Cheguei no meu quarto e rasguei aquele vestido horrível e rapidamente o retirei do meu corpo. Coloquei uma blusa verde com mangas compridas, uma calça preta e uma bota marrom até o meio da canela.

Fiquei sentada na minha cama, até começar a ouvir os gritos de Loster e Cassandra e pelas vozes não estavam nada felizes com minha atitude. Eu queria mostrar que não ligava pelo o que tinha dito, mas ligava sim... Não adiantava xingá-lo, ele sabe que isso é a dor que ainda não se foi do meu coração.

Loster abre a porta bruscamente e ao me ver com lágrimas nos olhos querendo sair ele simplesmente se abaixa o rosto e me olha:

–Partiremos para o distrito 7 pela manhã...-ele fala:

–Ótimo...-eu digo:

–Johanna, eu ficarei do seu lado. Lembre-se que você não está sozinha!-ele fala:

–Então por que sinto que estou?-eu pergunto com as lágrimas já descendo:

–Essa dor passará...-ele fala:

–Não vai passar nunca!-eu digo firme e fria me levantando:-Por favor eu quero que você pare de dizer essas coisas para mim... Você não sabe o que não é ter mais ninguém para amar!

–Eu estou aqui! E... Fínnick também.-ele fala:

–O que tem o Fínnick?-pergunto:

–Vocês parecem ser bem mais do que apenas amigos...-ele fala e sinto meu rosto corar:

–Não diga isso! Você não sabe o que eu sinto, ou... Sentia!-eu digo:

–Ou achava que sentia.-fala Loster e eu o encaro:-As vezes podemos nos enganar de um amor fraternal com uma paixão...

–Não me enganei...-eu digo:-Cometi esse erro...

Ele assenti e sai do meu quarto. Vou até a porta e a tranco...

Ajoelho-me no pé da cama e as malditas lágrimas começam a saltar de meus olhos. O rosto de Terence vem em minha mente a todo o momento...

Imagens dele morto e sendo enviado para o nosso distrito em um caixão de madeira velho é demais para mim aguentar. Eu realmente sentia algo especial e forte por ele, mas se desfez em pó quando ele disse que não sentia o mesmo... Ele amava Anna!

Agora eu não sei mais o que é amor e temo nunca mais saber, pois tudo o que poderia ser ligado com ele se tornou cinzas... E não posso abrir esta angústia e dor com mais ninguém, pois não me sobrou mais ninguém.

Alguém bate na porta e me amaldiçoou por estar chorando. Levanto-me e tento limpar ao máximo o meu rosto. Mas quem, em nome de Deus, estaria batendo na porta do meu quarto a essa hora?!?!

Quando abro a porta, as lágrimas retornam quando vejo a cena. Fínnick está do outro lado da porta com os olhos lacrimejando, as mãos cerradas com força. Ele estava tremendo e com seu terno todo amassado:

–O-O que...?-começo mas ele me abraça forte.

Seus braços rondam a minha cintura com força e ele me empurra para dentro do quarto trancando a porta:

–F-Fínnick... O que está fazendo? Por que está chorando?-pergunto:

–Por que você está chorando?-ele pergunta dando força a palavra você:

–Eu perguntei primeiro.-eu digo firme:-Por que está aqui?

–Eu quero morrer, Johanna!-ele fala se ajoelhando.

Meus músculos ficam tensos e o olho incrédula. Não, ele não poderia estar pensando dessa forma. Eu deixo mais lágrimas caírem quando me ajoelho também e vou me aproximando mais e mais dele.

Coloco a mão em seu rosto e o acaricio, limpando as lágrimas que desciam como uma cachoeira:

–Conte-me...-eu digo sussurrando:

–Eu tenho nojo! Eu tenho nojo de mim, eu tenho nojo desse povo asqueroso, eu tenho nojo do Snow!-ele grita:

–Por que?! O que ele fez com você?!-eu pergunto me desesperando:

–Não é o que ele fez Johanna, e sim o que está fazendo e continuará fazendo comigo...-ele fala:

–O que é...? Por favor, fale...-eu peço:

–Para salvar minha família e quem eu amo, ele... Ele... Ele...-ele começa, mas as lágrimas vem com precisão e o faz desabar em meus braços:

–Calma, Fínnick... Conte-me o que há!-eu digo:

–Snow me obriga dormir com as mulheres da Capital... Ele me obriga a me prostituir, Johanna! Eu não aguento isso!-ele fala desabando a chorar com as mãos em seu rosto em sinal de vergonha.

Minha mente para e meu coração dispara. Não, não, não... Snow não poderia ser capaz de fazer isso! Sim, eu sabia que poderia, mas não que obtivesse coragem para o ato!

Lágrimas descem de meus olhos ao ver sofrendo. Eu levanto seu rosto em minha direção o fazendo olhar para mim:

–Minha família me renunciou por causa disso, e não entendem que eu faço para protegê-los...-ele fala:-O amor da minha vida...A-Annie não quer olhar em meu rosto, não fala comigo! O que me resta Johanna?! O que me prende a essa vida miserável, hein...?! Do que adiantou eu vencer aquela porcaria, se hoje eu preferiria morrer?!

Ele fala eu choro junto com ele. Agora estamos de mãos dadas, ajoelhados um na frente do outro, com os olhos vermelhos e o rosto inchado devido as lágrimas:

–Eu queria ter essa coragem que você tem, Jo...Mas eu não posso tê-la, porque se tive...-ele começa:

–Perderá quem você ama, e mesmo eles não te aceitando você preferi isso ao vê-los mortos...-eu falo e ele me olha atentamente:-Acredite, eu seria capaz de tudo para ter o meu pai vivo ao meu lado hoje... Eu faço isso, mas não é para vocês se orgulharem de mim e sim terem... Pena!

–Não diga...-ele começa mas eu não o deixo falar:

–Terem pena porque eu perdi todos que eu amava, e pior... Por culpa minha! Por eu ser burra o bastante de estar viva, contando que estando morta todo mundo estaria bem e... E... Não teria que perder a vida ou se machucar!-eu digo chorando:-Fínnick... Nunca vou entender isso que você passa, mas eu tenho orgulho de você! E essa garota Annie, tenho certeza que ela gosta de você e irá te perdoar... E-Eu vou estar aqui ao seu lado, você é a única pessoa que eu considero ser minha família agora!

–Johanna...! Vou estar sempre ao seu lado! Não perca as forças ainda...-ele fala:

–Então não perca as suas, garoto! Eu confio em você... Então, não me deixe sozinha!-eu digo desabado em seus braços e o mesmo também chorando enquanto me abraça forte contra o seu corpo:

–Aguentarei, Jo... Tenho mais um motivo para fazer isso!-ele fala e me agarro mais nele:-Não a deixarei sozinha nunca... Mesmo não a conhecendo muito bem, você já se tornou minha melhor amiga!

–V-V-Você também, F-F-Fínnick!-eu digo entre soluços.

E assim nós ficamos. Chorando um para o outro nosso temores, angústias e medos. Mas ao mesmo tempo que me sinto destruída e sem mais nada que me reste nessa vida, eu me sinto feliz por Fínnick estar comigo e ser meu amigo. E sei que apesar de tudo, Fínnick também se sente da mesma forma...