Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 13
Encontro




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10 minutos para 18h. Tomei banho e vesti minhas roupas. Blusa branca, casaco preto com mangas puxadas até os cotovelos. Calça jeans e all star. Pedi 100 reais para minha mãe. Me sentei no sofá da sala e fiquei esperando Felipe aparecer.

Mãe: Quem é a sortuda que vai sair com você?

Eu: É um amigo mãe.

Mãe: Você se arrumou e se perfumou assim para sair com um amigo?

Eu: Sim.

Mãe: Olha aqui Miguel, você não vem me dar uma de gay. Você é homem.

Meus olhos arregalaram. Não consegui acreditar no que minha própria mãe disse. Olhei para ela com cara de nada.

Eu: Relaxa...

A campainha tocou. Fui correndo atender e minha mãe logo atrás. Felipe estava parado com as mãos nos bolsos. Bermuda e uma camiseta vermelha. Minha mãe conhecia bem Felipe.

Mãe: Ah, este é o amigo. Boa noite Felipe.

Felipe: Boa noite. Vamos Miguel?

Eu: Vamos.

Sai de casa, fechei a porta. A mãe de Felipe ia nos levar ao cinema. Ela gostava muito de mim. De vez em quando me mandava um oi. Entramos no banco de traz. Felipe estava um pouco tímido. Não falava muito comigo, mas a mãe dele puxava assunto.

Mãe: Oi Miguel. Tudo bom?

Eu: Sim e você?

Mãe: Também. Que filme vocês vão ver?

Eu: Na hora vamos decidir.

Ficou um silêncio. Ninguém conversava com ninguém. Chegamos ao estacionamento. A mãe dele nos deixou lá e saiu. Felipe disse que ligaria quando quisesse ir embora.

Felipe: Está com fome?

Eu: Um pouco. Você jantou?

Felipe: Não. Quer comer algo por aqui?

Eu: Vamos em alguma lanchonete?

Felipe: Lanche... Não gosto muito. O que acha de comida japonesa?

Eu: Ah você gosta?!

Felipe: Adoro e você?

Eu: Também!

Fomos em um restaurante japonês. Felipe manipulava bem o hashi, o instrumento utilizado para comer yakisoba. Depois da refeição, fomos comprar o ingresso para o filme. Não tinha muita gente, então acabamos ficando um tanto sozinhos na fileira. Escolhi os lugares um pouco mais afastados. Minha intenção era que ninguém visse nada entre nós, assim talvez ele se sentiria mais à vontade.

A sessão era para às 19h. E eram ainda 18:46. Felipe me levou em algumas lojas de skate. Fingi estar interessado mas sinceramente, não gosto muito de skate.

Felipe: Olha esse long!

Eu: Que skate grande...

Felipe: Esse aqui é o meu. Slyder.

Eu: Você anda de skate?

Felipe: Ando no fim de semana. Meu pai me leva no parque. Você anda de skate?

Eu: Não. Gosto de patins mas também não ando fluente.

Felipe: Tem vontade de aprender no skate?

Eu: Nem um pouco...

Felipe: É legal! Você iria gostar.

Eu: Nesse fim de semana você vai no parque?

Felipe: Sepá sim. Por que?

Eu: Vamos eu e você?

Felipe: Meu pai vai junto?

Eu: Que?? Nem pensar! Ele não gosta de mim cara.

Felipe: Tudo bem... Meu pai não vai então. Fechou?

Eu: Fechou. Fim de semana no parque.

Felipe: É aquele da rua de trás?

Eu: Aquele é pequeno. Vamos no Villa Lobos.

Felipe: Ah beleza. Sábado no Villa, 14 horas.

Eu: Ok.

Cruzava os dedos para fazer calor neste sábado. Assim, Felipe ia tirar a camisa. Dei uma leve risadinha involuntária. Felipe não reparou.

Indo à caminho do cinema, Felipe me puxou pela cintura. Fiquei encostado, e ele com a mão em minha cintura. Fiquei com vergonha, claro. Todos que olhavam cochichavam baixinho " São gays " ou " olha que fofo ". Felipe parecia não reparar nisso. Chegando à sala, não compramos pipoca pois já jantamos antes.

Felipe: Está com medo?

Eu: Só um pouco. Tenho um pouco de medo dessa filme. E você?

Felipe: Gelando cara.

Eu: Você disse que gostava de filmes de terror.

Felipe: E gosto, mas este personagem me dá arrepios.

Eu: Relaxa...

Levantei a cabeceira que separava ambas cadeiras. Dei um pulinho de leve para perto de Felipe. A sala parecia deserta. Uma ou outra cabecinha estava a vista, mas raramente. O filme começou. Felipe não parecia estar muito assustado até os primeiros 20 minutos. Depois começaram as cenas mais fortes, em que ele apertava meu braço. Coloquei meu braço por baixo do dele, e depois os cruzei. Estava praticamente abraçado em seu braço. Felipe fazia um rostinho de susto e às vezes dava gargalhadas de meus sustinhos.

Quando acabou o filme, fomos até a saída esperar sua mãe. Eram 21h. Ficamos em pé, na portaria do shopping. Eu estava com sono.

Eu: Ficou com medo?

Felipe: Médio. Tem algumas cenas muito fortes.

Eu: Também acho.

Felipe: E você? Teve medo?

Eu: Eu não.

Felipe: Claro que teve hahaha eu vi você dando alguns pulos.

Eu: São sustos, não medo.

Felipe: Você abraçou meu braço de tanto medo.

Acabei ficando um pouco sem jeito. Abaixei a cabeça e dei um leve sorriso.

Felipe: Medroso.

Eu: Eu?? Você que estava com medo ou.

Felipe: Eu nada.

Eu: Você acabou de admitir!

Felipe: Como é?

Eu: É sim cara, você disse " Médioo medo "

Felipe: Que que é?!

Felipe veio pra cima de mim, empurrando com o peito até a parede. Apesar de tom irônico, jeito brincalhão de parecer valentão e sorriso bobo, nossos lábios ficaram a menos de 3 centímetros de serem encostados.

Felipe: Repete!

Eu: Você ficou com medo lalala.

Uma mulher e duas crianças saíram na hora e nos viram. Felipe estava praticamente me pressionando contra a parede.

Filho: OLHA MAMÃE, DOIS NAMORADOS!!

Fiquei vermelho, e Felipe saiu de perto de mim na hora. Ele me deu as costas, colocou a mão na nuca e abaixou a cabeça. A mãe das crianças puxou com força pelos braços e os levaram para longe. Quando reparamos, a mãe de Felipe estava no carro, só esperando nós entrarmos.

Fomos no carro dela. Desda vez, Felipe na frente e eu atrás.

Mãe: O que foi aquilo agora a pouco?

Felipe: O que?

Mãe: Você sabe do que estou falando Felipe Nougueira.

Felipe: A gente só tava brincando.

Mãe: Não quero esse tipo de brincadeira.

Felipe não quis olhar para mim.

A mãe dele me deixou em casa. Entrei. Minha mãe estava na sala assistindo a novela. Subi para o meu quarto, troquei de roupa de dormi.

2h da manhã. Recebo uma ligação.

Eu: Alô...

Felipe: Te acordei cara?

Eu: Sim Felipe, você me acordou. O que quer?

Felipe: Insônia...

Eu: Está com medo do filme né velho?

Felipe: Medo? Que isso! Homens não tem medo!

Eu: Medroso.

Felipe: Felipe Nougueira não tem medo de nada!

Eu: Quer vir aqui?

Felipe: Você quer dizer... Dormir aí?

Eu: É. Só trazer uniforme. você mora a um quarteirão daqui.

Felipe: Eu vou escrever um bilhete para meus pais... Amanhã eles vão ler. Sua mãe pode me levar na escola amanhã?

Eu: Sim, sem problemas. Só vir.

Felipe desligou. Em 10 minutos bate na porta.

Eu: Não tocou a campainha?

Felipe: Eu ia acordar sua mãe.

Eu: Cara... Tem que ser muito amigo pra acordar duas da manhã e ainda te receber com bom humor.

Felipe: Hehehe valeu.

Subimos para o meu quarto. A cama era uma solteiro e meia. Grande até. Felipe deitou-se, em um lado e eu do outro. Queria que rolasse algo, mas logo ele dormiu, e eu também.


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