Electoral High School escrita por Srta Pottah


Capítulo 9
Capítulo 9




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Dia seguinte.

Sete horas da noite eu já estava no hall de casa, meia hora adiantado, não que eu respeite os horários impostos pelos meus pais. Após um longo tempo parado como uma estátua velha e esquecida, minha adorada família (eu minto bem) veio ao meu encontro.

— Arruma a gravata! — gritou minha mãe — não quero que pensem que somos desleixados!

— Mas está arrumada! — respondi tentando olhar para o objeto no meu pescoço.

— Está parecendo um mendigo Logan.

Eu me assustei quando minha mãe veio em minha direção, por um momento veio em minha mente que ela ia me bater, depois veio que ela ia me abraçar e por último o que ela realmente fez: arrumou a gravata.

— Podemos ir? — ouvi a voz grossa do meu pai.

— Podemos Anthony — respondi — não há mais problema com gravatas aqui.

— Que engraçado você — ele abriu a porta.

— Você parece um viadinho com essa gravata borboleta Logan — Eric, o demônio disfarçado de criança resolveu atacar.

— Pessoas respeitáveis se vestem assim. E você está usando uma igual.

Eric fez o mesmo que eu: olhou para o pescoço. Saiu correndo e me olhou como se eu o tivesse vencido no seu jogo favorito. Talvez eu tenha feito isso mesmo.

— Touché — sussurrei, antes de acompanhar a família e sair pela porta

Meu pai é uma pessoa muito humilde. De todos os carros que quem, seu preferido é "só" um carro vermelho da Ferrari. Ele ama o carro mais do que os próprios filhos! Não que ele ame tanto assim Eric e Wendy, mas é a melhor ideia que se pode passar desse amor.

Ele não tem um motorista (um milionário que dirige o próprio carro, raro isso) desde que demitiu o antigo. Motivo? Gostava bastante do seu sobrinho estranho, Logan.

— Tentem não sujar o carro desta vez — meu pai gritou, senti que ele dizia para mim — e vamos logo.

Assim que entrei no carro coloquei os fones de ouvido e não prestei atenção em mais nada no caminho, até fiquei surpreendido quando Wendy tirou o cinto e me empurrou para sair do carro.

Quando meu pai disse dessa reunião/festa/jantar eu pensei que seria em uma casa ou até em um salão, mas nunca em um lugar como estávamos.
Estávamos em uma casa no meio no mato.

— Não dá uma de caipira aqui — sussurrou Eric e me deu um tapa nas costas, eu acho que queria bater na minha cabeça, mas é baixinho demais para isso.

Continuei a andar como se achasse inútil o que ele falou. E eu realmente acho.

Procurei algum conhecido (como se conhecesse muita gente no meio daquele bando de velhos, mas, como imaginado, só tinha um bando de velhos calvos.

Passei uma boa meia hora sem fazer nada além de comer e beber. Beber refrigerante porque os adultos diziam que eu tinha cara de bebê e por isso não ia beber nada para caso a polícia chegar. Me perguntei o que a polícia faria nesse fim de mundo. Em um certo momento fui ao banheiro, nada demais, mas quando saí encontrei a pessoa que mais queria falar

— Oi Juliet — encostei na parede e até colocaria a mão no seu ombro, mas
ela me segurou antes.

— Você acabou de colocar a mão naquele lugar, não encosta em mim.

— Eu lavei a mão, sabe? É por isso que tem uma pia no banheiro.

— Ah tá, maravilha.

— Está tudo bem Julie...?

— Tá, tá sim.

— Não, não está. Juliet, a gente tem que conversar.

— Agora? — notei que ela roia as unhas e olhava fixamente para um ponto escuro no meio do gramado.

— Não nos falamos na escola — estiquei o pescoço e vi duas pessoas no lugar onde Juliet olhava — quem são aquelas pessoas?

— Não interessa Logan, vai embora. A gente conversa na escola.

— Mas na escola você não respon... — e vi que os olhos de Juliet estavam brilhantes — você está chorando Juliet?

— Claro que não Logan, cala a boca.

— Está sim, por que você está chorando?

— Não estou chorando!

— Você é minha amiga Juliet, não vou acreditar na sua mentira

— Vai embora Logan.

— Você estar chorando tem algo a ver com aquelas pessoas?

— Sim...

— Então...

— NÃO! Eu quis dizer que não tem nada, nada, nada, nada a ver com eles.

— Ah, é mesmo?

— É, é sim...

— Então tá... Vou embora, como você queria.

— Obrigada, Logan eu...

Nunca soube o que Juliet queria dizer, sai correndo em direção aos dois escondidos, Juliet até disse:

— LOGAN VOLTA AQUI!

— VOCÊ QUERIA QUE EU FOSSE EMBORA, ESTOU INDO. E A SENHORITA NÃO VAI ME DIZER, ENTÃO VOU PERGUNTAR PARA ELES. MAS ESTÁ TUDO BEM NÉ? NÃO TEM NADA A VER.

Senti o olhar das pessoas ao redor, imaginei o que elas pensavam. Juliet parou de correr atrás de mim.

— É — respondeu — está... tudo... bem...

Ela completou em um tom de voz estranho, mas, quando me virei, estava completamente normal.
Continuei andando até que cheguei no meio do mato, o que pessoas fariam ali? Além de sexo, é claro.

Quase aceitei, os dois estranhos eram um garoto e uma garota, ambos nojentamente loiros. Eles se pegavam de um jeito que parecia que um queria engolir o outro pela cabeça. Encarei-os até que o cara ficou incomodado e largou a garota.

— Oh, estou atrapalhando? — ironizei.

— Tira uma foto, dura bastante — gritou o cara.

— Eu vou tirar, mas depois de uma perguntinha.

— Fala antes que eu me irrite com você.

— Que agressividade...

— Viado — sussurrou.

— Mas não vem ao caso. O que eu quero saber é se algum de vocês conhece a Juliet.

— Juliet...?

— Clark. Juliet Clark — apontei para o vão entre as árvores — ela está bem ali olha, aquela garota vestida igual uma princesa da Disney.

— Aquela ali? — apontou para o mesmo lugar que eu — não, na verdade... não, não conheço.

— Tem certeza? Ela...

— Eu conheço uma Juliet — interrompeu a garota loira insignificante — mas com certeza não é ela, quero dizer, Juliet nunca... se vestiria assim. Não mesmo.

— Verdade — concordou o outro loiro — ela era mais "macho".

— Tem certeza? Ela parece conhecer vocês — comecei.

— Garoto você já fez sua pergunta, da pra vazar daqui?

— Estou vazando — mal saí de perto e eles já voltaram a se agarrar — babacas.

Quando voltei Juliet estava sentada em um banco perto da mesa de bebidas. Peguei dois refrigerantes antes de sentar ao seu lado

— Refrigerante? — ofereci o copo para ela.

— Eu não quero — respondeu de um modo engraçado.

— Quer sim, não peguei por nada.

— Está bem — ela tomou da minha mão.

— A dupla Malfoy não te conhece não.

— Malfoy?

— É... sabe... o cabelo.

— Essa piada foi terrivelmente horrível.

— Bem... eles não te conhecem.

— Eu disse.

— Então por que...?

Não completei a pergunta. Motivo? Juliet começou a chorar, de verdade. Foi o momento mais constrangedor de toda a minha vida, não sabia o que fazer, por que ela foi chorar justo na minha frente? Confia tanto assim em mim? Mas se confia, por que ela me ignorou e mentiu? Deve ter acontecido algo muito foda. Pensei em algo para fazer ou falar, apenas abracei ela e disse:

— Ah Juliet, não chore, você estava tão bonita.

— Foi a sua pior frase da noite.

— Eu discordo. Você pode me contar o que aconteceu?

— Você não entenderia.

— Não custa nada tentar.

— Está legal. A dupla Malfoy alí fez parte de toda a minha vida, eram meus melhores amigos e...

— E vocês brigaram e nunca mais olharam um na cara do outro

— Não...

— Faz sentido porque eles estavam...

— Eu gostava do Willian, o garoto...

— Eu tenho concorrência então?

—... e eu fiz a idiotice de falar isso para a Susan, a garota...

— Eu poderia imaginar isso sozinho.

—... e quando eu tinha treze anos...

— Mas só isso?

—... eles já estavam se pegando pelos cantos e esqueceram completamente de mim.

Eu estava certo, história do caralho.

— Não chore por esses babacas Juli...

— Não fala isso.

— Por que não posso chamar eles de babacas?

— Estou falando para não me mandar não chorar, porque quando se manda alguém não chorar a pessoa chora mais ainda.

—Entendi o recado. Você quer um abraço?

— Não.

— Ora, vamos.

— Não, eu vou ao banheiro.

— Fazer o quê?

— Não interessa Logan!

— Ok, ok, desculpa.

Peguei meu celular e comecei a jogar um jogo qualquer, estava quase passando de fase quando Juliet voltou.

— Você demorou — comentei.

— Chorar estraga a maquiagem, minha tia me mataria se me visse desarrumada por aí.

— Ela já não está acostumada? A dupla Malfoy disse que você era machona e sem educação.

— Disseram isso?

— Inventei a parte do "sem educação".

— Que filhos da puta.

— Fala isso mais alto.

— Filhos da puta!

— Libera toda a sua raiva nesse xingamento de baixo nível e nada feminino.

— FILHOS DA PUTA!

— Isso, agora vamos sair daqui porque aqueles velhinhos não gostaram das suas últimas três palavras.

— É, vamos.

Eu tentei mudar o assunto nas próximas horas de conversa, até que vi o tal do Willian vindo em nossa direção. Eu não queria que Juliet visse ele e ficasse mal de novo, mas também não poderia simplesmente empurra a garota por aí, o corredor era fechado.

— Algum problema Logan? — Juliet perguntou quase sem interesse

— Não, nada. Na verdade é que...

Willian estava em exatos dois metros de nós. Sem pensar eu beijei Juliet.

Se eu disse antes que algum momento foi o mais constrangedor da minha vida, esse momento foi substituído pelo de agora. É estranho você do nada beijar sua amiga, sem contar que eu nunca tinha beijado ninguém antes, não vou dizer que tenho experiência nisso. Sem contar que o beijo não durou muito tempo, Juliet mordeu minha língua e foi para trás.

— Por que você fez isso? — ela praticamente berrou.

— Caralho machucou — olhei para os lados, pelo menos Willian tinha ido embora.

— Por que você fez isso, Logan?

— Eu... não sei, ah sei lá, não faço ideia... ham... deu vontade.

— Idiota — sussurrou e saiu andando. Para o mesmo lado que Willian.

— Não, Juliet, espera — fui atrás dela.

— Que foi?

— Desculpa vai! Foi impulso! Não pude controlar — as vezes mentir um pouco é necessário.

— Você é louco?

— Louco? Como assim?

— Nada, esquece.

— O quê? — balancei a cabeça — ah esqueço.

— Eu esqueço também?

— Esquece o quê?

— Tudo...?

— Ah, você que sabe.

— Tá... está bem.

O clima estava constrangedor, droga estraguei tudo.

Enfiei a mão no bolso e tirei o relógio, já estava quase na hora combinada de ir embora.

— Por que você só usa relógio de bolso?

— Não gosto de nada no meu pulso.

— Como assim?

— Você já esqueceu?

— O que eu esqueci?

— O que acabou de acontecer.

— Não, eu só...

— Desculpa, tenho que ir.

Saí correndo até chegar perto da minha "família", meu pai disse que estava atrasado, mas eu não liguei, estava ocupado pensando em quanto constrangedor foi o dia.

— Até semana que vem Anthony! — um dos velhos exclamou quando entramos no carro.

— Semana que vem? — repeti.

— Vamos nos encontrar semana que vem na casa no lago dos Clark.

— Caso no lago dos Clark? Você odeia os Clark!

— Odeio, mas para reencontrar velhos amigos temos que fazer esforços.

— Você já não reencontrou velhos amigos hoje?

— Não é só porque você é um antissocial sem amigos que nós não vamos.

— Essa frase nem sentido fez!

— Logan, você vai e... e ponto.

— Eu odeio vocês — sussurrei.

— O quê disse?

— Nada.

— Melhor assim.

Coloquei os fones de novo e esperei chegar em casa. Corri para meu quarto e antes de fechar a porta Eric colocou o pé na frente.

— O que você quer? — perguntei.

— Entrar — ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Mas não vai, tchau.

— Eu te vi com a filha dos Clark.

— É sobrinha e eu não me importo, tchau.

— Vocês pareciam bem íntimos.

— Isso não tem nada a ver com a sua vida.

— Papai vai adorar saber isso.

— Ele vai achar uma maravilha, cai fora.

— Ele vai te matar lentamente.

— Morrer seria legal.

—E ele te proibiria de falar com ela.

— Eu não ia respeitar.

— Ele faria de tudo para você não falar com ela.

— Tá legal, fala, o que você quer?

— Todo o dinheiro que tem no seu guarda roupa.

— Tá fazendo isso por dinheiro?

— Não sobrevivo só com minha mesada.

— As Barbies estão tão caras assim?— ri com minha própria piada.

Fui ao guarda roupa e tirei um pequeno bolo de dinheiro.

— Toma.

— Só isso?

— É.

— Depois eu quero mais.

— Eu to que se foda.

— Srta. Clark não está.

— Eu te odeio.

— Touché.

— Diga oi para a porta.

— O que? Oi para a...?

E eu fechei a porta na cara de Eric.


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