– Não Bernardo. Claro que não. - Respondi mentindo e senti uma dor no meu peito. Eu queria muito aceitar, falar tudo para Bernardo, mas não era a hora.

– Qual é Cris ? Aquela noite lá foi o quê ?. - Ele ficou literalmente bravo. - Aquela noite foi perfeita, você sabe disso e eu também.

– Aquela noite não foi, foi você que me provocou.

– Eu provoquei ?. Você bem que gostou né ?.

– Não mude de assunto. - Gritei. - Aquela noite foi...foi...

– Mamãe está brigando novamente com papai ?. - A voz de Laura nos interrompeu.

Olhei para Bernardo e olhei novamente para Laura. Ela sempre pegava nós dois brigando e eu não gostava disso.

– Laura, por favor vá dormi. - Falei calma. - Você está com sono.

– Mas vocês estão brigando. - Ela retrucou docemente.

Peguei na mão de Laura e fui com ela ate o quarto dela. Ela rosa cheio de urso e isso foi o mais fofo possível que Bernardo conseguiu fazer. Deitei ela na cama e entreguei um urso rosa com orelhas marrons.

– Por quê vocês brigam tanto ?. - Ela perguntou.

– Porque eu e seu pai não damos certos. - Respondi.

– Conta história ?.

– Tudo bem.

Procurei qualquer coisa na cabeça e alguma coisa que me desvia-se de Bernardo. Eu queria muito ter aquele momento entre eu e ela, mas estava difícil. Bernardo não saia da minha mente por nada nesse munto e mesmo que eu pedisse pelo amor de Deus, ele ficava. Os olhos de Laura começaram a pesar, mas ela não queria dormi. Resistia com todas as forças possíveis.

Laura finalmente dormiu. Fiquei sentada ao lado dela vendo ela dormi. Eu queria saber como eu iria ficar com ela e o bebê, já estava cansada. Levantei com cuidado e sai. Bernardo me esperava no lado de fora com a pior cara do mundo.

– Ela vai dormir aqui. - Avisei. - Eu vou para casa.

– Será que pelo menos você pode dormi em casa sem ser chata ?.

Não respondi nada e aceitei. Eu nem sei por quê não discuti com Bernardo, apenas aceitei.

Peguei uma roupa com Bernardo e tomei meu banho. Pela primeira vez olhei para minha barriga e vi que ela estava ate que bonita. Não estava muito grande. Fiz hora no banheiro para não ter que encarar Bernardo em momento algum, mas eu sabia que tinha que sair dali. A blusa de Bernardo ficava grande no meu corpo e batia ate o joelhos e era toda branca.

Quando sai Bernardo já estava deitado na cama. Eu não queria sentir aquela clima idiota e decidi pergunta se podia dormi com ele.

– Você quer dormir comigo ?. - Ele repetiu espantando. - É claro que pode dormi.

– Não vai rolar nada Bernardo, é que aqui o banheiro é bem mais perto e caso você queria saber eu vomito muito.

Bernardo riu frôxo e arrumou a cama. Era bem gostoso sentir o cheiro do perfume dele tão perto de mim. Eu não queria, mas peguei na mão de Bernardo e ele juntou ainda mais o corpo no meu. Não queria beija-lo, mas foi quase inevitável, quando me dei conta já estava com os lábios grudados nos dele. O beijo foi calmo, foi como se fosse um ''boa noite'' ou ''ate amanhã''. Terminamos o beijo e continuamos naquela posição ate dormimos.

Pela manhã acordei bem mais cedo que Bernardo e tomei meu banho. Arrumei as minhas coisas e decidi que deixaria Laura um pouco com Bernardo. Uma das empregadas de Bernardo preparava o café da manhã e veio me pergunta se o bebê estava bem, respondi que estava e comentei que estava morrendo de fome. Ele correu e trouxe uma maça para mim.

– Desculpe-me por não ser um café da manhã, o padeiro atrasou tudo. - Ela falou com medo.

– Não precisa pedir desculpa. Eu não quero muito isso. - Sorri.

Ela assentiu e voltou para o trabalho dela. Eu fiquei em silêncio comendo a maça ate ver Bernardo descer as escadas. Ela sorriu para mim e foi para a mesa, achei estranho o fato dele não ter vindo falar comigo, mas não comentei nada, não precisava.

– Cris; você vai embora hoje ?. - Bernardo quebrou o silêncio e sentou ao meu lado.

– Vou. - Respondi. - E não adianta me pedir para ficar, eu realmente preciso ir.

– Eu não vou falar nada. Eu só queria saber qual é o seu problema ? Você não me ama mais ?.

Me levantei e peguei minhas coisas. Eu responderia Bernardo, mas não era agora. Michael já me esperava lá fora com minhas malas e a única coisa minha na sala imensa de Bernardo era minha bolsa. Deixei um brinquedo de Laura para trás e abri a porta, antes de abrir respondi a pergunta de Bernardo.

– Eu estaria mentindo se falasse que seu sorriso não mexe comigo.

Fechei a porta e entrei no carro. Queria falar à Bernardo que o amava, que ele era tudo na minha vida como aquela criança, mas não falei. Mesmo que fala-se e fica-se com ele, nos não damos certos, somos teimosos, somos rebeldes, brigamos sempre com o futuro. Ouvi o telefone tocar e vi o nome de Bernardo, pensei em não atender, mas queria ouvir pelo menos a voz dele.

– Qual será o nome do nosso filho ?. - Ele perguntou.

– Não sei. - Respondi. - Só sei que você pode ir comigo amanhã na ultrasom.

– Eu realmente preciso ?.

– É o nosso filho.

Desliguei o telefone e fiquei sorrindo feito boba ate chegar em casa. Glória me esperava com um abraço confortável e um sorriso meio torto. Abracei Glória e contei sobre a grande novidade.

– Um filho de Bernardo ?. - Ela perguntou não muito espantada.

– Sim.

– Ele já sabe ?. - Assenti com a cabeça. - Parabéns então.

– O quê você acha ? foi errado ?.

– Não. Você ama Bernardo demais para achar que foi errado, você pode ate pensar, mas no fundo sabe que era tudo que você queria.

Glória terminou de arrumar as coisas na cozinha e saiu. Fiquei encarando a porta pela qual ela saiu e me perguntei se realmente era verdade. Eu sei que o filho com Bernardo começava a me trazer felicidade, mas será que era isso que eu queria ?. Eu não sei, só sei que amo eles.