momentos de vida ...
Ela não abre seus olhos, embora possa sentir o local aonde estava : o beco . Havia voltado, ou melhor, sempre estivera ali . A escuridão apenas a havia imobilizado, somente isso .
Seu brilho aumentava, de maneira cada vez mais rápida . Se perguntava como não havia percebido aquilo antes . Que ser teria tanto controle sobre a escuridão para enganar alguém com os poderes que ela tinha ?
Sem resposta . Apenas seu brilho continua crescendo, e crescendo, e crescendo, atingindo as paredes, os prédios, as ruas ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Naru levanta-se e chuta uma lata em direção a Akira, o qual se abaixa . Ao se dar conta do que  ela planejava, ele arma a guarda para bloquear o chute dela . Conseguiu .
Ou não .
Ele bloqueia o chute, mas mesmo recua alguns passos . Surpreso com a força do oponente, ele se desconcentra, brecha aproveitada por Naru . Após um chute no queixo, o mesmo está no chão . Sua respiração se torna um pouco pesada ao tentar se levantar . Que tipo de mulher era aquela ?
Aproveitando que estava caído, ele dá uma rasteira nela e se levanta, chutando-a . Apenas o primeiro chute a acerta, uma vez que ela gira as pernas para se levantar e acerta o rosto de Akira no processo . Akira tenta chutar seu rosto, falhando, apoia o pé do chute no chão e tenta acertar com o outro pé, falhando novamente . Era incrível, ela conseguia se esquivar de todos os seu golpes .
- O que foi, garoto ? Não consegue me acertar ?
Com a palma da mão aberta, ela atinge o rosto de Akira, mais do que o suficiente para empurrá-lo contra a parede . Apenas a palma da mão .
Um soco . Rápido e mortal, o qual ele não consegue ver . Um soco, desferido por Naru, o qual atravessa a parede, a poucos centímetros do rosto dele .
Akira salta e cai atrás dela, armando seu ataque . Antes que tivesse qualquer chance, sente o ar se esvaindo rapidamente de seu pulmão, e o punho de Naru em sua barriga . Muito forte .
A mesma gira o corpo e atinge um chute no lado esquerdo do rosto dela, e a perna volta acertando a outra face, deixando-o um pouco zonzo . Akira consegue bloquear um soco que atingiria seu rosto, mas sente uma enorme dor no braço direito ao fazer isso . Ela gira o corpo e dá uma cotovelada nele, um gancho, uma cabeçada, bate com as duas mãos em seus ouvidos e, quando percebe que o garoto estava bastante desnorteado, une as mãos e aplica nele um esmaga-crânio de baixo para cima, atingindo seu queixo e derrubando-o no chão .
- Hunf ! Fraco !
Diante do insulto e, ignorando o apelo de seu corpo, ele se levanta, embora fazendo um esforço enorme para se manter de pé .
- Eu ... não ... sou ... fraco !
Para a surpresa de Naru, Akira avança com tudo em sua direção . Um ataque inútil, ela pensa . Atacar com raiva apenas prejudica a técnica, e qualquer guerreiro, mesmo em treinamento, deveria saber disso .
No entanto, mesmo ela tendo se preocupado em desviar, ele acerta o golpe, fanzendo-a beijar o punho do garoto e sentir toda a sua força .
- Fraco .
Ela acerta um soco de direita, de esquerda, direita, esquerda, direita e esquerda, até que para . Mas que garotinho insistente ! Outros já teriam tombado há muito tempo, vencidos pela dor e cansaço, mas ele permanecia ali, de pé, mesmo estando em um estado deplorável .
- Você realmente acha que pode me vencer ?
- Eu ... n-não vou perder pra g-gente como você !
- Está bem, garotinho – ela pisca rapidamente os olhos e descruza os braços, encarando-o – já que quer mesmo continuar com isso, então eu lutarei com você como gente grande .
Aquilo feriu o orgulho dele . Ela estava brincando até agora ?
O primeiro soco o arremessa contra a parede . Os seguintes não o deixa se afastar . Aquela mulher não só possuía muita força, como também muita técnica . Ele sentia os golpes dela em seus rosto, sua barriga e em outras partes do corpo . Ela estava golpeando de forma pesada e dolorida, e seus gritos expressavam isso . E, embora ele fosse uma criança, ela não se detinha .
Num ato de desespero, ele tenta chutá-la, mas a mesma se afasta e acerta-lhe outro soco, derrubando-o . Depois disso, ele não se levanta mais .
- Hunf ! Peste ! Cada um que me aparece ...
- A-aonde pensa que vai ? A-ainda n-não terminou ! E-eu v-vou te ...
Naru não espera ele terminar a frase .
- Você é insistente, sabia ?  Gosto disso num homem, mas você já está começando a me irritar . Achei que era um imprestável, mas vejo que me enganei . Pelo visto, algum dia você ainda será bastante forte e, em respeito a isso, utilizarei algo especial em você .
- Hã ?
Naru cerra os punhos, enquanto fica imóvel .
- AAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH !!!!!!!!!!!!!
Aquilo estava começando a ficar assustador para ele . Não conseguia acreditar no que estava vendo . Não conseguia acreditar no que seus olhos estavam observando . Aquela mulher, Naru  ... faíscas ... em torno dela  ... várias . Várias faíscas explodiam ao redor da ruiva, aumentando cada vez mais . Até que acontece .
Ele se perguntava se estava mesmo vendo aquilo . Se perguntava se aquilo era realmente eletricidade que ela estava invocando .
Suas dúvidas foram tiradas no momento em que aquela energia pulsante começou a se concentra nos punhos dela, formando dois globos elétricos . Como duas bolas de pura eletricidade, as quais aumentaram de tamanho, até terem o dobro do punho de Naru .
Pobre Akira, estava espantado com tudo aquilo . Sua primeira surpresa foi ao encontrar um adversário bem mais forte do que ele . Depois, foi saber que não estava sendo levado a sério . E, por último, descobrir que oponente era detentor de poderes elétricos, como sua mãe .
Não, era impossível .
Os golpes dela eram tão dolorosos quanto os primeiros, mas os punhos eletrificantes eram inigualáveis .
Sempre teve uma certa afeição com a eletricidade, o que lhe permitia ignorar a dor de baixas tensões . Baixas tensões . Bem baixas .
Mas aquilo era diferente, era especial . Podia sentir a eletricidade pulsar pelo seu corpo, ferindo-o continuamente, machucando seu corpo e diminuindo seus movimentos .
Naru salta para trás, enquanto une as mãos – Me desculpe, mas eu não tenho mais tempo para brincar com você – os globos se unem, tornando-se apenas um com o dobro do tamanho – Sayonara, aprendiz de Sailor ! BOLA TROVÃO !!!!
- A-aprendiz d-de S-Sailor ? É i-isso que eu sou ?
Ele não tem sua resposta, simplesmente por que o globo elétrico o atinge em cheio,  jogando-o violentamente contra a parede . Encurralado, ele grita com suas últimas forças durante os instantes em que o globo o mantém erguido no ar, até que se desfaz, libertando seu corpo e permitindo que ele caísse no chão, inconsciente .
Naru se aproxima, colocando a mão sobre a face e o peito dele, surpreendendo-se ao sentir sua respiração e seu coração bater . Aquilo sim era impressionante . Embora a respiração fosse quase nula e o coração estivesse quase parando, ele ainda estava vivo . Um inimigo perigoso ele se tornaria no futuro, ela pensa . Melhor cuidar dele agora, antes que se arrependa ...
- Mas ... o que é isso ? Parecem ... cristais ... de gelo ?
- Pode parar !
Embora longe, ela reconhecia a roupa . E, mediante a situação, não tinha nenhuma dúvida de quem era, devido a tonalidade azul .
- Sailor Mercúrio, eu suponho .
- Me conhece ?
- Andei pesquisando sobre vocês . Como tem passado ?
- Não muito bem . O trânsito estava horrível, uma policial me parou, tive que abandonar meu carro no meio da rua e a essa altura não duvido que ele já esteja sendo rebocado ... e tem o agravante de encontrar alguém espancando uma criança, claro .
- Gelo . Sabia que controlava a água, mas não me lembro de ter lido nada sobre você poder congelá-la . mal informada . Solte-o .
- Acho melhor você repensar seus atos  – Abaixada do jeito que estava, Naru segura o pescoço de Akira – ou alguém vai se machucar de verdade .
- Não há como escapar, posso te acertar antes que tente qualquer coisa . – e era isso que ela estava fazendo . No entanto, quando sentia o ar ficar tão frio que afetava seus movimentos, Naru resolve se manifestar .
- Eu não faria isso se fosse você . Está certa, eu estou cercada pelo seu poder ... mas quem será a mais rápida, eu ou você ? Quer descobrir ?
- Não brinque comigo, garota . Não pense que eu irei cair na sua conversa .
- Não precisa . Apenas tem que analisar os fatos . Talvez você me congele antes que eu faça qualquer coisa ... ou talvez não . Por que esse olhar ? Acha que eu não o mataria ? Melhor não jogar contra a sorte, pois ela pode não estar de bom humor hoje . Você tem a chance de sair daqui com alguma coisa, ou arriscar perdê-la . Vamos lá, pense rápido, pois eu não tenho o dia todo .
Amy estava em silêncio . O que fazer ? Havia criado uma brisa fria em volta de ambos, o que lhe garantia uma enorme vantagem . Tinha certeza de que conseguiria congelar a garota antes que ela pudesse reagir ...
... mas o sentimento de dúvida era o que matava . Seja quem for aquela garota, era uma ótima dialogadora, pois conseguiu transformar o certo em duvidoso . E, pelo visto, estava bem informada quando as Sailors, uma vez que parecia saber que elas não permitiam que pessoas inocentes fossem feridas . Tinha apenas uma opção, por mais odiosa que ela fosse .
- Pode ir – Naru sentia o frio se dissipar, até que a temperatura volta ao normal .
- Mesmo ?
- Sim, vá .
- Quando eu me virar, terei a sua palavra de que não serei atacada ?
- Sim, eu prometo .
- Quero sua palavra de Sailor-guerreira .
- Está bem, você não será atacada covardemente, tem a minha palavra .
Naru se levanta, dando as costas para Amy e se distanciando rapidamente .
- Garota .
- O que foi ?
- Essa você ganhou ... mas fique bastante atenta, pois não terá tanta sorte da próxima vez . Você pode ter escapado de mim ... mas não terá tanta sorte contra quem virá depois ... pois quem a encontrar, não terá pena de alguém que bate em crianças .
- Nunca mande uma criança fazer o trabalho de um adulto – ela diz, enquanto vai se distanciando de Amy, enquanto a mesma se aproxima de Akira ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Rei !!!!!
Makoto estava em pânico, enquanto assistia imóvel  Rei atacando os Youmas . Eles estavam conseguindo escapar de sua fúria, mas por quanto tempo ?
Como aquilo era triste . Como aquilo havia se tornado triste . Elas sempre lutaram pelo amor e pela justiça ... havia algum amor ou justiça naquilo ? Claro que não ! Aquilo era pessoal, puramente vingança . E nenhuma delas nunca agiu por vingança, nunca . Nunca . Nunca ?
Nunca . Mesmo depois que ocorreu com Minako ... nunca . Mesmo depois de descobrir que sua amiga já não era mais a mesma ... nunca .
Delsmeter, Safion e Tokin . Três Youmas . O que eles tinham a ver com isso ? Nada . Estavam apenas na hora errada e no lugar errado . Mas o que fazer ? Nada . Apenas iria assistir o fim da aliança  Sailors – Youmas . Pura e simplesmente isso . Não que isso fosse algo realmente perigoso para elas : no nível em que seus poderes se encontravam, nenhum deles teria a menor chance contra elas, nem mesmo contra Amy . Uma guerra contra a superfície só traria enormes perdas para os Youmas, diminuindo ainda mais o seu número . Então, por que temer as conseqüências do que Rei estava fazendo ?
Não era bem assim, e era sabia disso .
O que foi a sua vida ? Não sua vida anterior, da qual ela pouco se lembra e não dá a menor importância, mas para sua vida atual, como Kino Makoto . Sempre havia sido uma briguenta, sempre, apenas os motivos mudavam . Até hoje ela se via dessa forma, uma vez que sentia prazer no calor do combate . Mas ela aprendeu a canalizar toda essa fúria para algo mais construtivo e, mais do que isso, para ajudar a construir um futuro .
Um futuro mágico, em que todos viveriam em paz .
Um sonho distante, claro . Uma utopia .
Nesse instante, porém, parte desse sonho morria . Morria no momento em que as supostas guardiões do amor e da justiça utilizavam seus poderes para fins pessoais . Um sonho morto .
Fazer o que ? Afinal, era já esperava por isso, mais cedo ou mais tarde . Sempre imaginou o que aconteceria se uma Sailor começasse a utilizar seus poderes para fins ilícitos, como galáxia . A resposta estava diante de seus olhos . Aquelas criaturas não iriam resistir durante muito tempo, e ela não podia fazer nada . Coitados . E pensar que, depois disso, ninguém mais iria confiar em uma Sailor, depois de ver uma delas matando a sangue frio três adolescentes ...
Ela não podia permitir isso . Não apenas pelo nome da equipe ... mas por que Rei não estava lidando com animais . Não estava lidando com monstros . Ela estava lidando com vidas, mesmo que não admita isso . Mesmo que seu raciocínio esteja correto, ela não tem esse direito . Ninguém tem . Independente de suas ações, ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, seja ela Youma ou não . Depois de tudo pelo que passaram, eles não queriam riquezas, poder, glória ou mesmo vingança ... eles queriam apenas continuar vivendo, e nada mais . Não queriam contato com o povo da superfície, queriam apenas tocar suas vidas para frente, e nada mais . Seria isso pedir demais ? Eles haviam sido os responsáveis pela destruição do Milênio de Prata, mas seria pedir demais que todos jogassem o passado para trás e tentassem seguir uma nova vida ?
Uma chama saída das mãos de Rei atinge Delsmeter pelas costas, derrubando-o . A duras penas o mesmo se levanta, tentando não gritar .
- Delsmeter proteger Tokin ! Mas por que isso ?
- Tokin, preste atenção : quero que saiba que nunca te vi como um animal, ao contrário dos outros . Mesmo quando passamos a reconhecer você e o seu povo como iguais, muitos nutriam um enorme desrespeito pela antiga raça sub-youma, mas eu não . Escute uma coisa, eu não te protegi apenas por que nosso líder pediu, mas por que você não merece isso . Como você sabe, uma vez que Beryl dizimou grande parte de seu povo, poucos restaram com essa sua capacidade espantosa de rastreio, portanto ele ordenou que sempre houvesse alguém protegendo vocês .
- Por isso Delsmeter acompanhar Tokin e Mulher-Júpiter, por causa de Tokin ?
- Isso mesmo . Estamos aqui para te proteger, mas não imaginávamos que teríamos que enfrentar nossos próprios aliados .
Delsmeter se cala ao ouvir os passos de Rei . Ela estava próxima, mais do que ele gostaria .
Eis que, para a surpresa de ambos, Safion, a qual estava desacordada, se levanta e salta, mirando a cabeça de Rei na queda . Infelizmente a mesma percebe o ataque .
- FOGO DE MARTE ... ACENDA-SE !!!!
Safion coloca sua espada na frente, bloqueando o ataque . A espada esquenta tanto que ela é obrigada a soltá-la, sendo atingida por parte de ataque, caindo bastante ferida no chão . Olhando pelo canto do olho, seu medo aumenta cada vez mais quando vê Sailor Marte apontando a palma da mão para ela .
- AAAAAHHHHHH !!!!! Eu não vou deixar você fazer isso !
Indignação, raiva, concentração, horror, pavor, indignação, bravura, perseverança, concentração . Ela tinha que conseguir tinha que se libertar .
Ela consegue . Por milagre, talvez, mas consegue . E, tão logo se vê livre do poder de Rei, lança-se em direção a mesma, agarrando-a pelas costas e apertando-a o máximo que pode sem, no entanto, machucá-la .
- O que ? – Rei estava impressionada . Como era possível que Makoto tivesse conseguido quebrar seu controle mental ? Era impossível, somente alguém com muita força de vontade conseguiria ... – Júpiter, me larga !
- Não ! Eu não vou te soltar enquanto não conseguir colocar um pouco de razão nessa sua cabeça !
- Me larga ! Me larga ! ME LARGA !!!
O corpo de Rei fica envolto em chamas, embora Makoto continue segurando-a ;
- Isso não vai funcionar de novo, Rei . Dessa vez, eu estou transformada, e não vou me queimar tão facilmente .
- Júpiter ... me larga ! Me largamelargamelargamelargamelargamelarga ! Por favor ... Makoto ... me larga ...
- Pare, Marte ... Rei . Pare com isso, pois não vai dar em nada ! Não vai resolver nada descarregar sua raiva neles . Isso não vai ...
- Trazer Megumi de volta, é isso que você quer dizer ? Você acha que eu estou fazendo isso por causa do que aconteceu ?
- Eu ... eu acho, sim .
- Você não entende nada, NADA ! Não sabe o que é acordar cedo para levá-la até a escola, ou então acordar no meio da noite apenas por que ela teve pesadelos ! Não sabe o que é ter que estar sempre ao lado dela, sofrendo junto quando ela sofre, e alegrando-se quando ela se alegra . Você não sabe, não sabe ! Me larga !!!
- Eu sei muito bem disso sim, Rei . Sei o que é a dor de criar um filho, sei muito bem disso . Sei como é ter que estar sempre ao lado dele nos momentos mais importantes de sua vida, e se preocupar em estar pronta quando é a hora certa . Sei o que é a preocupação em não falhar para ele quando ele está te observando . Sim, Rei, eu sei muito bem disso .
- Não, você não sabe . Não sabe o que é perder a única coisa que você tem, a única coisa importante em sua vida . Não sabe o que é ver seus sonhos e esperanças ser arrancados de você num abrir e fechar de olhos . Não sabe o que é o choro e a angústia de uma criança quando descobre que aquele que era seu exemplo de vida falhou com ele . Não, você não sabe . Você sempre foi solitária, sempre se adaptou a todas as situações . Sempre foi afastada dos seus familiares, sempre soube se virar sozinha . Eu não . Por mais que vocês pensem o contrário, eu sempre precisei da presença das pessoas . Quando aquele bastardo me abandonou, eu engoli me orgulho e voltei para o aconchego do templo, e meu avô estava me esperando de braços abertos . No entanto, ele se foi . Eu só tinha Megumi . Minha filha . Minha flor . Minha doce menininha . Agora, não a tenho mais . Por causa de gente como eles, nossas crianças sequer podem usufruir do futuro pelo qual lutamos . O futuro é hoje, Makoto, e nós o estamos perdendo par essa corja que insiste em voltar para nos atrapalhar . Mas eu não permitirei isso, varrerei toda essa gentalha da face da Terra .... sem que seja a última coisa que eu faça . Solte-me . Solte-me . SOLTE-ME !!!
No entanto, Makoto continuava segurando-a ; mesmo que Rei estivesse certa em sua linha de raciocínio, não podia permitir que ela prosseguisse com aquilo .
- ME LARGA ! ME LARGA ! ME LARGA ! ME LARGA !
As chamas de Rei aumentavam cada vez mais, mas Makoto continuava segurando-a, e não iria soltar de maneira nenhuma .
Foi quando os poucos telespectadores que restaram depois que Rei começou a atacar aqueles “adolescentes”, tiveram a maior surpresa da manhã : aquelas duas ... as Sailors ... estavam ... flutuando . Uma pessoa na multidão, a qual havia visto algumas lutas das Sailors no passado, se questionava como isso era possível . Afinal, apenas uma delas podia voar, e não era nenhuma das duas, correto ? E, afinal de contas, qual das duas estava fazendo isso ?
- SOLTE-ME, SAILOR JÚPITER ! EU ESTOU LHE AVISANDO PELA ÚLTIMA VEZ, SOLTE-ME ! – Rei estava explodindo de raiva, sendo consumida pelo ódio até o ínfimo de seu ser . Estava possuía por uma fúria suprema, prestes a explodir . – SOLTE-ME, SAILOR JÚPITER ! SOLTE-ME !!!
Nesse momento, aconteceu . E o que houve foi algo que ninguém esperava acontecer .
Rei explodiu .
Mais do que isso, seu ódio tomou tamanhas proporções que ela expeliu-o todo de uma só vez, o qual serviu de combustível para suas chamas . De onde estavam, as pessoas apenas viam uma pira gigante pulsando nos céus de Tóquio, no lugar onde anteriormente haviam duas Sailors .
Todos estavam espantados, Todos . Os transeuntes, os estudantes, os Youmas ... até Minako e Amy que, de onde estavam, viram aquilo .
Um poder gigantesco, velado no coração de uma dama e liberto pelo puro ódio . Um fogo que não cessava, pois Rei estava colocando para fogo todo ódio, ira, rancor, fúria e negativismo adquirido nesses últimos dias . Tudo, liberto de uma só vez, com Sailor Júpiter bem próxima dela .
A chama arde como o coração dos amantes, que é incontrolável . Alguns segundos, curtos e significativos segundos, até que a chama vai diminuindo e cessa por definitivo . Os cidadãos, de onde estavam, se surpreendem ao ver, caindo lentamente até o chão, ambas as Sailors, sem maiores ferimentos .
- O que foi que eu fiz ? – foi o único pensamento de Rei ao tocar ao chão, ao mesmo tempo que Makoto finalmente a larga, caindo no chão – JÚPITER !!!!!
Ela se odiava pelo que havia feito . Como pode ser tão tola ? Como pode ? Havia se enfurecido e descarregado toda a sua ira em alguém que não merecia, e o que é pior, sua própria amiga !
Aquilo fora uma traição imperdoável . Havia ficado tão cega pelo que havia acontecido com Megumi, que sequer se importava com o que acontecia ao seu redor .
Como ... como pode fazer isso  ? Como ? Como podia se julgar uma Sailor, se sequer era capaz de utilizar seus poderes de maneira correta ? Como ?
Ela se aproxima do corpo inerte de Makoto e se ajoelha, em seguida encostando sua cabeça no peito dela . Aquilo estava batendo ... estava explodindo em seu peito . Ela tinha que fazer aquilo, tinha colocar pra fora . Sailor Marte deixa cair por completo sua máscara de indiferença ... e chora .
Lágrimas . Para muitos, os mais belos cristais produzidos por alguém, isso por que são carregados de sentimento, independente da ocasião . Aquela mulher estava despencando sobre sua amiga, tomada por uma enorme culpa . Da mesma maneira que fizera há pouco com ela, estava colocando para fora toda a dor que estava guardada em seu peito .
- Rei ...
Primeiramente ela se assusta ao sentir a mão de Makoto em seu rosto mas, quando vai esboçar qualquer reação, toma um susto : uma luz enorme, a qual parecia cobrir todo o bairro a atinge, cegando-a temporariamente . Durante os breves segundos que se passavam, um clarão luminoso havia tomado as ruas de Juuban, para a surpresa da população local . Pouco depois dele cessar, Rei começava a recuperar sua visão, em seguida agarrando Makoto, que já estava sentada .
- MAKOTO ! Por favor ... me perdoa ! Eu ... eu não estava em meu juízo perfeito, por favor ... me desculpe ! – E ela torna a desabar em um choro no colo de Makoto .
- Não ... não se culpe, Rei . Eu mesma não tenho certeza de como reagiria se o mesmo acontecesse comigo . Você tem razão, é muita dor  para uma pessoa só . Mesmo que sejam vidas, temos que garantir para nossos filhos um lugar melhor .
Quatro minutos depois, quando o choro de Rei já havia diminuído um pouco, ela olha pra Makoto, um pouco surpresa .
- Me desculpe, você está bastante ferida .
- Eu ... eu estou bem . Utilizei meu campo eletromagnético para bloquear o máximo possível do seu golpe .
- Seu o que ?
- É um truque novo que eu desenvolvi .
- Mas mesmo assim, você está bastante ferida . Seu campo apenas impediu que você morresse, e não ...
- Acho ... que você tem razão . Sinto uma dor enorme em várias partes do corpo .
- Temos que sair daqui para dar um jeito nisso !
- E sair daqui sem o nosso troféu ?
- Como ?
A principio ela não compreende, mas em seguida tudo fica claro quando Makoto aponta para um certo homem caído e sem a menor condição de correr dali, o qual  havia sentido a fúria de Rei na pele quando estava no meio de um furacão ...
- Isso nos será muito útil, Mako-chan !
- Tenho certeza que sim, agora ...
- Agora, será que alguém aqui poderia me explicar o que está havendo aqui ?
- Hã ? – Makoto havia se surpreendido com a frase, surpreendendo-se ainda mais ao descobrir quem era : uma mulher fardada que havia chegado no que seria uma moto ... em miniatura ?
- Ninguém vai falar ? Pois vocês terão muito o que explicar na delegacia ! Taiho Shichauzo !
- O QUE ???? – Rei não acreditava no que a oficial acabara de dizer ;
- Não fala japonês ? Talvez entenda isso : You’re Under Arrest !!!
Continua ...
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