Electoral High School escrita por Srta Pottah


Capítulo 12
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423348/chapter/12

Acordei mais cedo do que pretendia, por alguns segundos pensei que tudo o que aconteceu era apenas um sonho, infelizmente, ou não, percebi que estava no meu quarto, ainda com a roupa do dia anterior. Eu me lembrei que não tinha lentes reservas em casa (não faria sentido eu ter já que vivia na escola e as chances de eu sair e perder as que eu usava eram mínimas), então procurei meus (não tão) antigos óculos em um lugar estranho e sombrio chamado "meu guarda-roupa". Vinte minutos depois desci as escadas para tomar café, todo mundo já tinha acordado, senti me acompanharem com os olhos até eu me sentar.

— Não quer dizer nada? — Anthony me encarava.

— Você tem que ligar para a escola, eu ainda preciso cumprir detenção — respondi, sem encará-lo de volta.

— Eu já liguei para lá, o diretor me contou o que aconteceu.

— Eu não me importo.

— Não acho que você deve...

— Já recebi sermão, faz uns dois meses, você está atrasado... de novo.

— Ah, certo, mas eu não estava falando sobre isso — tossiu — temos que falar sobre o que aconteceu ontem.

Velho babaca.

— Não acha que a gente já falou sobre isso? Acredito que todos estão cansados de ouvir você gritando que isso é errado e que está indignado.

— Ah, certo, então tudo bem... sabe que está de castigo né?

— Ainda não cheguei à idade de esquecer as coisas tão fácil assim.

Anthony não respondeu mais nada, eu sempre adorei quando isso acontecia, fica vermelho e olha para baixo, provavelmente se sente péssimo quando alguém tem mais respostas que ele.

Como sempre, terminei de comer antes de todo mundo, em silêncio fui para meu quarto.

Quando eu era menor parecia ser mais divertido ficar o dia todo sozinho, uma vez que eu tinha imaginação o suficiente para passar horas e horas sendo o que eu quisesse, nas minhas maiores aventuras, mas isso era quando eu tinha sete anos. Provavelmente no momento em que crescemos e passamos para a fase da vida que intitulam como adolescência toda a nossa criatividade e imaginação (talvez um pouco de felicidade também) são mastigadas por um monstro invisível que depois vomita algo chamado "vergonha".

Eu passei as últimas semanas de férias no meu quarto, odiando meus pais, nada muito diferente do normal. De certa forma de dois meses para cá tudo tinha mudado, mas as coisas pareciam iguais ao mesmo tempo. É como se mudassem alguma regra de um jogo qualquer, mas o modo de jogar ainda fosse o mesmo.

O dia que mais esperado, mas também é o mais odiado, das férias é o último. Porque é nele que começa aquela tensão de volta às aulas, você se sente feliz por seus amigos, se sente mal por mais um ano com gente que você odeia. Eu particularmente estou que se foda para tudo e todos, só quero que mais um ano letivo termine.

Já tinha conferido minha mochila com coisas importantes (alguns livros, papel de bala, chiclete e uma caneta) duas vezes durante o dia e mais quatro de madrugada quando não tinha o que fazer, não queria esquecer nada (como se eu tivesse algo para ser esquecido) e isso fosse um motivo para os meus pais terem que entregar pessoalmente (nunca fariam isso) com uma chuva de reclamações dizendo que sou irresponsável (isso eles fariam).

Nos intervalos de visitas à cozinha e ao banheiro que eu fiz naquele dia eu costumava olhar para a tela do celular e me perguntar se ele estava com problemas. Juliet não tinha respondido nenhuma das mensagens que eu mandei (não foram muitas, só umas vinte) e isso era estranho, principalmente porque eu estava parecendo uma menininha de quinze anos que esperava a ligação do namorado mais velho com quem tinha perdido a virgindade. Tentei me convencer de que Juliet poderia estar muito ocupada no momento (ou o dia todo, talvez o mês todo) e me preocupar com isso seria bobagem.

Eu me joguei na cama depois que percebi já passara das duas da madrugada e dormi logo em seguida, como um anjo (sendo atropelado por um trator com defeito que tem que ficar indo para a frente e para trás para conseguir continuar o caminho, tal trator era dirigido uma cabra que discutia com uma foca fanha), para depois acordar com batidas bruscas na porta e um "levanta logo porque eu não tenho o dia todo para te levar para aquela maldida escola" vindo do carinhoso chefe da família. Minutos (talvez duas horas) depois eu estava no banco de trás do carro, com os braços cruzados e olhando para a rua.

O primeiro dia de aula era divertido para mim, eu via os idiotas que dividam o oxigênio comigo reencontrando seus amigos igualmente idiotas com gritos estúpidos, em seguida se despediam dos pais como se tivessem indo para a guerra e, dois minutos depois, estavam rindo como babacas novamente, esquecendo-se completamente dos pais preocupados (que provavelmente acham que o ano dos filhos seria cheio de drogas e sexo, quando para a maioria a maior "emoção" será resumida em "puta que pariu vou ficar de recuperação, caralho, me passa cola na próxima prova").

Pela primeira vez procurei alguém em especial no meio da multidão. Juliet estava se despedindo dos tios com cara de tédio, quando o carro virou a esquina ela olhou para os lados, sorriu, veio em minha direção, tropecei na roda do carro, enquanto tentava ignorar Anthony falando comigo, realmente acreditando que eu escutava. Juliet fez um cara engraçada, olhou para o lado e abraçou alguém que não reconheci, senti ciúme, isso não é justo, eu que mereço abraços.

Não me mexi até ter certeza que não havia maneira fisicamente possível daquela massa gorda estar me observando, depois disso me virei lentamente, alguma coisa não identificada (mas com um perfume que eu conhecia) pulou no meu pescoço depois de dizer alguma coisa parecida com um grito de guerra, só que bem agudo. Desconfiei que eram gralhas, mas aí lembrei que elas não pulam no pescoço alheio.

— O-o quê? — disse enquanto tirava cabelo da minha boca.

— Você vai acabar matando ele desse jeito, Juliet — ouvi a segunda voz que mais queria ouvir no dia — e acho que isso não é algo legal de se fazer.

Juliet se afastou de mim, ela estava vermelha, eu respondi rindo:

— Concordo pela primeira vez com você, Louis.

— Obrigada por ignorar a minha presença Logan — Juliet me deu um soco no braço — mas tudo bem sabe, não vou levar pro pessoal.

— Não levei pro pessoal você ter me ignorado — encarei o chão.

— Desculpa, mas fui proibida de contato com "Stole".

— Olha, mas que coincidência.

— Eu estou de vela aqui, vou entra está bem? Ler um livro, sei lá — Louis saiu andando da maneira mais engraçada que algum Louis poderia andar.

— O que ele quis dizer com...?

— Devemos entrar também não? — Juliet me encarou — É deprimente duas pessoas ficarem aqui sozinhas, parece que estamos esperando alguém.

Ou que somos mais um daqueles casais estúpidos que ficam parados olhando para o tempo.

— Alguém que nunca vai chegar. Vamos embora.

Ah droga, eu sou um babaca.

Continuamos conversando, Juliet pareceu ter férias animadas, ela falava dos mil e um parentes que foram visitá-la nessas férias (até pareceu que tinha pego uma doença terminal) e eu falava de... de como eu adorei passar dias tentando passar uma fase do videogame, e como foi frustrante não ter feito isso. Levei Juliet até a porta do dormitório feminino e fui para o masculino em seguida, onde um garoto que eu nunca vi na minha vida (quando disse "nunca" quis dizer "nunca" mesmo, e não que meu cérebro havia ignorado sua existência) tentava entrar no meu quarto, demorei uns bons cinco minutos para convencê-lo de que ele lia o papel pelo lado contrário e aquele não era o quarto dele.

Como eu esperava, tive um dia completamente normal e nada diferente dos outros.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Electoral High School" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.