Dias de Um Passado(quase) Esquecido escrita por Lexas


Capítulo 9
Quem... ?




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Era uma bela manhã de Segunda . Por terem acordado cedo, puderam ver o sol começar a nascer, irradiando sua presença . Nas ruas, as pessoas começavam suas rotinas, enchendo as ruas, como de costume . O bairro todo, por si só, estava muito bonito naquela manhã . Parecia irradiar uma paz imutável, quase a ponto de fazer seus habitantes se esquecerem do ocorrido de dois dias atrás ...
Seguindo seu caminho matinal, uma pessoa se destacava . Não era uma pessoa comum, e sim uma bela mulher, a qual sua presença não passava despercebida entre a população masculina do bairro . Não somente por seus dotes, mas seu rosto, combinado com seus cabelos que pareciam brilhar mais que o Sol, e seus belos olhos azuis, chamavam bastante atenção .
No entanto, o que chamava mais atenção do que o normal, era o fato de seu acompanhante não ser o mesmo de sempre .
Durante muito tempo, muitos viram aquela bela mulher seguir o mesmo trajeto acompanhada de um garotinho, o qual aparentava ter cerca de dez anos, o qual lembrava bastante aquela mulher . Aliás, ele se parecia muito com ela . Eis que, desta vez, algo havia mudado . O garoto não era o mesmo . Pelo contrário, seus cabelos, ao invés do loiro habitual, eram castanhos, da mesma forma que a cor de seus olhos . Aliás, embora fosse pequeno, era um pouco mais robusto .
No entanto, sua atitude em muito lembrava o outro garoto . Ele andava sem olhar para frente ou prestar atenção no que estava acontecendo à sua frente . Ele apenas chutava as pedras que surgiam em seu caminho, enquanto andava . A mulher, claro, não deixara de perceber sua atitude .
- Qual é o problema, Akira ?
- Hã ? Gomen, Minako-sensei !
Percebendo o embaraço do garoto, Minako dá um breve e suave sorriso . Realmente, certas coisas nunca mudavam . Nunca .
- Você parece chateado, Akira ... qual é o problema ? Eu posso ajudá-lo ?
- Hã ... bem, eu ... eu não sei . Acha certo ir para a escola ? Não é perigoso ?
- Mas do que você está falando ? É claro que voc deve ir para a escola ! Se não estudar, nunca vai ser alguém na vida ! Era só o que me faltava ! O que é que a sua mãe vai dizer se souber que você perdeu uma aula ?
- Mas ... mas não é isso, Minako-sensei ! É que ... bom, eu não acho que seja seguro para a senhora que eu volte a estudar tão cedo, entende . E se ... e se aqueles caras me reconhecerem ? Eles viram meu rosto ! Devem estar me procurando por aí ! Acho que a melhor coisa a fazer é voltarmos para casa, esperarmos minha mãe e planejarmos um meio de encontrar o esconderijo daqueles caras, então nós entramos lá e ... e ... sensei ?
Ele olha para trás, percebendo que Minako estava um pouco atrás dele, parada, com a cabeça abaixada . Ele olha para ela e, depois de alguns instantes, ela devolve o olhar .
O que Akira viu o surpreendeu . Não era uma cara de desaprovação, de raiva, de confusão, de aprovação ... não era nada, para ser mais exato . O rosto dela estava totalmente neutro ... mas, por incrível que pareça, conseguia passar alguma coisa, pois ele estava sentindo isso . Não sabia o que, mas sentia alguma coisa .
- Akira ... venha até aqui .
Ele engoliu sua própria saliva, surpreso com a iniciativa dela .
Ele se aproximou dela e, quando estava bastante próximo, ela deu às costas a ele e se afastou . Confuso, ele a seguiu .
Alguns minutos depois, ele ainda estava seguindo-a . Era incrível como ela era rápida . Embora estivesse disputando a calçada com centenas de pessoas, Minako não diminuiu nem por um segundo seu ritmo .
Akira tentava o mesmo . Um ou outro esbarrão de vez em quando, mas continuava andando, sempre em frente, seguindo-a . Até que ela parou .
Que falta de atenção a sua, pensou . Estavam no meio do parque do bairro de Juuban . Se fosse um inimigo, teria atraído-o para uma emboscada e ele sequer teria percebido .
Ela sumiu de novo, enquanto ele estava perdido em seus pensamentos . Como era possível ? Ela estava ali, na sua frente, há pouco ...
Ele coloca os pensamentos em ordem, e observa atentamente o parque . Árvores, lago, brinquedos – ia pedir para sua mãe traze-lo ali outro dia – carrinho de pipoca, pessoas, pombos ... nem sinal dela .
Ele torna a olhar os arredores . Árvores, lago, brinquedos, carrinho de pipoca, pessoas, pombos ... nem sinal dela .
E, mais uma vez, ele torna a procura-la . Árvores, lago, brinquedos , Minako-sensei, carrinho de pipoca, pessoas, pombos ... Minako-sensei ?!?!?!?!? Mas ... como era possível ? Há pouco, ela não estava ali ! De onde surgiu ?
Ele não perdeu muito tempo naquilo, uma vez que ela acenou para ele, convidando-o a sentar-se junto dela .
A medida que foi se aproximando, ele percebeu aonde ela estava sentada : no balanço, movimentando-se lentamente . Ele se senta no balanço ao lado, observando-a . Passa os minutos seguintes observando-a, esquecendo-se completamente de tudo o que o cercava .
No entanto, Minako não estava envergonhada com aquilo . Sabia que ele não a olhava com olhos de um adulto . Sabia que não se tratava do velho caso em que o aluno se apaixona pela professora ... o motivo era outro .
Como imaginava, Akira crescera ouvindo histórias sobre seus feitos . Sim, devia ter ouvido falar sobre as outras mas, pelo seu olhar, não era difícil deduzir o quanto ele a admirava . Makoto deve ter contado com detalhes a história de Sailor V, a primeira Sailor a surgir depois de milhares de anos .
- Por que demorou, Akira ? – ela dizia, tirando-o de seu transe  .
- Hã ? Eu ... eu não consegui encontra-la antes ...
- Não ? Mas eu estive aqui o tempo todo .
Era incrível a suavidade de sua voz, tão doce, tão bela, diferente da surpresa dele .
- C .... ! Mas eu procurei, procurei, procurei ... a senhora utilizou seus poderes !
- Não, Akira ... eu não os utilizei . Você é quem não conseguiu me enxergar antes .
- Glup !
- Akira, como eram as pessoas que te atacaram ?
- Eram ... eram ... elas se pareciam ... se pareciam ...
- Com pessoas normais, não é ?
- Mas ... os antigos inimigos das Sailors se disfarçavam de pessoas normais ! E os Caçadores da Morte eram pessoas normais ! Eles eram ... eram ...
- Eu acho que o termo que você está procurando é “Terráqueos” , não é mesmo ? Os Caçadores da Morte foram os nossos inimigos mais “humanos” ... havia o Clã Black Moon, claro, mas isso é uma outra história ...
- Okaasan me contou pouca coisa sobre eles . Disse que vieram do futuro ...
- Não se preocupe com eles . De uma maneira ou de outra, tudo será resolvido . Ai, ai ...
- O que foi ?
- Só uma lembrança . As Sailors de Galáxia, o Trio Amazona, o Clã Black Moon, os Youmas ...
Claro, Akira não deixou de perceber o fato de que ela não havia citado os caçadores da morte . Não que isso importasse para ele, claro . Ela o havia trazido para o parque, provavelmente para ensinar-lhe alguma coisa, e ele não perderia essa oportunidade .
- Quando você treina, Akira ?
- Todos os dias, Minako-sensei, e ficaria honrado por poder treinar com a senhora !
- Há ! Você é igualzinho a sua mãe ! Desde quando você treina ?
- Bem ... eu não me lembro direito . Só Okaasan sabe direito quando eu comecei a treinar . Mas ... eu me lembro bem que ela me contava histórias para dormir ... histórias de guerreiras fabulosas, que lutavam pelo amor e pela justiça ... e até hoje conta ...
- Eu compreendo .
Akira estava começando a ficar empolgado . Queria saber até onde aquilo iria . Estava ansioso para o momento em que Minako fizesse-lhe alguma pergunta a respeito das Sailors . Ainda era uma criança e, como tal, gostava de mostrar para as outras pessoas que sabia de muitas coisas, que era esforçado, e que tinha capacidade de aprender as coisas bem rápido .
- Minako-sensei ... eu queria perguntar uma coisa ... posso ?
- Fique a vontade .
- Hã ... bem ... há pouco eu aprendi a  sentir a energia das pessoas, igualzinho a Okaasan ... quer dizer, não tão igual, por que ela sente melhor do que eu, digo, eu é que não sei fazer isso muito bem ... e anteontem, tia Amy esteve lá em casa com um aparelho estranho que explodiu quando apontou para Okaasan ... mas antes, ela apontou aquela coisa para mim, e acho que ela ficou irritada com alguma coisa, sabe .
- Amy ... ficou irritada ? Isso é raro . O que o aparelho fazia ?
- Não me lembro direito ... acho que ... media o nível das pessoas, sei lá .
- Media, é ? Hmmm ...
Minako ficou em silêncio, enquanto olhava para Akira . Seus olhos estavam fixos nele, durante aqueles longos segundos, até que ela desviou seu olhar .
- Ah, sim . É , ela teve motivos para ficar irritada .
- Foi algo que eu fiz ?
- Não . Depois eu te conto .
- Sensei ... eu gostaria de fazer outra pergunta, se me permite .
- Diga .
- Hã ... bem ... sabe ... quer dizer ... eu queria saber ... quem é a Sailor mais forte ?
- Como ? Era isso que queria saber ? Bem, até onde eu consigo me lembrar ... a princesa é a mais poderosa . Se me lembro bem, faz tempo que você não a vê, não é ?
- Sim . Acho que já fazem uns dois ou três anos ...
- Você terá que esperar mais um pouco . Ela está viajando agora .
- Mesmo ? E para onde ela foi ?
- América . Disse que tinha que visitar um parente que morava lá . Se bem que eu não me lembro dela ter parentes fora do Japão ...
- Mas ... Minako-sensei ... sem contar com a princesa, qual de vocês é a mais forte ?
Pronto . Ela sabia que ele tocaria nesse ponto .
- Sua mãe .
- BELEZA !!!! UUUHHHÚÚÚÚ !!!! Quer dizer, a senhora também é bastante forte, sensei ! Me desculpe, eu não quis ofendê-la, eu ...
- Esqueça . Eu não me importo com isso . Não mais .
- Mesmo ?
- Sim . Ainda bem que acordamos cedo . Ainda temos tempo . Vamos andando .
- Hã, sensei ... não ia me contar alguma coisa ?
- Sobre ?
- Quer dizer ... por que viemos ao parque, então ? Não íamos planejar nosso próximo ataque ?
- Akira ... você não entendeu, não é ? Não vim aqui para planejar um ataque, ou seja lá o que tenha pensado . Só vim até aqui porque ainda tínhamos bastante tempo .
- Mas ... enquanto estamos aqui, eles estão planejando seu próximo ataque, e ...
- Nem tudo se resolve com morte, Akira . Nem tudo se resolve com violência . Às vezes, as coisas mais complicadas são as mais simples . Muitas coisas ruins acontecem por que temos uma visão limitada, na maioria das vezes ... e coisas piores acontecem por que não conseguimos enxergar as coisas quando deveríamos .
- Mas ... eles atacaram o templo ! E vão fazer de novo, em outro lugar ! Temos que detê-los !
- Akira ... me desculpe mas, desta vez ... eu não tomarei parte disso . Nem agora ... nem nunca mais .
- Mas ... mas ... a senhora ... a senhora a Sailor Vênus ... é uma das mais poderosas guerreiras ...
- Não, Akira . Me desculpe se eu te decepcionei ... mas eu não sou mais Sailor Vênus ...
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Novamente tomando o caminho em direção à escola, estavam os dois se aproximando de seu destino . Uma, com a mesma expressão de sempre ; outro, de igual forma, mas com uma certa ponta de desapontamento no coração . Afinal, o que ela quis dizer com “não sou mais Sailor Vênus” ? Como isso era possível ? E desde quando ? Nunca ouvira nenhuma das outras comentar sobre isso . Não podia ser verdade .
Por outro lado ... talvez ela estivesse fingindo . Era isso ! Devia estar planejando um contra-ataque surpresa ! Muita perspicaz de sua parte, só podia ser a guerreira de Vênus ...
- AKIRA !!!!
O grito de Minako o despertara por completo de seu mundo de planos, bem a tempo de fazê-lo dar um passo para trás, pois do contrário teria sido atropelado por um carro .
- Ufa ! Akira ! Quer fazer o favor de prestar mais atenção ?
- Eu ... me desculpe ... prometo que não farei isso novamente !
- Céus ... dois, não  ! Por favor, de novo, não ! Semana passada, Shinnosuke quase foi atropelado ao atravessar a rua por falta de atenção ! Akira, você tem que prestar mais atenção nas coisas ! O que eu iria dizer para a sua mãe se algo lhe acontecesse ?
Tamanha é a vergonha que sente, que ele fica quieto, abaixando sua cabeça . Isso dura tanto tempo, que Minako se vê obrigada a arrastá-lo a força, do contrário ficariam ali o dia inteiro ...
Poucos minutos depois, ambos estavam se aproximando de seu destino : a escola .
Interessante isso, pensava . Sempre chegava cedo, mas não tão cedo quanto Shin e Minako-sensei . Parecia uma casa-fantasma, quase que totalmente desabitada .
Deixando seus pensamentos de lado, ambos seguem seus caminhos, até que ...
- Ainda preocupado ?
- Hã ? Err ... digo, sim .
- Pois não devia . Isso é responsabilidade de outras pessoas . A sua, nesse exato momento, é se formar .
- Eu sei, mas ... eu não acho que foi a coisa mais certa, sensei . Não foi certo . Era eu quem devia ter ficado em casa !
- Não se preocupe, Akira . Quanto a isso, não precisa se preocupar .
Porém, um fato ainda o incomodava : a decisão de Minako-sensei, há pouco tempo atrás . A principio, não havia concordado, mas ficou se argumentos para se defender . Mas aquela pergunta não queria calar .
- Minako-sensei ... por que Shin ficou em casa ? Essa obrigação é minha, não dele ! Não acho que ele seja capaz de ...
- Chegamos, Akira . Esqueça isso, por favor . Shin ficou em casa por que eu posso lhe passar a matéria atrasada com mais facilidade, simplesmente . Agora, vá colocar suas coisas em seu armário, e comporte-se na sala de aula ! Eu já vou indo !
- Hai !
Ele continua andando, lentamente, até que houve a voz dela mais uma vez .
- Akira ... desfaça essa cara feia . Sorria . Você não devia se preocupar com essas coisas agora . Apenas seja feliz  !
Como se obedecesse a um coronel (se bem que era dessa maneira que ele a via), ele corre para o portão principal da escola, atravessando-o e dirigindo-se para o seu armário ;
Enquanto coloca seus cadernos no armário, ele olha para o fim do corredor, e não deixa de notar que havia mais alguém nele . Era uma garota . Ele ainda era muito novo para enxergar a beleza das mulheres com aqueles olhos, mas o cabelo daquela garota era realmente bonito, um belíssimo cabelo ruivo-claro . Tão claro, que quando tocado pela luz do sol, parecia loiro . Não tão bonito e brilhante quanto o de Minako-sensei, mas era bonito .
Hmmm ... isso o lembrava de que Shin sempre mantinha seu cabelo “arrumado” . Não era bem algo do tipo “mauricinho”, mas percebia-se que ele cuidava bastante de seu cabelo . Realmente, ambos puxaram suas mães . Embora ambas cuidassem de seus cabelos, Minako tinha um penteado mais suave, elegante, ao ponto que Makoto usava um estilo mais simples, porém, bonito . Akira não era exceção : Não vivia derramando litros e litros de shampoo no cabelo, mas também não deixava de cuidar dele, embora o mesmo sempre estivesse meio “solto” .
- Hitomi-san ! Bom dia !
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
O telefone toca . Uma, duas, três ... dez vezes, e a ligação cai . Toca de novo, e de novo ...
Eis que, na terceira vez, os habitantes mais novos daquela casa despertam, indo atendê-lo ;
- Casa dos Mitsukai, bom dia !!!
- Bom dia, eu gostaria de falar com ...
- Kinji ! Para com isso ! Eu vou contar pra mamãe !
- Não é justo ! Eu também quero atender o telefone ! O papai já me ensinou !
- Mas eu peguei primeiro ! Não dou ! Não dou ! Não dou !
A pessoa do outro lado do telefone ouve um barulho enorme . Não demora para deduzir que a pessoa que a atendeu deixou cair o telefone no chão . No entanto, a linha não tinha caído, o que lhe permitiu ouvir um barulho estranho : era como se coisas estivessem atingindo coisas . Estranho . Muito estranho .
Nisso, percebe que o barulho cessa, sem motivo aparente .
Apurando ao máximo sua audição, concede ouvir uma terceira voz, vem baixa . Parecia ser de uma pessoa ... adulta .
- Eu já disse, mamãe e eu precisamos descansar, e vocês tem que fazer silêncio !
- Mas, papai – a garotinha se pronunciava – olha só que horas são !
Roger olha para seu relógio, e sente uma cutucada na cabeça : estava atrasado  . Não sua esposa, tampouco as crianças ... mas ele estava atrasado . Incrível como as crianças aprenderam a ver as horas tão rápido . Ele só conseguira tal façanha aos sete, e aquelas crianças não tinham nem quatro anos !
Subindo correndo as escadas, ele dá meia-volta, lembrando-se do motivo pelo qual descera .
Finalmente, a pessoa do outro lado do telefone ouve uma voz grave e adulta .
- Alô ? Residência dos Mitsukai, Roger falando . Quem fala ?
- Bom dia, meu nome é Rika, gostaria de falar com Amy, ela está ?
- Hã ... olha, ela está, mas não creio que esteja no melhor momento para falar ao telefone ...
- Sem problema . Diga a ela que Rika, de Toudai, ligou . Obrigado, e bom dia !
Clic !
- Toudai ?
Pouquíssimo tempo depois, Roger já estava pronto para o trabalho, e alimentando as crianças . Podia ter acordado sua esposa para isso, mas preferia deixá-la dormindo . Seria melhor assim . Ela passara os últimos dois dias em um mar de depressão, e ainda estava se recuperando . E, se não fosse suficiente, ela havia passado a maior parte de seu tempo na biblioteca e na rua . Dizia que estava procurando alguma coisa, e ele resolveu não perturbá-la . Chegou até a oferecer ajuda, mas ela recusou . Uma pontinha de curiosidade lhe batia; o que será que ela queria lhe contar, que era tão importante ? Bom, melhor esperar ela resolver seus problemas atuais, para ficar sabendo .
Minutos depois, Roger havia colocado as crianças no carro, levando-as para a creche . Geralmente, ficariam com a avó, mas hoje seria impossível . Havia colocado um bilhete preso na geladeira, e esperava que Amy o encontra-se .
Ao ouvir o barulho do motor roncando, ela se levanta . Rapidamente cruza o quarto e chega na janela, observando através do vidro seu marido indo levar seus filhos para a creche antes do trabalho . Ela toca seus lábios com os dedos, e manda um beijo para eles, mesmo sabendo que os mesmos não a tinham visto .
Melhor assim . Precisava de total privacidade . Se não tivesse ficado moralmente abalada nesses últimos dias, talvez sua pesquisa tivesse andado mais rápido . Felizmente, havia combinado com algumas colegas de trabalho para que elas a substituíssem nos próximos dias . Precisava de tempo livre para o que iria fazer, e nada poderia atrapalhá-la .
Descendo as escadas e cruzando a biblioteca, ele chega até o fim dela . Pronunciado uma palavra estranha numa língua morta, a passagem para seu laboratório se revela, permitindo sua passagem, fechando-se tão logo ela passa .
Isso não era normal . Geralmente, aquele lugar era tão arrumado quanto o resto da casa . No entanto, estava bastante bagunçado . O computador estava ligado, alguns pratos  com restos de comida estavam sobre a mesa, papéis estavam espalhados por todos os lados ...e havia uma cafeteira encima do monitor do computador . E o que é pior, o café estava frio .
Era coloca a cafeteira em seu devido lugar e, tomando uma garrafa cheia de água que estava caída no chão, e um saco de pó de café que estava dentro do bolso de um jaleco seu, ela começa a preparar seu “tira sono” . Havia passado as últimas noites ali, pesquisando tudo o que aconteceu até agora .
Ela aperta uma tecla de seu computador, e um telefone aparece na tela . Outra tecla apertada, e as caixas de som começam a emitir vozes bem familiares .
Trim ! Trim ! Trim ! Trim !
- Casa dos Mitsukai, bom dia !!!
- Bom dia, eu gostaria de falar com ...
- Kinji ! Para com isso ! Eu vou contar pra mamãe !
- Não é justo ! Eu também quero atender o telefone ! O papai já me ensinou !
- Mas eu peguei primeiro ! Não dou ! Não dou ! Não dou !
POW !!!
POING !!!
- Eu já disse, mamãe e eu precisamos descansar, e vocês tem que fazer silêncio !
- Mas, papai, olha só que horas são !
- Alô ? Residência dos Mitsukai, Roger falando . Quem fala ?
- Bom dia, meu nome é Rika, gostaria de falar com Amy, ela está ?
- Hã ... olha, ela está, mas não creio que esteja no melhor momento para falar ao telefone ...
- Sem problema . Diga a ela que Rika, de Toudai, ligou . Obrigado, e bom dia !
Clic !
- Toudai ?
- Hmm ... acho que funcionou bem demais ...
Há pouco ela havia instalado alguns microfones especiais em várias partes da casa, com o intuito de se manter informada quando estivesse dentro do laboratório . A idéia lhe veio a cabeça depois que Rei tentou contactar as outras e não conseguiu .
No entanto, algo realmente lhe chamou a atenção : Rika . Fazia tempo que não se viam . E, se Rika a chamara, só podia significar uma coisa : era hora de fazer uma visitinha a Toudai ... é, era uma  boa hora para uma visita, antes que algo de ruim acontecesse . Como estaria Rika ... e seu antigo reitor ?
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
- Incrível !
Delsmeter estava pasmo com aquilo . Nunca havia sentido isso antes, e dessa maneira : energia de Sailor .
Havia aprendido algumas coisa sobre elas, havia gravado o cheiro de Makoto ... mas o cheiro que sentia nesse exato momento era muito mais forte ... e agressivo .
Outra pessoa, uma garota, Safion , a qual estava junto, dá alguns passos, mas sente uma mão forte segurando seu ombro : Makoto . Um sinal com a cabeça era mais do que suficiente para que ela entendesse que subir aquela escadaria não era uma boa idéia ...
- Por aqui, chega . Não podemos subir . Os peritos ainda estão circulando pela área, tentando descobrir o motivo do incêndio . Melhor não atrapalhar .
- Hunf ! Hunf ! Sinto ódio no ar ! Muito ódio no ar !
- Como é ? Ei, você ... seu nome é Safion, não é mesmo ?
- Exato, senhorita Júpiter . O que deseja ?
- Esqueça a senhorita . O que esse seu colega está dizendo ?
- Esse é Tokin . Ele é ... um rastreador ... um rastreador especial . Ele pode sentir coisas e seguir rastros de uma maneira totalmente diferente das outras pessoas . Para tanto, ele se faz valer de seus sentidos comuns .
- Pode rastrear qualquer coisa através de seu sentidos ? Hmmm ... como isso é possível ?
- Está no sangue – dessa vez, que se pronunciou foi Delsmeter . Parecia um jovem rapaz, com camisa sem mangas e bermuda xadrez – Tokin descende de um linhagem de Youmas que possuíam essa habilidade .
- Tokin ser esperto ! Tokin rastrear todas as Sailors ! Tokin ajudar e fazer mestre Sytil feliz !
- Ele não é muito esperto, não é mesmo ?
(Delsmeter) – Não o culpe por isso . Durante o reino de Beryl, e antes disso, sua linhagem não tinha direitos . Sua linhagem não era considerada como se fosse Youma, mas sub-youma . Eram tratados como se fossem animais de estimação, devido a sua baixa inteligência . Alguns até que eram bastante espertos, mas uma vida toda de servidão era capaz de mudar qualquer pessoa .
(Tokin) – Tokin lutar ! Tokin proteger irmãs e irmãos ! Tokin fugir de mulher má !
(Makoto) – Mas do que ele está falando ?
(Safion) – Beryl sofreu uma desvantagem tática : durante a guerra contra Sailor Moon, Só haviam youmas novos e antigos da linhagem de Tokin . Os novos não conseguiam utilizar corretamente seu dom, e os antigos não acertavam quando arriscavam ... num acesso de raiva, Beryl exterminou dezenas deles, mas alguns escaparam, esperando que a fúria dela diminuísse . Como pode perceber, se ela tivesse o apoio deles, teria localizado o esconderijo de Sailor Moon facilmente .
(Makoto) – Como se chama a linhagem de Tokin ?
(Delsmeter) – Não possui nome . Nós não possuímos esse hábito que vocês tem .
(Makoto) – Sério ? Então, como o destinguem de outros da sua raça ?
(Safion) – Quando ele largar esse disfarce e voltar a sua forma original, você entenderá o que eu digo . Tokin, consegue sentir mais alguma coisa ?
(Tokin) – Hunf ! Hunf ! Gente ruim vir até aqui ! Eles deixar mal cheiro no lugar ! Eles vir para matar !
(Makoto) – Disso eu já sei ! Me diga algo que eu não saiba !
(Tokin) – Tokin entender ... entender que gente raivosa passar por aqui ! Gente raivosa matar todos os que matar sua cria !
(Makoto) – Rei ... Tokin, consegue rastrear o local de onde eles vieram ?
(Tokin) – Mim não conseguir . Mulher furiosa matar todos aqui, tacando fogo nele !
(Makoto) – Como sabe ... ?
(Tokin) – Tokin saber ! Natureza dizer para Tokin que fogo se espalhar rapidamente ! Mulher furiosa apagar rastros com isso !
(Makoto) – Era só o que me faltava ... ele não aprendeu meu idioma tão bem quanto você, pelo visto .
(Safion) – Pouca inteligência . Mas ele é bastante esperto .
(Makoto) – Que seja . Vamos continuar a busca ... mas, antes disso, temos que passar em um lugar . Sigam-me !
(Tokin) – Tokin ver ! Tokin ver ! Luz vermelha seguir caminho e cruzar toda a cidade !
Luz vermelha ... céus, ele deve estar vendo o rastro deixado pela energia de Rei !
(Makoto) – Isso é muito interessante ... mas nós vamos para outro lugar primeiro .
Makoto vai seguindo pela rua, acompanhada de três pessoas, aparentemente vestidas como pessoas normais ...
Uma vez que estava dando passos longos e rápidos, ela não demora para chegar até a escadaria de seu dojo .
(Delsmeter) – É parecido com ...
(Makoto) – Aquele lugar era um templo . Este aqui, é um dojo .
(Tokin) – Mulher-Júpiter explicar para Tokin que é dojo ?
(Makoto) – Ele é ... bem, é como uma escola, só que aqui as pessoas aprendem a  lutar . Estranho ...
Makoto começa a saltar a escadaria, pulando mais de dez degraus de cada vez .
Enquanto sobe, ela olha para trás, e percebe que Delsmeter e Safion estavam fazendo a mesma coisa, e Tokin estava sendo carregado por Delsmeter . Instantes depois, ela chega até o topo da escadaria, junto dos outros .
- Por que o carregaram ? Pensei ...
Ela se lembra das palavras de Sytil, as quais falavam sobre a quantidade de Youmas que possuía alguma capacidade combativa .
(Safion) – Ele não é um guerreiro, nem possuí atributos físicos superiores .
(Makoto) – Ele veio apenas para rastrear ... e vocês ? Para que vieram ?
(Safion) – Vai descobrir . O que viemos fazer aqui ?
(Makoto) – Eu moro aqui . Vim ver meu filho .
(Delsmeter) – Acho isso uma perda de tempo . Poderíamos estar fazendo coisas mais importantes !
(Makoto) – Isso é importante para mim . Akira, meu doce, mamãe chegou ! Akira ! Akira ! Akira ?
Nada, nem ninguém . A casa estava vazia . Da mesma maneira que estava há dois dias atrás : a mesa da sala estava quebrada, e havia marca de café no chão da porta . O que teria acontecido ? Será que ...
Nessa hora, se odiou por não ter dado um celular para Akira . Se bem que, depois daquele “incidente” durante o treinamento, ficou com um pé atrás ...
Uma ponta de aflição tocou seu peito . Estaria bem ? Teria acontecido algo com ele ?
Tentando se acalmar, ele olha os arredores, notando que nada indicava que havia ocorrido um ataque naquele lugar . Então, onde ele estaria ?
A escola, claro . Como pôde se esquecer ? Ele estava na escola ...
Mas, então ... por que aquele pressentimento ? Será que ... ?
(Tokin) – Mulher-Júpiter ! Mulher-Júpiter ! Que ser aquilo ?
(Makoto) – Meu nome é Makoto, entendeu ? – e sua voz demonstrava uma ligeira irritação – e do que você está falando ?
(Tokin) – Que ser coisa no céu ?
(Makoto) – Aonde ?
(Tokin) – Ali !
(Makoto) – AONDE ???
O grito de Makoto não serviu de encorajamento para Tokin, o qual se encolheu, assustado .
(Makoto) – Youma idiota . Esquece . Deixa eu dar um telefonema lá de dentro ...
- Alô ?
- Juuban School, bom dia, em que posso ajudar ?
- Posso falar com a professora Aino, por favor ?
- A professora Aino está dando aula, não posso interrompê-la . Gostaria de deixar recado ?
- Não, obrigado .
(Safion) O que é isso ? – e uma enorme curiosidade brilhava nos seus olhos .
(Makoto) – Nós chamamos de telefone . Podemos falar com as pessoas à distância com isso .
(Delsmeter) – E dá pra comer ?
(Makoto) – Não, não é comestível !
(Tokin) – Tokin ver ... Tokin ver ... coisa ruim !
(Makoto) – Tokin vê, Tokin sente, Tokin cheira ... você está conseguindo me deixar irritada  ! QUE FAZER O FAVOR DE PARAR COM ISSO !!!
(Tokin) – Mas ... mas ... Tokin ver coisa ... coisa fedida ... coisa fedida para lá !
(Makoto) – Isso não vai prestar . Como alguém pode ver um cheiro ? Do que é que você está faland ... oh, meu ... !
Makoto saida casa e se aproxima rapidamente das escadas . Por estar em um pequeno morro, podia ver facilmente algumas partes da cidade . Mas o que mais a preocupava era a direção para qual Tokin havia apontado : a escola . Aquilo só podia significar uma coisa : problemas .
Seu coração começou a bater rapidamente . Aquilo não podia se repetir . Seja o que fosse ... tinha que ser detido .
Porém ...
- Hmm ... é ... é ... perfeito ! É a nossa chance ! Ei, vocês três ! Sigam-me !
Sem entender o comentário dela, os três as seguem escadaria abaixo . Mal imaginavam os planos de Makoto . Ou melhor, imaginavam sim, mas não em sua totalidade . A julgar pela expressão dela, percebia-se que o lugar para o qual Tokin apontou oferecia algum tipo de vantagem para ela . Descobrir qual, esse era problema ...
Infelizmente, eles não eram Makoto . Não agiam como Makoto, não pensavam como Makoto ... pois, do contrário, chegariam à mesma conclusão que ela : era perfeito . Era tudo perfeito . Seja quem fosse que elas estivesse enfrentando, facilitou muito as coisas, pois acabara de criar uma situação que as favoreciam e muito .
Tudo isso por que ela descobrira o local do próximo ataque . Esperava que ainda fosse “o próximo” . Não era de seu agrado pegar a festa pela metade .
Mas, em sua mais sincera opinião, seus atuais inimigos cometeram acidentalmente um erro grave :  atacaram um local muito conhecido por ela, o que, somado a ajuda de um youma, permitiu que ela antecipasse o próximo ataque . O segundo motivo ... era justamente o fato de que Minako estava naquele lugar ... a derrota deles era certa e, com um pouco de sorte, poderia resolver o problema de Minako ... ou dar o pontapé inicial para resolvê-lo de vez ...
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Foi rápido e rasteiro . Como uma flecha atirada contra um alvo que, durante seu curto e breve percurso, passa bem próxima a uma pessoa, deixando aquela sensação de que algo cortou o ar bem próximo dela .
Não exatamente dessa forma, mas ela havia tido uma sensação parecida . Estava sentindo, como há muito tempo não sentia ... aquele padrão . Achava que havia se extinguido, que havia deixado de existir ... mas não .
Estava sentindo ... uma presença maligna . Como há muito tempo não sentia .
Só que, dessa vez, estava preparada . Iria acabar com aquilo de uma vez por todas .
Se não estivesse com a mente girando em um turbilhão de preocupações, teria se tocado de um detalhe deveras importante : quando incinerou aquelas pessoas no tempo Hikawa ... não havia sentido uma presença maligna ...
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
- Aoi Hitomi .
- Presente !
- Sakai Noriko .
- Presente !
- Kino Akira .
- ...
- Kino Akira .
- ....
- Mais um que faltou . Kageyama Hinorobu .
- Presente !
- Hã ? Como ? Professora, eu estou presente !
- Então, por que não respondeu ?
- Desculpe, eu não estava prestando atenção ! É que ...
- Sem desculpas ! Não quero ninguém dormindo na sala de aula ! Isso serve para todos, ouviram ?
- Sim, Minako-sensei ! – e todos respondiam em uníssono .
- Ei, Akira !
- Hã ? O que foi, Noriko ?
- Cadê o Shin ?
- Sei lá ! Eu não sou a mãe dele !
- Mas Hitomi contou que viu você chegando com Minako-sensei ! Deve saber o que aconteceu com ele ! – dizia Hinorobu, com um olhar inquisitor .
- Ele ficou em casa .
(Noriko) – O filho da professora ficou em casa ?
(Hinorobu) – E ela permitiu isso ? Anda, desembucha !
(Akira) – Ah, não enche !
- AHAM !!! Noriko e Akira, os dois aqui na frente ! Já !
As vezes, ela sabia ser cruel . No entanto, não fazia isso por prazer, mas pelo bem deles . Pois entendia perfeitamente que aquela geração estava em suas mãos, e era responsável por eles . Se fazia algo, fazia com a melhor das intenções .
- Isso não é justo ! Por que eu tive que vir até aqui, se era Hino quem estava discutindo com Akira ?
- Ele não é seu amigo, Noriko ?
- Sim, sensei .
- Então, aprenda a tomar as dores dele . Muito bem, essa é a última semana de aula, e nós vamos aproveitar para revisar toda a matéria antes da prova . E, dessa vez, vocês terão ajuda desses dois voluntários aqui . Comecemos, então . Alguém tem alguma coisa da matéria que não entendeu ?
- Eu, sensei ! Quanto é um mais um ?
- Responda, Noriko .
- É dois, sensei .
Akira não estava gostando daquilo . Além de ter que passar por aquele vexame, a turma resolveu se aproveitar da situação ...
- Mais alguém ?
- Qual é a capital da China ?
- Akira, sua vez .
- É Hong Kong .
E os alunos seguiram com as perguntas .
- Qual é a raiz quadra de quatro, Noriko ?
- Qual é o diâmetro da Terra, Akira ?
- Qual é o maior oceano do mundo, Noriko ?
- Quantas ilhas fazem parte do arquipélago japonês, Akira ?
- Qual a capital dos EUA, Noriko ?
- Qual a capital de Madagascar, Akira ?
Obviamente, ele já estava bastante irritado com aquilo . Podia jurar que as perguntas feitas a Noriko eram mais fáceis . Estaria ele sendo sacaneado ? Provavelmente, sim .
- Quantos planetas existem no sistema solar, Noriko ?
- Nove !
- Você errou, sua besta ! São onze !
A sala toda ficou em silêncio . Ele disse onze ... ?
A principio, Akira também estranhou o súbito silêncio da classe . Por que será ?
Eis que ele olha para o lado, bem a tempo de ver Minako dar um tapa em sua própria testa . Confuso .
Já Minako estava prestes a jogar Akira pela janela ...não acreditava que ele disse onze ! Quer dizer, embora tenha sido o quartel do Milênio de Prata, a Lua nunca foi um planeta ... e, nessa época atual, as pessoas sequer tinham conhecimento de um planeta chamado Nêmesis ... era uma boa hora para ter uma conversa com suas amigas sobre o tipo de coisas que elas deveriam e não deveriam contar a seus filhos, como fatos que não são conhecidos pela população em geral, por exemplo ...
- Vá se sentar, Akira . E você também, Noriko . É melhor . É bem melhor .
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Volta e meia, a vida prega uma peça . E hoje seria um dia ideal para isso . Quem poderia imaginar que voltaria aqui ... não para uma visita, mas para resolver um assunto sério .
Universidade de Tóquio . Também conhecida como Toudai . Uma das melhores ... a melhor universidade do país . O local aonde ela se formou . E fez muitos amigos .
Mas o destino era muito estranho por fazê-la voltar a esse lugar em meio aos problemas que está passando .
Atravessando o portão principal, ela vai percorrendo os corredores daquele recinto . Tantos sonhos, tantas descobertas .... melhor limpar sua mente, pensava .
Parecia que foi ontem o dia em que entrou naquele lugar . Tantos que conheceu, tanto o que aprendeu .
Andando mais um pouco, ela para diante de uma porta . Não uma porta qualquer, mas uma especial, a qual possuía uma placa com os dizeres “laboratório” .
Adentrando na sala, ela observa atentamente cada parte . Apesar do nome, possuía material utilizado por várias outras disciplinas . Inclusive medicina .
Algo que não deixa de chamar sua atenção, era o fato de que não haviam muitas pessoas ali, e uma delas parecia se destacar . Estava a uma distancia de dez metros dela, vestia um jaleco branco, e estava junto de uma mesa, com diversos aparelhos cirúrgicos . Aparelhos cirúrgicos ?
Ela se aproxima, olhando por cima do ombro da pessoa, e percebe que ela estava utilizando um bisturi para ... cortar um porco ?
- Hoje tem feijoada ? – ela não resistiu à tentação de fazer esse comentário infame .
Assustada, a mulher que utilizava o bisturi o enterra bem na barriga do animal, fazendo jorrar um monte de sangue, sujando-a toda . Felizmente, estava utilizando um ôculos especial, o qual protegia seus olhos . O mesmo não podia ser dito de seu jaleco .
- Ah, mas que droga ! Eu falei para ninguém me ... me ... sempai ?      SEMPAI !
A garota dá um abraço em Amy, ou melhor, tenta, uma vez que a mesma se afasta para não ter sua roupa suja de sangue . Entendendo isso, ela tira seu jaleco, abraçando Amy em seguida .
- Há quanto tempo, Rika ! Como está indo ?
- Muito bem ! Você veio !
- Claro, você deixou recado, não deixou  ?
- Como vão as crianças ?
- Bagunceiras, como sempre . Eu devia ter prestado atenção quando o professor ensinou a ligar as trompas ...
- Não diga isso ! Elas são lindas !
Amy prestava atenção na alegria da garota . Rika . Haviam se conhecido no último ano de Amy em Toudai, quando Rika entrou na universidade  . Era uma garota calada, tímida, apática a tudo . Igualzinha a ela . Durante o último ano, haviam se tornado muito amigas, o que ajudou Rika a perder sua timidez e sua “anti-sociabilidade” . No entanto, não viera aqui para isso . O motivo era outro ...
- Por que me chamou, Rika ?
- Nossa ! Você não muda nunca ! Já se formou, lembra-se ? Não precisa mais estudar vinte e oito horas por dia !
- Me desculpe . Mas eu te passei meu e-mail, lembra-se ? E ainda continuo usando-o . Tome – Amy pega um pedaço de papel que estava sobre a mesa, e começa a anotar . – Envie-me mensagens para o e-mail que está neste papel .
- Mas não é a mesma coisa que falar pessoalmente .
- É que eu trabalho, ou esqueceu disso também ?
- Claro que não ! Só não entendo por que você não trabalha na clinica da sua mãe !
- Minha mãe tem sua própria clinica, erguida com seu próprio esforço  . Não é algo meu . Quero conseguir minhas coisas através do meu próprio suor, e não dos outros . Ela me ofereceu trabalho, e eu ganharia muito mais do que ganho atualmente, mas preferi fazer as coisas da minha maneira . Mais alguma pergunta ?
- Andaram perguntando por você, sabe .
- Quem ?
- Um tal de Maki .
- Hmmm ... o nome não me vem a cabeça, mas ...
- E nem deveria . Ele entrou aqui, há pouco . Vestia uma blusa social branca, uma calça de brim cinza, com um cinto marrom . Devia ter uns trinta anos, mas seu cabelo negro e seus olhos castanho-claro possuíam um brilho bem vivo, sabe ...
- Glup ! Rika, não me diga que ele ... veio aqui ... procurando por ...
- Agora lembra dele ? Ele entrou aqui, procurando por uma tal de Jina, e disse que voltaria hoje .
Se não estivesse delirando, Rika acabara de descrever aquele homem que ela encontrara nos escombros do centro de Tóquio . Mas o que ele fazia aqui ?
- E então, serviu ?
- Como ?
- Aquela máscara de beleza especial que eu projetei, serviu ? Não achei que estava falando sério sobre aquela história de disfarce,  mas ...
- Funcionou direitinho ! Mas, será que ele vai me reconhecer ? E como foi que você descobriu que era eu ?
- Ele disse que havia encontrado uma estudante sardenta com um jaleco de médico ... o qual não tinha o emblema da faculdade, mas de um outro hospital, sabe . Ainda bem que ele não se tocou quando eu fiz essa pergunta . Quanto a descobrir, isso é o que nós vamos descobrir agora ! Olha pra trás !
Amy se vira, encarando a porta ... bem a tempo de ver aquele homem cruzando a porta . Não podia acreditar naquilo ! Ele estava ali, diante dela, e se aproximando ... não poderia ser mais perfeito ...
- Posso ajudá-lo, senhor ?
- Boa tarde . Procuro uma garota chamada Tsufuru Jina . Ela é assim, meio baixinha, usa ôculos fundo de garrafa e é toda sardenta . Ela passou por aqui ?
- Senhor ... Maki, se não me engano ... o senhor já esteve aqui antes, e eu torno a repetir : eu não conheço ninguém com esse nome, tampouco me lembro de ter encontrado alguém com esse nome .
- Pois eu tenho razões para acreditar que você está me escondendo algo !
- Como é ? Fora daqui ! Fora ! Esse laboratório é de uso dos estudantes, e você também não pode ficar circulando pelas dependências da Universidade ! Saia daqui, antes que eu ...
Maki rapidamente se aproxima dela, encurralando-a na mesa, impedindo-a de se mover . Ele a olha profundamente nos olhos, assustando-a cada vez mais  .
- Antes que ... ? Vamos, diga . Vamos, garota, diga ! O que vai fazer ? Vai chamar seu papai ? Ou a sua mamãe ? Olha como fala comigo, “moleca”, ou vai se arrepender profundamente, ouviu .
- S-socorro ... !
Devido ao medo que sentia, o pedido de Rika sequer foi ouvido  por ela mesmo . De igual modo, as poucas pessoas que estavam no laboratório não estavam perto o suficiente para ver/ouvir o que estava acontecendo . Com exceção de uma pessoa . Uma pessoa que havia batido a porta, para que pensassem que ela havia saído, e que estava assistindo de camarote as ameaças de Maki . Uma pessoa que estava indignada pelo fato de existir alguém tão ... rude .
- Ei – dirigia-se a Maki, num tom bastante formal – poderia fazer o favor de soltar a moça ?
Aquela voz ... seria possível ?
Maki olha para trás, apenas para se desiludir . Não era ela . A voz e o tamanho eram quase os mesmos, mas não era ela . A garota que procura parecia ter ingressado na faculdade recentemente, essa daí era uma mulher formada, e devia estar na metade da casa dos vinte .
- Não se intrometa – ele respondia, ignorando o pedido de Amy e ainda encarando Rika . – Essa garotinha aqui precisa aprender a respeitar os mais velhos !
- Garota ? Sei ... ela pode ser uma criança para você, mas você não está se comportando como um adulto “de verdade” ...
Maki se vira, encarando-a . Nesse exato instante, Amy lembra-se/percebe um detalhe : havia uma marca na face esquerda dele . Era um pouco maior que um punho fechado, e parecia ser uma ... uma ... glup !!!
Devido a correria dos últimos dias, ela praticamente havia se esquecido do que houve no encontro entre ela, Maki e Rei . Havia se perguntado como Rei havia escapado dele sem se transformar, e acabara de ter sua resposta . Ela deve ter batido com algo bem quente no rosto dele ... será que ele se lembra de quem o chutou ?
Espera que não . A julgar pela marca de corte em seu lábio, e seu nariz um pouco inchado, não seria boa idéia Maki saber quem chutou seu rosto . Melhor que pense que a responsável é Rei . Não que ela quisesse o mal de sua amiga, mas, uma vez que ela havia deixado sua marca no rosto dele, um detalhe a mais ou a menos não iria fazer falta .
- Quer apanhar, mulher ?
- Como é ?
- Sempai, deixa que eu cuido disso ! Não precisa se preocupar ...
- Só um instante, Rika . Como é que você fala dessa maneira comigo ? Quem você pensa que é ?
- E quem você pensa que é, mulher ? Qual é o problema ? Vai defender sua “protegida” ? Por que esse súbito interesse ?
- Porco !
- Ora ... você não tem um tanque de roupa pra lavar e um fogão pra pilotar ? Não se meta em meus assuntos, mulher, senão ...
- Senão o que ? Você me dá nojo . É incrível que em pleno século 21 ainda tenhamos gente desse tipo . Se você não sabe, nós mulheres, somos tão capazes quanto vocês, homens ! Mais um machista ... hunf !
- Saco, outra feminista ! Alguém tinha que mostrar para essas mulheres o verdadeiro lugar delas – totalmente sem o menor pudor e respeito pelas mulheres presentes, Maki começa a mover a cintura para trás e para frente, enquanto finge que está batendo em algo a sua frente e imita o som de um cavalo ....
A ficha demorou um tempo para cair em Rika, mas Amy entendeu logo de inicio .
- Seu ... seu ... seu porco chauvinista !
Aquilo havia sido demais . Aquele homem não era um adolescente, pelo contrário, devia ter um trinta anos . Merecia uma lição . Se até hoje não aprendeu a respeitar uma mulher, iria aprender agora .
Com toda a sua força, Amy levanta rapidamente sua perna direita, cujo destino é o espaço que separa as pernas de Maki . Habilmente, ele segura a perna dela .
- Vai com calma ai, dona ! Isso aqui já está doendo bastante por que ...
E, enquanto ele explicava que alguém havia chutado seu saco em um beco escuro, ele coça-o, demostrando seu total desrespeito para com Amy e Rika .
Ele estava preparado para um chute, mas não para um microscópio .
É justamente o que atinge sua face, pegando-o desprevenido e derrubando-o no chão . Havia sido a primeira coisa que a mão de Amy havia alcançado, sendo que ela presta atenção no objeto depois que atinge o rosto dele, danificando o equipamento .
- Hmm ... isto deve ter sido caro ...
- Sempai ! Você ... você ... ai, eu não acredito ! Tem idéia de quanto isso custa ?!?!?
- Ops !
- Arghhh !!! Sua imbecil ! Olha só o que você fez !Meu dente ! Meu dente !
- Ora, seja homem ! Eu não bati tão forte assim !
Mesmo agachado, Maki olha para ela, com a boca sangrando . Em um lance bastante rápido, Amy percebe que estava faltando algo na boca dele ...
- Grrr !!! Ele já estava meio solto por que uma vaca se aproveitou que eu estava caído e me chutou ...e agora ... eu vou te matar !!!
Hmmm ... com certeza, aquela frase era polêmica . Estaria ele falando sério ? Estaria ? Quer dizer, de que maneira ele estaria falando ? Seria uma maneira de falar, ou estava falando seriamente  ? Se fosse uma maneira de expressar a situação, então significa que ele está muito nervoso com a perda de seu dente e ela seria o alvo de sua ira . Ou então, se ele estivesse falando seriamente ... hmmm, não seria uma boa hora para contar a ele que a “vaca” não era Rei ...
- Sempai, o que ainda está fazendo aqui ? Corre !
Puxada a força de seus pensamentos por Rika, Amy sai apressada do laboratório . No caminho, enquanto corre, fica se perguntando se foi a coisa mais certa a fazer . E se aquele sujeito resolvesse atacar Rika ?
Logo a frente terminava o corredor, o qual era cruzado por outro . Chegando até lá, estaria livre de Maki . Mas ... e Rika ?
Ela chega rapidamente ao cruzamento, parando bruscamente e aproveitando para olhar para trás, esperando que Maki tenha saído da sala . Ao menos, poderia cuidar dele depois .
O destino é uma coisa estranha . Será que essa palavra poderia ser usada ? Melhor  não . Talvez fosse melhor utilizar a palavra “acaso” . O acaso é estranho . Ele nos mete nas mais estranhas e indecifráveis situações, nos momentos mais estranhos possíveis . Esse era o caso daqueles dois jovens . Haviam passado o fim-de-semana inteirinho sem se verem, o que era um milagre, levando-se em conta quem eram,  e agora haviam se reencontrado . Mas, para tal ocasião, o acaso (conhecido vulgarmente nesse plano de existência em que ocorrem esses fatos como “O” autor) surpreende e inova mais uma vez com a sua imprevisibilidade : Ambos corriam, vindo de lados opostos do corredor, naquele que seria uma caloroso e doce abraço vindo da parte de ambos ... no exato instante em que uma mulher, um pouco mais alta e sem sombra de dúvida mais velha que eles surge, vindo do corredor que cruzava aquele pelo qual eles corriam . Resultado : colisão : nasce um sanduíche .
Uma vez que havia parado para olhar para trás, Amy nem percebeu as duas pessoas vindo em sua direção, notando-as apenas quando sente o “impacto” . O barulho ecoa pelos corredores da universidade, sendo ouvido por muitos, e visto por alguns poucos que estavam próximos .
- Ai ...
Não era uma expressão muito inteligente, mas era a única que seu cérebro conseguia formular . Estava caída, no meio de um corredor de Toudai, entre duas pessoas . O que mais faltava ?
Hora do destino agir mais uma vez .
M-me desculpe ! Por favor, me desculpe ! – dizia o rapaz que estava encima dela – eu já vou ... – no exato momento em que ele ia rolar seu corpo para o lado para sair de cima de Amy, a mesma o segura pela camisa, impedindo seu movimento .
- Só um instante, por favor .
Ele não entende nada, e fica mais confuso ainda quando uma pessoa vem se aproximando a passos largos do local aonde eles estavam . Se não era o supervisor, era alguém que iria causar mais problemas, com certeza .
O que o jovem rapaz viu o deixou mais surpreso do que a situação na qual ele se encontrava (bom, nem tanto(^_^)) : era um homem mais alto do que ele ... com uma marca de queimadura no rosto e sangue escorrendo pela boca, mais exatamente do local aonde deveria haver um dente . Maki para por alguns instantes e olha ao redor e, em seguida, olha para o jovem que estava caído no chão, fazendo em seguida um olhar de bastante desprezo .
- Olha por onde anda, quatro-olhos ! Se não sabe andar, fique em casa !
E, em seguida, ele se retirou dali, indo pelo corredor que o jovem rapaz veio .
Amy, por outro lado, estava pasma . Tudo bem que o rapaz estava por cima dela, mas daí Maki não conseguir enxergá-la ... aquela pancada que ele tomou deve ter sido mais forte do que ela pensava . Agora, só faltava, só faltava ... aham ...
O jovem rapaz olhava para onde Maki havia seguido, um tanto quando ofendido e humilhado . Quatro-olhos ?
- Aham ... com licença, mas será que agora você poderia sair de cima de mim  ? – a voz de Amy estava num misto de seriedade e vergonha, uma vez que uma das mãos do rapaz estava sobre seu seio ... ele, ao percebe isso, ficou incrivelmente vermelho como um tomate .
 - M-me desculpe ! Me desculpe ! Me desculpe ! Me desculpe ! Me desculpe !
- Apenas saia de cima de mim, por favor .
Ele se joga para o lado, tirando seu corpo de cima de Amy . A mesma se levanta, aproveitando que não havia mais nenhum problema .
- Eu sinto muito, perdão, senhora ! Mil perdões ! Meu nome é Urashima Keitaro ! Me desculpe !
- Eu é que me desculpo, pois fiquei na sua frente . Muito prazer, Mitsukai Amy .
- Sempai ! Sempai ! Você está bem ?
- Shhh !!!! Não grite ! Quer que ele volte, Rika ?  Keitaro, essa é Aono Rika, ela faz medicina .
- Amy ? Amy ? Esse nome não me é estranho – disse outra voz e, para a surpresa de todos, mais uma pessoa se levanta do chão : a garota na qual Amy estava encima .
- Me desculpe, eu me esqueci de você !
- Perdão, Mutsumi ! Eu também me esqueci de você !
- Ah, Kei-kun, não tem problema ! Você sabe que eu te perdôo ! Mas eu acho que já ouvi o seu nome em algum lugar ...
- Talvez na galeria da fama – completava Rika . - Mas acho que está escrito “Mizuno” .
- Você é Mizuno Amy ? – o espanto era evidente na voz de Keitaro .
- A primeira colocada no Ranking dos melhores alunos que já passaram pela Universidade de Tóquio ? Aquela que teve as notas mais perfeitas em toda a história dessa faculdade ? – completava Mutsumi .
- Assim eu fico envergonhada ! Mizuno é o meu nome de solteira, agora me chamo Mitsukai Amy .
- Sempai, eu sempre quis te conhecer – diziam Keitaro e Mutsumi em uníssono .
Grande, ela pensava . Acabara de arrumar “mais” dois admiradores . Já não bastava Rika ...
- Rika, o reitor está ?
- Que eu saiba, sim . Vai falar com ele sobre esse incidente ?
- Também .
- Também ?
- É, também . É uma boa oportunidade para uma visita , sabe .... vocês me dão licença, só um instantinho ? Obrigada !
Amy segue seu caminho, indo aonde nenhum outro voltou com vida ...
- PESSOAL !!!! – era Mutsumi, gritando para quem quisesse ouvir – MIZUNO-SEMPAI ESTÁ AQUI !!! MIZUNO-SEMPAI ESTÁ AQUI !!!
Por um lado, aquilo não era tão ruim assim . Aquele bando de estudantes olhando para ela, admirando-a ... mas, por outro ... que vergonha ! Era o fim de sua privacidade naquela escola, fora o fato de que o elemento surpresa estava exterminado ...
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Toc, toc
- Entre, senhora Mitsukai . Estava aguardando-a .
Obedecendo, ela atravessa a porta daquele que é a entidade governante daquele órgão de ensino, vulgarmente conhecido como reitor .
Ela dá de cara com a sala ... aquela sala . Sempre organizada, sempre arrumada, e cheia de livros . Era incrível a quantidade de livros que haviam ali . E não eram simples livros, pelo contrário : eram verdadeiras obras, muitas das quais desconhecidas, as quais não pertenciam a universidade, mas apenas àquele homem . Nesse ponto, ela o admirava . Era uma pessoa que passara toda a sua vida acumulando conhecimento, dando duro para chegar até onde está .
Na verdade, o único ressentimento que havia ... era da própria Amy . Nunca havia se irritado com ele, mas ela já havia sentido vergonha de si mesma devido a algo que fizera no passado .
Havia encontrado, em meio a coleção do reitor, um “certo” livro, com anotações e observações muito “perigosas” . Na verdade, também haviam outros, mas esses não representavam perigo verdadeiro, devido a maneira pela qual foram escritos, mas aquele em particular, sim . Devido a natureza dele, não podia pedir emprestado, comprar, trocar .  Qualquer coisa despertaria suspeita . Teve que roubá-lo . Até hoje, ele se pergunta o que teria acontecido com aquele seu livro, mal imaginando que fora uma das melhores alunas que aquela escola já teve que o afanou . Ela carrega isso no peito até hoje, mas sabe que fez a melhor das decisões . Na época atual, seria perigoso um homem daquele nível intelectual ter acesso a esse tipo de literatura . Se ele não ficasse louco com o que lê-se ... seus colegas de profissão o taxariam como tal, por acreditar no que estava escrito naquele livro .
- Bom dia, senhora Mitsukai . A que devo a honra de sua visita ?
- O senhor sabia que eu estava aqui  ? – ela fazia essa pergunta, embora já soubesse essa resposta .
- O pior surdo é aquele que não quer ouvir .
O ditado não era bem assim, e aquilo a lembrou de Minako, quando era mais jovem .
Embora estivesse de pé e olhando pela janela, ele ergue seu pescoço e olha para ela com o canto do olho, vendo o suficiente . Era uma mulher formada . Não era mais uma “esquisita”, como era taxada pelos outros . Soube que ela havia se caso, formado família . Isso era bom . Em sua opinião, as pessoas sempre deveriam ter alguém para compartilhar seus melhores e piores momentos .
- Não vai se virar para me olhar melhor ?
- Eu não preciso . De onde estou, posso entender como você está . Eu te peço desculpas, Amy . Te julguei mal . Achei que se tornaria uma profissional fria, cada vez mais apática, desprovida de emoções . Não da maneira que você deve estar pensando, mas como muitos médicos o são . Profissionais que atingiram um grande desenvolvimento profissional, e se vêem como deuses de sua área . Acham-se os soberanos, enxergando todos os outros como formigas . Outro dia um dos alunos da sua turma esteve aqui, e humilhou diante do  refeitório inteiro um calouro que acidentalmente deixou cair um pouco de comida em sua gravata . O calouro pediu desculpas, mas não adiantou . Eu chamei seu antigo colega até aqui, e disse o quanto estava decepcionado com ele, que não foi isso que eu ensinei a vocês . Mesmo quando me tornei reitor, nunca desprezei nenhum de vocês, sendo meus antigos alunos ou não . Soube que você tratou muito bem dois alunos que trombaram com você no corredor ... Amy, assim como outros, eu tenho orgulho de você . Certo professor disse uma vez para seus alunos : “durante o período em que estudarem conosco, vocês deixarão de ser humanos, para serem algo melhor ... vocês serão médicos” . Medite sobre essa frase para qualquer profissão . Nunca, mas nunca deixe de ser humana . Não seja mais uma, mas faça a diferença . Dispensada .
Ela fica quieta, sem emitir um único ruído . Ele não a olhava, mas sabia que algumas lágrimas escorriam por entre seus olhos .
Aquele não fora apenas seu reitor, mas um de seu professores . O melhor .
E ele não havia perdido velhos hábitos .
Quando preparava-se para sair, ouve sua voz mais uma vez ;
- Amy ... tome cuidado . As ruas tem estado perigosas ultimamente . Coisas estranhas tem acontecido, coisas que desafiam a mente de cada um . Mas não se engane achando que é apenas isso . Nos dias que hão de vir, todos nós estaremos de frente com coisas que vão pôr a prova todo o nosso intelecto .
- O senhor não imagina o quanto abriu minha mente . Obrigado por tudo, e tenha um bom dia . Nos encontramos por ai, professor Seo .
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
- Droga, esqueci de falar com o reitor sobre aquele idiota !
Trim, trim, trim .
- Alô ?
- Alô, sou eu !
- Makoto ! Onde é que você esteve ? Te procurei durante esses dois dias e não te encontrei em lugar nenhum ... nem em casa ! Aonde você foi ? E por que a sua voz está estranha ?
- Eu ... tive que resolver um problema, Amy . E eu estou falando de um orelhão . O meu celular ... ele foi vitima de um “esquecimento” vindo da minha parte .Tudo bem com você  ?
- Tudo . Levou Akira junto ?
- Não, eu o deixei em casa, lembra ?
- Pois eu não o encontrei . Não estava em lugar nenhum !
- AKIRA NÃO ESTAVA EM CASA ?????
- Ei, não precisa gritar no meu ouvido ! Eu estive lá, e não o encontrei !
- Aconteceu algo nesses dois dias em que estive fora ?
- Bom, mais ou menos ...  a principio, nada ... mas espera só pra saber o que eu descobri . É melhor se sentar, para não cair ! Eu ...
- Acho que não vai ser necessário, Amy . Está no trabalho ?
- Não, hoje estou de folga . Estou indo para casa agora .
- Está de carro ? Melhor ainda ! Venha o mais rápido possível para a escola Juuban !
- O que tem de tão espec ... não me diga que ... não, eu não posso acreditar que seja isso ...
- Eu estou indo para lá . Tenho fortes motivos para crer que o próximo ataque será lá, se é que ainda não começou .
- Não brinque com isso !
- Não estou brincando, só sendo realista  .
- Como soube que será lá ?
- Bom ... aqui eu te explico . Sabe aquela história que eu te contei ? Pois é . A Rei está bem ?
- Hã ... sabe, esse é um outro problema ...
- Como assim, outro problema ?
- Eu ... eu a pedi de vista, sabe ... me desculpe .
- COMO É ? VOCÊ A PERDEU DE VISTA ??? AMY, MAS QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ ? QUANDO EU TE PEÇO UMA COISA, É PRA FAZER, OUVIU ? TEM IDÉIA DE ONDE ELA PODE ESTAR AGORA, E O QUE DEVE ESTAR FAZENDO ?
- Me desculpe ! Eu havia encontrado ela perto do templo, mas logo em seguida ela me colocou pra dormir com aquele poder mental dela !
- Colocou, é ? Quer dizer então, que Rei está desaparecida desde Sábado ... hmm, não sei não, mas alguma coisa me diz que teremos problemas ... melhor você vir até aqui o mais rápido possível, uma vez que não podemos contar com as duas !
Ela desliga o telefone, não dando tempo para Amy continuar .
Pois bem, se precisavam dela em Juuban, para Juuban ela iria . Será que conseguiriam resolver isso tudo dessa vez ? Não que quisesse ser pessimista, mas duvidava muito disso . Afinal, pela sua experiência como guerreira, as coisas nunca se resolviam facilmente .
E, pelo visto, as coisas iriam ficar feias, uma vez que estavam desfalcadas por causa de ...de ... espera um pouco, Makoto disse que não poderiam contar com as duas ? A primeira, obviamente, era Rei . A segunda ... Minako ? Mas ... mas ela só havia comentado naquele dia com Makoto e Rei que Minako não poderia vir ajudá-las ... como Makoto sabia ... o que ela sabia ? E o quanto ela sabia ? Muito estranho . Depois disso tudo, seria uma boa hora para sentar e ter uma conversa com Makoto sobre seus segredos .
- Quer saber ? Isso não deve ser nem a ponta do Iceberg ...
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Interessante . Pelo visto, seu plano havia dado certo . As Sailors estavam se dirigindo para aquele colégio, como esperado . Podia senti a aura delas se aproximando, embora estivessem um pouco distantes . As auras de Vênus e Júpiter estavam bem próximas, disso ela tinha certeza . Havia outra se aproximando, mas não conseguia distingui-la . Com certeza, deveria ser Mercúrio . Só podia ser . Era a única cujo rastro era fraco naquela escola . Ela não devia frequenta-la tanto quanto as outras . Provavelmente, não deveria ter muitos motivos para isso, ou alguém que a esperasse lá .
Estava se deliciando com aquilo . Tanto tempo ... muito mais tempo do que qualquer pessoa poderia imaginar . E, agora, completariam seu objetivo ... finalmente . Finalmente, aquela traidora iria pagar por tudo o que fez ... só se arrependia de não poder ter feito nada até agora, pois sabia que não seria uma decisão inteligente . Era uma pena que as coisas tivessem chegado a esse ponto ... aquelas Sailors iriam se arrepender por terem se intrometido no que não lhes dizia respeito .
Ela mesma estava pasma com seu trabalho . Sim senhor, um trabalho de profissional . Nem Vênus perceberia ... e não percebeu . Só iriam perceber quando fosse tarde demais ... Júpiter acabara de chegar, podia sentir a aura dela bem mais forte . Excelente . Agora, eram duas .
Por outro lado, Makoto estava diante de um dilema : o que fazer ? a principio, parecia simples ... mas não era . Pelo visto, o local ainda não havia sido atacado ... mas, quando fosse, o que faria ? Lutaria ? Na frente da escola ? Diante de todos ?
Claro, tinha a opção de se transformar e não ser reconhecida ... mas seria uma boa idéia ? Já haviam se passado tantos anos ... será que as pessoas estavam prontas para as Sailors ? Estariam prontas para encará-las novamente ? Sem sombra de dúvida, as crianças iriam achar aquilo bastante excitante, isso era certo . Mas como as outras pessoas reagiriam ? Com certeza, não iriam gostar de ver sua cidade ser arrasada novamente . E o que foi feito no centro da cidade serviu apenas de amostra . Se quem estivessem enfrentando fosse tão forte quanto aqueles dois que enfrentou no centro, então a escola sofreria um sério risco de ser ...
Aliás, um detalhe lhe passou a cabeça : eles na eram tão fortes assim . Pelo contrário, causaram bastante destruição, mas não eram tão poderosos  . Apenas tiveram tempo de agir antes que ela e Minako aparecessem . Embora estivesse possuída por uma fúria devoradora, os que destruíram o templo Hikawa deveriam ter dado um pouco mais de trabalho para Rei . E Amy havia derrotado um deles no cais do porto, destransformada . Certo, elas estavam bem mais fortes ... mas eles também deveriam ser um pouco mais fortes . Seus inimigos sempre eram um mais forte do que o outro, por que mudar as coisas de uma hora para outra ?
Diante de tais fatos, ela só poderia chegar a uma conclusão .
Infelizmente, não houve tempo para que seu raciocínio fosse completado . Não com o que acabara de perceber .
Se perguntava como não havia prestado atenção naquilo antes . Estivera diante dela esse tempo todo ... com certeza, havia sido feito por um profissional . Ainda assim, não conseguia enxergar direito aquilo . Era como se algo estivesse acontecendo ao redor da escola ... algo que não deveria acontecer, ou estar lá . Pior, parecia atingir todo aquele perímetro . Era melhor ficar esperta, por que o ataque estava prestes a começar, se é que não havia começado ...
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Outra pessoa também fazia essa mesma pergunta . Como havia demorado tanto tempo para perceber ? Pedindo licença aos alunos, ela se retira da sala, percorrendo aquele imenso corredor em direção a sala dos professores . Chegando lá, aproveita que não havia ninguém na sala, e se tranca no banheiro . Ela se ajoelha diante do vaso sanitário, e faz algo inesperado : vomita . Estava sentindo aquilo, aquela coisa ...
- Blearghhh !!! M-mas que ... podridão !
Sim, era verdade . Ela realmente havia dito aquilo . Estava sentindo uma podridão invadir a escola, tomando conta de cada sala . Alguém estava aqui . Alguém muito perigoso . Apenas não acreditava que iriam atacar aquele lugar, colocando em risco a vida de todos aqueles inocentes .
- Você está bem ?
Ela toma um rápido susto, mas continua vomitando .
- Professora Minako, tudo bem com a senhora ?
- Eu ... bleargh ... estou ... bem ...
O supervisor estava preocupado . Havia passado pela sala dos professores pra tomar um café, e se assustou quando viu a porta do banheiro aberta, com Minako lá dentro .
- Não parece . Quer que eu chame um médico ?
- N-não, não precisa, eu ... eu ... tenho uma amiga que mora aqui perto ... poderia tomar conta da turma para mim, por favor, eles estão fazendo alguns cálculos, e ficarão bastante ocupados por um longo tempo ... por favor .
- Claro ! E não se preocupe, eu cuidarei deles .
- Eu agradeço .
Ela se dirige rapidamente à secretaria da escola . Não estava acreditando que faria isso . Não queria ter que passar por aquilo novamente ... mas precisava . Pois, desta vez, conhecia as vitimas .
- Diretora Haruna, eu preciso me ausentar .
- Algum problema, professora Minako ? Você não parece muito bem .
- Eu ... apenas ... não me sinto bem ... eu tenho uma amiga que mora aqui perto que é médica ... eu voltarei o mais rápido possível ...
- Foi por isso que seu filho não veio, não é mesmo ? Vá, Minako . Volte apenas quando estiver melhor . Não se preocupe com seus alunos, providenciarei um substituto . E cuide para que Shinnosuke se recupere .
- Eu ... eu farei isso ... se me dá licença ...
- Tem certeza de que está bem ? Vou pedir para alguém levá-la !
- Não, obrigado, mas eu posso ir sozinho . Adeus .
Ela segue lentamente até os fundos do colégio, e aperta o passo quando o atravessa . Não estava acreditando que faria isso .
E, tão logo vai andando, rapidamente se afasta do colégio .
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Havia sido muito inteligente de sua parte ter pedido para aqueles três que não se intrometessem . Já haviam ajudado bastante, e não desejaria que nada de mal acontecesse a eles . Seja o que fosse, seja quem fosse ... era o momento decisivo . A hora pela qual havia esperado pacientemente .
Felizmente possuía uma excelente visão, a qual permitiu-lhe olhar a escola de uma certa distância, e ver seu filho sentado perto da janela . Um hábito que ele havia herdado dela, dos tempos em que lutava contra seus antigos inimigos . Sempre costumava ficar perto da janela que dava para a rua ou para o corredor para ficar de olho em algum possível problema que poderia acontecer .
Claro, mesmo a distância, havia sentido a energia dele . Era pequena, realmente, não se comparava com a sua ... mas conseguiu sentir . Justamente isso que varreu todos os pensamentos inúteis de sua cabeça, deixando-a com apenas um objetivo : sua missão .
Ela se distância da escola e entra no primeiro beco que encontra . Engraçado como sempre havia um beco para fugir ou se esconder quando precisava . Bom, isso não era um conhecimento útil no momento . Útil era saber que, fora alguns gatos pingados, o beco estava vazio . Hora do show .
Ela flexiona seus joelhos com toda a sua força, e salta . É um salto poderoso, que parece querer tocar as nuvens .
- PELO PODER DO CRISTAL DE JÚPITER, TRANSFORMAÇÃO !!!!
Como havia acontecido das outras vezes, sentia seu poder transbordar, ultrapassar seus limites . Era simplesmente incrível . Quando achava que havia atingido seu poder máximo, sua transformação permitia que isso fosse ultrapassado .
Na verdade, mesmo destransformada, ele era atualmente mais poderosa do que era quando se transformou em Sailor Júpiter pela primeira vez .
Sim, era verdade . Tudo aquilo que havia contado para Rei sobre a maneira que seus poderes se desenvolvem era verdade . Seus poderes estão intimamente ligados a você, e conforme você sofre mudanças, eles também mudam . Interessante era a teoria que Minako havia contado para ela . Era sobre a aura das Sailors . A aura não é exatamente uma forma de energia, embora se apresente como tal .
Porém, encurtando toda a explicação que Minako deu, havia mais um detalhe : segundo Minako, as Sailors guardavam suas auras dentro de si quando estavam destransformadas . Suas canetas de transformação eram dispositivos tecno-mágicos, os quais traziam essa aura para fora . No momento em que isso acontecia, seus corpos sofriam uma transformação . Não era apenas o ganho de poderes, era algo mais : elas voltavam a ter os corpos que possuíam durante o Milênio de Prata . E, segundo a teoria de Minako, a aura interior era incompleta , formando-se aos poucos .
Claro, ela havia dito isso já faz algum tempo . E ela se referia a aura das Sailors, não das garotas que defendiam a Terra nas horas vagas . Sendo assim, pode-se dizer que elas possuíam uma aura exterior e uma interior e que, durante a transformação,  elas passavam a possuir duas auras exteriores .
Mas algo a preocupava  . Se a aura interior, junto com sua semente estelar a fazia voltar ao velho corpo ... então a aura interior também representava sua maneira de agir, seu hábitos, seus defeitos e qualidade, também como suas outras características na época do Milênio ... se for assim, então sua aura interior deveria estar quase completa, a ponto de influenciar suas ações, de mudar sua maneira de agir, de falar ... claro, sabia que em tantos anos, mudaria seu comportamento ... mas daí agir como agia no Milênio de Prata, isso era inesperado . Como teria sido lá ? Nunca havia se preocupado com isso, até então .
Ela atinge o teto do prédio, mas quem atinge-o não é Makoto, mas Sailor Júpiter, não que isso fizesse alguma diferença na altura dos fatos . Aquilo poderia se tornar interessante, dependendo do ponto de vista de cada um . Até que a teoria de Minako fazia sentido, ela pensava : afinal, como poderia, num futuro tão distante, ainda estar viva e não aparentar quase nenhuma idade ? Então, muito provavelmente daqui há alguns anos não haveria mais diferença entre Kino Makoto e Sailor Júpiter ...
Uma breve lembrança a entristecia : Minako . Ela não deveria agir da maneira que age . Cresceu, amadureceu ... mas está bem diferente da Minako que conhecera anos atrás . Não se referia ao fato dela ser uma professora e mãe dedicada ... mas ao fato de ela praticamente abominar a guerra e a violência . Não que ela mesma amasse isso, mas entendia que, em certas situações, você tinha que agir para garantir um futuro melhor .
Recusava-se a acreditar que a maneira de agir de Minako era a mesma do Milênio de Prata . Disso ela tinha certeza . Não por que se lembra, mas por que sabia o que havia acontecido a Minako para ela ter ficado assim . Havia tentado ajudar sua amiga diversas vezes, mas ela parecia querer não superar aquilo . E foi nesse momento que ela resolveu respeitar a decisão de sua amiga .
No entanto, ela ainda acredita que ela vai superar isso ... acredita que ela vai vencer suas guerras interiores e prevalecer . Isso por que ela recusa-se a acreditar que Sailor Vênus tenha morrido . Ou Sailor V . Ou princesa de Vênus . Ou seja qual for o título assumido .
Chegava a ser vergonhoso isso : uma Sailor pacifista . Até demais .
Ela não podia ficar se culpando pelo resto da vida ... um dia, teria que parar para aceitar .
Makoto olha para o horizonte . Ainda era bem cedo, e o sol não havia atingido seu ponto máximo . Exatamente como Minako : havia sobrevivido a noite, encontrado a manhã, mas não conseguia atingir a tarde .
O passado poderia ser triste e doloroso, mas nada poderia ser feito para mudá-lo . Lutar pelo futuro era a única alternativa . Porém, cada uma escolhia a sua maneira de lutar . Makoto fez sua escolha, e Minako também .Um dia, iriam descobrir quem fez a decisão correta . Qual das duas será ? A que decidiu lutar para proteger, ou a que decidi não lutar para não ferir e machucar ?
Isso, só o tempo nos dirá, ela pensava .
Mas, ao seu ver, ele pode ser mais breve do que muitos esperam .
Mas a aquilo já estava tomando bastante tempo . No momento, apenas uma coisa importava . Era a hora tão esperada, o momento mais importante . Tantos anos desde Galáxia, e agora voltaria a lutar com todas as suas forças e, mesmo que não gostasse de admitir, mediante  a atual situação, o combate eminente a excitava . O sangue de guerreiro que corria pelas suas veias fervilhava cada vez mais . O prazer pelo combate herdado de seus ancestrais falava mais altos . E tudo isso se unia e explodia a cada instante em que ela confirmava seu alvo .
- Finalmente . TÁ NA HORA DO PAU !!! MEU PLANETA GUARDIÃO É JÚPITER ! QUE FAÇAM TREMER O TROVÃO E A TEMPESTADE ! TROVÃO DE JÚPITER ... RESSOE !!!
Por todos os que haviam sofrido . Por Rei . Por Minako . Por Megumi .
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
- Com todo o respeito que eu tive, tenho e sempre terei por você ... por todo esse tempo em que te apoiei, por todos os momentos difíceis pelos quais temos passado, eu faço a única, decente, lógica e necessário pergunta : enlouqueceu ?
- Estranho isso vindo de você, Maki . Soube que andou arrumando confusão por aqui .
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Seo ! Meu problema foi apenas uma breve discussão com uma mulher idiota . Mas você ... tem idéia do que fez ? Se tivesse feito o que pedi, nós teríamos pego as Sailors desprevenidas ... mas aquela louca foi enfrentá-las em seu próprio território ! Você já havia confirmado isso quando mandou que dessem tiros naquele bairro, então para que essa loucura ? Lá, elas são mais fortes, e nós temos poucos operandos atualmente !
- Acalme-se, Maki . Eu fiz o que pediu, mas não encontrei nada . Não encontrei ninguém com esse nome . Não existe uma aluna chamada Tsufuru Jina na Universidade de Tóquio . Você deve ter imaginado isso .
- Eu imaginei ? Acha que isso é fruto da minha imaginação ? – Maki colocava a mão sobre seu rosto, mostrando para Seo a marca da queimadura . – eu vi aquilo . Eu devia ter prestado mais atenção naquela estudante !
- E, no entanto, isso não nos leva a nada .
- Seo, estamos quase conseguindo ... e você coloca tudo a perder ? Devia tê-la detido!
- Como se eu a controla-se ! Ora, Maki, não me diga que não percebeu que eu e ela não somo amigos ? Trabalhamos juntos, mas não somos amigos, se esqueceu ? Acha que eu não quis detê-la ? Seria inútil, Maki ! Sabe que eu não conseguiria ! Todos os meus filhos ... nossas crianças ... todos os que morreram ...
- Mesmo assim, foi uma decisão estúpida . Ela não se importa com eles, nunca se importou .
- Eu sei . Mas, sem eles ... não teríamos chegado tão longe, não é ?
- É, tem razão . Sei que isso não é coisa para ser dita, que não serve de consolo ... mas quando eles morreram naquele templo, acabaram por adiantar e muito nossos planos . É algo trágico de se dizer, é algo sujo de se dizer para nossas próprias crianças, mas é a pura verdade . Pois bem, eu irei até lá . Me deseje sorte .
- Hunf, típico . Mais um .
- Como ? O que quer dizer ?
- Você não é o único que ficou revoltado com essa noticia .
- Ficar revoltado ... Seo, quem mais foi até lá ?
- A única pessoa que poderia ir ... e que eu poderia enviar . Me pressionou até que eu desse permissão para isso . Tive que ceder .
- Não me diga que você enviou ... não, eu não acredito . EU NÃO ACREDITO !!!
- Isso também era previsto . Eu irei com você para ajudar .
- Previsto ? Quer dizer que estava me esperando para irmos juntos ?
- Isso vai ter que acabar mais cedo ou mais tarde, amigo . A diferença é quando e como . Por mais que odeie dizer isso, aquela idiota é necessária ... e não permitirei que outra criança morra . Vamos .
- Não, você não vai .
- Não há tempo para isso, Maki .
- Escute, Seo ... você não deve ir . Se te virem, estará tudo acabado . As crianças te respeitam ... elas te amam !Você não pode morrer . Muitos morreram ... mas há outros, lembre-se disso . Você foi um pai para todos eles . Ajudou-os quando mais precisavam . Não sei o que se passava pela cabeça de Yosho, mas tenho certeza de que os outros morreram com orgulho de terem te conhecido . Fique aqui . Eu te dou a minha palavra de que não permitirei que aquela idiota ou outro de seus filhos saia ferido . Tem a minha palavra .
*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *
Ela salta e toca no chão com a mão esquerda, tomando impulso e jogando o corpo para o lado, escapando por pouco da morte certa . Ao se levantar, nota o buraco que havia se formado no chão, maior do que uma bola de futebol . Ela continua correndo, sem olhar para trás . Não queria lutar . Não queria ter que fazer aquilo .
Ela continua correndo, alheia aos ataques, os quais estavam criando verdadeiros rombos na rua . Parecia até que estava errando de propósito .
Mas Minako não queria pensar nisso . Tinha que se afastar o mais rápido possível daquele lugar, para poder agir . Seria rápido e silencioso, e poderia voltar rapidamente para a escola . Esperava apenas que Makoto não matasse ninguém até lá, apenas isso .
Seu plano seria quase perfeito, uma vez que estava usando algumas ruas vazias para correr . Havia feito uma rota de becos e ruas com pouco movimentação, anos atrás . Eram perfeitas para as Sailors . O problema era que ela estava sendo seguida .
Cruzando rapidamente outro beco, ela despista seu perseguidor . Mais alguns passos e ...
Seus pensamentos são interrompidos bruscamente quando ela tropeça e cai . Não estava acreditando em sua falta de sorte . Ela se levanta e continua correndo . Sei peito torna a bater, e ela vomita mais uma vez . Aquele lugar fedia a maldade, em sua opinião . Quem estivesse fazendo isso naquela área, deveria ser uma pessoa extremamente perigosa .
Súbito, ela para de correr . Isso por que havia tropeçado há pouco ... e não havia ... prestado atenção ... no que havia ... tropeçado ...
Ela olha para trás, confirmando e odiando-se por estar certa . Não havia tropeçado numa pedra . Havia tropeçado numa pessoa .
Ela volta, verificando como estava .
- Ei, acorde ! Acorde ! Você tem que sair daqui, e rápido, senão ...
A pessoa não acordava, e ela começava a sentir alguém se aproximando ...
Sem alternativa, ela pega a pessoa e começa a carregá-la . Arrastá-la seria o termo mais correto, uma vez que a pessoa era praticamente do seu tamanho, embora aparentasse ser mais jovem . As roupas estavam um poucos rasgadas e o cabelo bagunçado, mas mesmo assim, conseguia visualizar o rosto de forma razoável . Não era ninguém que conhecesse .
E como era pesado ! Não parecia, mas pesava, e estava atrasando-a . Infelizmente, ela não podia deixá-lo ali .
E, pelo visto, a sorte não estava ao seu lado . Pois, enquanto arrastava aquela pessoa, viu seu perseguidor surgir alguns metros à sua frente .
Ele vai se aproximando, lentamente . Não tinha motivos para correr, uma vez que sabia que ela não iria soltar quem estava ajudando .
Ela o vê se aproximando, se aproximando ... poderia ficar pior ?
É o que acontece : ela percebe, no pior momento possível, que o beco havia terminado . Havia apenas uma parede atrás dela . Seria o fim .
Olhando novamente para frente, lá estava ele, encarando-a . Céus, o que ele estava fazendo aqui ?
- Há quanto tempo . Aonde você pensa de vai ? Não pense que vai escapar de mim ! É impossível ! Prepare-se para encontrar seus ancestrais, Vênus !
A simples visão dele a assustava . Impossível não reconhecê-lo . Seu cabelo pontiagudo, daquela cor, era sua maior marca . Claro, havia o fato dele estar segurando um pedaço de madeira, fumegante .
- Menos tempo do que eu imaginava  ... Olho-de-Águia ...
Continua ...
Notas do autor : O Sempai
Pois bem, quero aproveitar esse espaço para dar a algumas explicações . Ao invés de colocar o significado de uma palavra, tentarei explicá-la de maneira mais ampla .
Afinal, o que significa “sempai” ?
Qualquer um que já tenha visto algum anime que não esteja dublado em português já ouviu essa palavra . Resumidamente falando, é utilizada em praticamente quase todos os animes que você assistir, com rarissimas exceções . Mas como é isso ?
Primeiramente, a palavra sempai pode ser traduzida para o nosso idioma como veterano . Podemos usar como exemplo o anime Ranma ½ , o qual todos conhecem(Você não conhece ? Aonde esteve nos últimos cinco anos ? Jogando basquete em Oa  ?) . Um dos que viviam enchendo a paciência de Ranma por causa de Akane era Kuno, o qual a maioria dos alunos chamavam de Sempai Kuno . Isso por que ele era um aluno de uma classe mais adiantada do que a de Ranma e Akane .
Resumidamente, Sempai é uma forma de tratamento utilizada por estudantes japoneses quando se dirigem a alunos mais velhos . Mas não é só isso .
No Japão, existe a tradição e costume do veterano, do aluno mais velho e experiente . E isso não se aplica somente a escola . Como exemplo em Ranma, os alunos chamavam Kuno de sempai por mais um motivo : ele é capitão do time de Kendô, sendo chamado de sempai pelos alunos mais novos, menos experiente . Provavelmente a experiência é o que torna alguém um Sempai .
Outro exemplo parecido, é no OAV de Rayearth e na série de TV(estou escrevendo um fanfic sobre ele, você já leu ? ) Marine (Umi) é a capitã do time de esgrima . Ela é chamada constantemente pelas outras alunas de sempai . No caso, diz respeito a experiência dela em uma área especifica .
Agora, outro exemplo, mas esse vai pedir um pouco da memória de vocês .
Na aclamada série Macross, haviam alguns desses exemplos . Um deles era entre dois pilotos, conhecidos no Brasil, na época em que a série veio aqui pela primeira vez com o nome de Robotech : Rick Hunter e Roy Focker . Eu poderia ter usado os nomes originais dele, mas acredito que isso servirá como exemplo . Em vários momentos, Rick chamava Roy de Sempai (atenção, ele fazia isso na série original . Na dublagem brasileira, às vezes Roy era apenas um amigo, outras vezes eles eram irmãos . A dublagem era uma bagunça naquela época . Ainda hoje é, mas está bem melhor) . Roy era o capitão de sua equipe, e um dos melhores pilotos de sua esquadra . Possuía uma vasta experiência, bem maior do que a dos demais pilotos .
Outro exemplo, e esse é bem mais recente, é no anime Evangelion : uma as operadoras da Nerv, Maya, vive se referindo a Doutora Ritsuko como sempai .
Creio que isso explica o que é um Sempai  : uma espécie de colega de estudo ou “profissão” bem mais experiente . Não confundir com sensei ! Mas isso é uma outra história ...

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