- Vocês são uns babacas mesmo, né ? Sujaram o carro todo e o deixaram com cheiro de bebida, seus demônios! - Jared sempre ficava irritando quando tinha que buscar os meninos no fim de festa, sempre sobrava para ele trabalho extra, devido a sujeira no carro.

Hans com sua risada de urso deu um tapinha amistoso na careca do seu motorista - Relaxa cara, não sei porquê você ainda se estressa com isso, nos conhece a tanto tempo e não se acostumou ? - 

Meritre abriu a porta traseira e saltou do carro, seus pés pousaram em um tapete de grama verde, impecável e recentemente alinhado, Set veio logo atrás e passou seus braços fortes ao redor da cintura de sua irmã.

- Você precisa cortar o cabelo cara! Essa coisa já está chegando no seu ombro - Meritre esticou seus braços e bagunçou os cabelos marrons e ondulados de Set.

- Pare de implicar com ele, gosto assim...- Enquanto os dois caminhavam em direção as escadas se sua casa Hans ouvia os avisos de Jared.

- Eu sei do que eu estou falando cara... eu... acho que nunca vi seu pai tão irritado, ele falava freneticamente no telefone... ao que parecia importante, e logo hoje vocês inventam de chegar atrasados para o treino! - Jared sibilava, desconfiado, para Hans que com um aceno agradeceu  os alertas. Correu para alcançar os seus irmãos.

- Hey gente! O pai ta uma fera- O garoto pulou na frente de seus irmãos.

- E quando ele não está ? - Retrucou Set.

Os três pararam à frente da grande porta de azevinho, esse era o portal da casa cor de gelo que tinha dois andares e inúmeras janelas brancas e polidas, sua arquitetura era colonial com um ar de pós modernismo. Ao entram e mansinho só seus passos ecoavam no chão de madeira, a tentativa de discrição não deu certo, pois seu criador já estava deposto em sua poltrona cor de vinho no extremo oposto ta sala.

Era um senhor de no mínimo 60 anos que estava com a expressão fechada, evidenciando suas rugas, e suas mãos na nuca, o que deixava seus cabelos grisalhos um pouco bagunçados; ao ver seus filhos levantou-se da cadeira e seguiu em marcha lenta até eles.

Passos largos e precisos soaram tensos no silêncio ensurdecedor.

- Todos os três para o porão, agora.- Sua voz era aço.

- Mas pai! ahnn.. quer dizer... bem... nós estamos sujos e eu estou com alguns hematomas porque uma vaca lá estava tentado pegar o meu... - A ladainha de Meritre foi interrompida por uma cotovelada de Hans.

O criador aproximou seu rosto a centímetros do de sua filha, encostou sua bochecha nas maçãs da outra a ponto de seus lábios ficarem próximos .

- Vocês vão para o porão, AGORA ! - O senhor gritou de modo a assustar Meritre e a deixar com os ouvidos apitando.

- Tu..tudo bem... Victor, nós iremos- Cabisbaixo  o grupo saiu do hall de entrada e se posicionaram ao lado da escada onde um elevador, com o botão subsolo acionado, os esperava.