Bárbara, a irmã mais bonita de Jill, estava enrolando o cabelo num coque alto na Quinta Avenida quando viu um vestido vermelho lindo Valentino na vitrine da Bergdorf Goodman. Ela largou o cabelo e saiu correndo para entrar na loja, parecendo uma desesperada. Ela estava desesperada, de uma certa forma. Ela usava um vestido dourado maravilhoso do Atelier 61, na altura dos joelhos bronzeados, uma sapatilha Anna Baiguera e uma bolsa amarela Perlina Blanca.

Ela entrou na loja, agarrou o vestido como se fosse um chegue de mil dólares e jogou no balcão. Porém, no caminho, encontrou um vestido Claude Montana de gala, uma jaqueta Oscar de la Renta de pele de camelo, jeans Sevene e uma bolsa preta Alexander Mc Queen, e as levou com o Valentino. Pegou o cartão de crédito e uma mulher com o crachá escrito “Lindsey Boulevard” o passou na maquininha. A mesma apitou, e Lindsey disse:

– Sinto muito, mas seu cartão foi recusado.

Bárbara olhou para a cara da mulher e depois para a máquina, e de novo para a cara da mulher.

– Recusado?- ela perguntou, com os olhos arregalados- Não é possível.

Ela não sabia ainda porque a mãe não contara, mas Louise estava noiva de um francês desconhecido, e já tinha dividido a conta no banco com ele, por isso o cartão tinha sido recusado.

– Sinto muito- repetiu Lindsay, a recepcionista- Você tem o outro cartão?

Bárbara não tinha.

– Não- ela disse, infeliz, e devolveu tudo para seu lugar. Ela queria tanto aqueles jeans Seven... De repente, olhou para a sacola da Gucci que segurava, e supôs que o jeans cabia perfeitamente ali. Não era uma má idéia. Ela fingiu estar procurando alguma calça pela seção de jeans, e um vendedor gordo apareceu para a auxiliar.

– Posso te ajudar, senhorita?- perguntou ele num tom gentil.

O coração de Bárbara disparou. Ela ainda não tinha colocado o jeans na sacola, mas pretendia, e quando o funcionário apareceu, ela pensou que ele tinha lido a mente dela. Ela negou a ajuda, com a cabeça e acabou se sentindo mal. Chegou perto dos jeans Seven e os empurrou na sacola da Gucci num movimento rápido. Se virou, e andou confiante até a saída, se esforçando para não olhar ao redor. Seria muito suspeito. Ela saiu dali sem o alarme disparar. Conseguiu. Que alívio!

Depois dali, ela passou na Bendel’s, Barney’s, Chanel e Miu-Miu, até que percebeu que estava faminta. Ela andava pela Madison quando entrou na Three Guys, e ouviu a tradicional som do sininho tintilando e batendo na porta. Ela se sentou num canto da cafeteria e comprou um café e batatas. Jogou um monte de ketchup por cima e começou a comê-las, distraída.

– Desculpe incomodar, mas percebi que estava sozinha. Não podia deixar isso acontecer- Um garoto de cabelos ruivos e olhos azuis, com jeans Armani e uma blusa Abercombrie, segurando um Cappuccino se sentou na cadeira na frente da dela. Viu como é difícil ser bonita?

Bárbara olhou para ele por um segundo, mas depois ignorou. Ela estava acostumada com esse tipo de coisa. O garoto insistiu:

– Posso te pagar um café?- perguntou ele, piscando.

Bárbara deu uma risada baixa e irônica, e levantou o café.

– Eu já tenho um café.

– Eu sei- disse o garoto, e Bárbara arqueou as sobrancelhas- Mas que outro jeito tem de eu chamar sua atenção?

Bárbara riu de novo.

– Obrigada, mas eu não estou interessada. Mesmo- ela disse, esperando ele ir embora finalmente, mas ele não foi, e falou:

– E quem disse que eu estou? Só quero me sentar aqui.

Será que ele não entendeu que ela estava o dispensando?

– Nesse caso, pode ficar com a mesa- disse Bárbara, e se levantou. Ela andou até a entrada do restaurante. O garoto apareceu atrás dela, e a garota levou um susto com a violência que ela ouviu a o sino bater- Caralho!- ela gritou, virando-se para o garoto- Que merdas você quer?!

– Você- ele disse, e a agarrou para beijá-la.

– Sai!- gritou Bárbara, o empurrando. Mas de repente, se deu conta de uma coisa. Ela andava bem estranha esses dias, e sabia exatamente porque. Ela gostava de Dylan. De um jeito que ela nunca tinha gostado de ninguém. Estava caidinha, e ela sabia que quando estava nervosa fazia coisas impulsivas. Tipo comprar loucamente. Ou roubar. Que tal fazer mais uma com um gatinho de cabelo laranja? Bárbara sorriu- Aqui não.

O garoto retribuiu o sorriso sensual. Ele pegou a mão dela e eles saíram correndo. O menino Armani-Abercombrie a levou para o apartamento dele, e digamos que os vizinhos de baixo dele não tiveram uma noite muita silenciosa.

X-X-X

Dia 22 de Setembro de 2013, uma sexta-feira ensolarada. Tudo tinha cara de que ia dar certo. Mas não sempre parecia quando se tem uma vida perfeita e glamorosa em Nova York? Becky Jones, Lana Springers e Sasha Gold estavam sentadas nas escadas do Met, para variar, conversando. Jill estava ali também, dois degraus a cima, as ignorando. Sentia falta de Stace, pois ela lhe ajudou muito quando ela precisava. Também estava nervosa, porque o jantar de Stace seria dali a dois dias, e estava com medo de que CeCe estar certa. Ela não podia estar. Stace era muito legal, e ela não queria que ninguém estragasse isso.

De repente, uma menina vestindo uma blusa verde azulada, uma jaqueta de couro preta Balenciaga, uma saia preta que ela tinha comprado na Macy’s dois dias antes, e sapatos cor de abacate Sky Blue- Stilettos, os cachos escuros caindo delicadamente nos ombros caídos, os olhos verdes ansiosos olhando poderosamente ao redor, pele branca, sardas espalhadas pelo nariz pequeno e boca levemente rosada. Era Jéssica.

– E aí- disse ela, tentando parecer indiferente. Tem algo mais cool do que usar uma jaqueta de couro e parecer indiferente?

Becky riu, passando a mão pelos cabelos caramelo encaracolados e cheios de gel.

– O que você quer?- perguntou ela.

– Vocês tem algum cigarro aí?- quis saber Jéssica, no tom indiferente e arrogante.

– Desde quando você fuma?- perguntou Lana, num tom maternal falseta. Ela segurava um Malboro Light entre os dedos, e deu uma tragada. Ela fez nuvens de fumaça acima da cabeça, e riu- Estou zoando. Toma aqui.

Ela pegou o pacote de Malboro e jogou para a menina de cabelos pretos. Ela pegou um, e Lana acendeu para ela. Ela deu uma tragada, e Becky exclamou:

– Lana! Que porra você está fazendo?

– O que?- perguntou Lana, estranhando- Ela fuma. Ela está comigo.

Becky deu um gemido baixo. Ela não fumava, como Jill. Jéssica não era ativa, mas já tinha fumado antes, e sabia o quanto era cool fumar com as meninas mais populares do colégio nas escadas do Met. Sasha e Lana eram as únicas que fumavam altivamente(e loucamente) ali.

– Ei- disse Jéssica- Eu e algumas amigas vamos fumar no nosso alpendre favorito da 94. Quer ir com a gente?

– Por que eu iria querer?- perguntou Lana. Ela podia ser uma vadia. Todo mundo pode, quando quer.

Becky riu, finalmente tendo o que queria: um tratamento justo de uma garota da 8ª série. Ela afastou os cabelos do rosto e olhou para o céu. Algumas nuvens estavam se formando, e parecia que ia chover.

– Bem, a gente se vê depois então- disse Jéssica, tentando ignorar o fato de que foi arrasada por uma menina com o grau popularidade muito acima que o dela. Ela se virou, desceu as escadas e se virou à esquerda.

De repente, Jill disse:

– Becky, você é uma vaca.

Sasha riu que nem uma porca.

– Nem me fala- concordou ela, dando uma tragada- Mas essa garota não. Eu gostei dela.

Becky olhou para Sasha.

– Você está brincando- afirmou ela- Ela tem, tipo 10 anos?- perguntou ela. Ela pegou sua bolsinha Chanel amarela e tirou o celular dela.

– 14- Jill não pôde deixar de corrigir. Becky a encarou, confusa. Claro que Jill sabia a idade de Jéssica: namorava o irmão dela- Que foi?- ela acrescentou para Becky, que desviou o olhar. De repente, eles viram Dylan passar por ali, com seus amigos Thomas Packington, Daniel Thompson e Marco Lavigne; os 4 garotos mais desejados da escola. Sasha se abanou.

– Hmm,-disse ela- Você acha que eu tenho chance com o Marco? Soube que ele terminou com Rain Tamashi, aquela japa do 1º ano. Já estava na hora.

– Não sei- disse Jill, se levantando. Dylan ia em sua direção- Oi, babe- disse ela, beijando Dylan na boca.

– E aí?- falou Dylan. Parece que essa frase está no cérebro da família St. Jude- Eu tava pensando- disse ele- se você não quer sair amanhã? Pegar um cinema... jantar no Daniel’s, ou talvez no Loab, no Central Park... Que tal?

– Parece ótimo- Jill sorriu- A gente combina mais tarde.

– Ok- respondeu Dylan. Seus amigos andaram até ele.

– Ei, Greene- falou Daniel Thompson, com seu sotaque irlandês super fofo- Vamos jogar basquete.

Os três amigos pegaram Dylan pelo ombro e o arrastaram para longe das meninas. Não deu tempo de se despedir.

– Ai, Jill...- suspirou Becky- Que sorte você tem...

Jill se sentou de novo e raspou o final de seu iogurte. Estava ansiosa para amanhã. Quem sabe aquela sensação de culpa que sentia ao namorar Dylan não sumisse com uma lagosta ou um spaghetti com molho de tomate e orégano. Bem, a comida não importa. Afinal, ela ia vomitar tudo mesmo.

– Eu sei.