– As malas já estão prontas? – escuto a pergunta e confirmo com a cabeça quando viro a cabeça na direção da voz.
– Pode usar seu poder para criar um portal? – pergunto.
– Sem problemas, mas eu ainda não entendi a razão de Nadeshiko ter pedido para fazer as malas...
– Se eu soubesse estaria com uma cara mais apresentável. – comento e ele parece segurar um sorriso e se vira para abrir um portal.

Não demorou e logo estavamos na sala de reuniões que se calou ao ver minha presença, correção, a presença de Kaori.

– Amu... – as mulheres na sala me soltaram um olhar mortífero e me encolhi um pouco e entreguei de forma receosa, a minha filha a Utau.

Pense em um monte de mulheres querendo paparicar uma criança e o que eu temia ocorreu, o berreiro.

– E era isso que eu temia... – comento e suspiro pegando aquele pequeno ser em meus abraços – Pssss... Descanse. – eu repeti isso várias vezes, até que ela dormiu, no fim, eu acabei optando por usar meus poderes de charme.
– Vejo que todos chegaram. – escuto uma voz na porta do recinto.
– Sim, todos chegaram. – Nagihiko confirma – O que está planejando, Nadeshiko? Nossos servos não estavam conosco quando levantamos. – fitei todos, eles não estavam acompanhados, de fato, e isso me lembrava que eu não tinha visto Sakura e Shaoran...
– O que eu planejo? O que eu já planejei, irmão. – ela explica – A partir de hoje, as regras de deuses estao anuladas e as quando as badaladas das seis da tarde baterem, seus poderes voltarão ao deus de origem. – ela diz com de forma autoritária.
– Do que está falando, Nade? Não estou entendendo... – Yaya diz tão confusa quanto todos ali.
– O que acham de sentarmos para conversar? – Nadeshiko pergunta após soltar um suspiro.
– Já vi que vai demorar... Eu tenho permissão para ficar do lado de fora? – Ikuto pergunta e uma cadeira aparece atrás dele.
– Sente-se, por favor. – ela diz e ele contra a vontade obedece, temendo sua seriedade.

Todos após o ato de Ikuto, resolvem se sentar em seus devidos lugares e ouvir a deusa que dessa vez está liderando a reunião.

– Primeiramente, algo que eu esqueci, bom dia a todos. – ela diz e dou um sorriso sem graça, ela é realmente muito certinha – Desde minha última conversa com Amu, eu comecei a ter estranhos sonhos, sonhos que por mais que eu me esforçasse, não compreendia, até que eu comecei a ligar eles uns aos outros e começou a formar uma história... E bem... Esses sonhos são fragmentos de minhas outras vidas.
– Todas as suas vidas? – Ikuto pergunta curioso – Humanos raramente conseguem lembrar de vida passadas...
– O estranho é que é todas as vidas eu fui um deus ou deusa. – ela comenta o que nos impressiona – E depois desses sonhos cessarem, eu comecei a ter visões do passado, mais claras, sobre o que eu pensava antigamente, mais precisamente, quando eu era um deus, o único deus.
– Yaya não entende mais nada, Kairi, traduz para mim. – resmunga Yaya de forma infantil e falando de si mesma em terceira pessoa, um defeito seu, que na verdade, ela só mostra para o namorado, o que no caso, acabou de revelar para todos.
– Quando eu era o único deus, obviamente considerava tudo tão monótono entediante, que resolvi criar regras, separei meus poderes, pegando os mortais adequados, fingi ser o primeiro deus a entrar para o grupo e fingi que uma pessoa me explicara tudo que eu queria que acontecesse. Foi o século mais divertido que pude ter, mas alguns deuses resolveram ignorar essa regra, acabei por puni-los e... – interrompi sua fala.
– Se acalme Nadeshiko, é muita informação. – digo suspirando – Dá para notar o quanto está aliviada por estar despejando tudo isso em nós, mas precisamos de um tempo para digerir parte por parte. – ela ficou vermelha de vergonha.
– Me desculpe, mas é que eu estou nervosa...
– Nota-se. – Kairi diz – Pode continuar, porém mais devagar.
– Bem... Continuando... Quando não cumpriram as regras, eu resolvi punir eles, porém nem eu mesma pude descobrir que punições foram essas, talvez eu não queira lembrar, pois foi uma idiotice o que eu fiz... Mas pelo que sei, depois das punições, todos começaram a temer essas regras e queriam se livrar do cargo, com isso, todos começaram a obedecer as regras e resolvi renunciar meu cargo, o que eu decidi é que sempre iria reencarnar para seu um deus. E bem... Aqui estou...
– Onde pretende chegar nos contando tudo isso? – Rima pergunta, ela aparentava estar não gostando do rumo da história.
– Quando as memórias de outras vidas começassem a pertubar, queria dizer que o jogo de brincar de deus estava na hora de acabar. – ela diz e sorri abrindo um leque – Acho que já deu para entender. – ela diz se refrescando com o abanador japonês.
– Isso quer dizer, que quando as seis horas chegar, deixaremos de ser deuses e você será uma única deusa? – Tadase pergunta tentando não aparentar estar confuso.
– Exatamente. E aquelas criancinhas que vocês tinham como ajudantes, eles agora são parte de mim, parte de meu poder, então não se preocupem. E quanto a você Ikuto. – ela diz fechando o leque e apontando o objeto para ele – Deixará de ser um servo e demônio de Amu Hinamori ao badalar das seis da tarde.
– Espera! – ele se engasga com... provavelmente a própria saliva e começa a tossir – Isso quer dizer que virarei humano? – ele pergunta após a crise de tosse cessar.
– Exatamente. Não haverá problemas, afinal, você e Amu estão ligados pelo fio vermelho do destino.
– N-Não fale asneiras! – grito e controlo meu poder que protege Kaori de acordá-la – Você me vem com um papo de vou criar um grupo de deuses pois estava solitária e agora vem me dizer que vai desfazer o grupo! Qual o seu problema? – pergunto nervosa.
– Quando eu decidi separar meus poderes, eu regulei um tempo para isso, daqui um mês, se não tiverem voltado a Terra como mortais, os poderes entrarão em problemas para se juntar e a teoria mais provável e o sumiço desse planeta, então achei mais adequado vocês sumirem hoje. – ela sorri tristemente – Eu preparei uma mansão com suítes preparadas para cada casal, poderão viver juntos até decidirem ir cada um para um lado ou então ficarem juntos naquela casa para sempre, a opção é de vocês.
– Mansão? – Kukai se assustou – Mas e as memórias de nossos familiares?
– Irão voltar ao normal.
– E as memórias de nossos pais? – Nagihiko indaga nervoso com tudo isso, sem se importar se está demonstrando ou não.
– Irão ser levemente alteradas, eles nunca tiveram uma filha, você irá ser filho único. – ela diz e suspira – Eu estou sugando o poder de cada um de vocês aos poucos, então, irei manda-los para a nova casa de vocês, por favor, fechem os olhos. – ela conseguiu nos convencer sem muito esforço, ela estava usando o charme na voz...

Quando abri meus olhos, só vi um teto branco, olhei para o lado e Kaori dormia no meio de mim e Ikuto, aquele azulado também dormia e não estava com orelhas, ele normalmente dormia com elas... Revirei o olhar pelo local a procura de um relógio, tinha um ao lado do abajur, olhei a hora, seis e quinze da tarde.

– Droga! – levanto as pressas e abro a porta correndo, abro a porta da frente e vejo Rima e Nagihiko dormindo tranquilamente, todas as portas que abria, era a mesma coisa – Nadeshiko... Será que você está bem com isso...?