Pov Cristiana.

Eu sabia que seria uma má ideia ir para a cama com Bernardo. Eu sabia que iria acabar em alguma coisa. É quase impossível resistir a Bernardo. Eu não queria ter outro filho com Bernardo, mas ele acabou chegando. Não é ainda concreto, mas eu já tenho certezas. Eu sentia as mesmas coisas quando estava gravida de Laura. A única coisa ruim seria ter aquela conversa com Bernardo.

– Isso já é concreto ?. - Ele perguntou.

– Não, mas eu sei Bernardo. Eu estou a 4 dias atrasada. - Respondi. - E você não precisa assumir essa criança, eu invento qualquer outra desculpa para a imprensa e você fica livre.

– Cristiana você ainda não sabe se está gravida. Você vai para a minha casa e lá nos faremos o teste e conversaremos sobre o assunto. - Ele bufou.

– E Laura ? como ela fica ?.

– Inventaremos qualquer desculpa na hora. Você está confusa com isso. Essa criança não vem em uma boa hora. - Ele fez uma pausa. - Como você decidi ficar gravida, Cristiana ?.

– O culpado aqui é você. Você fica ai com teu charme, fica me olhando, acha que é fácil ? Não; não é.

– Estou perdendo algo ?. - Alice chegou interrompendo nossa discussão.

– Não. - Respondi. - E alias Bernardo falava de você. Vocês me deem licença, vou procurar Laura.

Eu não ficaria ali conversando com a vadia da Alice. Laura foi apenas uma desculpa. Eu me sentia uma tonta por ter deixado esse bebê chegar. Caminhei pela casa toda e cheguei no quintal onde a maioria das pessoas estavam. Laura corria com outras crianças, mas assim que me viu parou imediatamente.

– Você está bem, mamãe ?. - Ela perguntou com a voz mais angelical do mundo.

– Estou. - Respondi. - Será que você pode vir aqui um instante ?.

Ela assentiu com a cabeça e fomos ate a sala. Não havia quase ninguém, além de dois garotos literalmente bêbados. Eles nos viram entrar, murmuraram algumas coisas e saíram. Laura sentou no sofá de couro preto e ficou me olhando com aqueles olhos azuis. Malditos olhos!. Eu queria muito contar para ela tudo que estava acontecendo, mas não sabia como chegar.

– E então mamãe, o quê aconteceu ?. - Ela perguntou com voz de choro.

– Nada, não é nada de ruim. O que você acha de termos um bebê ?.

– Você vai comprar um ?.

Aquilo me fez rir. Sentei ao lado de Laura e segurei suas mãos. Respirei fundo para falar e tentei achar as melhores palavras.

– Não, eu não vou comprar um. Eu vou ter um bebê. Você gostaria de ter um irmão ?.

– Mamãe tá gravida ?. Mamãe vai ter um bebê com papai ?. - Ela estava animada. Era incrivelmente maravilhoso ver a reação dela.

– Sim. Mas não conte à ninguém, tudo bem ? Será nosso segredo.

Laura assentiu com a cabeça e eu beijei sua testa. Eu estava só um pouco aliviada com aquilo, mas ainda tinha Bernardo. Era fácil contar coisas à criança, mas eu e Bernardo eramos diferentes. Talvez as almas mais diferentes do mundo. Decidi participar um pouco da festa e fui ao encontro de todos. Cristal estava linda no vestido de noiva e estava feliz. O noivo parecia um pouco mais aliviado depois do termino do casamento.

– E então eu serei vó novamente ?. - Ouvi um sussurro inconfundível no pé da minha orelha. Era Lílian.

– Laura já contou ?. - Perguntei frustada.

– Não, desta vez eu percebi vocês dois conversando. - Ela respondeu. - E então, o que acontecerá ?.

– Eu não sei. Eu não queria ficar gravida e ainda mais de Bernardo, mas vou continuar com minha opinião. Eu não preciso que Bernardo assuma o filho.

– Mas você sabe que ele irá assumir certo ?.

– Será ?.

– é claro que sim. - Ela confirmou. - Bernardo mudou de uns tempos para cá. Ele pode ate não aceitar no inicio assim como você não aceitou, mas é outro filho de Bernardo. Outro filho com você.

Outro filho de Bernardo. Outro filho e Bernardo sendo pai. Eu só podia ser burra mesmo, como isso pode ter acontecido novamente ? Eu tento ficar longe de Bernardo, mas é uma tentação muito forte. Ele tem alguma coisa que me atrair.

Depois de muita festas os novos casados finalmente foram para a lua de mel. Eu finalmente pude ir embora daquela casa. Fui no carro de Bernardo e já avisei a todos em casa que passaria uma noite na casa de Bernardo. Durante o caminho todo eu fiquei calada e imaginava a nossa discussão na sala. Minhas mãos estavam apoiadas na minha barriga. Eu não sei se conversaria com o bebê como conversava com Laura.

Já era noite quando chegamos na casa de Bernardo. Beto nos ajudou a tirar as malas do carro. Ele veio o caminho todo falanso dsobre a criança. Bernardo rebatia falando que ainda não era certeza, mas ele teimava em falar que seria 'tio novamente'. Deixei as coisas na sala e fui dar banho em Laura.

– Mamãe e papai vão discutir novamente ?. - Ela perguntou.

– Sim. E Laura vai dormi e só saberá depois, certo ?. - Tentei passar tranquilidade com meu sorriso, mas a única coisa que saiu foi um meio-sorriso.

Laura voltou a brincar com sua boneca na banheira. Eu acho que ela já entendia nossa relação e nossas brigas. Era rara vezes que nós não brigávamos e quando não brigávamos era por Laura.

Coloquei o pijama em Laura e esperei ele cair no sono. Ela já estava bem cansada e dormiu cedo. Quando desci Beto não estava mais lá e Bernardo estava sentado no sofá com a cabeça apoiada nas mãos pensando.

– O teste está ai encima. - Ele apontou para a mesa. - É só você fazer.

– Olha eu já falei que você não precisa assumir...

– Vai fazer o teste. - Ele me interrompeu e eu fui.

Os minutos no banheiro duraram quase uma eternidade. Ficar observando a parede branca e a água ainda mexendo era doloroso. Pela primeira vez eu não queria fazer o teste de gravidez.

Desci a escada e Bernardo ainda estava lá sentado. Sua expressão mudou e ele olhou curioso para mim.

– É o teste ? O que quê deu ?. - Ele perguntou.

– O teste deu positivo. - Bati com a caixa nos meus dedos. - E ai, como vai ficar nossa relação ?.

Bernardo ficou alguns minutos dolorosos em silêncio. Ele ainda me encarava e tentava processar tudo que acontecia na cabeça. Depois de um tempo encarando o chão ele finalmente abriu a boca:

– Cristiana, você quer casar comigo ?.