Dias de Um Passado(quase) Esquecido escrita por Lexas


Capítulo 11
Mentes que Brilham




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Arakáejeaipo – Parte 2 - Reencontros


- Snif . Snif .
Finalmente ele havia dado sinal de que estava vivo . Não era um grito ou uma respiração, mas seu choro já era mais do que o suficiente .  Mesmo saltando entre os prédios com ele em seu ombro, conseguiu ouvir claramente seu choro .
- Agüente um pouco, por favor . Mais um pouco e chegamos na minha casa .
Levá-lo até um hospital foi uma idéia que sequer lhe ocorreu, visto que ela já sabia os problemas que enfrentaria se o fizesse . Um adulto machucado é atendido sem insistência em relação a causa/motivo, mas uma criança machucada com certeza chama a maior atenção, e ela não tinha tempo para ficar respondendo perguntas que abrangiam a causa, o motivo ou se os pais batiam na criança .
- Snif . Snif .
Aquilo a estava incomodando . Era verdade que havia aumentado sua capacidade de saltar, mas mesmo assim ainda demoraria um pouco para chegar até sua casa, contrariando o que havia dito anteriormente .
- Snif . Snif .
- Só mais um pouco, meu anjo . Só mais um pouco e a tia Amy já vai cuidar de você .
- Snif ... como eu sou bobo .
- O que ? Por favor, não fale, apenas tente descansar !
- Que burro eu sou .
- Você não é burro, Akira . Quem foi que te disse isso ?
- Snif ... ninguém disse, eu sei que sou .
- Você não é . É o garotinho mais incrível que eu já vi .
- Mentira .
- Você é .
- Mentira .
- Você é !
- Mentira ! Eu estraguei tudo ! Se eu a tivesse seguido, nada disso teria acontecido !
Amy pondera sobre o que ele acabara de dizer . Estava certo, se a tivesse seguido ao invés de lutar contra ela, sem sombra de dúvida teria sido mais útil . No entanto, havia uma grande chance dele ter sido descoberto, e talvez não tivesse a mesma sorte de alguém estar passando por perto .
- Você não tem culpa, Akira  - “a culpada é a sua mãe”, essa frase lhe surgiu na cabeça, mas preferiu não pronuncia-la – Você fez o melhor que podia . E se você a tivesse seguido, talvez fosse capturado .
- Mesmo que eu fosse, vocês iam me encontrar !
- Pois eu não acho . Essas pessoas já estão agindo há algum tempo, e só percebemos que estavam agindo por que destruíram o centro de Tóquio .
- Mesmo assim, Okaasan e Minako-sensei podem me encontrar em qualquer lugar, por mais difícil que seja .
- Hmm ? – Amy havia coletado as sobras de seu antigo medidor de energia, o qual havia tido uma “sobrecarga” quando ela tentou analisar o poder de Makoto, e conseguiu recuperar algumas informações, inclusive o padrão de Akira . Somente quando estava passando bem perto dele é que seu visor, o qual havia recebido os dados de seu computador principal, a avisou de sua presença . Seu visor não era um simples aparelho : ele era, numa linguagem não tão “culta”, um “possante”, um “filé dos amantes do computador” . Tudo isso simplesmente por que, com o passar dos anos, ela aprendeu a usá-lo melhor . Ou melhor, aprendeu e lembrou de várias coisas as quais ele era capaz . Podia até parecer estranho, mas ela, ocasionalmente, começou a resgatar algumas memórias de sua antiga vida . Alguns fatos históricos do Milênio de Prata, alguns dados sobre o antigo palácio ... mas com certeza o que mais a impressionou foi as utilidades que seu visor teria . Superava de longe qualquer computador existente na Terra ... provavelmente na galáxia ... quem sabe, no universo ? A tecnologia do Milênio de prata era fruto do desenvolvimento de diversos planetas, não era de se espantar que fosse tão avançada . Seu computador havia sido criado baseado no seu visor, mas não possuía a menor comparação . Isso por que usava peças da Terra, e as peças que havia encontrado no visor quando o desmontou era únicas, sem substituição . Talvez um dia se dedicasse a descobrir todo o potencial do visor, coisa que já havia feito antes mas desistiu por pesquisar e sempre descobrir uma nova utilidade para ele . Sua maior surpresa, em sua tentativa anterior, foi descobrir que a “maquininha” superava facilmente a marca de quinze Teraflots ... vendo a coisa por esse ângulo, como Minako e Makoto poderiam localizá-lo, se nem mesmo ela conseguiria ? – eu acho que elas não iriam conseguir te localizar,  Akira .
- Iam sim ! Minako-sensei e Okaasan são especiais, elas conseguiriam me achar, de um jeito ou de outro . Elas sim são fortes ...
- Akira, essas coisas acontecem ! Perder também faz parte do aprendizado ... ops, não era isso que eu ...
- Eu ... eu não consegui fazer nada ! Ela me derrubou no chão como se eu fosse um inútil ! Se eu não fosse um imprestável, aquele ataque dele não teria me derrubado, não teria ! Agora ela está livre, pronta para praticar maldades por ai, só por que eu sou um inútil ! Snif ! Snif ! Nem vingar Megumi eu consegui . Nem isso ! Snif ! Snif !
Amy para em um dos prédios, enquanto segura o garoto . Ele havia agido sem pensar, havia sido impulsivo, e estava pagando o preço por isso . Sim, é verdade que antigamente elas atacavam seus inimigos independentes de quantas delas estavam presentes, mas a situação era diferente . Por mais que Akira merecesse o fruto do que plantou ... a verdadeira culpada era Makoto, e somente ela . Da mesma forma que Rei, havia criado o garoto contando-lhe histórias sobre um grupo de guerreiras que protegiam a terra dos forças do mal, e esperar que isso não o impressionasse era tolice . Ele era apenas uma criança, e nada no mundo mudaria isso . Tudo bem que elas não eram tão velhas assim quando começaram a lutar, que diria Minako, então, mas a situação realmente era diferente .A principio, havia ensinado-o a lutar apenas como exercício para a mente e o corpo, mas quando percebeu que, com o treinamento correto ele conseguiria desenvolver e controlar mais a sua força, ela resolveu aumentar mais o seu ritmo . Claro, era engraçado ver uma criancinha de poucos anos imitando a mãe em todos os exercícios e, consequentemente, pregando surpresas nos outros, mas o que acabou de ocorrer serviu apenas para provar que, forte ou fraco, ele era apenas uma criança .
Ela o coloca novamente no ombro e segue seu rumo, tentando focalizar sua mente nos últimos acontecimentos . Não consegue .
- Droga . Droga . Droga !
- Você odeia tanto assim a sua falta de força, Akira ?
- Droga ... quero ser forte ... para nunca mais precisar da sua ajuda ... para nunca mais precisar da ajuda de ninguém e poder defender sozinho as outras pessoas ... e a honra das Sailors .
- É mesmo ? Mas não há nada errado em depender dos outros, Akira . É assim que funciona uma equipe, cada um complementando as fraquezas dos outros .
- Pois eu quero ser o membro mais forte da equipe . Quero ser aquele cujas habilidades são tão superiores que complementam as fraquezas de todos os outros . Eu quero ser forte ... eu quero .... eu vou ficar muito forte . Mais forte do que a senhora, tia Rei, Minako-sensei e Okaasan ... até mais do que a princesa  ! Eu juro pela honra de todos os meus antepassados-guerreiros que serei o Sailor-guerreiro mais poderoso do universo, o mais poderoso de todos os tempos ! Snif . Snif .
Aquilo a espantava . Ele havia acabado de dizer tudo aquilo e havia tornado a chorar . Não havia dúvida que era uma criança . E o que havia acabado de dizer ... estava errada, Makoto não tinha culpa . Não toda . Ela deveria ser dividida igualmente entre cada uma delas . Afinal, o que levaria um garotinho a ser sentir totalmente derrotado apenas por que levou uma surra daquelas, quando ele deveria era estar chorando devido a dor ? Já havia sofrido ferimentos piores e em situações mais humilhantes, e não havia ficado dessa maneira .
Foi ai que uma frase finalmente retornou a sua mente, a qual ele havia dito anteriormente .
- Você disse “vingar Megumi” ? O que quer dizer com isso ? Não me diga que você ... você ... droga . Akira, você ficou em sua casa naquele dia como sua mãe havia ordenado ?
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- É esse aqui, senhor .
- Obrigado .
- Por sorte, ele não estava na área afetada pelo fogo, mas acreditamos que a simples visão de tudo aquilo o traumatizou .
- Apenas o fogo . Outros sobreviventes  ? - A pergunta era feita, embora ele já soubesse qual era a resposta .
- Ninguém . Se houve alguém lá além dele, então não existe mais . O templo, o bosque, as placas ... o fogo consumiu tudo o que havia ali, senhor . Nós nunca havíamos visto algo desse tipo acontecer . Foi um milagre que a vegetação que cobria o resto do morro não tenha sido afetado pelo fogo .
- E os donos do local ?
- Sem vestígios . A sacerdotisa do templo Hikawa está desaparecida, embora exista a possibilidade de que ela tenha sido afetada pelo fogo . Eu irei deixá-lo a sós com ele .
O enfermeiro sai, deixando aquele homem sozinho com o rapaz .
- Pode me ouvir, Kleb ? Imagino que sim, embora tenha perdido a capacidade de responder . O que foi que houve com você, meu filho ? Por que não respondeu aos meus apelos ? E que tipo de ataque foi esse que não o machucou fisicamente, mas causou tantos estragos em ti ? Questioná-lo não adiantará de nada, a única coisa que posso fazer é me desculpar . Você é o único que sobreviveu desde que elas nos perceberam, portanto eu lhe devo desculpas . Queria que os outros também estivessem aqui para que eu me desculpasse com eles por tudo o que aconteceu . Yosho, Yuji, Aruma, Takeru, Shimizu, Tohru, Shoten, Miki ... e você . O quanto sacrificaram por mim . Deram suas vidas por mim, e dariam de novo se eu pedisse . E de novo . E de novo . E de novo . Não os criei para morrerem, no entanto acabei sendo seu assassino . Queria que todos vocês fossem algo melhor, como Naru . Sempre nutri esperanças de que um dia cada um iria amadurecer para algo melhor do que já eram ... tolos pensamentos de alguém que não soube cuidar de seu próprios assuntos, e vocês tiveram que pagar pelos meus erros . Sei que não muda nada, mas me perdoem . Felizmente tudo está chegando aonde queríamos . É realmente lamentável que não estejam aqui para desfrutarem do que virá, mas todos os outros hão de se lembrar do que fizeram .
Ele fica em silêncio, olhando para o rapaz que estava imóvel . Não fazia o menor esforço para deter as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, dando-se ao luxo de molhar as roupas do rapaz .
- Perdo-me, meu filho, mas tenho assuntos importantes a tratar . – Ele vai seguindo pelos corredores do hospital, dirigindo-se até a saída - Maki, você está bem ? Maki ? – ele falava em voz baixa, para ninguém em especial .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Vire de lado ! Vire do outro lado ! Olhe para a frente ! Prisioneira 8536, Sailor Marte, siga o policial ! Próximo ! Vire de lado ! Vire do outro lado ! Olhe para a frente ! Prisioneira 8537, Sailor Júpiter, siga o policial ! Próximo ! Vire de lado ! Vire do outro lado ! Olhe para a frente ! Prisioneira 8538, Safion – a mulher já estava uma pilha de nervos, uma vez que Safion havia ficado inerte segurando aquela placa, movendo-se apenas para descobrir se aquilo era de comer – siga o policial ! – o policial segura Safion pelo braço, arrastando-a para fora da sala – Próximo ! Lá se vai um belo dia – e essa última ela disse bem baixo, de modo que quase ninguém a escutou ...
- Entra ai ! – gritava o policial ao empurrar Rei para dentro de uma cela, ato esse repetido com Makoto e Safion .
- Seu ******* ! Eu queria ver você fazer isso comigo lá fora ! – os comentários de Rei, altos do jeito que eram, não são deixados de ser ouvidos pelo policial e pelos outros presos . Ela olha para o lado, notando que, fora ela, Makoto e Safion, não havia mais ninguém na sala . Estranho .
- Sei no que está pensando . Eu não acho que colocariam a gente com outros presos depois do que houve .
- Você e suas idéias – Rei tem uma rápida “explosão”, detendo-se ao olhar novamente para Makoto – você está bem ?
- Mais ou menos .
- Eu ... eu sinto muito .
- Não me culpe . Não sei se reagiria desse jeito se a situação fosse a mesma .
- Mesmo assim ... ainda não gosto desse lugar !
- E o que você queria ? Tem idéia da destruição que causamos ?
- Destruição ? – Rei se lembrava dos fatos que haviam ocorridos há pouco . Pelo que se lembrava, suas chamas foram tão fortes que derreteram alguns fios elétricos, causando uma falta de luz em algumas ruas, milagrosamente não iniciando um incêndio . Claro, ela ignorava eventos ocorridos antes de sua intromissão, como quando Makoto deixou a marca de seus dedos na parede do colégio, o rombo que Death abriu no chão, as lâmpadas que Makoto estourou/explodiu ...
- Eu tive que pegar leve para não danificar muito o local, mas certas coisas são inevitáveis .
- Espere um pouco, a destruição não foi tão grande assim, considerando o que fizemos . Não me lembro do que você destruiu antes de eu chegar, mas acho que isso tudo é uma inj ...
- Marte, acorda ! Por acaso não se esqueceu de quantos anos fazem que essas pessoas não nos vêem ? Tirando alguns adultos e idosos, a maioria nunca nos viu ! E até mesmo os que já tinham nos visto antes devem ter se esquecido de nós !
- De qualquer forma, a policial chegou quase no final quando nós duas estávamos ... “aham”... brigando . Mesmo que em parte estivesse certa, foi precipitado dizer que nós estávamos causando tudo aquilo !
- Mas ela não estava certa ?
- Estava, mas não a vi recolher provar e depoimentos que nos incriminassem ! Ah, quer raiva !
- Marte – Makoto cruza os braços e abaixa a cabeça, pensativa – você acha mesmo que, depois que tudo isso acabar, iremos nos recolher, da mesma maneira que fizemos por tanto tempo ? Quando nosso inimigo for derrotado, e ele será, tenha certeza disso, talvez não tenhamos a paz que você imagine . Podíamos ter fugido, mas não é a mesma coisa que antigamente, não temos mais uma boa fama com a população, já que quase ninguém se lembra de nós . E não seria nem um pouco útil para nós ter a policia em nosso encalço recolhendo os corpos das pessoas que iremos matar, pode anotar o que eu digo .
- Matar ? Do que ... você percebeu, não foi ? Nossos inimigos ...
- Sim, eu já percebi . Tudo bem com você ?
- Um pouco, mas a minha maior preocupação é com você .
- Fiquei preocupada quando soube que você sumiu . Não era para isso ter acontecido .
- Nós nunca esperamos que coisas assim aconteçam . Apenas nos adaptamos diante das mudanças que nos pegam desprevenidas .
- Mesmo assim, fiquei preocupada . Mesmo não sabendo que você estava desaparecida, estava e remoendo por não estar ao seu lado quando mais precisava . Eu devia era ter ficado aqui, ao invés de ter ido ao ...
Rei se atira nos braços de Makoto, a qual a abraça docemente . Sem gritos, sem desespero, sem dor . Apenas lágrimas, as quais molhavam a camisa de Makoto . Lágrimas não puramente de tristeza, mas de algo que reunia isso e muito mais . Embora ela tenha chorado muito nos últimos dias, aquelas lágrimas em especial estavam presas, esperando desesperadamente por alguém em quem pudessem ser depositadas . Estavam desacompanhadas de qualquer tipo de som, mas sua existência justificava qualquer coisa .
- Me desculpe . Eu devia ter estado ao seu lado naquele momento, mas não o fiz . Perdão .
- Tudo isso ... por que isso tem que acontecer dessa maneira, Júpiter ? Por que ? O que fizemos de mal para recebermos isso ? O que há de errado em defender os nossos ?
- Sempre haverão motivos, Marte . Sempre . Diretamente e indiretamente ligados a nós . Poder, ganância, ira ... sempre há algum motivo ... ou talvez não . De qualquer forma, nossa missão é detê-los, não é mesmo ?
- Me desculpe, Safion – ela vira-se para a mesma – eu estava fora de mim e tomada pelo ódio . Me perdoe pelo que eu fiz .
- Safion, não posso obrigá-la a fazer isso, mas deixe-me dizer algo para ajudar em sua decisão : Marte encontrou o seu povo durante a guerra contra Beryl, numa época em que possuía pouca experiência e não sabia diferenciar muito bem os diversos tipos de energia existentes . Quando sentiu a sua, associou o seu padrão ao que ela sentia em relação aos youmas, uma presença maligna .
- Não guardo mágoas, ainda mais por que não é minha função representar os interesses do meu povo, e sim proteger Tokin, nada mais .
(Makoto) – Aquele retar ... digo, então foi para isso que vieram realmente ?
(Safion) – As habilidades dele são extremamente úteis para nós, não podemos permitir que ele morra, uma vez que existem poucos da linhagem dele . Estou aqui somente por que Delsmeter ficou protegendo-o ... e que espécie de lugar é esse ?
(Rei) – Isso é uma cadeia, lugar para onde vão os criminosos ... e uns azarados, como nós .
(Safion) – Vocês prendem os seus em jaulas ? Que absurdo !
(Makoto) – Bom, que tal se mudássemos de assunto ?
(Safion) – Conseguiu descobrir quem é o seu verdadeiro inimigo, Sailor Júpiter ?
(Makoto) – Não, mas isso não vai tardar a acontecer . De uma maneira ou de outra, nós os derrotaremos .
(Rei) – Nem que para isso precisemos ... matar todos eles ....
(Makoto) – Você não teve culpa, Rei, estava tomada pela ira, não tinha como ter controle de si mesma numa situação como aquela .
- E quanto a você ?
- E você acha que eu gosto disso ? Acha que eu gostei quando esmigalhei os ossos daquele outro no centro de Tóquio ? Ele era um garoto, deveria ter dezoito anos, cheio de sonhos e ambições ... eu tive que fazê-lo por que, do contrário, ele mataria outros .
- Mas e Min ...
- Ela não faria nada, no máximo o atordoaria, e vivo ele era muito perigoso, além de não nos ajudar em nada .
- Ajudar ? Mas do que ... não está dizendo que o matou ... propositadamente ?
- Não , eu apenas o detive . Acontece que, depois daquilo, me passou pela cabeça que aquilo poderia ser uma isca . Eu sabia que algo de estranho estava acontecendo . Pessoas desaparecendo, explosões no cais do porto ... tinha algo estranho acontecendo . Cheguei a pensar que havia sido uma paranóia minha,  mas quando eles apareceram, não tive mais dúvidas .
- De qualquer forma, isso acabou não servindo de nada, apenas nos trouxe mais dor ... Megumi ...
- Não sei se isso era inevitável, Marte . Talvez fosse uma questão de tempo até que ela, Akira ou outro de nós fosse pego . Essas pessoas estavam agindo sorrateiramente, e bem debaixo de nossos narizes .
- Eu só não entendo o motivo do ataque de Death . Isso não combina com a estratégia deles .
- Ao menos serviu para fazê-los mudar de estratégia . Acho que eles não contavam com nossa intromissão, e resolveram dar um jeito na gente .
(Safion) – Mas o que será que eles querem ? – a pergunta havia chamado a atenção das duas, deixando-as pensativas . – apenas pessoas desaparecendo, e nada mais ?
(Makoto) – Eu ainda não sei bem, mas tenho certeza de que iremos descobrir em breve, de uma maneira ou de outra . Mas Marte tem razão, o ataque de Death fugiu bastante do estratagema deles .
(Rei) – Hunf ! – Rei dá um soco na parede, irritada – Mas que droga ! Nós salvamos essa cidade várias e várias vezes, e é assim que nos agradecem ?
(Makoto) – Era melhor do que ser tachadas como criminosas, Marte . Pior, Maki iria ser tratado como o “herói que defendeu o bairro das terríveis Sailors” !
(Rei) – Maki ? Hmm ...
(Makoto) – Sabia que você iria se lembrar dele mais cedo ou mais tarde .
- Me largue ! Me solte ! Eu quero o meu advogado ! Onde já se viu, interromper uma pessoa quando ela esta numa ligação ? Eu tenho os meus direitos !
- Entra ai e cala a boca !
- Moleque ... eu já andava por ai quando você ainda usava fraldas, portanto ... QUER FAZER O FAVOR DE ME LARGAR, ANTES QUE EU ME ABORREÇA PRA VALER ????
O policial empurra Maki para dentro da cela, derrubando-o no chão . Ele ergue seu rosto, apenas para ver duas figuras, as quais trajavam pouca roupa nas cores vermelho e verde, e não pareciam nem um pouco felizes ao vê-lo . As coisas iriam esquentar, literalmente .
- Saco !
(Makoto) – Nos encontramos de novo, Maki .
(Maki) – Saco ! Eu juro por tudo o que é mais sagrado que havia me esquecido de vocês ! Era só que me faltava ...
(Rei) – Que tal conversar um pouco conosco, Maki ?
(Maki) – Não .
(Makoto) – Ora, não seja grosseiro ! Isso só vai tomar um pouco do seu tempo !
Maki senta no chão, encostando as costas na grade, enquanto analisa a proposto que lhe foi oferecida, até que resolver expor sua resposta para todos :
(Maki) – Não .
(Rei) – Não temos tempo para isso – uma chama acende-se na mão de Rei, chamando a atenção de Maki – dê-me alguns segundos e teremos algumas respostas .
Maki ergue seu braço e faz um sinal com o polegar direito, como se fosse estalá-lo, ato esse que não passou despercebido por Makoto . Ele iria mesmo fazer aquilo naquele lugar ?
(Makoto) – Maki ... não está mesmo pensando em fazer isso, está ?
(Maki) – Algo contra ?
(Rei) – hmm ... – a chama de Rei cessa, enquanto ela cruza os braços, aguardando o que viria . Maki agradecia por isso, uma vez que não estava com a menor vontade de usar aquele truque novamente, já que, ao mesmo tempo que livrou Naru, acabou por colocá-lo em uma grande enrascada . Poderzinho imbecil, ele pensava .
(Makoto) – É, pelo visto não poderemos fazer nada contra ele .
Makoto o agarra pelo colarinho e o atira contra a parede, derrubando-o no chão em seguida . O próprio estava assustado e muito dolorido com o impacto . Jamais iria imaginar que Júpiter pudesse ser tão forte e rápida a ponto de tentar tal ato . E como seu corpo doía ! Apesar da curta distância, o impacto havia sido tão forte que seus ossos estavam clamando por piedade .
(Makoto) – Bom, do jeito que seu corpo está dolorido, acho que não vai conseguir estalar os dedos novamente . Marte, poderia repetir o que fez com aquele sujeito na escadaria do templo, por favor ? E faça-me um favor, execute apenas a PRIMEIRA parte !
Rei toca na cabeça do imóvel Maki, aproveitando que aquele sujeito finalmente havia “cooperado” em alguma coisa . Finalmente iria progredir . Havia passado os últimos dias analisando o que havia descoberto, esbarrando sempre em um problema ... quem sabe agora as coisas não sejam diferentes ?
Ledo engano, e ela se arrepende disso quando seu corpo se choca contra a grade, causando uma dor a qual ela não sentia há anos .
(Makoto) – Marte !!!
(Maki) – Há,há ... aí ! Há ! Há ! Há ! Como são idiotas !
(Makoto) – Maki – Makoto aperta seu pescoço, forçando-o contra a parede – antes de começar as perguntas importantes, poderia me explicar como foi que fez isso ?
(Maki) – Quem disse que fui eu quem a joguei contra a grade ?
(Makoto) – Não brinque comigo ! – ela apertava mais seu pescoço, quase fazendo-o morder a própria língua .
(Maki) – Bas du dão pui que ... – Makoto solta seu pescoço, permitindo que ele fale mais razoavelmente – Não fui eu, sua anta ! E me respeite, pois não está falando com uma criança !
(Rei) – Ai, minhas costas ... eu te mato, desgraçado !
(Makoto) – Tudo bem com você ?
(Rei) – Fora a dor nas costas, sim . Já estou ficando cheia dessas formigas !
- Algum problema ai ?
(Makoto) – Nada não, seu guarda ! Só estávamos conversando !
(Maki) – Isso mesmo, essas loucas estão tentando me matar !
- Seria bom, assim ficaríamos livres de um verme como você !
(Makoto) – Hmm ... Acho que alguém aqui andou xingando os guardas ...
- E você de vermelho, eu não quero ouvir sua voz novamente, ouviu ?
O guarda bate com o cacetete na grade, passando bem perto do rosto de Rei . A mesma devolve para ele um olhar frio e desprovido de emoções, o qual sofreu mudanças até se transformar numa face de puro ódio .
(Makoto) – Nem pense nisso .
O guarda vai embora, levando consigo um novo sentimento em relação “a de vermelho” : medo . Não sabia o porque, mas daquele momento em diante, passara a temer aquela mulher .
(Safion) – Você é boa em intimidação .
(Rei) – Também sou em outras coisas . Maki ... hã ? Júpiter, o que houve ?
(Júpiter) – É uma ótima pergunta . O que está fazendo, Maki ?
(Maki) – Não enche, meta-se em seus assuntos . Alô ? Alô ? Tem alguém ai ?
(Seo) – Maki, tudo bem com você ?
(Maki) – Achei que você iria me contactar mais cedo ou mais tarde, infelizmente escolheu uma péssima hora ...
(Seo) – Pode me dizer o que houve ?
(Júpiter) – Com quem está falando, Maki ?
(Maki) – A garota e aquela outra idiota escaparam, o que não é o meu caso . Acho que vou ver o Sol nascer quadrado ...
(Seo) – Está ferido ?
(Maki) – Ferido é pouco para alguém que foi pego em meio a um turbilhão de chamas ... nem você pode me ajudar dessa vez !
(Rei) – Ele está conversando com alguém , mas não consigo sentir nada !
(Júpiter) – Será alguém com poderes mentais ?
(Rei) – Não, não é isso . Se fosse, eu sentiria ... e depois, por que ele está falando ?
(Seo) – Algum problema ?
(Maki) – Hmm ... precisamos mesmo ter essa conversa aqui ? Tem muita gente conversando ! E eu suspeito que estejam ouvindo nossa conversa . Mas que truque idiota esse ! Bem que você podia tentar aperfeiçoá-lo !
(Seo) – Creio que você já recebeu algumas explicações sobre isso e, se me lembro bem, já havia lhe dito que meus truques não são truques .
(Rei) – Definitivamente, não é um poder mental . Não há o menor rastro de energia psíquica por aqui . Seja quem for, está usando algum tipo de poder para se comunicar com ele .
(Safion) – Muito estranho ... digam-me, não conseguem sentir ? Está fluindo por todos os lados !
(Júpiter) – O que ?
(Safion) – Percorre os cantos, atravessa os espaços, transcende a mente . Alguém está mexendo ... alguém está manipulando antigas forças do universo ...
(Maki) – Opa, acho melhor você “desligar”, pois as coisas estão ficando pretas por aqui !
(Seo) – Quem está ai com você ?
(Maki) – Lembra-se de que você sempre dizia para eu conhecer novas pessoas ? Pois é, conheci duas mulheres fenomenais, capazes de “quebrar” a cidade por mim ! Você precisa conhecê-las ! A propósito, que tipo de mulher você prefere, fogosas ou elétricas ?
(Rei) – Eu te mato, seu safado !
Makoto se afasta de Maki e dá uma chave de braço em Rei, impedindo que ela se movimente .
(Rei) – Me larga ! Esse porco chauvinista morre hoje !
(Makoto) – Hunf ! O problema é que nós já passamos por isso, Marte . Safion, por favor, faça a gentileza .
Safion se aproxima de Maki, olhando para todos os lados . Tinha alguma coisa estranha ali por perto .
(Maki) – Melhor terminarmos por aqui .
(Seo) – Tem como sair daí ?
(Maki) – Duvido muito . E pelo número de pessoas que acompanhavam a viatura, testemunhas não vão faltar !
(Seo) – Darei um jeito . Fique ai .
(Maki) – Bom, e você, deseja alguma coisa ?
(Safion) – Como eu pensei ... tem alguém fazendo algo que não devia .
(Makoto) – E o que seria isso ?
(Safion) – Alguém está manipulando as forças do universo para seu próprio beneficio . Ele está se fazendo valer do acaso e do duvidoso para agir . Está invocando as forças místicas para conversar com esse homem sem que ouçamos nada !
(Makoto) – Forças místicas ?
(Rei) – Quer dizer ...
(Safion) – Sim, exatamente . Magia .
(Makoto) – Quer dizer que Maki ... o que nos dizer quanto a isso, Maki ?
Maki olha para o teto, ignorando a pergunta de Makoto .
(Safion) – Não vem dele, e sim de outra pessoa .
(Rei) – Conversar não vai adiantar, temos que arrancar a resposta a força !
(Maki) – Acho que não vai funcionar ... SOCORRO ! SOCORRO !
- Algum problema ?
(Maki) – Seu guarda, elas estão me agredindo !
(Makoto) – Ei, não foi nada disso !
(Maki) – Elas querem me matar ! Quero falar com o meu advogado !
- Cale-se, antes que eu me irrite mais !
O guarda o tira da cela e o colada numa cela que ficava de frente para a qual estava Makoto .
- E não me aborreça mais !
(Safion) – Vocês possuem leis bem estranhas . Onde já se viu aquele que deveria vigiar os prisioneiros privilegiar um deles ?
(Rei) – Grrrr ! Eu não acredito que isso esteja acontecendo !
(Maki) – Ei, Sailor Marte !
Rei olha para Maki, bem a tempo de ver ele fechando a mão esquerda e erguendo o dedo do meio ...
(Rei) – EU MATO !!!
Dessa vez, foi preciso que Safion ajuda-se Makoto a segurar Rei para que ela não derrete-se as grades ... e tudo o mais que houvesse naquela sala .
(Maki) – Sem extresse, por favor . Deixa eu cantar uma musica pra te animar ! “Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais . Três elefantes incomodam muita gente, quatro elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais ! Cinco elefantes incomodam muita gente, seis elefantes incomodam muito mais . Sete elefantes incomodam muita gente, oito elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais ! Nove elefantes incomodam muita gente, dez elefantes incomodam muito mais . onze elefantes incomodam muita gente, doze elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais ! Treze elefantes incomodam muita gente, quatorze elefantes incomodam muito mais . Quinze elefantes incomodam muita gente, dezesseis elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais ! Dezessete elefantes incomodam muita gente, dezoito elefantes incomodam muito mais . Dezenove elefantes incomodam muita gente, Vinte elefantes incomodam, incomodam, incomodam, incomodam muito mais ! Vinte e um .....”
- Você – o guarda abre a cela e chama Makoto – acompanhe-me . Ao longe, ela podia ouvir Maki, cantando . Só esperava que Rei não perdesse a cabeça com ele .
(Maki)  .... e agora, o refrão !!!
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Preste muita atenção, meu bem : aquele golpe que você levou foi muito forte e, mesmo tendo a mãe que tem, isso não impediu você de sentir dor, não é ? Embora não percebe, uma vez que quase não se mexe, boa parte de seu corpo esta dormente e algumas pequenas partes estão queimadas devido a voltagem . Vou te dar uma injeção para reativar seus músculos e diminuir a dor, ok ? É só uma picadinha, não dói nada .
- Tia Amy – ele olhava para ela, agora destransformada – eu não tenho medo de injeção !
- Ah, então o nosso “hominho” aqui é muito corajoso !
- Ai !
- Você não disse que não tem medo ?
- Mas isso dói !
- Já passou, meu anjo ! Agora, a tia Amy vai te mostrar um negócio, mas você vai ter que me prometer que não vai contar isso pra ninguém, tá bom ?
- Tá ! Vai ser o nosso segredo !
- Perfeito . Venha comigo – teimoso como ninguém, Akira tenta sair de cima da mesa na qual estava deitado e andar, mas Amy o coloca no colo e vai carregando-o – repita o que eu vou te dizer : Andartsu Khrot .
- O que foi isso que a senhora disse ?
- Vamos, repita o que eu te disse !
- Hã ... Arasu rot ?
- Não, meu bem .  É Andartsu Kot ... ops, eu mesmo errei ! Me desculpe, o certo é Andartsu Khrot .
- Andarat kot .
- Mais uma vez, Andartsu Khrot .
- Eu não consigo ! Não entendo nada do que a senhora está falando !
- Você consegue sim, Akira . Não há nada que você não possa conseguir se realmente quiser . Vamos, tente mais uma vez . Andartsu Khrot .
- Andsu tor .
- Andartsu Khrot .
- Anda-da-dartsu ... Khrot !
- Muito bem ! Dessa vez saiu quase perfeito ! Vamos tentar mais uma vez !
- Tá ! Anda ...
- Só um instante, Akira . – ambos adentram na biblioteca de Amy, chegando até sua outra extremidade e dando de cara com uma pequena estante – diga agora .
- Andartsu ... Khrot !
A estante se move, revelando uma  parte da parede que se move, revelando o seu laboratório, pra a surpresa de Akira . Ela entra e, tão logo passa, a parede se fecha e a estante volta para o seu lugar .
- Uau ! Então essa é a nova Sailor-base ?
- Base ? Refere-se ao templo ? Não, esse aqui é o meu laboratório particular ... e secreto, é claro .
- Quantos livros !
- O livros que estão aqui são diferentes dos que estão lá fora . Digamos que ... não foram feitos para qualquer pessoa ler .
- Qualquer pessoa ?
- Tio Roger, de preferência . Muitos deles são de história, outros falam sobre contos e lendas . Alguns são científicos, com teorias revolucionarias de gênios taxados de loucos .
- O que tem de tão importante na história que esses livros contam ?
- Não falam sobre a história como nós conhecemos ... reúnem fatos perdidos pelos séculos que eu recolhi durante os anos .
- Pra que ?
- Curiosidade . Você é curioso, Akira ?
- Eu ? Não, eu não sou não ! Outro dia mamãe mandou eu não mexer na panela e eu não mexi !
- Sei . Não devia estar te contando isso agora, deveria fazer isso quando fosse mais velho ... mas uso este local para estudar “coisas” que, de uma maneira ou de outra, tem alguma relação comigo e as com as outras .
- Como assim ?
- Aqui, eu estudo as Sailors . O que realmente são, como são e, principalmente ... de onde vieram .
- O milênio de Prata ! Esses livros vieram de lá ?
- Não . Eu os reuni por que, em determinados pontos deles, existem citações “aos lunáticos” . Deu trabalho fazer isso, e ainda há muito o que ser feito . Eles estão nos mais variados idiomas, alguns inclusive línguas mortas, como o aramaico .
- Mas, tia Amy ... o que era aquela palavra que a senhora me ensinou ?
- Aquilo ? Aquilo significa “Abre-te Sésamo”, em uma língua que também está morta ...
- É mesmo ? E qual ?
- Uma que está extinta há séculos, ou melhor, há milênios . Eu o aprendi, digo, descobri enquanto mexia no meu visor ... sua mãe lhe contou sobre ele, não é mesmo ? 
- Sim, mas eu vi a senhora usando-o outro dia lá em casa !
- Bem lembrado . Só que, como você sabe, não é só um visor, mas um comput ... oh, que imprudência a minha ! Eu aqui falando e você machucado ! Tadinho !
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Muito bem, vamos começar do principio . Não estou com paciência para arrumar problemas hoje, portanto é melhor que cooperemos, ok ? Pra começar, quem é você ?
Estava tudo lá . A sala, a mesa, o vidro ... podia imaginar as pessoas do outro lado do vidro, observando-a . Estava sendo interrogada !
- Sailor Júpiter .
- Muito engraçada . De onde você veio ?
- De Júpiter, é claro .
- Certo, então é por isso que você é verde, não é ? E onde estão suas antenas e seus outros seis braços ?
- Engraçadinho .
- Não, moça, não há nada de engraçado nisso ! Não estou com paciência para brincadeira, portanto é bom começar a cooperar, senão ...
Ela suspira, já imaginando aonde aquilo iria parar .
- O que acha de começarmos novamente ? Tem idéia da confusão na qual se meteu, senhorita ?
- Tudo isso é um mal entendido, e creio que podemos chegar a uma explicação razoável .
- Pois eu quero ouvir o que vote tem a me dizer .
- Aquele colégio estava prestes a ser atacado, mas eu o defendi, infelizmente seu atacante fugiu, mas seu comparsa, Maki, não teve a mesma sorte .
- Como era essa pessoa que atacou o colégio ?
- Bom ... – ela pensava calmamente no que iria dizer, embora soubesse qual seria a reação do policial – ela usava um manto negro como a noite que cobria por completo seu corpo, e era aberto na frente, de forma que suas pernas podiam ser vistas . Também usava um capuz, mas o que impedia seu rosto de ser visto era uma escuridão em seu rosto . E ela também estava armada com uma ... foice .
- Ah, sim . Havia me esquecido que vocês, superheróis, sempre lutam contra o “mal”. Por acaso ela também não tinha chifres ? Ou uma cauda ? Vejamos, de acordo com a sua descrição, você impediu que a morte atacasse aquele colégio ? Conta outra !
- Estou falando a verdade, e nada mais .
- Segunda a policial que a trouxe, vocês e seus “amigos” estavam brigando em uma área lotada de civis, utilizando seus truques, ou seja lá como chamam isso que fazem, a seu bel prazer . Eu não sei quem são ou o que são – ele joga seu corpo sobre e mesa e aproxima seu rosto do de Makoto – mas não permitirei que utilizem esta cidade para se divertirem, entendeu ? 
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Já haviam perdido o número de vezes que Maki havia repetido aquela música, fora as outras que ele cantava entre uma pausa e outra . Safion não dava a mínima, uma vez que aquela melodia desafinada não significava nada para ela, a não ser o fato de que concordava com Rei que aquele inseto barulhento deveria morrer . Já Rei ... intervenção divina era a única explicação plausível para ela não ter destruído aquilo tudo há muito tempo .
(Maki) – “Um, dois, três, quatro . Sailor Marte é um barato . Quatro, três, dois, um, ela dá ...
(Rei) – Vai morrer, seu porco chauvinista ! FOGO DE MARTE ...
Makoto, a qual estava retornando acompanhada de um dos guardas, coloca-se na frente de Rei e segura suas mãos, detendo a chama, ato esse que logo teve suas conseqüências : embora ainda estivesse no inicio, o golpe estava machucando sua mão, e a mesma já não estava totalmente recuperada depois do último ataque de Rei . Se não fizesse algo rapidamente, a chama iria crescer e provavelmente explodiria em sua mão, fato esse que, além de fazê-la perder um membro muito importante para seu corpo, acabaria por destruir o local por completo, levando-se em conta a última demonstração de poder dela . Era uma pena, uma vez que finalmente havia concordado que Maki deveria morrer .
- Vocês duas, parem de se acariciar ! E você de vermelho, venha comigo.
Finalmente havia chegado a vez de Rei . Nunca havia ficado agradecida por uma separação como havia ficado agora . Já de volta a sua cela, ela torna a olhar para Maki, o qual inexplicavelmente havia ficado em silêncio desde que Rei saíra .
(Makoto) – Você abusa muito da sorte .
(Maki) – Isso é uma ameaça ... ou uma proposta ? Sinto muito, mas você não faz o meu tipo .
(Makoto) – Continue brincando, pois você não me engana . Faz o tipo brincalhão, mas já percebi qual é a sua . Sua tática pode ter funcionado em Marte, mas eu não tenho essas limitações, lembre-se disso .
(Maki) – Você é bem mais interessante do que sua amiga e essa outra ai que não fala nada ... a propósito, o que ela é ? Não parece ser uma Sailor ...
(Makoto) – Esqueça-a . Não acha que já tem preocupações suficientes conosco ?
(Maki) – Pelo contrário, Sailor Júpiter . Vocês é que tem preocupações mais que suficientes conosco .
(Makoto) – Algum motivo em especial para essa implicância com Sailor Marte ? Não achou que eu acreditaria que uma pessoa com a idade que aparenta se comportaria feito uma criança simplesmente por que sim, achou ?
(Maki) – Tem certeza que você não é a Sailor do raciocínio e da inteligência ?
(Makoto) – Como sabe ... ?
(Maki) – Um passarinho me contou sobre vocês .
(Makoto) – Você conhece um pouco sobre nós ... que tal me contar sobre você ?
(Maki) – É muito forte, bonita e elegante, mas ... é uma péssima negociadora .
(Makoto) – Talvez você tenha razão, gostaria de fazer uma troca ?
(Maki) – Uma troca ? Olha ... eu sempre tive uma certa atração por mulheres altas e ... posso pedir qualquer coisa ?
(Makoto) – Nada indecente, obviamente .
(Maki) – Você cortou parte da diversão . Vejamos, o que pedir ? Que tal se desabotoasse a blusa ? Ok, Ok, não precisa responder . Um beijo já seria um ótimo começo, se estivéssemos juntos ?
(Makoto) – Você quer ... um beijo ? Bom, talvez fosse uma troca justa, se você não tivesse feito aquele escândalo todo para trocar de cela .
(Maki) – E com certeza você não poderia me dar um beijo para conseguir suas respostas, não é ?
(Makoto) – Por que está fazendo isso ?
(Maki) – Quer que eu responda ? Ora, caia na real ! Sabe que eu não a responderei . As coisas não são tão simples, e você sabe muito bem disso . Você tem a sua devoção, correto ? Fez um voto de lealdade às suas companheiras ... e eu fiz o meu .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Ela estava sentada numa cadeira, encostada numa mesa, da mesma maneira que Makoto . Mais do que isso, nada ali era uma surpresa para ela, uma vez que podia sentir todos os que estavam presentes, até mesmo os que estavam atrás do vidro . Saberia dizer com certeza quantas pessoas estavam do outro lado, o que estavam pensando a respeito dela, e tudo o mais que visse no pacote . Ela cria uma pequena bola de fogo, e fica jogando-a para o alto diversas vezes, brincando .
- Aham ... qual é o seu nome ?
- Leia na ficha se quiser saber .
Escuta aqui, moça – ele bate com a prancheta na mesa, embora mesmo assim não consiga que ela o encare – aqui sou eu quem faz as regras, e você vai cooperar, ficou claro ?
Ela ergue os olhos para encará-los, surpreendendo-o . Poderia parecer incrivelmente estranho, mas os olhos dela passavam-lhe uma sensação de medo jamais vista antes . Era como se ela estivesse prestes a pular em seu pescoço e destrinchar seus ossos .
- Glup ! Digo ... então, você se chama Sailor Marte ... pois bem, quer me contar o que foi que houve ?
- Uma criatura do mal estava atacando o bairro Juuban, e nós a detivemos ?
- Criatura do mal, é ? Isso me lembra as historinhas que a minha mãe me contava quando eu era criança . Agora, deixando as histórias de lado, que tal me contar o que realmente estava acontecendo, desde o principio ?
- Quer saber de tudo ?
- Sim . Não precisa se preocupar, temos tempo de sobra .
- Como preferir . Há muitos séculos atrás, num local chamado milênio de prata ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
(Makoto) – Não me importa seu voto de lealdade, apenas saber quais são os seus objetivos !
(Maki) – Você pergunta demais para alguém que aparenta estar com a situação sobre controle . Diga-me, por que não arrebenta essas grades e vem me pegar ?
(Makoto) – Pelo mesmo motivo que você não tenta escapar daí, ou estarei errada ? Ainda não me sai da cabeça como foi que você ficou preso dentro daquele tornado ...
(Maki) – Ao contrário de vocês, eu não tenho que agir como “bom moço” perante a sociedade . Esse é o problema de vocês .
(Makoto) – Quem foi que disse que eu sempre me comporto ? Só faço isso agora por que é conveniente . Não me subestime, Maki . A nenhuma de nós .
(Maki) – Você que me subestima . O que houve a pouco foi apenas um deslize, não pense que isso acontecerá novamente . Da próxima vez que nos encontrarmos, não terá tanta sorte .
(Makoto) – Preocupe-se em sair daqui primeiro, antes de declarar nosso próximo encontro, Maki . Sabe, eu estou curiosa sobre uma coisa, e espero que, dessa vez, me responda :  o que diabos é você ? É humano ? É um alienígena ? Um mutante ? Uma criatura criada para fins “obscuros” ?
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
O dia tinha sido bem estranho . Primeiro, teve que acordar cedo por causa de Akira . Oras, será que ele nunca ouviu falar em relógio ? Como alguém conseguia acordar tão cedo e não ter sono ?
Mas aquilo nem de longe era o pior . Depois de acordar e arrumar sua cama, ato esse com o apoio de Akira, ele tomou seu banho, tremendo de frio ao sentir a água gelada em seu corpo, se arrumou e pegou sua mochila, sentando-se a mesa para degustar seu desjejum . Mas algo estava errado, faltava alguma coisa . Sua mãe . Onde ela estava ? Sempre tomavam café juntos, sendo que ela sempre sentava na mesa antes dele . Então ... ?
Foi quando ela saiu do quarto . Estava arrumada, pronta para o serviço ... mas estava um pouco séria . Não havia dado aquele sorriso que ele tanto amava, tampouco elogiou-o pelo fato de ter “acordado” cedo, coisa que ela sempre faz quando ele acorda sozinho .
Podia ouvir agora a voz dela dizendo que era para ele ficar em casa, tomando conta de tudo . Só não entendeu por que Akira queria ficar no lugar dele ...
E o pior era que ela o proibiu de dormir novamente . E lá estava ele, sem nada para fazer . Por falta de coisa melhor, havia arrumado a casa toda, colocado a roupa para lavar . Talvez prepara-se algo para o jantar, embora algo lhe dissesse que sua mãe acabaria por fazer tudo de novo . Ora bolas, aquilo não parecia ser tão difícil, afinal de contas, ele já conseguia até colocar água para esquentar ! Mas nisso ele tinha que admitir que Akira era demais, já que sabia fritar ovo . Um dia ele ainda aprendia ...
Nisso, ele houve um barulho vindo da sala . Era um batida . Ao chegar até lá, percebeu que vinha da porta . Quem poderia ser ?
- Quem é ?
- Shin-kun, sou eu .
Ele não estava acreditando na voz que acabara de ouvir . Shin puxa uma cadeira, subindo nela e alcançando o olho mágico . Ao ver quem era, não teve dúvidas . Afastou a cadeira e abriu a porta na hora .
- Okaasan !!!
Sua alegria é tomada de uma surpresa quase que instantaneamente : Tão logo ele abre a porta, Minako adentra na casa, quase que despencando, andando mais um pouco e deixando seu corpo cair sobre o sofá .
- Okaasan ?????
Cansaço . Uma palavra que pode assumir diversos sentidos, mas expressava perfeitamente o que ela sentia naquele momento . Estava esgotada completamente depois do que fez . Tentava se mexer, mas seu corpo não obedecia aos seus comandos . Na verdade, sequer pensava em se mexer, uma vez que seu corpo clamava por um descanso . No entanto ...
Aquele cheiro . Não era de algo ruim, pelo contrário . Não tinha cheiro, mas ela podia sentir . Não tinha cor, mas era bela . Não tinha sabor, mas ela comprovaria que era gostosa . Ela pega o copo que lhe é oferecido e bebe toda a água que havia dentro dele, diminuindo o calor em seu corpo .
- Arigato, Shin-kun .
- De nada, Okaasan . Daijobu  ?
- Estou .
- A senhora chegou cedo . Onde está o Akira ? O que houve com as suas roupas ? Por que elas estão um pouco queimadas ? Por que ...
- Shin-kun ... mamãe está muito cansada e precisa descansar . Eu vou dormir um pouco e depois nós conversamos, está bem ?
- Sim .
Minako fecha os olhos, despencando em queda livre para o mundo dos sonhos pouco depois .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- ... e quando estávamos prestes a arrancar dela a verdade, surgiu uma ruiva que nos distraiu enquanto a mulher de preto fugiu, e depois o tal do Maki surgiu e garantiu a fuga da ruiva .
- Deixa eu ver se eu entendi direito, ok ? Quer dizer que são guerreiras reencarnadas de uma civilização destruída por uma bruxa que também ressuscitou, e antes dessa bruxa uma tal de Behelemia, ou seja lá qual for seu nome, amaldiçoou o reino, depois um tal de bicho silencioso apareceu e tomou o corpo de um cientista e de sua filha, por última a mais poderosa da raça de vocês apareceu e arrebentou com tudo, ai então vocês acabaram com ela, depois os ataques começaram novamente, e vocês surgiram para acabar com os bandidos ?
- Você misturou um pouco a ordens de alguns fatos, mas é por ai – e ela felizmente se lembrou de omitir alguns fatos dele, como os inimigos do futuro e sua participação na destruição do templo Hikawa ...
- Céus ... pra que gastar bilhões no programa espacial, se tudo o que precisamos está aqui ! Você é um raridade, um patrimônio da humanidade ! Podemos descobrir se já houve vida em Marte apenas perguntando para você ! Como não pensei nisso antes ? Sempre me vi como alguém que não deveria estar aqui, que pertencia a outro lugar  ! Agora está explicado, eu devo ter sido um homem importante em outra vida também ! E do jeito que a minha esposa adora mandar em casa, ela deve ter sido cleópata ! E a rebelde da minha filha deve ter sido a Joana Darc ! E o meu filho deve ter sido o John Lennon !
- Não importa se você acredita ou não ... mas isso é tudo o que eu tenho a dizer . E, sinceramente falando, já estou cheia . Ultimamente não tenho tido bons momentos – o globo na mão dela começa a pulsar como um coração e aumentar de tamanho – e estar aqui não ajuda em nada . Já salvei a cidade várias vezes, e não me agrada nem um pouco ficar aqui sendo interrogada . Se não vai me liberar, ótimo, mas não fique tomando meu tempo com perguntas cujas respostas não está preparado para ouvir !
- Esse troço não vai explodir, vai ?
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
(Makoto) – Olha só quem voltou ! Como foi, Rei ?
(Rei) – Tão bem quanto você, eu imagino . É a sua vez, garota .
Safion sai da sala, acompanhando o guarda .
(Rei) – Acho que não foi prudente deixá-la ir .
(Makoto) – Não se preocupe, ela não vai matá-lo .
(Rei) – Ele disse alguma coisa ?
(Makoto) – Nada de útil . Mas nós resolvemos isso, não é mesmo ?
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- E você, o que tem a dizer ?
- ....
- Não vai responder ?
- ....
- Responda quando eu falar com você !
- ....
- Escuta, sua – o homem agarra o braço de Safion, mas a mesma o agarra com o outro braço e o joga por cima da mesa, fazendo surgir sua espada e encostando-a no pescoço dele .
- Não encoste em mim . Prometi que não iria matá-los, mas não disse por quanto tempo . Ficou claro ?
- AAAAAAHHHHHH !!!!
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
(Rei) – Acho que não foi uma boa idéia ...
Instantes depois, Safion é trazida de volta, sendo escoltada por cinco policiais .
(Rei) – Agora nós teremos problemas !
(Safion) – Ele me ameaçou e eu apenas reagia a altura .
(Makoto) – Você o matou ?
(Safion) – Não, apenas dei-lhe um susto . Hunf, e ainda ficou com a minha espada !
(Rei) – Sua espada ... onde ela estava guardada ?
(Safion) – Não é uma simples arma, mas uma arma mágica . Ao meu comando, ela se une ao meu espirito, ficando ali até ser convocada . Eles vão ter uma surpresa quando ela sumir da mão deles daqui há pouco ....
(Makoto) – Acho que agora é a vez de Maki ... hã ?
O policial abre a cela de Makoto, chamando ela e Rei . Ambas seguem-no, imaginando o que ocorreria .
- Você fica – diz ele apontando para Safion – está presa por agressão !
(Makoto) – "timo, era só o que faltava !
(Safion) – Não se preocupe . Eu saio daqui, de um jeito ou de outro . Depois que reaver minha arma, retornarei para meu lar . Foi um prazer trabalhar com você, Sailor Júpiter, apesar dos problemas que sua parceira nos causou . Quem sabe voltemos a trabalhar juntar, um dia .
(Makoto) – É, quem sabe . Vamos, Marte .
Ambas saem da área onde ficavam os presos, dando de cara com o salão principal da delegacia . Para sua surpresa, não estava tão vazia quanto imaginavam, pelo contrário, estava lotada de pessoas !
(Rei) – As coisas encheram por aqui, não acha ?
- Podem ir, estão livres .
(Makoto) – Livres ? E como foi que esse milagre aconteceu ?
- Todas essas pessoas que estão vendo seguiram a viatura e prestaram seu depoimento sobre o ocorrido, e todos disseram que vocês protegeram aquelas crianças e o bairro . Sinceramente, eu acho toda essa história muito estranha ... mas bom trabalho . Como policial, é meu dever zelar pelo bem estar de todos, ricos e pobres, de todas as classes . Um dia ainda descubro quem vocês realmente são, mas até lá ... procurem não criar muita confusão . Não saiam por ai, pois do contrário haverá a maior confusão na delegacia . Saiam pelos fundos ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
(Rei) – Consegue acreditar nisso ? Aquele idiota ficou me interrogando como se eu fosse uma criminosa !
(Makoto) – Talvez ele tenha razão, Rei . Aliás, ele tem um pouco de razão quanto a isso .
(Rei) – Está brincando, não é ?
(Makoto) – Negativo . Deter Death e Maki é função dos defensores da lei, os policiais . Nós somos apenas um bando de intrometidas que ajudam da maneira que podem . Mesmo fazendo sucesso entre as pessoas, ainda assim é como se fossemos criminosas .
(Rei) – Mas nós protegemos aquelas pessoas !
(Makoto) – Ameaçamos suas vidas, você quer dizer . Eu estourei algumas lâmpadas e você derreteu alguns fios, da próxima vez pode ser pior se você não se controlar mais .
(Rei) – Espera um pouco – Rei segura Makoto pelo braço, encarando-a – que papo é esse ? Por que ficou assim, de uma hora pra outra?
(Makoto) – Pense, Rei . Não te passou pela cabeça que talvez tenhamos nos tornado tão poderosas que uma simples manifestação de poder pode destruir mais do que salvar ?
(Rei) – Você acabou não me dizendo nada com isso . Vai me dizer ou não o porque disso ?
(Makoto) – Se não consegue entender por si própria, acho melhor deixar que aprenda sozinha . Só saiba que isso não vale apenas para nós .
(Rei) – As vezes você é tão estranha !  Quer saber ? Dane-se ! Não vou ficar perdendo o meu tempo aqui com essas bobagens . Isso tem alguma coisa a ver com Akira ? Esse papo de controle não é alguma desculpa para falar sobre ele ?
(Makoto) – Quem sabe ?  Cada árvore gera os seus frutos ... deixa pra lá, ele finalmente saiu .
(Rei) – Tão rápido ? Mas eu pensei que ...
(Makoto) – Ele não foi interrogado . Vem comigo .
Makoto sobe em uma arvore e vai escalando-a até o topo, ato esse repetido por Rei . Elas permanecem em silêncio, aguardando pacientemente, até que ...
(Rei) – Vamos segui-lo ?
(Makoto) – Não sei, ele deve saber que estamos por perto e ... eí, veja aquele carro !
Um carro azul dobra a esquina e para próximo a delegacia, sendo que Maki se aproxima do mesmo . Ao chegar perto dele, o vidro do carro se abaixa . No entanto o rosto do motorista não era possível de se ver, uma vez que a arvore onde Makoto e Rei estavam não estava virada para o lado do vidro que se abaixou .
(Maki) – Ora, ora, ora ... que bons ventos os trazem, “My lord” ? Vejo que cumpriu sua promessa ... mas não achei que estava falando sério quando disse que viria me buscar !!!
(Seo) – Eu  sempre cumpro minhas promessas .
(Maki) – Sempre soube da sua influência, mas não imaginei que conhecia alguém por aqui .
(Seo) – Eu telefonei para o chefe do departamento de policia . Ele foi bastante razoável ao te libertar . Não foi difícil convencê-lo de que você era um dos meus professores e que foi acusado injustamente . Entre .
(Maki) – Só tem um problema : as Sailors me acompanharam até aqui para me interrogar, e saíram antes de mim . Acho que elas não desistiram .
(Seo) – Sim, eu sei . Elas estão na copa dessa arvore que está a sua frente .
(Maki) – As vezes você me assusta . Por que não me ensinou a fazer esses mesmos truques que você ?
(Seo) – Eu tentei, lembra-se ? Mas você nunca foi um bom aluno .
(Maki) – Eu sempre me contentei com os meus dons, se quer saber .
(Seo) – Os quais acabaram por colocá-lo em problemas . Usou aquele seu poder, não foi ? Eu disse para não usá-lo, pois sabia que acabaria causando-lhe problemas .
(Maki) – O que me espanta mais ainda é a sua calma . Esse poderzinho irritante salvou a sua filha, se quer saber . Talvez eu devesse usá-lo para garantir nossa fuga, sabe .
(Seo) – Se usá-lo, posso até imaginar o que acontecerá . Enquanto fugimos, um dos pneus se solta do carro e atinge um poste, o qual atinge um posto de gasolina que explode e incendeia tudo e a todos, inclusive nós . Faça um favor a mim e a si mesmo, decepe os dedos, assim não nos colocará em mais confusão e eu não terei que ouvir novamente esse nome que você inventou . Acho que foi de você que Naru pegou essa mania de dar nome aos seus golpes . E pelo visto ela pegou seu mal gosto também .
(Maki) – Mas que culpa eu tenho ? “Estalo do Acaso” soa tão legal  !
(Rei) – Consegue ouvir alguma coisa ?
(Makoto) - Hã-hã . Melhor esperarmos um pouco .
(Maki) – Ei, o que pensa que está fazendo ? Elas vão te ver e ...
Ignorando as palavras de Maki, Seo abre a porta do carro e sai . De onde estavam, Rei e Makoto vislumbram um homem alto, corpulento,  de cabelos negros e curtos e calvo na frente . Não sabia dizer a cor de seus olhos devido a distância, mas podia sentir que ... que ... havia algo errado . Simplesmente por que ...
(Rei) – Nada .
(Makoto) – Percebeu ?
(Rei) – Sim . Eu ... eu não consigo sentir nada vindo dele . Nenhum poder, nenhuma energia, sequer seu espirito . Não sei se ele realmente tem algum poder mas, se tiver, eu não consigo senti-lo de maneira alguma !
(Seo) – Sailor Marte e Sailor Júpiter ... até quando irão ficar escondidas ?
Aquilo as assustou, simplesmente por que estavam no topo de uma arvore de mais de oito metros e haviam ouvido a voz dele, sem que ele sequer gritasse .
Rei salta da arvore e cai próxima ao carro, encarando-o . Por alguma razão que não sabia explicar, sentia calafrios ao se aproximar dele . Já Makoto salta e cai atrás dele e de Maki, encarando-o . Ele sequer olha para trás .
(Rei) – E você, quem é ?
(Seo) – Recuso-me a responder a perguntas desse tipo . Quero apenas dizer uma coisa :  não se metam no meu caminho . Não quero arrumar confusão com vocês, mas não permitirei que me atrapalhem novamente, ficou claro ?
Ela cogita a hipótese de sondar a mente dele, mas a simples lembrança do que houve há pouco a mudar de idéia .
(Rei) – É muita arrogância da sua parte vir até aqui para nos dizer isso . Acha mesmo que vai escapar ?
(Seo) – Sim, eu vou, e vocês não farão nada . Ou querem arrumar problemas com a policia ? Não seria algo bom para a imagem de vocês se matassem um homem como eu em frente a uma delegacia de policia .
Seo entra no carro, acompanhado por Maki . Ele liga o motor, afastando-se lentamente daquele local .
Já Makoto, a qual havia ficado calada durante toda aquele tempo, estava pensando sobre o que acabou de ocorrer . Não sabia quem era aquele homem, mas de uma coisa tinha certeza : era alguém muito esperto . E perigoso, uma vez que sabia sobre o passado delas . Ele já havia planejado isso desde o principio, pensava . Sabia que não iriam atacá-lo naquele lugar . Sabia que o código de honra delas não permitia tal coisa .
Felizmente(?) para ela, Rei não pensava assim .
Furiosa com o que estava acontecendo, ela vai saltando atrás do carro . Ao perceber isso, Seo aumenta a velocidade, sem no entanto conseguir despistá-la .
Makoto, convencida de que nada faria Rei mudar de idéia, segue-a . De certa forma, ela até que gostou da reação de Rei, pois assim teria uma justificativa pra ir atrás de Maki . Por mais que tentasse agir dessa forma, sabia que tipos como Maki não seguiam as regras da sociedade e se aproveitavam delas para seu próprio beneficio .
(Makoto) – Quer saber ? Cansei de bancar a boa moça ! Rei, me espera !
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Tia Amy !!!!
- Ninguém mandou você ficar se metendo em brigas no meio da rua . E da próxima vez, trate de obedecer sua mãe !
Ele engole a seco os comentários dela . Estava com uma tala no braço direito, um faixa na cabeça um curativo no rosto . Ele tentava se mover, mas os ferimentos acabavam por fazê-lo mancar .
- E agora ?
- Agora ? Agora ... agora ... hmm – Amy olha para Akira, reparando em seu uniforme escolar – rapazinho, não deveria estar na escola ?
- Ops !
- “Ops” ? Sabia que nós não perdíamos uma aula sequer nem mesmo por causa de nossos inimigos ?
- Mas ...
- Sem “mas” . Vou te levar pra escola já !
- Mas eles devem ter interrompido a aula por causa da luta !
- É o que nós vamos descobrir . Vamos ver o que Minako acha disso ...
- Ela saiu da sala antes da luta começar !
- O que foi que eu perdi, afinal de contas ?
- Okaasan e tia Rei estavam dando uma surra num bicho de preto ! E umas pessoas ainda as ajudaram !
- Rei ? Você disse Rei ?
- Sim !
- Vamos sair daqui . Se conheço Minako, ela não voltaria para a escola depois de toda essa confusão . Acho que sei aonde ela está ...
- Mas e tia Rei ?
- Makoto está com ela, ela vai saber o que fazer . E espero que ela consiga segurar o mau humor de Rei ...
 *     *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
(Maki) – Engraçado como o engarrafamento sumiu, não acha ? Nosso policiais devem ser muito competentes !
(Seo) – Criar um engarrafamento não é muito difícil, e sim mantê-lo .
(Maki) – Ah, então foi você quem fez isso, não foi ?
(Seo) – Não seria uma boa idéia ter a policia se intrometendo . Já nos bastam as Sailors .
(Maki) – Mesmo ? Tem certeza de que não era pra que ninguém mais se aproxima-se do local e se ferisse ?
(Seo) – O que está insinuando ?
(Maki) – Ora, Seo, não me venha com ess ... cuidado !!!
Maki toma o volante da mão de Seo e joga-o para a esquerda, escapando por pouco de uma bola-de-fogo que vinha em sua direção .
(Maki) – Ufa ! Essa foi por pouco ! Que tal ajudar um pouco, hein ?
(Seo) – É difícil se concentrar e dirigir ao mesmo tempo . Se você puder me fazer o favor de largar o volante, eu agradeço .
(Maki) – Como quiser, “Senhor” .
Makoto estava bastante preocupada . Rei não estava no limite do ódio, mas estava bem perto, uma vez que estava abrindo fogo contra o carro, numa rua movimentada ... ? Pensando bem, onde estavam os carros ? A rua estava praticamente vazia, por assim dizer . Ignorando essa lógica por alguns instantes, a sua preocupação aumentava . Se continuasse assim, Rei acabaria destruindo algo importante ...
... ou talvez não . Embora não parecesse, Rei estava mirando o alvo com precisão . Atirando pequenas bolas de fogo, ela fazia com que elas explodissem pouco antes de atingir o carro, o que acabaria por detê-lo mais cedo ou mais tarde .
(Maki) – Seo, faça alguma coisa !!!!
(Seo) – Calma, a sacerdotisa não deseja nos matar . Pelo menos, por enquanto .
(Maki) – Temos que ser mais rápidos que isso, Seo ! Caso não tenha percebido, ela pode pular de um prédio para o outro, coisa que seu carro não faz !
(Seo) – Estrutdesaz Ratuniorew ... Cridowan !!!!
Inexplicavelmente, o carro seguia tranqüilamente, como se não estivesse sendo atingido pelas explosões . Problemas .
- Problemas, Rei ? – perguntava Makoto, enquanto saltava de prédio em prédio atrás dela .
- De uma hora pra outra ...
- Eu sei, eu vi . Tem certeza de vale a pena fazer isso ?
- O que quer dizer ?
- Veja bem ... seja lá quem for esse sujeito, não creio que seja alguém muito importante, uma vez que se arriscou muito para vir até aqui, não acha ?
- Muito importante ... Desgraçado !!!
Rei salta e cai no meio da rua, dando saltos em direção ao carro . Eis que ela dá um salto maior que os anteriores, avançando rapidamente em direção ao carro .
(Maki) – Seo ... acelera !
O comentário era válido e muito importante, uma vez que ele estava acompanhando a trajetória de Marte . Havia visto ela saltar e, mais importante, havia visto a sombra dela se projetar à frente do carro . Maki pisa no pedal, aumentando a velocidade e escapando de Rei ... ou quase .
Maki olha para trás, bem a tempo de ver Rei unir as mãos, disparando em seguida . A primeira vista não parecia ser um golpe tão poderoso assim, apenas uma bola de fogo pequena . No entanto, a medida em que a bola se aproximava, ela ia aumentando cada vez mais . Há poucos metros do carro, a bola já estava do tamanho do carro !
(Maki) – AAAAAAHHHHHHH !!!!!!
(Seo) – Mandeturita gozuta .... dandi !!!!
O carro se ergue em pleno ar, fazendo a bola de fogo gigante passar por debaixo dele e seguir em frente .
(Maki) – Belo truque . Poderia me explicar agora como pretende destruir o globo ?
O comentário dele vinha do simples fato de que o globo estava parado logo a frente do carro, pronto para ser atingido . Seo gira o volante, entrando na primeira rua que encontra, escapando do globo .
(Makoto) – Hmmm, belo truque, Rei .- Makoto se aproxima e toca no globo, sem sofrer uma queimadura sequer . Embora grande, ele era tão quente quanto um banho de Sol . Rei estala o dedo, fazendo o globo se apagar como a chama de uma vela .
(Rei) – Sua vez . Não deixe esse sujeito escapar . Não permita .
(Makoto) – Algo que eu não saiba ?
(Rei) – Sim .
(Makoto) – Considere feito .
Ela olha para frente, vendo o carro de Seo . Havia entrado em uma rua estreita, a qual impedia grandes manobras . Sim, era perfeito .
Makoto começa a correr, tendo em vista seu alvo . Em um rápido movimento, ela flexiona os joelhos e salta de maneira espantosa, lançando seu corpo vários metros à frente . Devido a velocidade na qual se movia e a maneira que seu corpo estava, um observador qualquer diria que ela estava voando .
(Seo) – Essa não ... – as únicas palavras de Seo, instantes depois de ver Makoto pousar poucos metros à sua frente .
(Maki) – O que foi ? Passe por cima dela !
(Seo) –Duvido que isso funcione ... quem sairia mais machucado seriamos nós ...
Seo vai freando conforme anda, para a surpresa de Maki . Este, indignado com o que ele estava fazendo, toma o volante das mãos de Seo e aperta o acelerador no máximo . Uma grande idiotice, Seo pensa . Ele avança contra Makoto, a qual simplesmente estica a perna contra o carro, parando-o bruscamente . Com a parada brusca, o Air Bagg de Seo se aciona e o protege de um ferimento maior . Maki, no entanto, não tem tanta sorte, visto que, ao conseguir levantar o rosto do painel do carro, estava com um galo enorme na testa e o nariz sangrando .
(Seo) – Eu disse para não fazer isso . E depois, nós já estávamos indo em uma velocidade bem baixa . Não tinha como passar por ela . Sorte nossa que estávamos indo devagar, do contrário teríamos sido arremessados para fora do carro .
(Maki) – Ai .... mas que ... isso não é um Sailor, é uma jamanta ! Como se faz pra matar uma coisa dessas ?
Ambos olham para frente, encontrando o olhar inquisitor da Sailor . Seja o que fosse, não estava para brincadeira . Pela primeira vez, Seo olha fundo nos olhos de Makoto . Podia perceber claramente que os olhos dela havia mudado . Ainda eram os mesmos olhos que as guerreiras lunares pertenciam há anos atrás, mas estava diferente .... estava mais ... maduro . Com certeza elas devem ter passado por muitas coisas durante esse período .
O olhar intimidador de Makoto não surtia o menor efeito em Seo, o que não era o caso de Maki, o qual estava se borrando de medo . Sua preocupação com sua saúde aumenta ainda mais quando ela, com apenas um soco, amassa o capo do carro, fazendo cessar o barulho do motor .
(Maki) – Glup !
(Seo) – Não se preocupe, eu providenciarei uma fuga .
(Maki) – Quer parar de falar isso ? Eu falei pra você não vir atrás de mim !
(Seo) – Você anda muito nervoso, Maki . Por acaso tenho que lembra-lo de que não é mais um adolescente ? Ou será que sua idade é apenas física ?
(Maki) – Seo, se você conseguir nos tirar daqui, eu te dou um beijo !
(Seo) – Guarde seus beijos para os outros, por favor . Agora, se me dá licença ...
(Maki) – Se tem uma coisa que me irrita é a sua calma .
(Makoto) – Vai a algum lugar ? – ela pergunta, enquanto Seo sai do carro .
(Seo) – Na verdade ... Anshritetitetyu Hejiry Andaritana ... TO !!!
(Maki) – Seo, eu te amo !
Rei chega, bem a tempo de ver Maki afundar dentro do carro . Ela se aproxima, constatando que, de alguma forma que ela não conseguia entender, aquilo não era um simples truque . Pouco depois dele desaparecer, ela olha para debaixo do carro, constatando que ele não estava ali .
(Rei) – Sabe, isso já está ficando irritante .
(Makoto) – Poderia anotar isso ? Primeiro trocamos aquela mulher pela ruiva, depois por Maki, e agora por esse daí ?Começo a crer que nunca poderemos escapar de nossa sina .
(Rei) – Isso não importa, por que dessa vez tiramos a sorte grande . Ao não ser que eu não esteja enganado, você é o líder, não é mesmo ?
(Seo) – O que te dá essa certeza, senhorita Hino ?
(Makoto) - ??????
(Rei) – Então era verdade . Custei para acreditar nisso, mas vejo que Mercúrio tinha razão . Parece que os nossos inimigos aprenderam a somar, uma vez que somaram um e um  e descobriram que dava dois .
(Seo) – Não foi difícil descobrir quem morava naquele lugar . Vocês não são tão boas assim para manter um segredo .
(Makoto) – É verdade – Makoto coloca o braço sobre o carro, ficando em frente a Seo – mas acontece que os tempos mudam, e você não está enfrentando guerreiras inexperientes . Diga-me, por que veio até aqui ?
(Seo) – Um tanto óbvio, não acha ? É minha obrigação proteger os meus .
(Rei) – Proteger os seus ? Seu assassino, como tem coragem de dizer uma coisa dessas ?
(Seo) – E você, como tem coragem de negar isso ? Por acaso nunca mataria para proteger os seus ? Não vejo muita diferença entre nós, senhorita Hino .
(Makoto) – Eu o mataria, não por prazer, mas por obrigação . Gente da sua laia não tem o direito de continuar vivo .
(Seo) – Quer dizer que agora  nós mudamos de assunto ? Não estamos mais levando as coisas para o lado pessoal, e sim para o lado profissional ? Diga-me, Sailor Júpiter, obrigação com quem ? Com a sua princesa ?
(Rei) – Hã ? Como é que você ...
(Seo) – Sei muito mais sobre vocês do que imaginam, guerreiras lunares .
(Makoto) – Belas palavras, mas isso não muda nada . Sailor Marte, você disse que ele é o líder ? Se for, então é o responsável pela destruição do templo Hikawa e por toda a destruição gerada no centro de Tóquio .
(Seo) – Foi você, não foi ? Foi você quem matou Yuji e Aruma, não é mesmo ?
(Makoto) – Eles tinham nome ? Bom, que diferença faz, já que coisa ruim tem que morrer ? A propósito, não que isso importe na altura dos fatos, mas eu eliminei apenas um deles . O outro foi aniquilado pelo seu próprio parceiro .
Ele realmente ouviu isso ? Pelo estado no qual o corpo de Aruma foi encontrado, não foi difícil deduzir que ele havia sido a vitima de Júpiter . Quer dizer então que Aruma matou Yuji ? Por que ?
(Seo) – E Yosho ?
(Rei) – Quem é esse ?
(Seo) – Não importa mais . Não tenho mais tempo para perder com vocês duas .
(Makoto) – Não ouse se mover, do contrário ...
(Seo) – Do contrário ... ? O que vai fazer ? Me matar ?
(Makoto) – Não duvide !
(Seo) – Pois essa eu quero ver . Vamos, ataque-me . Você tem a vantagem, eu não vou reagir . E então, não vai fazer nada ? Não consegue matar um homem a sangue frio, Sailor Júpiter ?
(Rei) – Eu não posso matar um homem a sangue frio, mas posso matar uma animal como você . Você vai sofrer toda a fúria da princesa de Marte !
Foi a primeira vez que Seo desfez sua postura calma .
(Seo) – Princesa ? Sua tola ! Quem você pensa que é para dizer isso ? É verdade que houve uma princesa e um reino, mas sem sombra de dúvida não é você ! Chego a ter pena de vocês, tolas sonhadoras lutando por um ideal inexistente ! Anshritetitetyu Hejiry Andaritana ... TO !!!
De forma igual a anterior, Seo estava afundando no chão . Mais do que isso, parecia estar entrando em sua própria sombra . Makoto e Rei tentam agarrá-lo, inutilmente, uma vez que suas mãos atravessam-no, como se ele fosse uma sombra, até que ele some por completo no chão .
Aquilo foi demais para Makoto . Tudo o que havia passado, tudo o que havia sofrido ... tudo isso para NADA !!! A ajuda dos Youmas, o combate com Death, a prisão, a perseguição ... a confusão no centro, o destruição do templo, Megumi ... simplesmente nada . Em um período de poucas horas estiveram diante de quatro de seus inimigos e desperdiçaram por completo aquela chance .
(Makoto) – DROGA !!!! MAS QUE DROGA !!! – Makoto dá um soco com tanta força no carro que amassa seu capo ; não satisfeita, ela descarrega toda a sua frustração no veículo . Tamanha é sua força que em poucos segundos restava apenas um monte de metal retorcido no meio da rua . MAS QUE DROGA, POR QUE É QUE AS COISAS NUNCA PODEM DAR CERTO PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA ? SERÁ QUE TEREMOS QUE VOLTAR A AGIR COMO ANTIGAMENTE, ESPERANDO QUE O PIOR ACONTEÇA PARA AGIRMOS ... Rei ?
Ela se vira, bem a tempo de ver Rei ... chorando . Não um choro barulhento, mas silencioso . E cheio de soluços . Ela se aproxima, tocando em seu ombro, ato que faz com Rei afaste sua mão, mas ela torna a colocá-la novamente .
A vida podia ser muito cruel, e quem disse que os vilões pegam leve ? Estavam no meio da rua, de mãos abanando . Não haviam conseguido nada, simplesmente nada com tudo o que aconteceu . Makoto puxa Rei para seu ombro, e ela desaba em um choro silencioso . Silencioso, mas cheio de lágrimas . Ela podia sentir a dor e raiva da amiga atingindo-a a todo momento . Queria ter uma palavra de consolo, queria poder dizer algo para consolá-la, mas não podia . Imaginava-se em uma situação parecida, e odiava saber que agiria de igual forma . Pobre Rei . Havia passado por tanta coisa, e agora estava só . De todas, ela provavelmente era a que tivera a vida mais difícil . Havia saído do templo para viver uma aventura com o namorado, discutindo feio com seu avô . Tempos depois, estava de volta, e com uma bagagem extra . Ele a havia aceitado de volta, sem acusá-la ou interrogá-la . Havia aceitado a neta pródiga, de braços abertos . Os primeiros meses haviam sido tensos, uma vez que ela queria se abrir por completo com ele, mas não tinha coragem para fazê-lo . Não conseguia dizer o que sentia, como estava arrependida . Havia dito isso antes, mas não da forma que gostaria de ter dito, justamente por que doía lembrar da briga que tivera com ele . Tivera ela feito isso . Tivera ela tido coragem para dizer ao seu querido avô, aquele que a criara desde pequena, tudo o que estava guardado dentro dela . Tivera coragem para dizer o quanto sentia pela briga, o quanto sentia falta dos tempos em que ele vivia pegando no pé dela, não por implicância, mas por amor ao próximo . Tivera feito isso ... mas não a fez, podendo apenas se arrepender . Tantas primaveras já haviam se passado para aquele ente querido, e a última que ele veria já havia passado . O tempo de vida daquele ancião havia chegado ao fim, simplesmente por que seu organismo havia cumprido seu tempo de funcionamento . Estava só . Teria que criar sua filha sozinha, preocupar-se se estava fazendo as coisas corretamente, se estava preparando da melhor forma . E se não estivesse, essa era uma dúvida que fervilhava dentro de si diante de cada passo dela .
Mas o sofrimento tinha suas recompensas . Seus primeiros passos, seu primeiro sorriso, seus trabalhos escolares, o dia em que ela retornou para casa, orgulhosa por ter lido usa primeira frase corretamente ...
Agora não havia mais nada . Para todos os efeitos, Hino Rei estava morta, restando apenas Sailor Marte .
(Makoto) – Eu ... eu sinto muito, Rei .
Sua transformação reverte, enquanto ela continua chorando . Vendo que não havia ninguém por perto, Makoto também reverte, continuando a amparar Rei .
Eis que, então, acontece .
(Makoto) – Eu ... me desculpe, Rei . Não vai adiantar de nada, mas eu também estou muito triste por Megumi . Sempre soube que nossos filhos acabariam sendo afetados pelas decisões que tomamos no passado, mas não esperava que ... gcccccc !!!!!
Makoto tomba no chão, gemendo . Pior do que isso, seu corpo estava tremendo no chão, enquanto ela agonizava .
(Rei) – Makoto !!!!
Rei tenta acudir sua amiga, em vão . Seu pulso, seu coração ... tudo estava normal . No entanto, ela ainda gritava enquanto se debatia, como se estivesse sofrendo de um mal aterrador . Como ou por que, ela não sabia, apenas sabia que os gritos de sua amiga aumentavam cada vez mais, preocupando-a . Aquilo parecia ser impossível, pois se ela não havia gritado durante a luta anterior, o que a faria gritar agora ???
(Makoto) – Arrrggghhh !! Da-dagaccccc !!! AAAAAAHHHH !!!!
O desespero de Rei aumentava cada vez mais, enquanto ela tentava entender o que estava acontecendo . Makoto estava com algumas queimaduras leves, o que a fez deduzir que não podia ser aquilo . Com seu organismo, ela se recuperaria rapidamente daquele ataque . Mas o que ? O que estava causando aquela agonia em sua amiga ?
Seus gritos e gemidos aumentavam, e eram cada vez mais assustadores . Um terror enorme tomava conta de Rei, enquanto ela assistia sua amiga sofrer cada vez mais, se poder fazer nada .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Ela estava cansada, e muito . Se pudesse, dormiria pelo resto do dia . E não era pra menos, considerando o esforço que havia feito . Isso por que não havia apenas desfeito aquele globo imperceptível que cobria o bairro, mas impedido que outro fosse feito . Tamanho é o seu cansaço, que ela sequer houve o barulho que vem de uma gaveta que estava em uma estante, a qual ficava na sala .
Shin, curioso com o que seria aquilo, sobe numa cadeira e abre a porta mais alta do armário, encontrando apenas potes de comida . Ao abrir o mais suspeito de todos, vê apenas farinha . No entanto, o barulho vinha dali . Ele enfia a mão dentro do pote e começa a remexê-lo, até que toca em algo . Um relógio .
Descendo do local, ele começa a analisar o que havia achado . Por mais que tentasse, não conseguia fazer o barulho parar . Até que, de tanto apertar os botões, uma imagem aparece no relógio .
- Hã ? Quem é você ?
- Alguém, por favor ... socorro  ! Qualquer uma que estiver me ouvindo, ajudem-me ! Por  favor, me ajudem !
Shin corre até Minako, a qual dormia profundamente no sofá .
- Mãe  ! Mãe ! Mãe ! Mãe ! Mãe ! Mãe ! Mãe !
- O que foi ? – dizia ela, visivelmente irritada .
- Tem uma mulher no seu relógio !
Minako se levanta na mesma hora e toma o relógio da mão de Shin, assustando . Era Rei, e parecia muito assustada .
- Rei, é a Minako . O que houve ?
- Por favor – Rei estava em prantos – mais um, não ! Já basta de morte ! Makoto está caída no chão, e não para de gritar ! Ela está agonizando, e eu não posso fazer nada ! Nada !
- Você disse ... agonizando ? Rei, traga-a, onde vocês estão ?
- Estamos há poucas quadras de Juuban, Makoto não vai agüentar muito tempo !
- Transforme-se e traga-a até aqui . Desligando .
A imagem de Rei some do relógio, enquanto que Minako colocá-lo no sofá .
- Shin, onde você pegou isso ?
- No alto do armário, Okaasan .
- Eu não disse para você não tentar alcançar lugares altos ?
- Mas ... mas ... aquilo estava apitando bem alto, e eu não queria que a senhora acordasse !
- Oh ! Me desculpe, meu bem . Eu acabei me irritando com você sem o menor motivo .
- Quem era ela, Okaasan ?
- Era uma amiga minha, Rei . Ela é a mãe de Megumi .
Nesse exato momento, algo piscou na mente de Minako : Shin não conhecia Rei . Ou melhor, não se lembrava muito bem dele, visto que não haviam se visto muitos vezes . Logo, aquela mulher era uma completa desconhecida . Felizmente, Shin estava mais preocupado em saber que era ela do que em descobrir de onde aquele relógio havia vindo ...
Exausta, ela torna a encostar a cabeça no sofá, cochilando rapidamente . Alguns minutos . Apenas alguns minutos . Para muitos, poderia parecer uma pessoa insensível, mas precisava se recuperar e, em seu estado atual, não poderia fazer nada por Makoto .
Talvez até pudesse, se resolvesse erguer sua caneta e se transformar . Infelizmente para muitos, mas não para ela, aquilo já não era mais possível .
Simplesmente por que ela se recusava a fazer isso . A mulher de negro, Makoto ... preferia se esgotar, chegando ao ponto de quase morrer, ao invés de utilizar sua caneta, justamente por que não queria ter que se transformar em Sailor Vênus nunca mais .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Uma sombra se ergue bem no meio de uma sala, até que toma a forma de Seo .
(Maki) – Achei que ia demorar mais .
(Seo) – Esse tipo ...
(Maki) – Não comece com esse ar de professor ! Que história foi essa de ir até lá, Seo ? Por acaso enlouqueceu ? Você não pode morrer !
(Seo) – Todos tem a sua hora, Maki . E a morte sempre cobra o seu tributo, mais cedo ou mais tarde . Ela não tem pressa, mas você não poderá pendurar a conta para sempre .
(Maki) – Não com você .
Maki empurra Seo, o qual dá alguns passos para trás e cai no sofá . Maki havia enlouquecido, só podia . Ou melhor, seu nervosismo havia chegado ao limite . Embora na maior parte do tempo fosse uma pessoa que mantesse uma postura nem um pouco séria, as vezes ele perdia o controle e ficar na frente dele não era uma boa idéia . Estava na hora dele aprender uma lição, já que ele não era uma pessoa qualquer para Maki fazer isso . Seo se levanta, pronto para acertar Maki, quando o mesmo segura seu punho e aproxima-se dele, encarando-o .
(Maki) – Não ouse morrer, cara . Você é especial, tem uma grande missão . E eu não estou me referindo a nossa anfitriã, mas a todas as crianças que você reuniu . Puxa, cara, olhe em volte e preste atenção nas pessoas que te cercam ! Você não pode ficar se arriscando assim !
(Seo) – Não ouse questionar minhas ações, Maki ! O que um arruaceiro como você entende disso ? Quando te encontrei, não passava de um garoto brigão que destruiria o primeiro bar que encontrasse apenas por diversão ! E até hoje é assim ! Já perdi a conta de quantas vezes eu já tive que te ajudar !
(Maki) – E a Yosho, não é mesmo ?
Aquilo doeu em Seo .
(Maki) – Não me compara a ele, Seo . Só por que eu te criei muitos problemas no passado, não é motivo para você me culpar pelo que houve com o garoto . Ele sempre foi irresponsável, mesmo estando sobre a sua tutela desde que nasceu . Eu é que já perdi a conta do número de vezes em que o recolhi de becos imundos, fedendo a álcool . Era inevitável que algo assim acontecesse com ele, encontrar com as Sailor foi inevitável . Por que essa cara ? Como eu sei que foram as Sailors ? Eu andei verificando o local e encontrei algumas pedras de gelo bem resistentes, as quais levaram dias para derreter, igualzinho as que você encontrou .Mas a questão não é essa . Essas crianças te admiram, te adoram, te amam ! Elas podiam estar ai, espalhadas pela rua assaltando bancos, mas você as salvou . Poderiam já estar mortas há muito tempo por causa de um encontro com as Sailors, o que acabou acontecendo, mas por motivos diferente . Não pode ficar se culpando para sempre pelos que morreram, tem que pensar nos demais também ! Tem idéia do que os mais velhos vão pensar quando souberem que você perdeu a vontade de educá-los e deixou os mais novos de lado ? Olhe para esta criança aqui, Seo, e contemple sua obra . Ela é bem forte, ela me supera  em várias habilidades, mas não por que tem esse dor, mas por que ama você ! Olhe para ela, e perceba no que ela se transformou . Podia estar vendendo bala no ponto de ônibus, podia estar roubando, se prostituindo ... mas, ao invés disso, está fazendo Jornalismo na Universidade de Tóquio, não por que você é o Reitor, mas por que ela se esforçou para não decepcioná-lo . Tudo o que nos cerca irá acabar um dia, é verdade, mas você acha que sua obrigação com eles terminará tão facilmente ?
Dessa vez, Seo estava impressionado com Maki . Não era mais aquele adolescente encrenqueiro que conhecera anos atras . Era um homem . Quisera tê-lo encontrado antes, para lhe dar uma educação melhor, mas isso acabaria por tirar de Maki seu jeito de ser . Mais do que isso, tiraria seu jeito rebelde, sua maior característica pois, diferente de seus filhos, Seo era também seu amigo e confidente, pois sempre esteve ao lado ele em todos esses momentos difíceis .
Súbito, sua linha de raciocínio é interrompido quando ele se lembra das palavras de Maki,  “ ... esta criança aqui”  . Ele olha para Maki e depois para a direção na qual ele estava apontando, bem a tempo de ver uma jovem caída no chão . Sua característica mais marcante, depois de sua cabeleira ruiva, seria sua capacidade de sempre sorrir para ele mesmo na pior das situações .
(Seo) – Naru !!!!!
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Onde estará Shin ? Onde ?
Sua mente segue cada canto daquela caso ao perceber que ele não estava ali . Estranho .
- Hmm ?
Propelida a se mover, ela segue até a cozinha, curiosa . Havia alguma coisa estranha lá . E estava certa, uma vez que, ao atravessar o espaço que ligava a sala até a cozinha, tem uma enorme surpresa . Não era Shin, suas amigas, um parente ou algum inimigo . Era alguém que ela sequer esperava ver naquele lugar .
- Você !
- Olá, Mina ! Fiquei preocupado com você !
Minako pega a primeira coisa que suas mãos alcançam, um copo, e arremessa contra o rapaz . Surpreso com a reação dela, ele pouco faz para se defender, sendo atingido em cheio na cabeça !
- O que faz aqui ? dizia ela, com uma frigideira na mão e apontada pra ele, o qual estava acido no chão .
- Ai ! Eu só estava cozinhando alguma coisa para nós comermos ! – dizia ele, quando Minako acabara de perceber que ele realmente estava cozinhando algo, embora agora já devia estar queimado .
- Me desculpe, mas o que estava pensando quando invadiu minha casa ?
- Como assim ? Esqueceu-se de que eu posso encontrá-la em qualquer lugar ?
- Hã ? Mas do que é que você está falando ?
- Ora, Mina ... por acaso perdeu a memória ? Não me diga que ... que ... oh, perdão . Eu não queria desenterrar isso . Agora entendo o porque de você não se lembrar de mim .
Lembrar-se ? Mas do que ele estava falando ? E onde estava ...
- Onde está meu filho ?
- Filho ? Que filho ?
- Meu filho, Shinnosuke . O que fez com ele ?
- Fazer ? Mas do que você está falando ? E desde quando temos um filho, Mina ?
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
Ela acorda desesperada, com o coração na mão . Ao se dar conta, percebe que Shin estava deitado no sofá, abraçado a ela , dormindo . Havia sido um sonho . Aquela pessoa ... era o mesmo rapaz que havia salvo da mulher de preto . Quem era ele ? O que era ele ? Ele havia conseguido ignorar o ataque de Olhos-de-Peixe com extrema facilidade e derrota-lo de igual forma . Teria sido impressão dela ? Será que ela imaginou tudo aquilo ? Teria sido ela quem derrotou seu inimigo e imaginou que outro o fez ? Para essas perguntas, ela sabia que não teria respostas tão facilmente . No entanto, algo a perturbava .
- ... Mina .... ?
Toc,Toc,Toc As três batidas são mais do que suficientes para acordar Shin, o qual se levanta e vai até a porta, enquanto que os pensamentos de Minako vão por água abaixo .
- Pode abrir, Shin-kun . É a tia Amy .
- Como a senhora sabe ?
- Hã ... eu havia marcado com ela .
- Então foi por isso que a senhora chegou cedo ?
- Hã ... é, isso mesmo .
- Mas por que a senhora não marcou com ela na escola ?
- Abra a porta, filho .
Shin abre a porta, surpreendendo-se ainda mais , não pelo fato de ver Amy, mas pelo fato dela estar carregando um quase que imobilizado Akira . No colo dela, ele estava com algumas ataduras e tala no braço, o qual impedia seus movimentos .
- Ohayo, Shin-chan ! Ohayo, Mina-chan ! Faltando ao trabalho ?
- O que houve com você, Akira ? Por que não está na escola ?
- Eu ... eu ...
- Bom dia, tia Amy ! A senhora não quer entrar ?
- Finalmente um pouco de consideração – Shin retira algumas almofadas que estavam em outro sofá, enquanto que Amy coloca Akira no mesmo – já é uma hora, Minako . Não acha levantar e preparar o almoço para o seu filho ? Afinal, já que não estão na escola ...
- Não mude de assunto, por favor . O que houve com Akira ?
- Quer mesmo saber ? Pois veja por com seus próprios olhos . Vá até ela, Akira .
Com muito esforço, o garoto se levanta . O detalhe principal era o modo que ele se mexia quando tentava se levantar, como se cada parte do corpo se recusasse . Quando ele começou a caminha em sua direção, tudo ficou claro : ele estava mancando . Mais do que isso, várias partes de seu corpo se mexiam de forma irregular, como se recusasse a se mexer . Para elas, ficar imóveis era a melhor opção . Rapidamente ela percebe alguns inchaços em várias parte de seu corpo, como o braço com a tala e o peito, o qual estava exposto devido a um rasgo na camisa . Mas o que mais a surpreendia era o rosto dele, o qual estava bastante inchado  e roxo, tendo destaque para seus olhos, os quais estavam bem inchados .
- Céus ! Quem fez isso com você ???
A resposta teve que esperar, uma vez que ele cai, não se esborrachando por que ela o segura . Uma criança, uma pobre criança . Ele era isso e somente isso . Quem teria tido coragem de fazer tal barbaridade ?
- Quem fez isso ?
- Uma garota ruiva . Tive que deixá-la escapar para salvar Akira .
- Ela era ... poderosa ?
- Não sei ao certo, não tive tempo de ligar o meu visor, mas tenho um palpite de que não, do contrário Akira não teria sobrevivido . Mais poderosa do que ele, com certeza ela era . Mas parecia estar bastante preocupada em escapar, ao contrário dos outros .
- Nossos outros inimigos sempre se preocupavam em escapar enquanto deixavam seus subalternos lutando .
- Acontece que essa garota negociou comigo a sua fuga .
- N-n-negociou ... glup !
- Por que a surpresa, Minako ? Teria alguma coisa a ver com o nosso último encontro ?
- Não, isso não tem nada a ver com ...
- Então, que tal começar me dando algumas respostas ? Para começar, que tal me explicar o que está acontecendo com você ?
- Eu ... eu não gostaria de falar sobre isso .
- É melhor você falar – Amy levanta-se e senta no mesmo sofá que Minako, ao mesmo tempo que olha bem fundo nos seus olhos . Nunca, mas nunca Minako havia visto esse olhar em Amy . Era algo fora do normal, como um misto de seriedade e curiosidade, tendo adicionado a isso um pouco de interrogação . – ou eu vou começar a repensar seriamente o que existe entre todas nós . Todos esses dias eu tenho corrida atrás de informações e você, Rei e Makoto simplesmente sumiram da face da Terra, ou não mantiveram contato . Eu esperei pacientemente, crendo que vocês esclareceriam minhas duvidas . Passei as últimas noites em claro tentando entender o que está acontecendo, mas nunca deixei de pensar em você e em Rei . Portanto, eu exijo um mínimo de atenção em respeito a nossa amizade, do contrário eu atravessarei aquela porta e não voltarei nunca mais, ficou claro ?
Minako retorna um olhar praticamente idêntico, só que mais sério que o dela .
- Shin, leve Akira para o seu quarto .
Shin ajuda Akira a se levantar, enquanto ele se apoia no corpo de Shin para ir andando .
- O que houve com você ? Sua mãe te bateu ?
- Não, eu ... ai .... não tive tanto azar assim ...
- E então, Minako ?
- Eu gostaria de pedir perdão por não ter retornado suas ligações, mas eu simplesmente não queria e continuo não querendo conversar sobre isso . Se você quer saber sobre o que está acontecendo, eu não sei nada sobre esses novos inimigos . Se quer saber o que está acontecendo com Rei, eu pude sentir o espirito dela passando por uma enorme dor esses últimos dias . Tentei encontrá-la, mas ela se moveu tanto que isso foi impossível . Quanto a mim ... – ela respira e abaixa a cabeça, pensando no que iria falar . Algo inútil, por assim dizer, pois mesmo que tivesse uma eternidade para dizer, ainda assim suas palavras seriam insuficientes . – Amy-chan, eu sinto muito, mas é uma coisa que você não conseguirá entender  . Eu simplesmente não quero lutar, não quero fazer isso . Por mais que lutemos, as coisas parecem que nunca melhoram, e acabamos por deixar uma pilha de corpos pelo caminho . Me desculpe se eu te deixei preocupada, mas Makoto pode te explicar isso melhor do que eu .
- Makoto ?
BAAAAMMMMM !!!!!
O barulho, o qual havia chamado a atenção de Amy, Makoto, Shin e Akira, havia vindo da porta, a qual agora estava escancarada com uma mulher de vermelho na porta, carregando outra pessoa  .
(Amy) – Rei ! Por onde você andou ? Eu fiquei preocupada com você e ... Makoto ?!?!?!?!?!?!?
Rei entra correndo na casa e coloca Makoto no chão, praticamente derrubando tudo o que estava no caminho . O barulho acabou por chamar mais ainda a atenção das crianças, as quais se dirigiram na mesma hora para a sala .
(Akira) – Mãe !!! Tia Rei, o que houve com ela ?
(Shin) – Ei, cuidado por onde anda ! Quem é você ?
(Akira) – Seu burro ! Ela é a ... ai ... a tia Rei ! É a Sailor Marte !
(Shin) – Tia Rei ? O que é uma Sailor ?
(Rei) – Porfavorporfavorporfavorporfavor ... salve-a !!!! Ela está agonizando há bastante tempo, não sei por quanto mais ela irá agüentar ! Você ... nós temos que fazer alguma coisa ! Por favor, faça alguma coisa !
(Minako) – Afaste-se, Rei !
Minako se ajoelha, colocando suas mãos sobre Makoto, enquanto que uma forte luz amarela emana de seu corpo .
(Shin) – Okaasan ? Como é que a senhora fez isso ?
(Akira) – Seu tonto, é claro que ela pode fazer isso !
(Shin) – Como assim “é claro” ?
(Akira) – Ora, isso é moleza para a Sailor Vênus .
(Shin) – Quem é a Sailor Vênus ?
(Akira) – Como assim “quem é a Sailor Vênus” ? Não vai me dizer que você não ... eu não acredito !
(Shin) – Não acredita no que ?
(Akira) – Você nem imagina o que sua mãe fazia antes de se tornar uma professora ?
(Shin) – Ia na escola estudar ?
(Akira) – NÃO, SUA BESTA ! ELA ERA UMA SAILOR !!!
(Shin) – Jura  ?
(Akira) – É !
(Shin) – Akira .
(Akira) – O que foi ?
(Shin) – O que é uma Sailor ?
(Akira) – Mas você é muito burro ! Como é que você não sabia que a sua mãe era uma Sailor ?
(Shin) – Burro é você que se meteu numa briga e saiu todo machucado !
(Akira) – Pelo menos eu sigo os meus instintos, ao contrário de você que não sabe nem dar um soco !
(Shin) – Eu não preciso disso ! Mamãe disse que o mundo precisa de gênios, não de arruaceiros !
(Akira) – De nada adiantar ter sabedoria se você não tiver como lutar pelo que é seu !
(Shin) – Pois eu vou lutar com a minha mente, sua mula !
(Akira) – Mula é você, e quando eu estiver melhor, vou arrebentar a sua cara !
- CALEM A BOCA !!! PAREM DE FALAR E FIQUEM QUIETOS DE UMA VEZ POR TODAS !!!
Amy estava assustada com a cena, uma vez que, de uma só vez, reencontrá-la suas amiga que não via há dias . Sua surpresa foi maior ainda quando viu Rei em prantos carregando Makoto, a qual não parecia estar nada bem . Rei também não estava melhor . A vergonha e frustração sofrida nos últimos dias estava acabando com ela . Finalmente havia revertido, mas ainda estava com o coração na mão . No entanto, não havia sido nenhuma delas quem havia gritado . Fora Minako  . Cansada e no final de suas forças, ela tentava desesperadamente salvar sua amiga, nem que fosse a última coisa que fizesse . Sua luz brilhava cada vez mais forte, embora não estivesse fazendo muita diferença .
(Minako) – Vamos, Makoto ! Reaja ! Não fique ai parada, me ajude ! Você não pode morrer, o que espera que eu diga para Akira, hein ? Vamos, Reaja ! Reaja ! Reaja ...
Aconteceu . Finalmente ela havia se esgotado por completo, fato percebido quando seu brilho cessa  . Sua amiga iria morrer, e não havia nada que ela podia fazer, nada .
(Amy) – Ela está melhor ?
(Minako) – Não, eu ... eu ... eu não fui capaz .
(Rei) – O que ? Faça algo, Minako ! Não fique aí parada, faça alguma coisa ! Vamos, faça alguma coisa – enquanto gritava, ela segurava Minako pela camisa, chorando cada vez mais . – Por tudo que é mais sagrado,  FAÇA ALGUMA COISA !!!!!
(Minako) – Eu ... lamento, mas não posso . Estou exausta, não tenho mais forças para fazer isso . Gastei tudo o que tinha para desfazer uma barreira que alguém havia criado ao redor do bairro .
(Amy) – Aquela luz ... ?
(Rei) – Foi você ? Se conseguiu eliminar aquela presença maligna, então salve Makoto !
(Minako) – Não posso, Rei ! Será que não entende ? Era o que eu mais queria no mundo, mas simplesmente não posso ! Mesmo tendo descansado, ainda assim não foi o suficiente ! Acha que é a única a chorar ? – ela também agarrava Rei pela blusa, derramando lágrimas – Será que vocês duas não entendem que isso só piora as coisas ? Tudo o que nós acabamos fazendo é aumentar mais e mais a pilha de corpos daqueles que não tem culpa de nada ! NADA !
Ao ouvir aquelas palavras, Akira se joga sobre o corpo inerte de Makoto, desesperado .
(Akira) – Mamãe ! Mamãe ! Levanta, Mamãe ! Levanta, mamãe ! Não morre, por favor ! A senhora não pode morrer ! A senhora ainda não lutou comigo a sério, mamãe ! Eu ainda não aprendi tudo o que a senhora tem pra me ensinar ! Por favor, levanta ! Eu prometo que nunca mais vou desobedecer a senhora ! Prometo que vou acordar ainda mais cedo e me dedicar mais aos estudos, mas por favor, não morra ! A senhora não pode morrer, a senhora é a Sailor mais poderosa que existe depois da princesa ! Por favor, mamãe .... MAMÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEEEEEEEEE !!!!!!
Ele coloca seu rosto sobre o peito dela enquanto chora, ato seguido silenciosamente pelas outras .
Outra derrota . Outra perda . Outra humilhação . Nunca alguém oriundo do planeta guerreiro havia sido humilhado tantas vezes em tão pouco tempo, e tido poucas chances de limpar sua honra . Sua filha, morta . Sua amiga, as portas da morte . O filho de sua amiga, pelo que pode perceber após uma rápida olhada, estava bastante ferido, e o responsável provavelmente escaparia impune . Era muita humilhação .
No fim das contas, estavam enfrentando um inimigo que não havia demonstrado se era poderoso ou não, mas que havia causado estragos enormes no pouco que fez .
Justamente o que ela havia feito nesses últimos dias, se devorando internamente . Lembrando-se infinitamente do que havia acontecido e de como falhou pateticamente em sua missão . A cada instante, a cada hora em que tentava dormir, o mesmo pesadelo a atormentava, a mesma cena em que ela corria o mais rápido que podia até templo . No entanto, no sonho ela ouvia a voz de sua filha, num último grito no final da escadaria do templo, antes dela desaparecer por completo .
Mas o que mais a humilhava era o fato de saber que isso aconteceria . Havia sonhado que algo de terrível aconteceria, algo que abalaria a todas . Em seu sonho, uma mulher vestindo um uniforme de Sailor morria . Não soube identificar quem era, apenas que era uma Sailor . Agora, o pesadelo havia se tornado realidade .
Mas por que as coisas sempre tinham que seguir um padrão ? O inimigo aparecia, fazia alguns estragos, elas passavam a tratá-lo como uma ameaça de verdade, enfrentavam seus subalternos, descobriam seus segredos e enfrentavam seu grande líder ... por que tinha que ser sempre assim ? Por acaso anos fazendo esse tipo de coisa já não eram suficientes ? Seria essa a sina das Sailors ?
Ela não concordava com isso . Não acreditava que as pessoas simplesmente tinham que cruzar as pernas e esperar pelo seu destino . Todos deveriam lutar para seguir seu caminho e ter a capacidade de se adaptar as novas necessidades . E isso não deveria ser válido apenas para os outros, mas para elas também . Não eram mais adolescentes, e sim adultas, as quais estavam prontas para tomar decisões corretas . Mesmo que não fossem as mais corretas, mas seriam as suas decisões . E ela já havia tomado uma nova decisão, a qual seus atos poderiam fazer a diferença na vida de muitas pessoas .
(Rei) – Minako, por favor ... cuide de Makoto ... e de todos .
Ela estava parada, de frente para Minako, Akira e Makoto . Não precisaria se mover para o que iria fazer . Erguendo seu braço, ela abre a palma da mão, apontando para os três . Em uma fração de segundos, sua mente fervilhou como se possuísse a força de centenas de outras, como se diversas estivessem unidas numa só, juntas em um único e grandioso poder .
Akira foi o primeiro a ser espantar ao perceber o que estava acontecendo de verdade : sua dor, seus ferimentos, sua agonia ... simplesmente estavam desaparecendo . Ele move sua mão, sentindo novamente a totalidade de seus movimentos . No principio dói um pouco, mas logo ele percebe que a dor vai sumindo pouco a pouco, até que ele estica o braço e se espanta ao perceber que o mesmo se movia sem a menor dificuldade .
Minako, por sua vez, passava por algo parecida . Embora seus ferimentos fossem pequenos, a surpresa de ver as queimaduras em seus corpo desaparecem como se nunca tivessem existido a deixam espantada .
(Minako) – Incrível ...
Mais espantada ainda é Amy quem fica, ao ver Akira se levantar e se mover sem mancar, praticamente ignorando a surra que tomou .
Surpreso com o ocorrido, Akira dá um salto e gira no ar, caindo encima da televisão e derrubando-a;
(Shin) – A TV !
(Akira) – Ops !
Embora irritada com a perda de seu aparelho, não foi aquilo que mais lhe chamou a atenção, mas sim o salto de Akira . Mesmo recuperado dos ferimentos, ele ainda teria que ter forçar para executar ... será que ... ?
Ela sente aquilo . Sente como se nada tivesse acontecido, como se as queimaduras nunca tivessem acontecido . Era como se, de uma maneira ou de outra, estivesse totalmente recuperada ... !!!
Ela torna a apontar sua mão para Makoto, agora emitindo sua luz com muita mais intensidade . Sim, iria dar certo . Sim, iria funcionar . Podia sentir suas forças retornando, preenchendo seu espirito e ecoando pela sua alma . De alguma forma, Rei a recuperou, dando-lhe exatamente o que era precisava .
Havia dado certo, afinal de contas . Agora que estava recuperada, Minako poderia cuidar de Makoto . Não sabia exatamente o que ela estava fazendo, mas quando viu aquela luz emanar dela e atingir Makoto, sentiu que era a única coisa que podia salvá-la . Estava feito, Júpiter foi salva e já conhecia o inimigo . Seria apenas uma questão de tempo até que ele fosse encurralado . Havia dado tudo de si para salvar sua amiga, e estava feliz por ter funcionado . Era uma pena que não poderia estar ao lado delas quando tudo isso acabasse, pensava, mas, finalmente, poderia descansar em paz . Finalmente iria se encontrar com Megumi .
(Rei) – Megumi, a mamãe está indo . Amy, Minako ..... sayonara .
Ela cai, exaurida de todas as suas forças . Seu corpo já não obedecia mais seus movimentos, mesmo por que ele não se importava mais com isso . Justamente por que, caída aonde estava, ela ainda assim demonstrava uma expressão que muito diferenciava de seu antigo gênio explosivo . Lembrava mais um rosto de bebê, de alguém que apenas tranqüilamente . Mas talvez esse não fosse o caso dela, uma vez que sabia o que aconteceria se utilizasse aquele poder daquela maneira . Sabia perfeitamente das conseqüências . No entanto, estaria mentindo para si mesmo se negasse que esse era seu desejo, pois já havia perdido a alegria no viver . Embora não fosse uma covarde para tirar sua própria vida, ainda assim conservava esse desejo, fruto da perda de seu maior bem . Em seus últimos instantes, os quais ela conseguia perceber que havia um mundo ao seu redor, ela se perguntava se ainda assim não havia sido covarde, pois estava abandonando o campo de batalha por que havia perdido a esperança no amanhã .
Quem sabe ? Aos que ficaram, caberia a decisão, sendo que a ela nada mais restava para decidir .
Amy corre até Rei, tentando socorre-lá . Seu coração bate cada vez mais forte quando percebe que o pulso de Rei vai diminuindo drasticamente e seu ritmo cardíaco também .
Minako havia percebido aquilo, mas se mantém indiferente ao ocorrido . Se quisesse que alguém ali saísse com vida, teria que se concentrar em uma coisa de cada vez .
Mais do que transferir sua energia para Makoto, ela estava conversando com seu espirito . Estava falando com ele, tentando entender o que houve . Depois de alguns instantes, ela finalmente descobre, dedicando-se exclusivamente a consertar aquele erro .
Estava liberando sua essência no corpo de sua amiga, preenchendo-o . Para o que iria fazer, teria que se tornar uma só com ela, teria que unir seu espirito com o dela . Entendê-lo, alimentá-lo, compartilhá-lo . Felizmente era uma amiga, a qual havia compartilhado muitas coisas com ela, o que facilitou o processo . Aos poucos, podia sentir Makoto tentando reagir, mesmo que internamente . Sentia aquela vontade enorme de ultrapassar as barreiras faiscando novamente dentro dela, enquanto que Akira observava a tudo em silêncio . Daria certo . Não entendia o motivo da tristeza de Rei, mas pelo seu esforço, aquilo teria que dar certo .
- Ahh ... eu ... eu ... Akira ... Minako ?
- Mamãe !
Tamanha é a emoção dele que ele se atira sobre Makoto enquanto Minako ainda estava trabalhando . No entanto, ela não o repreende, deixando-o onde estava . Naquele momento, mais do que nunca, ela precisava de apoio . Precisava estar ao lado de alguém muito importante para ela .
Finalmente ela para, satisfeita . Por hora, Makoto estava livre de problemas . Agora, restava Rei .
(Amy) – Minako, me ajude aqui ! O pulso dela está fraco, a temperatura está diminuindo e o coração está batendo cada vez menos ! Se continuar assim, ela vai morrer !
(Minako) – Quer dizer então que ela ainda está viva ? Então ela não queria realmente morrer . Só não tinha motivos para continuar viva .
(Amy) – Como se isso não fosse a mesma coisa ! Anda, me ajuda aqui ! Faça o mesmo que fez em Makoto !
(Minako) – Não posso . Rei não está passando pelo mesmo problema que Makoto . Quando expandia minha essência para entender o que houve com Makoto, acabei por sentir como todos os que me rodeiam estavam se sentindo, acabei sentindo a angustia interior de cada um, inclusive a de Rei . Ela não está morta, e sim cansada . Exaurida por completo seria o termo mais correto . Pelo visto, quando ela curou meus ferimentos e restaurou minha energia ela acabou por se cansar muito . Ela deve ter se cansado mais ainda para recuperar os ferimentos de Akira e de Makoto .
(Makoto) – Você ... percebeu ?
(Minako) – Tente não falar nada, Makoto . Acho que Rei não conseguiu te curar por completo .
Em resposta as suas palavras, Makoto se levanta facilmente enquanto segura Akira no colo, como se não tivesse sofrido nenhum arranhão . A dor do ataque de Death, as chamas de Rei ... nada .
(Makoto) – Impressionante . Não sabia que Rei tinha esse poder .
(Minako) – Nem eu . Como ela fez isso ?
(Makoto) – Eu estou sentindo algo estranho ao nosso redor . Você ... você se lembra daquela energia estranha que sentimos no centro de Tóquio ?
(Minako) – Agora que você disse, também estou sentindo . São idênticas .
(Amy) – Vocês duas querem parar com isso e me ajudarem aqui ?
(Minako) – Não há nada que possamos fazer . Até o próprio espirito dela está abalado, e não foi pelo desgaste que sofreu . Se não o recuperarmos, ela não vai conseguir descansar e se recuperar . Temos que descobrir uma maneira de fazê-la ficar em paz .
(Makoto) – Não pode fazer isso ?
(Minako) – Não, pelo mesmo motivo que não consegui encontrá-la nesses últimos dias . A essência dela está tão abalada que inibe até os meus poderes . Só há uma coisa que eu posso fazer – ela toma Rei dos braços de Amy, carregando-a .
(Amy) – O que vai fazer ?
(Makoto) – Quer ajuda ?
(Minako) – Não, obrigada . Me desculpem, mas vocês só irão atrapalhar . Shin, prepare um chá para todos . Akira, limpe essa bagunça . Eu já volto .
Ela abre a porta de seu quarto, nem se dando ao trabalho de ligar a luz do mesmo enquanto se dirige até a cama . O caso era grave . Se rei não entrasse em paz consigo mesmo, seu corpo não iria conseguir se recuperar de tamanho esforço e, consequentemente, iria morrer .
(Makoto) – Foi Rei quem me trouxe até aqui ?
(Amy) – Foi . Como se sente ?
(Makoto) – Normal . Parece estranho, mas a dor das chamas de Rei que estavam me incomodando simplesmente sumiram !
(Amy) – Chamas ? Ela te atacou ?!?!?
(Makoto) – Eu ... eu explico isso depois . Pelo visto, finalmente estamos todas juntas .
Amy) – E mais alguns ... – ela dizia enquanto apontava para um “elétrico” Akira e um espantado Shin com o que acabara de presenciar, embora não tivesse noção do que estava acontecendo . – Akira, poderia me trazer um pouco de água, por favor ?
- Tô indo !
(Shin) – Ué, mas por que a senhora pediu para ele se sou eu quem mora aqui ?
(Makoto) – Vá ajudá-lo, Shin .
O garoto se dirige para a cozinha, seguindo a ordem .
(Makoto) – Então ... ?
(Amy) - Não gostaria de fazer nenhuma pergunta ?
(Makoto) – Eu acho que o que você quer dizer não necessita da presença de mais ninguém, não é ? O que Akira e Shin estão fazendo aqui ? A aula deles terminou mais cedo, por acaso ?
(Amy) – Shin já estava aqui quando eu cheguei, com Minako . Quanto a Akira, eu o encontrei no meio do caminho, nos arredores da escola . Meu visor localizou você, Rei e mais algumas pessoas com índice de energia maior do que a maioria dos humanos .
(Makoto) – Você demorou demais, então eu tive que agir . Qual é o problema afinal de contas ?
(Amy) – Você sabe tão bem quanto eu que Minako não deixaria Akira sair da sala de aula por nada nesse mundo, e mesmo que ela tivesse que se ausentar, colocaria alguém em seu lugar . Pelos ferimentos que ela carregava, não duvido que isso tenha acontecido . Poderia me dizer exatamente em que local vocês lutaram ?
(Makoto) – Em frente à escola, com uma multidão enorme como público, além da escola inteira, claro . Quando eu me aproximei da escola mais do que deveria, dei de cara com Akira . Depois disso, não o vi mais .
(Amy) – Pois eu, sim . Sabe, crianças tendem a criar heróis imaginários, e as vezes transformar seres reais em heróis imaginários . O caso que temos aqui é o de uma criança que tem uma heroina real, na qual se espelha . Uma pessoa bem forte, cheia de histórias pra contar, muitas das quais impressionariam qualquer um . Deixa eu te contar uma história, Makoto . Havia há muitos anos atrás uma série chamada Lion Man,  na qual um samurai conseguia se transformar em uma espécie de Homem-leão . Ele fazia isso ao ligar uma caixa que havia em suas costas, a qual o fazia voar até o céu e na descida ele já havia se transformado . Na época fez um considerável sucesso, mas teve seus problemas . Um deles foi que um garotinho, querendo imitar o seu “herói” , colocou uma mochila nas costas e saltou do telhado de sua casa, achando que iria voar até o céu e se transformar . Quer saber o que houve ?
(Makoto) – Quero saber aonde você quer chegar, isso sim .
(Amy) – Eu encontrei seu filho em um beco, quase morto . Ao lado dele, uma garota ruiva ... por que essa cara ? Você a conhece, não é mesmo ? Imaginei que sim .
(Makoto) – Aquela pirralha ... droga, se o Maki não nos tivesse atrapalhado ...
(Amy) – Maki ? Ele estava lá ?
(Makoto) – Você o conhece ?
(Amy) – Mais ou menos, eu o encontrei na ... ah, deixa isso pra depois . A questão é que Akira com certeza não deveria estar naquele beco, e ... você disse que Maki a atrapalhou, não é ? Imagino que ela tenha escapado por causa dele, o que agrava mais as coisa . Akira deve ter visto ela fugir e foi atrás dela para detê-la . Ele poderia estar morto se eu não tivesse aparecido . Levei-o até minha casa e fiz alguns curativos, mas você precisava ver como ele estava antes de Rei fazer aquele negócio estranho .
(Makoto) – Eu vou falar com ele .- Makoto se levanta, enquanto caminha em direção da cozinha, mas é detida por Amy ;
(Amy) – Makoto, por favor ... não torne isso uma conversa entre aprendiz e mestre . Isso tem que ser uma conversa entre mãe e filho ! Akira cresceu ouvindo histórias acerca de nós, e parte disso também é culpa minha . Hoje foi provado que nossos filhos estão assumindo nossa guerra e pagando pelas nossas lutas . Isso não é para ele . Ele tem que brincar, estudar, se divertir ... não lutar .
(Makoto) – Tem razão . Mas há um erro nessa sua linha de pensamento . Akira !
(Akira) – Tô indo ! Legal, estou curado .... aquela moça vai ver só ! Talvez ela esteja por perto , vou atrás dela e ...
(Makoto) – Aonde pensa que vai, mocinho ? Venha cá .
(Akira) – Senhora ?
(Makoto) – É verdade o que ela me disse ?
(Akira) – É sim, mãe ! Eu fui atrás daquele moça ... mas eu fui derrotado !
Passam-se alguns segundos até que Akira percebe o total silêncio de Makoto . Ele olha novamente para ela, percebendo o olhar sério dela, o qual o assustou .
(Makoto) – Akira, você não pode fazer isso . É muito perigoso .
(Akira) – Mas eu consigo ! Mais um pouco e eu quase vencia ela !
(Makoto) – Amy me disse que você estava todo machucado . Como pretendia vencê-la ?
(Akira) – Eu ia dar um jeito, que nem a senhora !
(Makoto) – Mas eu e você somos pessoas diferentes, Akira . Já te ensinei isso, já disse para não ficar se valendo de mim . O que você fez foi um ato idiota .
(Akira) – Idiota  ? Mas eu lutei bravamente com ela e ...
(Makoto) – Ai ... não confunda tolice com bravura .
(Akira) – Mas ... mas ...
Amy não estava gostando nem um pouco do rumo que aquela conversa estava tomando . Se continuasse assim, que diferença faria para Akira ? O que o impediria de fazer tal coisa novamente ?
(Makoto) – Você não imagina o quanto eu fiquei preocupada quando ela me disse isso . Eu sai durante alguns dias, tendo a certeza de que você estaria bem, e é isso que você faz ? É assim que retribui a confiança que eu depositei em você ?
(Akira) – Isso ... isso ... isso não é justo ! A senhora está sendo injusta comigo !
Até Makoto se assustou com o grito dele;
(Makoto) – Me diga uma só vez que eu fui injusta com você, diga .
(Akira) – Não é isso ! Eu não podia deixar ela escapar ! Você e a tia Rei tiveram o maior trabalho pra pegar aquele bicho preto, e depois ele escapou por causa daquela moça ! Eu não podia deixá-la escapar depois de tudo o que fizeram com a senhora !
(Makoto) – Eu sei me defender – Makoto, apesar do olhar sério, continuava com uma voz bem calma – e foi uma sorte eu não ter sabido disso antes, do contrário iria acabar perdendo aquela luta . Não preciso que você me defenda apenas por que achou que eu fui muito afetada .
(Akira) – Mas Megumi não pôde se defender !
O grito ecoou por todos os cômodos da casa, atingindo os tímpanos de cada um e vibrando pelas suas consciências .
(Megumi) – Como é ? – Makoto agora estava falando mais alto do que o normal, e num tom bastante agressivo .
(Akira) – Eles fizeram o que fizeram com ela e eu não pude fazer nada ! Aquilo que eles fizeram ... aquilo foi imperdoável !!!
(Makoto) – Akira  - o tom dela estava mais alto ainda  - você foi até o templo Hikawa ... você me desobedeceu ?
(Akira) – Sim, eu fui até lá ajudar Megumi, e falhei .
(Makoto) – Não me interessa ! Quando eu te dou uma ordem, é pra você obedecer !
(Akira) – Mas ela precisava de ajuda !
(Makoto) – Você me desobedeceu, Akira !
(Makoto) – Eu não podia dar as costas para ela !
(Makoto) – Você me desobedeceu ! Mal eu me virei as costas e você já deve ter corrido pra lá !
(Akira) – Eu tinha que fazer isso !
(Makoto) – CALABOCA ! Você tem é que me obedecer quando eu mandar e não questionar o que eu disser ! Se eu faço algo, é para o seu bem ! Não preciso de um moleque que ainda não aprendeu a trocar as fraldas achando que pode fazer o meu trabalho ! Já é bastante trabalhoso ter que cuidar de você, e ainda por cima quer bancar o esperto ? Você só me atrapalha ! No que estava pensando quando achou que podia salvá-la ? Isso não é pra você, entendeu ? Você não é uma Sailor, não tem sequer noção das reais conseqüências do que é ser uma ! Não preciso de um tonto me atrapalhando, entendeu ? Não quero saber de você se metendo aonde não deve ! Ao contrário de você, ao menos meus outros alunos me obedecem sem me questionar, mas você me envergonhou !
(Akira) – Não ... não é ... – sua voz estava carregada de choro – não é justo ! A senhora não pode fazer isso comigo ! Eu só fiz o que achei certo, e a senhora ainda assim briga comigo ! A senhora não pode fazer isso, não tem esse direito !
Akira vira o rosto, pouco depois de receber um tapa de Makoto . Havia ficado uma marca bem vermelha, mas não era ali que doía mais, e sim no seu orgulho .
(Akira) – Grrrrrr !!!
Akira retorna um olhar carregado de ira para Makoto, o qual surpreende até Amy .
(Makoto) – Como ousa ?
Akira sequer consegue reagir quando Makoto dá uma joelhada nele . Mas uma joelhada de verdade ¸ ao contrário do tapa . Sua mãe era muito forte, mas nesse momento ele entendeu que a diferença entre ambos era enorme, visto que o golpe o arremessou contra a parede . Apenas um golpe, um simples e rápido golpe ... e ele estava totalmente dolorido . Estava mancando novamente, só que dessa vez não sentia nenhum osso quebrado . No entanto, uma dor enorme percorria seu corpo, quase fazendo-o perder a consciência . Será que sua mãe estava certa, que ele estava se metendo onde não deve ? Que aquilo não era um assunto de crianças ? Apenas um golpe, o qual ignorou seus ferimentos curados, e o colocou em um estado pior do que antes, no qual seus músculos doíam bastante .
(Makoto) – Está doendo ? Se eu não tivesse diminuído a força do golpe, você estaria morto ! Como acha que pode se meter em um assunto que não lhe diz respeito se sequer consegue agüentar um golpe desses ? Você não é um homem, Akira , eu não te vejo como um . Não passa de merda fresca . Suma da minha frente por que eu não estou com paciência para ouvir os seus choros ! Não entendeu ? SOME DAQUI !!!
Ele fica parado alguns segundos, até que atravessa a porta da casa de Minako, com o corpo todo dolorido e, embora a dor aumentasse enquanto ele andava, ele continuava se afastando do local .
Amy não esperava que Makoto fosse tão dura assim . Até cogitava a hipótese dela passar a mão na cabeça dele e tivesse que se meter, mas não foi isso o que aconteceu . Aliás, achou que Makoto passou da conta, até .
(Makoto) – Não me olhe assim, Amy . Eu tenho total noção do que ele fez e do que eu fiz .
(Amy) – Você sabia que ele faria algo assim cedo ou tarde, não é ?
(Makoto) – Sabia, mas eu não esperava que ele fosse me enfrentar .
(Amy) – De certa forma, não pode culpá-lo, já que ambas faríamos o mesmo se estivéssemos na mesma situação, não é ?
(Makoto) – É . Mas isso não é para ele . Quero que ele tenha uma infância, que cresça uma criança feliz e saudável  . Não quero que meu passado interfira na vida dele .
(Amy) – Como pode dizer uma coisa dessas se você o treina desde pequeno para lutar ?
(Makoto) – Eu não o treino desde pequeno para lutar .
(Amy) – Não ? E para que o faz, então ?
Antes que recebesse sua resposta, a porta do quarto de Minako se abre e a mesma sai, dirigindo-se até a saída .
- Okaasan – Shin se dirigia a ela, enquanto olhava espantado Akira se distanciando ao longe – o que houve ? Como a senhora fez aquilo ? O que é uma Sailor ?
- Filho – ela se abaixa, acariciando o cabelo dele – espere um pouco que eu  já te explico, está bem ?
(Amy) – O que houve ?
(Minako) – Depois, Amy .
(Makoto) – Algum problema ?
(Minako) – Além dos gritos que eu ouvi ?
(Makoto) – Da educação do meu filho cuido eu, Minako .
(Minako) – Não culpo ninguém, mas é bom que as pessoas aprendam a assumir as conseqüências de seus atos .
(Amy) – Aonde você vai ?
(Minako) – Resolver um assunto ...
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
- Bom dia, garoto .
- Garoto ? Eu ? Já se olhou no espelho ?
- Já . E você deve ter em torno de quinze a dezessete, logo, é um garoto .
- Tenho a mesmo idade que você .
- Não tem, não . Uma garota da sua idade não é tal alta quanto eu . E além do mais, não consegue enxergar a diferença de idades entre nós ?
- A idade não importa, você continua linda como sempre .
- Não sei se isso costuma funcionar com as garotinhas de hoje, mas acho que você vai ter que se esforçar um pouco mais com uma mulher como eu .
- Tá bom, Mina, como quiser . De qualquer forma, senti saudade de você .
- Mina ?
Minako dá um tapa no rosto dele, interrompendo o que ele estava fazendo, ou seja, tentando abraçá-la .
- Ai  ! Mas será que nós temos que nos encontrar assim ?
- Eu pensei que havia sonhado, mas então era verdade . Era você no meu sonho ! Como ousa entra na minha mente ?
- Me desculpe, não achei que fosse ficar tão brava . Mas é que eu não conseguia te encontrar de jeito nenhum ! Foi um sufoco sentir o seu padrão, se quer saber !
- Pra começar, aprenda a falar direito . O correto é “braba”, irritada . Brava vem de bravura, o que não é o caso . E que história é essa de “Mina” ?
- Pensei que o seu forte fosse trato social . E é claro que eu vou te chamar de Mina, afinal de contas, é o seu nome .
- Acho que vou desmaiar . Isso não está me levando a lugar algum !
- Aceita um lanche ?
- Talvez – nessa hora, ela lembrou-se de que já era de tarde e ainda não havia almoçado – o que tem em mente ?
Cinco minutos depois, ambos estavam se afastando de uma barraquinha de cachorro-quente, devorando os lanches . Alguns passos depois, já estavam no parque .
- Hmm ... delicioso !
- Foi mal, eu estou com pouca grana pra te pagar um almoço decente .
- Esqueça, isso está sendo divertido . Tem molho debaixo do seu nariz .
- Aqui ?
- Não, aqui – ela pega o guardanapo e limpe o rosto dele .
- Obrigado .
- De nada . Como eu estava dizendo, isso está sendo divertido .
- Por que diz isso ?
- Por que é a primeira vez que eu sonho que um rapaz mais jovem do que eu me convida para comer fora numa barraquinha de lanches !
- Acha que isso é um sonho ?
- Por que não ? O que é impossível nessa vida ?
- Muitas coisas .
- Cite uma .
- Evitar a morte .
Silêncio .
- Me desculpe, não queria deixá-la preocupada .
- Tudo bem . Apenas não esperava por isso agora .
- É que foi a primeira coisa que me veio a cabeça .
- Eu também pensei nisso, mas não queria comentar ... a propósito, como se chama ?
- Acho que você tem razão sobre isso ser um sonho . Só assim pra você esquecer o meu nome !
- E a quem eu devo a honra ?
- Tantos nomes, muitos apelidos ... mas havia aquele que era o meu preferido . Não por que eu gostava tanto assim, mas eu adorava a maneira que você pronunciava as silabas desse nome quando falava comigo . Era tão doce e amável ... até hoje me lembro de quando você me chamava ... “Josh” ...
- Que nome estranho você tem .
- Mina também não é um nome muito comum, e você sabe disso .
- Se esse fosse o meu nome, é claro . Acho que já o ouvi em algum filme .
- “Drácula”,  de Francis For Coppola . A mulher pela qual o conde Vladmir Polansk lutava tanto se chamava Mina . O filme foi baseado no romance de um escritor do qual eu não tenho certeza, mas acho que o nome dele era Bran Stocker . Ou o nome era parecido ou então o nome era outro, só sei que sua mãe leu o romance original e gostou tanto que colocou o nome da filha igual ao da mocinha do filme .
- Vou me lembrar de pesquisar a veracidade do que falou . Essa Mina de que você fala, como ela é ?
- Vou entrar no seu jogo . Ela era loira, bonita, tinha belos olhos azuis, uma voz capaz de encantar qualquer pessoa ... e ao mesmo tempo meiga, gentil e amável .
- O que houve com ela ?
- Não quero falar sobre isso com você .
- Por que justamente comigo ?
Escute – ele coloca a mão sobre os ombros dela, encarando-a – eu sei que é difícil de acreditar, mas o que eu vou dizer agora é possível : os olhos, o cabelo, o jeito de andar, de falar ... você é ela ! De alguma forma, você voltou, e eu prometo que não permitirei que nada de mal aconteça com você ! Não importa o que aconteça, estarei sempre ao seu lado, mesmo que tenha que ... renegar meus princípios ... mais uma vez ...
Confusão . Estava começando a questionar se aquilo era realmente um sonho e
se agora ela estava deitada no sofá de sua sala . Tinha esse pressentimento desde que saiu de casa a procura de alguém . Não sabia direito o que, mas sabia que estava procurando-a ; afinal, quem era esse rapaz, o qual ela sequer conseguia sentir alguma energia, e quem era essa tal de Mina, a qual ele insistia que era ela ?
- O que você quer dizer com isso ?
- Quero dizer que eu mataria novamente por você e somente por você .
*      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *      *
"dio e solidão . Dois sentimentos que não andam necessariamente juntos, mas que podem fazer uma dupla de matar . Felizmente, uma certa pessoa havia separado aquilo .
Não sabia onde estava, tampouco por que esta ali, apenas sabia que estava ali . Teria morrido ? Possivelmente . Minako teria conseguido salvar Makoto ? Provavelmente .
Não sabia aonde estava, justamente por que não havia luz naquele local, apesar de conseguir enxergar seu corpo, o que era bastante estranho . Com certeza estava morta, e o limbo era a prisão solitária para os covardes . Disso ela não discordava, pois sabia que havia falhado como guerreira ao deixar para trás aqueles que precisavam dela . Podia ter utilizado apenas parte de sua cura psíquica, mas preferiu utilizar tudo o que tinha, acabando por exaurir suas forças por completo .
Por quanto tempo ficaria ali até que tivesse seu julgamento ? Dias ? Anos ? Toda a eternidade ?
Não importava . Sua decisão já estava tomada e não poderia mais voltar . Havia perdido o prazer na vida, e nada mais importava . Agora, venha o que vier, ela aceitaria de bom grado .
Diria adeus se suas palavras pudessem ser ouvidas, mas essa capacidade já não lhe pertencia mais .
Talvez não estivesse exatamente morta, mas seu próprio corpo já havia perdido essa vontade .
Eis que, de repente, ela ouve um barulho .
Ele vai aumentando ,crescendo de intensidade, embora ainda fosse baixo demais . Com um pouco de esforço, ela consegue entender perfeitamente o que era aquele som : um choro . Um choro baixo . De onde vinha ?
Não demora muito para ela descobrir .
Ela olha o infinito, até que finalmente avista algo . Não sabia o que era, tampouco a que distância estava, apenas vai em sua direção . Tempo, espaço, limite ... nada disso importava agora . Justamente por isso, por mais que se movesse, nunca conseguia alcançar seu objetivo .
- Droga, mas o que é que está havendo ? Por que eu não consigo ?
Ela continua se movimentando, falhando ainda assim . Era como se fosse um abismo sem fim, no qual seu objetivo estivesse indo em direção ao fundo do abismo enquanto ela vinha atrás, sem quem ambos se encostem .
- Droga ! Como eu queria chegar até lá !
Para sua surpresa, ela já estava ao lado de seu alvo . Algo estranho, por assim dizer, pois não tinha sequer idéia de como havia feito aquilo .
Foi quando a ficha caiu . Não estava mais em seu corpo, logo noções de tempo e espaço não valiam de nada naquele lugar . O que valia, no momento, era a força do seu pensamento .
Sua primeira surpresa ocorre quando ela percebe que era uma pessoa, a qual estava sentada com a cabeça entre as pernas, chorando . Rei tenta chamá-la, falhando . Por mais que tentasse, não conseguia nenhuma resposta . Eis que, impaciente, ela ergue o rosto da pessoa, sendo atingida pela maior dose de susto que teve em sua vida .
- MEGUMI !!!!!!!!!
Sua primeira reação é abraçar a garota . Abraça, chora, grita ... como num passe de magica, toda a dor e agonia dos últimos dias é substituída por uma alegria explosiva .
- Megumi ! Megumi ! Mamãe sentiu tanta saudade de você, filhinha ! Eu pensei que algo de ruim tinha acontecido com você, mas você está bem ! Desculpa a mamãe por ela não ter te ajudado, filhinha ! Megumi ...
Ela começa a chorar, mas dessa vez, de emoção . Como colocar em palavras tudo o que uma mãe sente ao ter um filho de volta  ? Simplesmente é impossível . Há coisas que não podem ser escritas, apenas vividas e sentidas . De igual forma, como poderíamos descrever com algumas palavras o medo de um criança prestes a tomar uma injeção, a alegria dos pais ao ver o filho na peça de nata da escola, o orgulho da mãe depois do parto, a alegria da criança quando acorda e descobre que “Papai Noel” deixou um presente .... simplesmente são coisas que não podem ser descritas numa folha de papel com algumas palavras batidas, pois se isso fosse necessário, gastariam-se mil folhas e ainda assim não seria o suficiente para descrever perfeitamente essa sensação . Portanto, que fique na mente de cada um o que Rei está sentindo nesse exato momento . Que cada um vá em suas memórias mais profundas e puxe delas seu momento mais mágico, para assim começar a entender o que ela está sentindo .
- Minha filha ... – seus olhos estavam carregados de lágrimas, os quais não paravam de escorrer  - como é bom te ver, Megumi !
É então que ela nota algo de errado . Nas raras ocasiões em que ela se dava ao luxo de chorar, sua filha vinha consolá-la, o que não era o caso . Ela havia se mantido totalmente indiferente a tudo que acontecera, mantendo-se com a cabeça entre as pernas .
- Megumi ?
- Snif !
- Filhinha ?
- Snif !
- Meu bem ?
- Snif !
Rei levanta mais uma vez o rosto de Megumi, o qual estava tomado por um choro silencioso, diferente de anteriormente .
Foi então que Rei finalmente entendeu qual era o problema : Megumi estava morta . Aquela que estava à sua frente não era ela, mas uma lembrança sua .
No entanto, dessa vez Rei não chorou, pelo contrário, encarou a garota à sua frente de maneira bem forte e, com os olhos cheios d’água, deu um sorriso e abraçou mais uma vez a garota, a qual dessa vez retribuiu o abraço .
Uma lembrança, apenas uma doce lembrança . Um ultimo momento, uma última chance de ver sua princesa .
E os olhos dela ... as duas pérolas que ela avistava todo dia ao amanhecer, as quais lhe davam forças para prosseguir . Forças que agora retornavam . Por mais que quisesse, havia se lembrado de uma coisa muito importante, uma coisa que impedia que ela permanecesse ali : sua missão . Tinha que lutar, não podia ser vencida por algo tão simples quanto o cansaço .
- Megumi ...- A garota encara-a novamente - obrigada . Muito obrigada mesmo . Eu ... eu não esperava que isso acontecesse com nós duas . Eu não queria . Queria estar lá pra te proteger, mas não estava .Eu queria ficar aqui para sempre com você, mas não posso, pois tenho coisas pra resolver . Tenho pessoas que dependem de mim, as quais ficariam muito tristes se eu partisse ... como eu fiquei quando você partiu . Não posso permitir que minha angustia atinja outras pessoas . Por favor, perdão . Agora, eu terei que voltar . Não sei como, mas não posso morrer agora . Tenho que continuar viva para que outros vivam, e sei que não você não gostaria de me ver assim abatida, não é ?
- Mamãe !!!
Apenas uma palavra, mais do que suficiente para comover Rei . O que havia sido aquilo ? Estava em coma ? Estava sonhando ? Se estivesse, poderia acordar ?
Como se atendesse aos seus pedidos, ela acorda . Não sabia como, nem quando, mas estava acordada . Havia sido um sonho . Um sonho doce e belo, o qual apagou parte de usas frustrações . Levaria tempo para ela se acostumar, mas agora estava no caminho certo .
Mesmo exausta, ela tenta se levantar, em vão . Eis que ela vira a cabeça para o lado, apenas para tomar mais um susto : uma garotinha estava deitada na mesma cama que ela . Estava sonhando novamente .
Mas será que aquilo realmente era um sonho ? Se fosse, quando acordasse ainda veria Megumi ao seu lado ?
Dúvidas, duvidas, duvidas . Tantas duvidas, e nenhuma resposta . A resposta ainda seria criada, mas caberia a ela escolher a maneira pela qual ela seria gerada .
Ela fecha os olhos e abraça a garotinha, perdendo os sentidos em seguida . Estava no mesmo lugar de andas, onde a escuridão tomava conta do local . E lá estava Megumi, encolhida e chorando . Só que dessa vez ela entendia o motivo do choro . Ela estava com medo de ficar sozinho, estava com medo de perder a tudo e a todos . Só que dessa vez Rei não permitiria isso . Não iria perder sua filha novamente .
Ela se joga em direção a garota, a qual se afastava cada vez mais . Com certeza sua tristeza estava causando isso . Mas ela tinha que ser mais forte do que a tristeza, mais forte do que a dor .
Durante uma eternidade, ambas cruzam os confins do mundo dos sonhos, enquanto Rei tenta alcança-la . Embora parecesse ser uma causa perdida, ela não desiste, persistindo até o fim dos tempo . Até que ela consegue alcança-la e tocar a mão dela . Ela dá um sorriso, ato esse retribuído pela garota .
E então ela acorda .
Ou talvez não . Talvez ainda estivesse dormindo, talvez tudo não tivesse passado de um sonho dentro de outro sonho . Talvez . A única coisa que importava para ela naquele momento era que finalmente estava satisfeita, havia encontrado sua paz . Mesmo que tivesse que lutar por toda a eternidade, estava feliz por que sua filha sempre estaria ao seu lado . Mais do que isso, sua amiga, sua irmã de espirito nunca a havia abandonado, pelo contrário, estava sempre perto dela, procurando uma brecha para poder conversar com ela .
Ou talvez não . Talvez tudo isso não passasse de outro sonho . Talvez não houvesse Death, Maki, os atacantes do templo Hikawa ... talvez tudo isso não tivesse passado de um sonho, um sonho ruim .
Mas isso realmente não importava mais, a única que coisa que era importante para ela agora era aquele pequeno corpo que abraçava, protegendo-o, transmitindo seu calor e seu amor, seja isso um sonho ou não .
E isso para ela era a coisa mais importante no mundo hoje, amanhã e sempre .
Continua ...

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