Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 12
Tonny é um amigo de verdade




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Quarta-Feira. Minha mãe me acordou, tomei banho, café da manhã e sai de casa. Entrando na escola, Milena estava sentada sozinha. Tonny não havia chegado.

Eu: Oi Milena.

Milena: Oi Miguel.

Eu: Tudo bom?

Milena: Sim e você?

Eu: Também. Cade o Tonny?

Milena: Banheiro.

Fui ao corredor do banheiro, e Tonny estava na fila.

Eu: O Diego te contou... Não é?

Tonny olhou para o chão, com um cara de sem graça. Me puxou para um canto mais escondido.

Tonny: Sim, ele disse. É verdade?

Eu: Sim.

Tonny: Sério mesmo? Tipo, você quer dar o cu?

Eu: QUE?? Ecaaaa claro que não! Nossa velho que nojo.

Tonny: Não?

Eu: Claro que não. Eca. Vou morrer virgem.

Tonny: Hm. Mas é verdade?

Eu: É caralho. Como ele disse?

Tonny: Ah tipo, ele falou que precisava contar um segredo para mim, mas não tinha coragem. Ele disse que nunca tinha lidado com algo do tipo antes e não sabia se ia acabar magoando talz. Aí ficou dizendo que ele ia se sentir mau amigo depois de falar. Depois de uns 20 minutos ele disse. Miguel é gay.

Eu: O que você disse?

Tonny: Eu falei que não, que você é homem.

" Você é homem ". Depois dessa frase fiquei sentido por algumas horas. Quer dizer que sendo gay eu deixo de ser... Homem?

Tonny: Também falei que se fosse verdade, ele não deveria sair contando por aí.

Eu: E o que ele disse?

Tonny: Chorou.

Eu: Como você sabe?

Tonny: Eu ouvia ele chorando, ele falou que estava chorando e fez voz de choro. Ele ficou dizendo que você não ia mais confiar nele.

Eu: Bom, é verdade. Não vou confiar nele por um tempo.

Tonny: Quando você descobriu?

Eu: Ah eu sempre soube...

Tonny: Mas você pegava mulher.

Tonny é completamente sem noção. A cada frase eu abaixava mais a cabeça.

Eu: Era para não acreditar na sexualidade.

Ele: Ah entendi... E por que não me disse antes?

Eu: Ah você tem esse jeito todo machão. Se eu contasse você nunca mais seria o mesmo.

Tonny: Relaxa. Só não ficar de viadagem pro meu lado. Mas fala ae, você tá afim do Felipe?

Não sou de ficar envermelhado, mas neste momento eu me assemelhava a um pimentão. Fiquei completamente envergonhado. Mas eu sabia, que o Tonny era de confiança. Muito diferentemente do Diego.

Falei bem baixinho.

Eu: Sim...

Tonny: Que?

Eu: Sim...

Ainda falando baixinho.

Tonny: Vou chegar mais perto... Não estou ouvindo.

Falei e tom natural.

Eu: Sim Tonny.

Tonny: Por isso você ficava olhando para a orelha dele?

Eu: É.

Tonny: Vou arranjar ele para você cara! Ele parece meio gay.

Eu: Não!! Não faz nada, não faça nenhuma merda! Só deixa tudo como está.

Tonny: Certeza?

Eu: Sim.

Subimos para as salas. Felipe, já na escada, veio do meu lado e perguntou se eu queria ser sua dupla hoje. Aceitei, claro. Tonny deu um leve sorriso para mim.

Milena de vez em quando olhava para Felipe. E sorria. Ele sorria de volta. Esqueci de contar, mas sou muito ciumento. Ciumento até demais, no grau que dois sorrisos me é motivo para briga. Tonny estava na cadeira de traz.

Na terceira aula, virei para conversar com Tonny.

Eu: Eai. Gostando das aulas?

Tonny: Não. Tá um saco! Quando vou usar triângulos na minha vida? Que saco.

Eu: É trigonometria.

Tonny: Foda-se. São vários triângulos.

Felipe virou também. Colocou sua mão a poucos centímetros da minha na borda da mesa de Tonny.

Eu: Você está indo bem em matemática?

Tonny: Nem um pouco... Tirei nota muito baixa no primeiro trimestre. E você?

Eu: Médio. Completamente médio.

Tonny: A gente vai passar. Toca ae.

Fizemos o toque comum, tapa e soco. Sou bem ligeiro e coloquei minha mão mais próxima da de Felipe.

Felipe: Como vocês vão mau em matemática?

Eu: Ah você também estava péssimo no ano passado. Como foi a sua média?

Felipe: A baixo da média hahaha.

Tonny: Então tá falando o que aí ô animal?

Felipe: Animal é você.

Felipe mostrou o dedo do meio para Tonny, e depois colocou sua mão ao lado da minha. Já estavam encostadas.

Tonny: Que isso jovem. E ciências? Vocês vão bem?

Eu: Ótimo. Ainda mais na parte de química. Acho tão mágico.

Felipe: Química é a matéria mais complicada que existe.

Eu: Se tiver dúvida, me fala que eu te ajudo.

Felipe: Opa beleza.

Tonny: Ou, vocês tem uma caneta preta para emprestar? Acho que perdi a minha.

Felipe se virou, pegou uma no estojo e entregou a Tonny. Nisso ele colocou a mão em cima da minha.

Tonny percebeu a ligação das mãos, mas não falou nada para não atrapalhar. Intercalamos os dedos, mas sem trocar olhares.

Tonny: Ér... Eai Felipe. O que faz em casa?

Felipe: Ah velho... Não tem o que fazer. Só x-box e treino de futebol.

Tonny: Você é palmeirense?

Felipe: Sim.

Tonny: Você não sai com os amigos?

Felipe: Ah ninguém chama.

Tonny: O Miguel tá querendo ver um filme no cinema. Não é Miguel?

Eu: Ah sim. É o novo de terror.

Felipe: Tenho mó medo daquele filme.

Eu: Tem medo? Hahaha.

Felipe: Morro de medo haha. Quer ir assistir comigo?

Eu: Mas você não tem medo?

Felipe: Você vai estar lá ué.

Eu: Ah beleza. Quando vamos?

Felipe: Hoje a noite. Passo na sua casa. Vamos pegar uma sessão depois das 18h, para não dormir tarde. Amanhã tem aula.

Eu: Beleza então... Marcado.

Felipe virou para frente. Tonny me deu um sorriso maroto. Olhei para ele com cara de sério e me virei. Talvez eu deveria ter contado para o Tonny antes. Fiquei um pouco inseguro da opinião de que poderia ter de mim.


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