Quarta-Feira. Acordei na fúria. Felipe não almoçou comigo ontem. Só agora me lembrei que eu tinha que entrar no fake. Ah foda-se!

Tomei banho, vesti as roupas e tomei café. Minha mãe me levou à escola.

Mãe: Espera...

Eu: O que foi?!

Mãe: O que houve?

Eu: Tô bravo!

Mãe: Vê se não apronta Miguel.

Eu: Relaxa mãe.

Sai do carro e entrei na escola. Tonny estava encostado no portão de entrada. Fizemos um toque nosso, como se fosse um toque especial. Fomos em direção ao baiano. Larissa chegou dizendo desesperadamente:

Larissa: NÃO Miguel não faz isso!

Eu: O que?!

Larissa: Não bate nele!

Eu: Vai ficar do lado dele também?

Larissa: Não né. Mas agressividade não leva em nada.

Tonny: Foda-se. Eu vou estourar a cara dele!

Felipe ouviu e veio junto à Milena.

Felipe: Não bate nele.

Eu: Vai ficar do lado dele, Felipe?

Felipe: Miguel, se você bater nele, pode ser expulso da escola.

Eu: Como você se importasse né?

Felipe: Eu me importo com você...

Eu: Você almoçou com ele ontem, Felipe. Sai da minha frente!

Felipe: Não!!

Diego passou pelo portão.

Tonny: Diego?!

Diego: Desculpa cara, mas mexeu com meus amigos!

No final das contas, milagrosamente, Milena nos acalmou. Eu fiquei mais bravo ainda com Felipe. Diego foi para casa continuar dormindo. Eu e Tonny subimos para a sala.

Tonny: Cara... O Diego acordou seis da manhã para nos ajudar.

Eu: Ele é um amigo de verdade...

Tonny: É... Miguel... Você beijou a Larissa para quê?

Eu: Para disfarçar... Se Felipe perceber que sou gay, vai se afastar de mim. E o Luiz provavelmente vai ficar fazendo a cabeça dele para me zoar também.

Tonny: Não precisava usar a Larissa. Se Luiz não aceita o que você é, por quê disfarçar?

Eu: Não sei Tonny... Não sei.

Fiquei em silêncio. Felipe e Luiz ficaram de dupla de novo. As aulas começaram. A sala ficou em completo silêncio. Tinha um clima tenso entre todos. Os professores até comentaram entre si.

Uma aula antes do intervalo, Felipe se ajoelhou do lado da minha cadeira e sussurrou:

Felipe: Miguel... Me desculpa?

Eu: Nunca!

Felipe: Por favor...

Eu: Vai lá com seu amigo e deixa eu me concentrar.

Felipe: Ele não é meu amigo!

Eu: Que?! Você faz tudo com ele! Você é um paga pau Felipe.

Felipe: Desculpa Miguel... Eu sei que errei e assumo isso mas não quero perder sua amizade.

Eu: Morre Felipe.

Felipe: Por favor... Me dê outra chance.

Percebi uma gota de sangue saindo do nariz do Felipe. Assustei, claro. Felipe começou a ficar zonzo e desmaiou. Eu não tive reação. Fiquei totalmente paralisado. Seu nariz ficou derramando sangue sem parar. Eu achei que Felipe ia morrer...

No final das aulas, voltei para casa lembrando de Felipe. Lembrando de quando ele andava comigo, rindo e brincando. Juntos. Ele com a mão no meu ombro e eu me apoiando nele. Sentindo seu cheiro tão agradável. Lembrava de Felipe me abraçando na frente de casa, antes da viagem que eu fiz no ano passado.

Entrei em casa. Minha lição de ciências era relacionada a alguns temas do ano passado. Peguei minha pasta de desenhos e materiais dos anos anteriores. O primeiro desenho... Uma árvore de palitinho com um oval amarelo. Do lado escrito: Felipe!

No desenho de baixo, era uma árvore mais detalhada, com o por do Sol. Foi o desenho que eu fiz para o Felipe no começo do ano. Coloquei no mural do meu quarto os dois desenhos, presos com uma taxinha dourada.

Deitei na cama e fiquei olhando para aqueles desenhos. Entrei no fake da Larissa. Tinha uma conversa com o Luiz.

...

Luiz: man to puto

Bia: oq houve?

Luiz: meu amigo brigo cmg

Bia: Pq?

Luiz: a ele fica andando com um outro da classe lah que brigou com ele

Bia: Pode citar nomes para eu ver a foto deles?

Luiz: o amigo eh felipe e o outro eh miguel

Isso foi o suficiente para mim. Já sai do fake. Me arrumei e fui para a casa de Felipe. Ele tinha voltado mais cedo por causa do acontecimento de hoje.

Chegando lá, a mãe dele me recebeu. Subi as escadas e vi Felipe no quarto dele, olhando para a janela que dava no meu quarto.

Felipe: Você pendurou meu desenho.

Corri para abraçar o Felipe. Ele me abraçou com força também.

Eu: Eu te desculpo. Me desculpa também, por brigar com você.

Felipe: Claro Miguel...

Uma lágrima de felicidade escorreu do rosto de Felipe. Eu sequei.

Seu lábio, tão sexy. Eu queria dar um selinho, mas não tinha coragem. Ele mudou de assunto. Ficamos jogando papo fora, nos divertindo como de costume até tarde. Depois voltei para casa, jantei e dormi com um grande sorriso no rosto. Aiai Felipe...