Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 34
Capítulo XXXIV


Notas iniciais do capítulo

É... Voltei. Essas férias até que estão fazendo bem, pois é...
Olha, gente, tô com preguicinha de ficar escrevendo muuita coisa, então espero só que gostem do capítulo e tal. Mas não se animem, tem quase nada nele. É só um capitulozinho de transição xD



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Jude

Mesmo depois de fechar a porta de entrada, eu sorria. E continuei sorrindo ao atravessar a sala, ao agradecer à Sra. May pelo incrível café da manhã, ao subir as escadas e pelo resto do dia.

Lizzie havia ido embora, mas aquilo não me impedia de sentir sua impressão deixada em cada canto. Não me custava nada fechar os olhos e evocar novamente a sua presença, lembrando de cada detalhe do dia anterior, não apenas pelo que acontecera durante a madrugada, mas por tudo. Havia sido maravilhoso sair com ela, andar de mãos dadas pela rua e, por mais bobo que parecesse, perceber sua preocupação comigo em cada pequeno detalhe do nosso passeio.

Naquela mesma tarde, eu vi novas vontades que eu nunca percebera em mim antes. Pela primeira vez, ficar trancada em casa tocando piano, lendo ou estudando, não parecia bom o suficiente. Mesmo que eu tentasse, não conseguia me concentrar nos cadernos, nas notas musicais ou nos romances da minha estante, que me lembravam Lizzie de várias formas. Não conseguia me encolher na poltrona macia da biblioteca, diante da janela, sem que minha mente divagasse sem querer, pensando no quão bom seria estar em meio à agitação do centro de Londres. E, definitivamente, não conseguia fechar os olhos sem voltar à noite que passara.

Cada um dos toques de Lizzie parecia ter sido gravado na minha pele, tão profundamente que a simples lembrança fazia meu corpo formigar. Na penumbra, entre os lençois da minha cama, aquela garota diferente, cheia de sorrisos tortos e piercings, havia me apresentado um mundo totalmente novo, que eu não sonhava existir e muito menos ser tão bom. Além do físico, Lizzie me mostrara, como vinha mostrando havia um certo tempo, um sentimento que eu conhecera antes apenas nos livros, e cuja nomeação, naquele mesmo dia, havia apenas tornado ainda mais real.

Eu não gosto de você. Por você, Jude… Ah…”

– Adoraria saber por que a minha irmãzinha está com um sorriso tão idiota na cara.

Senti meu rosto queimar, erguendo os olhos ao mesmo tempo em que fechava a expressão.

– James! – arregalei osolhos. – Você me assustou.

Meu irmão sorriu, mexendo nos cabelos como se se desculpasse.

– Eu só vim perguntar se você vai querer sair mais tarde. Vou tocar num pub com a banda, e é um lugar bem legal.

Mordi o lábio, cogitando seriamente aquela possibilidade de sair um pouco.

– Que horas vai ser?

Ele deu de ombros.

– Bem mais tarde. Acho que umas oito, nove horas.

– Eu vou pensar. – Respondi por fim. Seria bom sair com James, mas ainda melhor o fazer com Lizzie.

– Não vai sair com aquela garota de ontem de novo, vai?

Acabei rindo.

– James Oliver Ward, você está com ciúme?

Ele fez uma careta.

– É claro que não. Por que estaria?

Sorri.

– Por que eu saí com alguém que não era você, talvez?

Ele revirou os olhos.

– Não, Juddy, eu não tenho ciúme só porque você finalmente largou essa vida de nerd e decidiu viver. Pode ter certeza que vou guardar meu ciúme para o seu namorado, quando você arrumar um. – Ele riu, batendo com o punho direito na mão esquerda de brincadeira para pontuar a última frase.

Senti-me empalidecer e corar ao mesmo tempo, como se isso fosse possível, e então dei uma risada baixa.

– Eu não larguei vida nenhuma. Para a sua informação, continuo tirando notas muito maiores que as que você já tirou em toda a sua vida escolar. E sair com as minhas amigas não impede nada disso.

James voltou a rir.

– Bom, estarei na sala de TV. Se tiver a fim de ir, me avisa.

Confirmei com a cabeça e ele saiu da biblioteca, deixando-me novamente sozinha com o livro que eu não lia e as lembranças de Lizzie.

– Senhorita Ward?

Ou talvez não.

Ergui os olhos novamente, vendo a Sra. May com o telefone sem fio nas mãos.

– Uma ligação para você.

Abri um sorriso, pulando da poltrona e quase tomando o aparelho da mulher.

– Obrigada! – Exclamei, logo antes de atender… e ouvir a voz de Anne.

– Deus, que desânimo! Eu sei que você normalmente não gosta das suas férias, mas não precisava disso tudo.

Acabei sorrindo.

– Me desculpa, Anne. É que eu achei que fosse…

Interrompi-me, mordendo o lábio.

– Quem? – Ela riu do outro lado da linha. – Lizzie?

Senti meu rosto enrubescer.

– É…

Ouvi a risada da minha amiga loira.

– Quer dizer que ela já está te ligando?

Dei de ombros, mesmo sabendo que ela não veria.

– Ligou ontem. Nós saímos.

O gritinho animado de Anne me fez afastar o telefone da orelha.

– É sério? Tipo, de verdade? Me conta tudo, Jude!

Mordi o lábio, olhando para baixo. Se eu contasse que Lizzie visitou-me, teria que contar também sobre a nossa noite? Meu rosto esquentou novamente.

– Ela me ligou e me chamou para sair. Passeamos no centro e só.

– E onde ela te levou? Anda, Jude, fala mais!

Acabei rindo com a animação da minha amiga.

– Nós fomos em uma confeitaria muito bonitinha com cupcakes incríveis… E ela me levou numa livraria bem legal. – Acabei sorrindo, ao lembrar novamente do dia anterior.

– E só?

– Bom, e ela me trouxe em casa.

Ouvi uma risada e o murmúrio de Anne do outro lado da linha.

– Levou em casa, é? – Seu tom de voz possuía toques de duplo sentido quase explícitos. Sorri sem querer. – E entrou?

Revirei os olhos, sorrindo com o jeito de Anne de me interrogar e arrancar cada detalhe de informação.

– Sim, Anne. Ela entrou, conheceu a casa e tudo.

Pude quase visualizar o sorrisinho da minha amiga loira.

– E que horas ela foi embora?

Senti meu rosto absurdamente quente e mordi com força o lábio.

– É…

– Jude? Me responde!

Abri um sorrisinho.

– Ela… Não foi.

Outro gritinho animado me fez corar desesperadamente, quase me arrependendo de ter dito aquilo.

– Jude Ward, você está me dizendo que a Lizzie… dormiu aí?

– Bom… sim.

Escondi o rosto nas mãos, agradecendo aos céus por aquela conversa não ser ao vivo.

– Jude! – Anne gritou de repente, assustando-me. – Você está envergonhada demais para alguém que só recebeu a amiga em casa. O que aconteceu ontem?

Senti meu rosto tão quente quanto se fosse derreter.

– Anne!

Ouvi sua risada.

– Nada de me xingar, Jude. Você dormiu com Lizzie, não é?

Suspirei, vencida.

– Já que você quer tanto saber… Sim.

Pela terceira vez, Anne gritou, me fazendo pensar em quantas pessoas ela estaria incomodando.

– Eu não acredito!

Acabei rindo.

– Não sei por que tanto exagero. Você também já se deitou com pessoas!

A minha amiga loira riu.

– Mas eu não sou a nerdzinha mais fofa e tímida que eu já vi! E não me deitei com nenhuma colega de quarto.

Revirei os olhos.

– Tudo bem, Anne. Eu já entendi.

Ela riu, e então anunciou que, por mais que quisesse continuar falando – e me envergonhando –, precisava sair. Também rindo, despedi-me da minha saltitante amiga, nem um pouco ansiosa para voltar a vê-la quando o feriado terminasse.

E então, antes mesmo que eu pousasse o telefone na mesinha ao lado da poltrona, ele voltou a tocar. E, dessa vez, a voz que eu ouvi era exatamente a que eu queria.

– Hey, Jude.

Abri um sorriso.

– Lizzie! Senti saudade.

Ouvi sua risada baixa do outro lado.

– Eu também, Jude. Queria sair com você de novo, mas hoje não vai dar. Preciso ajudar a minha avó lá no lugar onde ela trabalha. Você sabe, o lar dos idosos.

Mordi o lábio.

– Ah, que pena. Mas não tem problema, Lizzie. Podemos nos ver outro dia.

Quase pude ver seu sorriso do outro lado.

– Você é incrível, sabia?

Senti meu rosto enrubescer e ri baixo, preferindo mudar de assunto.

– A Anne acabou de me ligar. E praticamente me fez confessar sobre… Ontem.

Ouvi sua risada pelo nariz.

– É para isso que os amigos servem.

Acabei rindo do comentário de Lizzie.

– Ah, é. James me chamou para ir com ele num pub. Ele vai tocar lá hoje.

– Sério? Que ótimo, Jude! – Sua voz soava como se ela sorrisse enquanto falava. – Eu gostaria de ir com você, gosto do som deles. Bom, espero que seja muito bom.

Acabei sorrindo também.

– E eu espero que seja legal com a sua avó. Eu também adoraria ir com você.

Ouvi novamente a risada baixa de Lizzie, e a minha vontade naquele segundo foi apenas abraçá-la. Sem deixar de sorrir, despedi-me dela com a promessa de que nos encontraríamos no outro dia e deixei a biblioteca, descendo as escadas a fim de avisar a James que eu iria com ele ao pub.


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Notas finais do capítulo

É... É isso aí. Eu falei pra não esperarem nada. Nem Lizzie teve direito. Mas teve Anne, e a Anne é um amor né gente. O próximo capítulo vai ser mais legal, prometo.
Agora bora pras meninas que comentaram?
— Popi Luka
— Juliana
— AnaCarolina
— Isaah Marques
— DudaTrigger
— Ms Lee Barbosa Fernandes
— Riott
— memk
— ArayaN
— Samyni
— Pietra Soult
— lih
— Lua
E eu achando que esse cap iria bater recorde de comentários... Doce ilusão.
Bom... É isso aí. Comentem!