Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 21
Pensamentos




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Sexta-Feira. Acordei com um desânimo. Não levantei da cama, só puxei o cobertor até acima do nariz e fiquei olhando para a parede, com um pouco de sono.

Eu: O que eu estou fazendo... Trato Felipe como se ele fosse meu namorado... Quando vou me tocar que nunca vai dar certo?

Meu desânimo aumentou. Fico ligando para Felipe, indo na casa dele, considerando seus atos algo demais, sendo que para ele é apenas amizade. E se eu contasse para ele sobre tudo? Tudo que eu sinto por Felipe? Não, não ia rolar. Nada seria do mesmo jeito. Ele vê suas atitudes como um grande amigo, e eu vejo como meu futuro namorado. Só perco tempo achando que tenho chance. Sinceramente quem não pensaria o mesmo que eu? Um cara lindo te ajudando sempre, querendo ficar por perto conversando, sempre se desculpando de suas atitudes, pelo o menos as que eu considero bestas, sei lá. De um jeito fofo... Miguel! Se toca! Ele gosta de mulheres! Gosta de peitos! Eu sou homem, que gosta de outros homens, e ele nunca vai entender. Talvez até entenda mas nada será como antes.

Eu: Sabe... Me disseram que o céu é o paraíso... Será que se eu for para o céu? Felipe vai ser meu?

Me dei um soco forte na barriga. Doeu. Foi um pouco mais forte do que eu esperava.

Eu: Morrer? Pirei de vez? Morrer por um garoto. Que bobagem. Mas ele seria meu... Ah bobagens. Felipe, por que gosta de mulheres?

Me passou pela cabeça aquela cirurgia, troca de sexo. Me dei outro soco na barriga. Saiu mais forte do que o anterior.

Eu: Ai caralho... Exagerei agora. Não vou me matar ou mudar meu sexo só para ser do Felipe. Homens não choram, homens levantam a cabeça e encaram seus desafios. Eu sou um homem, sendo gay ou não.

Minha mãe abriu a porta do quarto.

Mãe: Filho, não vai para a escola?

Eu: Não mãe. Hoje vou ficar em casa.

Mãe: O que?! Não vai não! Você vai para a escola sim!

Eu: Por favor mãe... Terminei com a namorada...

Minha mãe abaixou a cabeça.

Mãe: Só hoje.

Fechou a porta. Se eu falasse que um menino da minha escola não corresponde meu amor, ela me mataria. Minha mãe é homofóbica. Que saco...

Voltei dormir. Acordei duas da tarde, com o celular vibrando. Felipe estava me ligando. Deixei tocar. Ah cara... Pra quê dar satisfação? Hoje de manhã encarei a realidade, Felipe é hétero. Se eu continuar vendo suas atitudes como um novo passo para o namoro, só vou me iludir cada vez mais.

Desliguei o celular e fiquei na cama. Almocei na cama, jantei na cama, e no resto do dia não fiz nada. Não dei sinais de vida, a não ser para minha mãe. Levantei da cama e olhei para a janela. Dei uma leve risada.

Eu: Engraçado. Felipe consegue me ver mas eu não vejo ele.

Sai da janela. Deitei na cama de novo. Já eram 21h da noite. Pensei em ligar o computador mas nada me deu ânimo. Nadinha.

Eu: Por que eu velho?... Eu não quero ser gay. Não tenho preconceito nem nada mas isso... É horrível. Amar alguém... Os héteros tem chance de namorar a garota que eles gostam, mas os homossexuais não, porque é de outra sexualidade...

Comecei a chorar. Parei de falar sozinho. Já estava me sentindo como uma menininha choramingando. Fui dormir, cedo novamente.

Sábado, minha mãe me acordou.

Mãe: Vamos para a casa da vó!

Casa da vó, que ótimo... Sem internet nem nada.

Minha vó mora longe, mas de carro é uma hora para chegar na casa dela. Fui desenhando no vidro do carro durante o caminho, pois estava frio, e o vidro ficava um pouco embaçado. Chegando lá, abracei minha vó que por sinal era bem menor do que eu.

Vó: O filha, quer ir fazer a sobrancelha?

Mãe: A senhora me disse de um gayzinho que faz bem a sobrancelha né?

Gayzinho? Como assim mãe?!

Vó: É Márcio, filha.

Mãe: É o homem bem gay do salão aqui perto não é?

Vó: Sim. Mas ele tem nome.

Mãe: Ah que seja. Vamos lá. Você fica aqui Miguel?

Eu: Vou ficar sim, mãe.

Elas me deixaram em casa sozinho. Por sorte, meu vídeo-game antigo ficou guardado na sala. Voltando um pouco ao que minha mãe me disse... Gayzinho? Velho que homofóbica. Imagina quando eu contar tudo pra ela...

Me deparei com uma plantação de mini pimentas, no jardim. Fui dar uma olhada.

Eu: Pimentas...

Peguei uma, a menor que tinha. Comi tudo de uma vez.

Eu: Ai caralho arde!!

Bebi um pouco de água, não funcionou. Bebi leite. Surgiu um grande sorriso no meu rosto.

Eu: Mal espero para contar para o Felipe o que eu comi na cas... Felipe...

Droga.

Fui jogar um pouco. Na verdade passei o dia jogando. Não faz meu tipo passar horas no vídeo-game, mas até que eu gostei. Minha mãe e vó chegaram.

Mãe: Miguel, comprei sorvete para você.

Corri para comer. Era um sorvete de chocolate, o meu favorito!

Mãe: O nome dele nem era Márcio, mãe.

Eu estava um pouco distraído, enfeitando meu sorvete com granulado e creme.

Vó: Era Felipe! Márcio é o da loja de tintas.

Eu: Felipe?

Vó: Sim, o que faz a sobrancelha é Felipe.

Eu: Felipe?

Mãe: Ela tinha me dito que era Márcio. Passei um mico lá mãe hahaha.

As duas riram juntas.

Eu: Vó, posso ir comprar bolacha?

Vó: Pegue 20,00 reais.

Peguei o dinheiro e sai. Obviamente não fui comprar bolacha. Só queria ver o Felipe do salão. Era perto. Entrei no salão, todo rosa. Haviam alguns cabelos cortados no chão. Fui na balconista.

Eu: Oi, quem daqui se chama Felipe?

Ela apontou para um homem do outro lado da sala. Ele era alto, feio. Tinha um topete com o cabelo cortado dos lados. Moreno de olho castanho. Achei feio.

Eu: Obrigado.

Voltei para a casa da minha vó. Deixei o portão aberto sem querer.

Mãe: Cade a bolacha?

Eu: E-Eu não achei.

Vó: Não achou a bolacha?

Eu: N-Não, tipo, eu não achei a bolacha que eu queria.

Vó: Tudo bem. Pode ficar com esses vinte reais.

Eu tinha até me esquecido do dinheiro. Me sentei na sala para continuar jogando.

Dormimos lá de sábado para domingo. No quarto de hospedes. Minha mãe em uma cama e eu na outra.

Fiquei olhando para o teto imaginando todas as coisas que eu gostaria de contar para Felipe do meu fim de semana, do tipo: " Eu vi um cara com o nome igual ao seu, mas não tem nada a ver com você! " ou do tipo " Nesse fim de semana, eu comi pimenta na casa da minha vó! ". Mas todas as vezes eu me lembrava... Que Felipe é apenas meu amigo...


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