Jéssica parou na frente da Saks. Pegou os pacotes de dinheiro e os colocou em uma sacola, que ela ficou surpresa ao ver que não arrebentava. Saiu do carro rapidamente. Ela estava morrendo de medo de alguém perceber que ela era menor de idade. Ela não tinha nem 16! Clicou no botão de fechar o carro e ouviu o barulho que a BMW fez ao ser trancada. Ela estava tão nervosa que levou um susto. Mas não havia tempo para ler levar sustos: ela tinha que correr. Com a sacola na mão direita e os sapatos na esquerda, ela correu só de meia calça para dentro da loja.

O negócio era que sua amiga, Claire, andava envolvida com um grupo de garotos do West Side e outros do Brooklyn, porque ela comprava as drogas que eles vendiam mas demorava muito para pagar. O grupo do West deu um prazo para ela entregar o dinheiro: terça feira, às 8h e 50. O plano era Jéssica dar o dinheiro que ela devia(4 mil dólares) para a amiga e a mesma correr para o West Side para entregar o dinheiro. Se não, Claire morria. Era uma situação de vida ou morte. Ela recebeu o telefonema de Claire quando estava prestes a sair de casa, bem atrasada, e percebeu que tinha que roubar as chaves do carro de seu pai, porque chamar um táxi não dava tempo. E ela fez isso.

Encontrou Tod na rua, e percebeu que ela precisava de alguém para lhe acalmar, pois estava desesperada, e chorando horrores. Por isso sua maquiagem estava borrada. Mas, após o escândalo do garoto, ela o deixou na rua. Não dava tempo para explicações, mas o garoto insistia. Continuou seu caminho pela Quinta, até chegar na loja. Já eram 8h e 15.

Saiu correndo e empurrou a porta, com pressa. Olhou ao redor. De repente, a loja parecia gigantesca.

– Claire!- chamava Jéssica- Claire, você está aqui?! Onde vocês está?

Ela perdeu uns 10 minutos perambulando pela loja até achar a menina, num canto da loja, roendo as unhas como louca.

– Jéssica!- ela exclamou.

– Vamos logo!- falou Jéssica, e puxou o braço da menina, se perguntando o porquê dela não ter esperado no lado de fora. Concluiu que era isso que pessoas desesperadas fazem quando estão no pico de seu desespero. Faltavam 20 minutos- Bote o cinto, vamos.

Claire colocou o cinto e Jéssica acelerou. Ela seguiu o caminho para o West, suando como nunca.

Dylan localizou o carro de seu pai com os olhos, no banco de passageiro do táxi que ele pegou. Pediu para o táxi seguir o carro, e ao mesmo tempo, pegou o celular para ligar para Jéssica. Porém, achou melhor não ligar. Afinal, se a garota estava dirigindo, ia só piorar tudo. Ele estava muito nervoso, ansioso, e completamente acordado.

Percebeu que o carro seguia para o West Side, por baixo do Central Park. E ele esperou, até o parro na sua frente parar, ao chegar ao seu destino. Era no estacionamento do Lincoln Center, na West 62nd Street. Estranho.

O lugar estava deserto, exceto por alguns poucos seguranças espalhados aqui a ali. O garoto olhou para o taxímetro. Aquilo ia custar caro. Após as formalidades do estacionamento, o taxista estacionou numa vaga num canto, ao lado da BMW de Jéssica. Ele pediu para o taxista esperar ali, e saiu do carro. Jéssica e Claire também haviam saído, e a primeira levou um susto ao ver Dylan.

– Puta merda- ela disse- Olha, eu posso explicar. Mas agora não. Por favor, vá pra casa.

– Não, você que vai pra casa- disse Dylan, andando até a irmã e agarrando seu braço- Comigo.

O garoto a arrastou até onde pôde. Não foi muito, porque um tiro foi disparado, e passou de raspão em Dylan. O garoto guinchou e caiu no chão, o braço latejando de dor.

– Meu Deus!- gritou Claire. Ela se jogou no chão e botou as mãos na cabeça. Jéssica a imitou, dizendo:

– Caralho, caralho, caralho...

Um adolescente de jaqueta de couro escura saiu de uma sombra. Ele segurava uma arma, e saía um pouco de fumaça dela. Aquela foi a arma que machucou Dylan.

– Ele estava te atacando- ele justificou, parado na frente de Jéssica. O taxista de Dylan, dentro do táxi, chamava a polícia, enquanto os seguranças do estacionamento corriam até lá. Porém, o estacionamento era longe, e o garoto de jaqueta ainda podia matar as duas meninas, se quisesse. Lembrando que enquanto tudo isso acontecia, Terrance St. Jude dormia, em casa. Pai responsável esse hein!?

De repente, um grupo de 4 garotos apareceu atrás do garoto de jaqueta, todos segurando armas.

– Onde está o dinheiro?- perguntou um com olhos puxados, gordo e forte. Parrudo, se preferir. Ele apontava uma arma para a cabeça de Claire, abaxiada.

– J-Jéssica- a garota gaguejou, e Jéssica entendeu. Se levantou lentamente e entregou a sacola ao garoto de jaqueta, que estava na sua frente, também apontando uma arma em sua testa molhada.

O garoto pegou o dinheiro e correu para dentro de um carro preto, e os outros o acompanharam, por causa dos seguranças, que chegavam cada vez mais perto. Cade as armas deles? O carro preto da gangue ligou as luzes e saiu em disparada pelo estacionamento. Um dos seguranças, um negro e careca, se posicionou na frente do carro para ele parar, mas isso não aconteceu. Ao perceber isso, o segurança pulou e rolou com violência pelo capô do carro, e caiu no piso do estacionamento. Claire e Jéssica se levantaram. A primeira foi ver se o segurança estava bem, acompanhada dos outros seguranças e a outra, correu para Dylan.

– Irmão!- disse ela, pressionando as mãos sobre o ferimento do braço- Me perdoa. Me perdoa.

O taxista, que percebeu que poderia se dar mal ficando ali, acelerou e saiu do estacionamento, apressado. Jéssica chorava. Dylan ainda tinha consciência, mas seu braço sangrava muito. O barulho de sirenes soou pelo estacionamento. A polícia.

“Graças a Deus!” pensou Jéssica, ainda em choque. Foi tudo tão rápido.