Tod mexia no celular enquanto atravessava rua 79 para o outro lado da calçada. O garoto pediu para o táxi lhe deixar ali porque era muita coisa para atravessar por dentro do parque, desde a Central Park West até o local da festa, próximo ao Met, e ele já estava sem disposição. Enquanto andava, ouviu um barulho alto vindo de trás dele, e virou-se. Não viu nada demais, exceto um gato roçando por uma abertura debaixo do meio fio. O esgoto. Ele perdeu um bom tempo vendo aquele gato prestes a cair no lugar onde saíam as necessidades nojentas de seus donos, e refletiu. Ele era o gato. Não era um gato, mas aquele gato. Prestes a cair. Roçando no destino, indo pro lugar errado. A festa era o lugar que ele devia se afastar, porque lá havia pessoas nojentas, ele sabia disso.

Ele deu meia volta e seguiu sem rumo. Após virar na Park Avenue, ele pegou o telefone para pedir um táxi quando uma buzina tocou ao seu lado. Ele levou um susto tão grande que deixou o celular escorregar entre seus dedos não muito longos. Se abaixouu rapidamente para pegá-l e quando levantou, viu quem havia buzinado.

Dentro de um carro, com as duas mãos no volante, estava ninguém mais ninguém menos que Jéssica, com um vestido branco e liso Carven e um enorme(gigante mesmo) colar de esmeraldas quadriculadas. Ela olhava para o garoto com um sorriso orgulhoso.

– Boa, mané- disse ela, dando uma risada- Por que a demora?

– Demora? O que você quer?

– Entra logo no carro, idiota- Jéssica respondeu, buzinando com sua mão magrela. Parecia cansada, e sua maquiagem estava um tanto borrada na bochecha e na extremidade do lábio. Ela abaixou o vidro do carro e limpou um pouco seu queixo colorido- Merda. Essa porra não sai.

Tod abriu a porta da BMW e percebeu que haviam pacotes de dinheiro no banco de trás.

– Meu Deus, isso é muito dinheiro!- disse o garoto, olhando para os pacotes. Aquilo era mais dinheiro que ele já tinha visto na vida.

– Longa história- ela suspirou, e acelerou com seus sapatos Stuart Weitzman verde brilhante- Eu te conto quando chegarmos a Saks.

– Por que diabos vamos para a Saks?- perguntou Tod, encarando Jéssica com raiva. Ela não respondeu- Jéssica, você tem 14 anos, por que está dirigindo?!

– Eu... Peguei o carro do papai enquanto ele dormia, ta legal? Agora cale a boca, eu preciso pensar.

Jéssica olhava para frente, concentrada, e mordia o lábio. Parecia muito preocupada. Entrou na Quinta Avenida e seguiu reto, com muita rapidez. Eles iam a uns 80km.

– Calma!- exclamou Tod.

Imagine a situação. Dois garotos de 14 anos correndo a 80km numa das ruas mais movimentas do mundo, sem pais, sem responsáveis, sem nada. Só correndo. E um deles nem sabe o motivo deles estarem ali.

– Caralho, Tod, me deixe!- gritou Jéssica.

– Não é você que foi quase sequestrado por uma garota de 14 anos e está desesperado por respostas. Pare o carro!- exclamou Tod, e a garota o ignorou- Pare, agora! Pare! Pare!

– Vá a merda!- ela gritou, e virou subitamente na 58 com a Quinta, logo após passar a Gucci. Tod gritou o mais alto que conseguiu. Foi tudo muito rápido. Eles quase capotaram com a velocidade que estavam, e ouviram-se vários gritos de motoristas e pedestres ali, que levaram um susto ou simplesmente foram fechados ou quase morreram atropelados. Jéssica parou subitamente e disse para Tod sair.

– Obrigado- ele disse, e saiu rapidamente do carro. Porém, naquele momento, estava sem rumo. Ele viu a BMW virar para a Madison e depois na 57 para retornar ao seu antigo caminho na Quinta Avenida, e também viu quando o carro continou seu caminho, numa velocidade maior que 80km.

A curiosidade tomou conta dele, e ele pegou o telefone.

Chelsea

Dan

Dennis

Dedee

Dylan

Eddie

Ele selecionou o contato Dylan e clicou no botão “Call”. Botou o celular no ouvido. No 4º toque, ele atendeu.

– Tod?

– Oi... Olha, a gente se conhece faz um tempo e eu cometi um erro na festa do Plaza, eu admito. Foi mal. Você não precisa me desculpar nem nada, mas nós dois gostamos da Jéssica, e ela parece estar em apuros.

– Eu... O que?- perguntou Dylan, confuso. Era informação demais para um garoto com um cérebro do tamanho dele.

– Ela apareceu do nada com o carro do seu pai e disse que íamos pra Saks. Nós quase morremos. Por favor, vá lá, eu estou preocupado com ela. Você sabe quanto ela é inconsequente.

– Espere, o que? Jéssica ta com o carro?! Meu Deus, essa garota ta pedindo pra morrer!- e com isso, Dylan desligou o telefone. Ele estava dando uns amassos com Jill embaixo de uma árovre na hora que Tod ligou. Eram quase 8h da noite. Ele se levantou num salto de instinto, e Jill exclamou, se levantando e ajeitando o vestido florido:

– Sua irmã está dirigindo?!

Dylan não respondeu. Correu para fora da festa, pegou o primeiro táxi que apareceu e disse para ele ir para a Saks, e rápido, deixando Jill completamente desamparada. Ela pegou o telefone e viu que a Gossip St. Jude havia feito uma nova atualização.

“Gossipstjude.net
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Mas que correria é essa... Hoje o dia foi completamente corrido para algumas pessoas, disso não tenha dúvida!

Flagra

J e T correndo numa BMW da Quinta Avenida, poucos minutos atrás. Eles querem morrer, ou o que? Ou será que estavam com pressa de achar algum lugar para fazerem algumas rapidinhas... Vocês sabem, umas escapadinhas nunca fizeram mal à ninguém. D em busca de sua irmãzinha Effy Stonem, provavelmente metida em encrenca. Essa menina ainda vai dar no que falar. M e S de conversa furada durante um passeio no Parque, depois que se cansaram de dançar. Até que eles formam um casal bonitinho, não é? C parecendo bastante interessada no casalzinho a pouco citado, e bebendo champanhe perto do lago Jacqueline, onde M e S andavam. B se agarrando com um loirinho bonitinho(AKA desconhecido do 1º ano) no banheiro feminino no salão principal, durante a festa da mãe de C.

Seu e-mail:

P: Cara Gossip St. Jude,

Eu juro que vi a B pela janela do meu apartamento queimando o convite da J na lareira que eles tem na cobertura delas. Será que é por isso que ela teve que ir com o D ou ela ainda gosta dele? Te admiro muito.

–K

R: K, infelizmente eu não posso te responder, mas eu tenho certeza que a B é capaz disso. Ela já fez muita coisa pior. Porém, não tenha dúvidas que J ainda gosta do seu ex. Afinal, eles também foram flagrados dançando juntinhos na festa do CP e depois se agarrando num banco afastado de todo mundo. Alguém explica pra essa garota o que é orgulho? Por favor.

– GSJ

P: Oi, GSJ!

Não sei se você sabe mas eu soube que a J, irmã do D, tem uma amiga drogada que ta devendo pra uns garotos do West Side. Essa menina tem encrenca no sobrenome, não é possível! Daqui a pouco ela vai estar metida nessas coisas e vai sobrar pro irmão, e pro amigo não acha?

–Coroazul.

R: Hmmm, talvez seja esse o motivo dela estar com tanta pressa na Quinta Avenida com seu amigo. E além disso, imagina o que o pai dela vai fazer quando descobrir que ela pegou o carro! Ela está pedindo pra ficar de castigo até a faculdade.

UM ÚLTIMO FLAGRA

T ajudando J mesmo depois de ser largado por ela. Coitadinho... Muito fofo. Porém, não tem chance com ninguém. Fazer o que, né?

Aproveitem o resto da festa, amiguinhos.

Beijinhos,

Gossip St. Jude.HmHH”

Enquanto tudo aquilo acontecia, Matt e Stace estavam afastados, andando em silêncio perto do lago Jacqueline Kennedy. Stace segurava sua bolsinha e olhava para suas unhas, pintadas de cor de abacate. Matt admirava o lago, mas não estava distraído. Estava escuro, e Stace sabia que, se ela quisesse dar o passo, era agora.

– Eu amo esse lago- disse Matt, quebrando o silêncio frio da noite.

– Sim- disse Stace, que não sabia o que dizer- É realmente bonito.

– É inspirador- disse Matt, repentinamente animado- Eu poderia escrever 10 histórias diferentes que se passassem no lago.

Stace sorriu, e Matt riu.

– Quer dizer- disse ele- Não dentro dele. Você entendeu.

– Sim- a garota repetiu, e olhou pra ele. Ele fez o mesmo, e os dois riram.

– Isso é legal- disse Matt, voltando a olhar para a frente- Você é muito legal, Stace. Sei lá, você é diferente das garotas que eu conheço.

– Isso é bom?

– Muito.

Novamente, os dois riram, mas se calaram e o silêncio constrangedor apareceu, o medo de todos os casais que acabaram de se conhecer.Stace não sabe direito porque fez isso mas, soltou a bolsa de propósito no chão, com um "opa" bem baixinho, que Matt não escutou. Os dois se abaixaram para catar a bolsa do chão, e se olharam, ajoelhados. Stace não resistiu. Botou a mão no queixo de Matt e inclinou sua cabeça muito levemente. Foi um selinho, mas não foi rápido. Durou uns 6 segundos, mas não passaram do biquinho. Após se separarem, eles não abriram os olhos, e continuavam com os rostos muito próximos. A mão de Stace apertava gentilmente o queixo de Matt. As bocas dos dois se encontraram novamente e grudaram mais uma vez, num vai e volta muito romântico. Parecia um beijo de filme. Stace sabia disso, e ela estava adorando. Finalmente!