Electoral High School escrita por Srta Pottah
— O quê? — perguntei para o nada, tinha escutado perfeitamente, mas queria apenas saber de onde vinha a voz.
— Ah nada — a voz vinha do meu lado direito, o oposto do que estava olhando — só que não é comum alguém na piscina nessas horas, principalmente você.
Então finalmente encarei quem falava. Era uma garota, não fazia a mínima ideia de quem era, mesmo ela sendo na minha classe, e sentando do meu lado, não conseguia lembrar seu nome. Ela era diferente das outras garotas, parecia não se preocupar com o que pensavam dela (pode-se notar isso vendo que ela não tinha tirado o pijama — que era muito, muito curto — ainda). A garota era muito bonita, com todo o respeito que a frase pode ter..
— O que quer dizer com "principalmente você"? — tentei parecer descontraído, talvez ela não percebesse que não faço a mínima ideia de quem ela é.
— Bem, não se vê ninguém na piscina na hora do almoço. Não se vê você em horário nenhum.
— Não gosto de piscina.
— Todo mundo gosta de piscina.
— Eu não.
— Ta legal sr. Sou Estranho — ela riu — acredito em você.
Péssima ideia.
— Péssima ideia — minha vez de rir — ninguém acredita em mim.
— Ah desculpe, mas eu não sou como o resto.
— Espera — balancei a cabeça — o que está acontecendo?
— Uma conversa? — senti o tom irônico, não curti.
— Eu sei, mas ninguém conversa comigo desde... desde sempre.
— Vou repetir: desculpe, mas não sou como o resto.
— Eu disse que ninguém nunca falou comigo, então por que você veio falar comigo justo agora?
— Não é uma boa hora?
— Não quis dizer isso, é que — cocei a cabeça — se ninguém nunca veio falar comigo, e você não é como o resto, por que não veio falar comigo antes?
— Ah, é como eu disse: Não se vê você em horário nenhum.
— Só por que eu fico no meu quarto o dia inteiro sem fazer nada e não querendo falar com ninguém não é motivo — fingi um drama.
— Ah desculpe Logan, da próxima vez eu procuro entrar no seu quarto escondida dos professores só para conversar um pouco.
— Não seria uma má ideia — sorri.
— Malicioso — ela gritou e eu engasguei com saliva.
— Não quis que parecesse isso — ri alto — eu só quis dizer que, ham, seria, hum, legal conversar com alguém um pouco.
— Eu sou um alguém.
— Mas eu nem te conheço.
— Estudamos juntos desde os sete anos Stole.
— Como sabe meu sobrenome?
— Estudamos juntos desde os sete anos.
— Ah, é que eu...
— Juliet Clark.
— ...não lembrava seu sobrenome — improvisei.
— Estranho...
— O que é estranho?
— Estranho você não lembrar meu sobrenome.
— Isso é pecado?
— Não, é por que... você é um Stole.
— E daí?
— Bem, a família do meu pai é "rival" da família do seu tipo desde... desde sempre.
— Meu tio? Meu tio morreu, como que pode...
— Como assim?
— Ah — taquei um foda-se pro meu pai e toda sua mentira e continuei — meu "tio" na verdade é meu pai, e meu "pai" que morreu que é meu tio de verdade.
— Então seu pai mente sobre você?
— Sim, ele é retardado.
— Isso é horrível.
— Não é não.
— Ah, se você acha...
— Sabe o que eu acho? — olhei o relógio no meu pulso, ele ganhou uma nova rachadura depois do último "acidente".
— O quê?
— Que eu to com fome, tá com fome?
— Sim, já deve ser hora do almoço, né?
— Sim, vamos...?
— Espera... você ta todo sujo — apontou pra meu rosto, e então eu lembrei que estava feio pra caralho, provavelmente não dei uma boa impressão.
— Ah, eu vou lavar o rosto né? Isso ta estranho.
— Certo, eu... ham, te espero aqui está bem?
— Está bem.
E então eu parei para pensar, de novo. Alguém finalmente veio falar comigo, e melhor, uma garota, isso aumentou minha auto estima em 1%. Eu finalmente consegui uma amiga, depois de anos, isso era incrível. E o melhor: eu ainda posso irritar meu pai sendo amigo da filha do rival do meu pai, só tenho que lembrar o sobrenome dela, Clab? Clart? Clask? Ah, tanto faz.
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