Gossip St. Jude- 1ª temporada escrita por Salada


Capítulo 49
Ioga




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–... e é por isso que eu devo ser a sua presidente- Jillian Johnson, a aluna nota 10 da escola St. Jude, presidente do clube de francês e do conselho social, que está no ranking nacional de tênis, bateu seus papeis na plataforma de madeira colocada num morrinho no Cedar Hill, no Central Park ,após terminar seu discurso para presidência do corpo estudantil. Era a última sexta-feira de outubro, e os galhos das copas de árvores ocultavam o pôr-do-sol alaranjado a oeste do parque. Os aplausos ecoaram fracos enquanto ela voltava a sua cadeira. Mas é claro que sim, naquele ponto, ninguém mais estava prestando atenção.

As campanhas para a presidência do corpo estudantil estavam acontecendo no parque porque a vice diretora, Sra. Pepper, sugeriu que eles fizessem algo diferente uma vez, e por milagre, o diretor aceitou. Somente duas pessoas queriam o cargo: Jill e uma nerd da sua classe de inglês avançado: Nikki Wayne. A garota usava polainas nos braços e se achava cool por causa disso, e havia boatos que ela tinha um problema de crescimento exagerado de pelos nas pernas e por isso usava saias pouco acima da canela. Também diziam que ela nunca tinha beijado ninguém. Talvez as duas coisas estejam ligadas, já pensaram nisso? Quer dizer, quem beijaria uma garota com pelo na perna? Tremelique, tremelique.

A Sra. Pepper, uma mulher esguia e desengonçada com cabelo castanho madeira oleoso e que sempre veste aqueles vestidos hippies daquelas marcas desconhecidas da Bloomingdale’s e sapatos Splendid marrons surrados, subiu na plataforma com os cantos dos lábios virados para cima de um jeito esquisito, formando um sorriso nervoso.

– Obrigada, Jill, pelo esclarecedor discurso. Espero que os alunos tenham consciência de sua sabedoria e responsabilidade para tomar conta de seus direitos como estudantes e futuros civis americanos!- ela exclamou , dando uma risada animadinha demais, fazendo as garotas da St. Jude comentarem.

– Será que ela está dopada?- Penny Langdworf cochichou para Mimi , as duas sentadas na terceira fileira da pequena reunião da St. Jude, encarando a vice diretora- Me contaram que ela esconde cocaína, comprimidos e viagra para o namorado dela em Vermont na gaveta da sala dela.

– Humm, você não está a confundindo com uma certa ruivinha?- Mimi e Penny riram juntas, e receberam alguns olhares repreendedores dos professores nas primeiras fileiras. Elas deram uma leve risada ao verem o rosto contorcido do Sr. Trapple, de biologia avançada- Aliás, onde ela está? Estavam todos dizendo que ela estaria aqui assistindo, mas eu não sei se ela tem a cara de pau para vir aqui depois que foi expulsa.

As duas olharam ao redor a procura de CeCe. Ela tinha sido expulsa da St. Jude no fim do mês passado após ter sido acusada de homicídio de uma cara na Gucci e ser flagrada num quarto de hotel destruído cheio de drogas. É claro que a fofoca foi passada por tantas pessoas que já tinham surgido dezenas de versões sobre aquilo. Entre as garotas do primeiro ano, corria o boato que CeCe estava fazendo com uma orgia com todos os integrantes da Black Pearls mas que só ela e Adam tinham ingerido bebida e usado a cocaína. Muita gente dizia que também tinha heroína no quarto de hotel, que CeCe tinha se casado com Adam quando bêbada e que o cara que ela matou foi um cara que ela tinha tido um caso no verão e que ela estava com raiva dele por ter a engravidado. Bem vindo a vida em Nova York, a cidade que nunca dorme!

O caso era que CeCe realmente estava ali, atrás de todas as fileiras, assistindo o discurso de Jill de pé na grama do Cedar Hill, com botas de cano baixo cor ameixa Eric Michael, os jeans Seven favoritos, uma blusa laranja de conjunto com a jaqueta de renda Oscar de la Renta azul e preta, o que estava formal demais, mas CeCe não ligava. A deixava aquecida o suficiente, e não era esse o propósito? Em seu braço, estava pousada uma bolsa azul marinho Tory Burch, no pescoço tinha uma gargantilha fina e cacheada e no dedo, um anel de dragão de ouro com diamantes, rubis e safrias cintilantes. Depois do discurso de Jill, ela aplaudiu animada, as mãos mexendo entusiasmadas e com um sorriso reluzente na boca carnuda, e Jill sorriu para ela, grata.

– Então é isso. Estão liberadas!- anunciou a Sra. Pepper com entusiasmo de sobra- Nos vemos na segunda!

Todos ali se levantaram de seus lugares e saíram do lugar. Jill andou feliz até a amiga, que a aguardava. Ela usava uma blusa simples cinza escrito “Paradise”, uma jaqueta preto e branca de alta costura, uma saia de couro castanho Michael Kors, meia calça transparente com losangos e sapatos pretos sociais Stella McCartney. Para acessório, um colar e um par de brincos de pérolas, e um faixa de cabelo enrustida do mesmo material.

– Oi!- disse Jill, abraçando CeCe com força- Quer fazer alguma coisa agora?

– Humm, não posso. Tenho que me preparar para o meu julgamento. Eu sou menor, mas ainda posso acabar me dando muito mal- o julgamento de CeCe era dali a quatro dias, e ela precisava muito se preparar. Por incrível que pareça, ela estava nervosa.

Elas começaram a caminhar para a Quinta Avenida, enquanto as folhas das árvores caíam sobre elas, coloridas- Ahh, quando é que você volta para a escola?- gemeu ela para CeCe.

– Relaxe, meu pai é advogado. Ele vai dar um jeito de deixar a escola me aceitar de volta- disse CeCe com as mãos escondidas nos bolsos da jaqueta que combinava com o parque. Ela viu um garotinho cair no chão enquanto tentava pegar uma bola quicante e deu uma risada. Meteu a mão na bolsinha laranja Chanel e pegou um maço de Malboro Lights. O acendeu com o isqueiro dela e tragou para se aquecer. Humm, bem mehor- É um absurdo, afinal- ela disse ainda com o cigarro na boca, mas o tirou e jogou no chão, onde o esfregou com a bota- Só porque eu fiz uma merda, ser, tipo assim, simplesmente expulsa? Poxa, não é pra tanto.

Jill murmurou algo inaudível, e estava claro que ela não concordava com a amiga. CeCe olhou para ela.

– Aliás, onde você foi na noite que eu fui presa? Eu soube que você saiu fugindo do Plaza só de toalha, mas para onde você foi?- ela questionou.

Onde ela foi? Bem, após quase ser estuprada, Jill fugiu do hotel seminua e por alguma razão foi para o apartamento de Matt, onde transou a noite toda. Mas ela não podia deixar CeCe saber disso. Não que ela não confiasse na amiga, mas era um segredo grande demais para ser guardado, por qualquer um. Inclusive sua melhor amiga.

– Eu... Lembrei que tinha que fazer um trabalho de História Americana e corri de volta para casa, mas acabei esquecendo minhas roupas no hotel- disse Jill, olhando ao redor desesperada. Queria mudar de assunto- Mas me fala... Você conseguiu fazer alguma coisa com o Adam? Antes de ser levada para a delegacia.

– Humm, eu não me lembro bem. Só sei que nós bebemos muito champanhe- ela deu uma leve risada- E eu estava de lingerie. Lembro disso porque um dos policia sapertou minha bunda enquanto saíamos do Plaza. Esses pervertidos- ela balançou a cabeça, julgando o policial, mas Jill sabia que ela sorria. Podia fingir que não, mas a amiga gostava de atenção. Todos gostam, de vez em quando- Oh, merda, os paparazzo já me viram. Tenho que ir para a casa. Beijinhos!- ela exclamou antes de correr pela multidão de fotógrafos tentando falar e tirar fotos dela até a calçada da Quinta Avenida, deixando Jill sozinha no parque. Ela suspirou e virou-se, dando de cara com Becky Jones, Lana Springers, Sasha Gold, Penny Langdworf e sua gêma Ashley Feavendworf, Jackie Grease e Mimi Blanc, aquela francesinha metida a besta que se acha magra mas é mais inchada que um balão.

– Oi Jill- disse Penny- Nós estamos indo para Carmine’s almoçar. Mas antes vamos passar na escola para buscar a Jéssica, já que a última aula dela acabou agora, e a Stace vai nos encontrar lá. Quer ir também?

Jill pensou bem antes de responder. Ela odiava a maioria daquelas garotas, porque eram basicamente elas que inventavam basicamente todos os boatos maldosos sobre ela e sobre todo mundo. Porém, recentemente, ela andava afastada dessas garotas e por isso, sua popularidade caiu muito rápido. Ela tinha que reconquistá-la, agora que tinha todas as coisas que ela queria de volta. Bem, quase tudo.

Passando por trás das 7 garotas vestidas quase iguais, copiando o estilo de Jill, com saias e meia calça colorida, além de arcos no cabelo e blusas de marca, passou Dylan. Dylan, o garoto que Jill tanto cobiçara até que finalmente eles começaram a namorar. Mas ele foi tirado dela por... Bem, ele mesmo. E Courtney. E vendo-o ali, com sua blusa Tommy Hilfiger, as calças bege da mesma marca e sapatos de couro marfim, ele parecia irresistivelmente certo para ela, como se daquela vez fosse para ser. E...

– Jill?- disse Penny, acordando Jill de sesu pensamentos românticos sobre Dylan, que já tinha ido embora. A garota olhou para a que questionava confusa, por um instante, e as outras deram risadinhas- Você vem ou não?

– Até parece que você não sabe a resposta- Jill respondeu, se juntando as outras, que sorriam confiantes após a resposta da amiga. Ela suspirou. Era tão bom ter tudo de volta e... Droga! Quase tudo...

X-X-X

Matt se levantou de sua cadeira no Cedar Hill após o discurso de sua amiga, Jill e marchou para dentro do Central Park, seguindo a East Drive para o lado norte. Ele continuava muito confuso sobre o que sentia por ela, e por sua namorada, e por CeCe, a garota que ele sempre foi apaixonado. Por um lado, ele adorava ficar com Stace e se divertir com ela, mas ele estava começando a ver Jill de um lado mais maduro, como se ela estivesse diferente de como ela costumava ser. E ao mesmo tempo, tinha CeCe. Mas ela tinha namorado e nunca se interessaria por ele. Além do mais, já tinha prometido a si mesmo esquecer dela. Com Jill e Stace, isso seria ainda mais fácil.

Ele tirou o telefone do bolso e viu uma foto de Jill. Na foto, ela sorria e acenava com uma mão enquanto tirava a foto com a outra. O sol batia nas costas vestidas dela e ele teve a mesma sensação que ele teve na manhã que ele e Jill acordaram após terem feito sexo pela primeira vez. A sensação de que aquela era o amor da vida dele. Porém, ao mesmo tempo, uma sensação contraditória de que pensar aquilo era tremendamente errado, já que ele namorava Stace, a garota da 7ª série, transferida de Connecticut no mês passado.

Sacudindo a cabeça, ele guardou o celular e olhou para frente, se guiando na caminhada. A poucos metros, estava um grupo de pessoas reunidas num círculo, sentadas em cadeiras de plástico, todas com as mãos dadas. No centro do círculo, uma mulher com o rosto caído e com os braços abertos ditava:

– O poder do auto controle é algo adquirido pelo tempo, e é por isso que os trouxe aqui nesta tarde. Minha prima Lele veio começar um tratamento do auto controle, para, caso quando saírem da clínica, tiverem amigos os oferecendo algum tipo de droga ou bebida, vocês recusem com paz em seu coração.

Ela deu um passo para trás e de trás dela saiu uma mulher parecida com ela, com os mesmos cabelos sem graça, mas o rosto menos caído. Ela usava uma camiseta leve azul celeste e uma saia na altura dos calcanhares brancas com flores costuradas nas bordas, e sandálias sem nenhum salto de uma cor indefinida, de tão fina que eram. Ela juntou o polegar com o dedo ao lado do mindinho e se sentou, com um leve e sereno sorriso.

– Peço que me acompanhem- ela disse- Enquanto respiro e expiro, respectivamente pelo nariz e pela boca. Não tenham pressa e relaxem, e logo seus corpo irão relaxar com você.

As pessoas se sentaram na grama e fizeram o exercício de meditar com Lele, e depois passaram para a ioga. Matt contornou pelo círculo de cadeiras e avistou um casal que ele conhecia do outro lado do mesmo. Ele rodou pelas cadeiras até chegar a eles.

– Senhor e senhora Cooper, olá- ele os cumprimentou, e Ramona e George se viraram e deram sorrisos gentis.

– Olá Matt!- exclamou Ramona- É tão bom vê-lo! Depois de todo aquele escândalo com CeCe, eu estive mais ocupada que nunca, e não tive tempo para ver rostos conhecidos. Nossa, você está alto!

– Obrigado, Sra. Cooper- respondeu Matt- Pensei que estaria arrumando sua agenda ou coisa assim para o julgamento de CeCe na terça. Imagino que isso lhe tirou completamente da rotina.

– Mas é claro que tirou!- ela disse- Porém eu vim aqui porque eu escutei que uma clínica de reabilitação de Connecticut estaria aqui para uma sessão de meditação, e vim falar com a instrutora. Depois que eu descobri que minha filha usa drogas, venho pensado em coloca-la em alguma clínica durante as férias de primavera. Oh, ali está a instrutora. Se me da licença, por favor.

Ela passou por Matt e foi até a instrutora que estava falando no círculo antes de Lele, deixnado o garoto sozinho com George.

– Você pode se acalmar, não vou deixar que CeCe va para uma clínica. Sei como são os jovens. Eu já fui um também- disse George, olhando para a mulher e para a instrutora, que conversavam.

Matt olhou para ele.

– Do que está falando, senhor?

– Eu sei que você tem uma paixãozinha pela minha filha, eu entendo em como seria chato se você a visse ir para uma clínica. Não estou insinuando nada, se é o que pensa. Mas você sabe como minha mulher pode ser dramática. Quando descobriu que CeCe havia usado cocaína, ficou extremamente paranoica- respondeu George- Não que eu ache que é certo usar drogas, eu só acho que não é para tanto- ele se corrigiu.

– Ah- Matt disse, voltando o olhar para o grupo da clínica, que estavam fazendo a quarta pose desde que Lele tomara o controle deles. Eles colocaram o pé no queixo e apoiaram o rosto nele, com os olhos fechados e tentando relaxar. Matt conteve uma risada ao imaginar CeCe fazendo aquela posição da ioga, e o quanto ela não ia conseguir, e xingar todos os alunos ali de coisas horrendas por causa disso, acabando com a aura de paz.

Ei, acorda. Você já está comprometido!


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