Electoral High School escrita por Srta Pottah


Capítulo 11
Capítulo 11




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Talvez eu esteja ficando louco. Talvez eu só quero entender o que aconteceu. Talvez eu anseio por alguém para conversar sobre isso. Talvez eu só quero um motivo para falar com Juliet. Mas eu estava ansioso para o relógio em minha mão marcar oito horas. Depois de um tempo torturante finalmente ouvi a "família real" se aproximando.

— Já está aí? — perguntou o homem gordo.

— Não, não — respondi sem tirar os olhos do jogo no celular — to no quarto ainda, o que estão vendo é só imaginação.

— Não responde, moleque — ainda sem tirar os olhos do jogo poderia jurar que ele estava vermelho — seu merdinha.

— Você é pai do merdinha — ri.

— O que quer dizer?

— Bem. Eu sou um merdinha, você é meu pai, então...

Consegui sair correndo para o carro antes do meu pai entender e resolver me bater. No carro sussurrei para Eric:

— Como conseguiu o número da Juliet?

— Roubei seu celular.

— Mas tem senha...

— Sua senha é um "L", Logan.

— Como adivinhou?

— É óbvio demais.

Não respondi mais nada. O caminho demorou muito menos, eu não percebi quando chegamos. Me animei quando vi a cara se bosta do meu pai quando percebeu que a tal casa dos Clark que ele criticou durante todo o tempo era, afinal, cem vezes melhor do que ele faria.

Desta vez não demorei muito para encontrar Juliet, ela estava recebendo os convidados com os tios com um sorriso falso que se tornou verdadeiro quando me viu. A garota me puxou pelo braço em um convite mudo para "vamos sair daqui".

— Oi para você também Juliet — brinquei.

— Desculpa Logan — ela riu sem graça — eu queria sair de lá, é tão — fez uma careta — chato.

— Me animo em alegrar seu dia — girei os olhos — seus tios não vão brigar contigo? Sou um Stole, não me viram com meus...?

— Relaxa Logan, eles não te conhecem, e você estava afastado, podia jurar que chegou junto com os que estavam atrás de vocês.

— Os nãoseioqueif? Ah para, não sou tão gordo assim Julie...!

E tomei um pequeno grande susto quando viramos e um cara segurando um copo esbarrou em mim, derramando a bebida laranja em mim.

— Me desculpe, me desculpe mesmo! — ele repetiu umas quinze vezes.

— Não foi nada — eu fingi ter educação.

— Tudo bem mesmo? Ah meu...

— Está sim, já disse — ri.

— Desculpe, sou Brad. Brad Smots — estendeu a mão.

Que coincidência, vingança da Lilian isso.

— Logan — apertei sua mão e pensei antes de completar — Stole.

O homem soltou uma risada cordial e continuou como se fosse um velho amigo.

— E a senhorita...?

— Juliet Clark.

Brad abriu a boca em um quase perfeito "O".

— Mas... como?

— Minha mãe casou com meu pai sabe, daí eles tran... — enquanto Juliet dizia isso na maior tranquilidade, eu ria idiotamente.

— Estou me referindo ao fato de um Stole e uma Clark serem amigos e andarem por aí. É impossível!

— Somos foras da lei.

— Mas os tios de vocês sabem? Óbvio que não, eles pirariam. Vocês não namoram, namoram? Jesus, mas que...

— Ah para com isso cara — interrompi — não estamos em Romeu e Julieta. E somos só amigos, não viaja.

— Reconheço que exagero as vezes, peço perdão, é que eu sou um pouco...

Não esperei ele terminar o discurso, peguei no pulso de Juliet e saí de lá, o cara ainda falava quando olhamos para trás.

— Que cara louco! — riu Juliet.

— Não estou surpreso, notou o sobrenome?

Juliet disse que tinha um lugar para me mostrar, eu brinquei que nenhum lugar era melhor que o meu lugar secreto, mas, mesmo assim, fui atrás dela.

Chegamos até uma enorme janela do outro lado da casa, que dava para ver o grande lago (que eu descobri, depois que Juliet abriu a janela, que ficava em baixo da casa)

— Que legal Juliet! Não precisa sair da casa para nadar, é só pular a janela! Realmente incrível! — brinquei, e fingi palmas.

— Não gosto de nadar — ela respondeu olhando pela janela.

— Desculpa então, Logan 2!

— Olha, Logan 1, você está sujo de bebida laranja — sentou na janela e eu imaginei que deveria fazer o mesmo.

— Tudo bem, é só fazer isso — tirei o paletó e joguei no chão.

— Você deveria estar fritando, com tanta coisa longa — riu, apontando para minha camisa.

— E ainda acham que só as mulheres sofrem, vocês ficam de vestido, que ventila bem a...

— LOGAN!

— É brincadeira — ri — eu me acostumei com calor mesmo.

— Você é tão bobo — girou os olhos — como eu pude virar sua amiga? — completou em forma teatral.

— Você é a Princesa Boba, não pode falar nada.
— Vou mostrar quem é a Princesa Boba, Logan.

— Eu estou olhando para ela agorinha mesmo.

— Não vou falar nada, Logan — riu.

Conversamos sobre diversos assuntos por horas até que ficamos um tempo em silêncio e Juliet disse com uma voz baixa:

— Qual é a do seu irmão?

— O quê? — fui pego de surpresa.

— Sabe, ontem ele...

— Era mentira! Ele só queria fazer você ficar preocupada, eu não... não escondo nada.

— Tem certeza? O...

— Eric é um babaca, não devia ter acreditado nele.

— Está bem, eu só...

— O quê?

— Nada, eu tinha ficado preocupada, achando que você estava...

— Que isso, não se preocupe comigo...

— Está bem, tudo bem... pode me dizer o real motivo por ter me beijado semana passada?

Tossi, engasgado com minha própria saliva. Com os olhos molhados, por causa sa tosse, disse:

— Qual foi a pergunta?

— Ah nada, eu só queria saber por que você me beijou semana passada...

— Eu... eu já disse...

— Eu não acreditei.

— Pois devia, não era cem por cento mentira. Tinha trinta por cento de verdade.

— Eu sabia! Agora explique.

— O quê?

— Os setenta por cento.

— Willian estava vindo — Juliet riu.

— Você ficou mordido porque eu disse que gostava dele, daí resolveu me beijar para ele ver? Tem quantos anos? Cinco?

— Não era isso, mas você viu ele e ficou mal, não queria que ficasse assim de novo.

— Lindo da sua parte.

— Você não parecia achar lindo da minha parte quando disse que eu tinha cinco anos...

— Desculpa, eu não tinha...

— Quando todo mundo sabe que, mentalmente, tenho cinco ano e meio.

— Meu Deus! Como você é adulto — dei de ombros ironicamente — mas falando sério, você é tão bobo, não deveria ter feito isso.

— Por que não?

— Se seu tio aparecesse...

— Meu pai não ia fazer nada. E eu... bem, eu queria proteger você.

— Que fofo — ela beijou minha bochecha.

— Pensei que eu fosse bobo — passei a mão na onde ela encostou os lábios, percebi que corei.

— E você é também.

— As melhores pessoas são assim.

— Humildade mandou lembranças.

— Não pode mais ser realista nesse mundo, vê se pode.

— Realista é?

— É, é sim.

— Ah tá bom — riu com desdém — se acha demais.

— Claro que não!

Apenas sorriu.

Eu já estava acostumado com o silêncio constrangedor, mas desta vez parecia mil vezes pior.

Olhei para os lados procurando algo para falar.

— A dupla Malfoy veio hoje? — suspirei.

— Tem dúvidas? — girou os olhos, percebi que ela tinha esse costume.

— Não gosto deles.

— Isso se acha chama ciúmes, sabia?

— "Humildade mandou lembranças" — imitei a voz dela da maneira mais estranha que pude.

— Minha voz não é assim! — deu um soco no meu ombro.

— Se eu cair daqui te levo junto.

Juliet ameaçou me empurrar e eu puxei o braço dela, trazendo-a para mais perto.

— Louco!

— Falei sério!

— Vou acreditar em você a partir de agora.
Nossos rostos estavam próximos e, apesar de imaginar que isso aconteceria, fiquei surpreso quando nos beijamos.

Pela segunda vez não pude aproveitar o beijo. O que aconteceu em seguida parecia ter passado em câmera lenta. Uma dor no lado direito do rosto, mãos empurrando meu ombro, o vento passar com uma rapidez absurda, visão embassada, minha roupa colar em mim, a água gelada tocar em cada centímetro possível do meu corpo e querer chegar até meus pulmões, a pressão me empurrando para cada vez mais fundo, os últimos resquícios de ar dentro de mim buscando liberdade...

Lutei com todas as minhas força para subir, meus braços e pernas se movimentavam o mais rápido possível, com ritmo. Fui ficando mais fraco depois de alguns segundos, nunca amei tanto o ar. Estava quase desistindo de tentar me salvar, coisa que não faria há um tempo atrás, quando senti o ar bater no meu rosto novamente.

Demorei um bom tempo para recuperar os sentidos, senti a dor na região embaixo do olho, olhei para os lados para procurar pessoas, pela primeira vez fiquei feliz em vê-las, infelizmente tinha mais gente que eu imaginava. Mesmo não vendo direito pude perceber que havia pelo menos uns dez casais curiosos olhando perplexos tanto para mim, quanto para alguém que eu não consegui reconhecer, que por sua vez parecia estar com tédio, e Juliet, a única pessoa que eu queria realmente ver, estava congelada (irônico, quem está na água gelada sou eu) olhando para baixo, não tive certeza se ela tinha me visto, mas pude imaginar que tinha, já que ela gritou como se não me visse há anos.

— LOGAN.

Todos viraram sua atenção para mim. Uns dois velhos saíram de vista e abriram uma porta que eu julgaria inútil em outra situação, nadei o mais rápido que pude até lá e entrei na casa novamente. Me senti especial por alguns segundos, as pessoas perguntavam se eu estava bem ou se tinha me machucado, uma mulher trouxe uma toalha para mim e alguns dos homens davam tapas nas minhas costas. Alguém me abraçou por trás.

— Que droga cara, achei que você tinha morrido — Juliet não vive sem mim.

— Não foi dessa vez, que pena — sorri, me virando.

— Você está bem?

— Já respondi essa pergunta vinte vezes.

— Fala a verdade.

— Estou bem sim, não se preocupe.

— Você está sangrando!

— Jura? — olhei para baixo e não vi nada.

— No rosto bobão, acho que o soco foi forte, vai ter que levar pontos!

— Sério?

— Claro que não, daqui a pouco para de sangrar.

— Eu quase morro e ela faz piada, em que mundo estamos?

— Não faz drama Logan, você não ia morrer.

— Ah não? Aquela porra tava me sugando, se eu não soubesse nadar ia morrer sim — Juliet me abraçou de novo, isso está ficando estranho — mas não importa, quem me bateu?

— Bem... não sei por que... mas foi o William...

— Filho da Puta! Cadê ele?

— Saiu correndo por alí — apontou para um corredor — vai atrás dele?

— Agora não, eu só quero que ele... — Juliet me beijou de novo, essa garota está completamente maluca.

— Logan? — puta que pariu, eu preferia ter escutado a voz de um terrorista anunciando que vai matar todo mundo aqui à do meu pai dizendo meu nome, virei lentamente só para confirmar que aquela coisa gorda estava me chamando mesmo.

— Juliet? — uma voz do outro lado, que eu imaginei ser do tio dela, já que ela também estava nervosa.

— No três a gente corre ok? — disse de um jeito para apenas ela escutar— um... dois... três...

Corri para um lado e ela para o outro, achei que não ia funcionar no momento que percebi que no meu lado estava o tio dela e do outro meu pai. Consegui me livrar das mão do sr. Clark e fui para uma parte quase vazia da casa.

— Logan! — alguém me chamou e eu gritei — calma, sou eu, Louis.

— Ah, oi Louis — imaginei que o borrão sorriu.

— Você está bem? Está molhado.

— Estou sim, um pouco cego, mas bem.

— Cego?

— Longa história, pode me ajudar?

— Como...?

— Me esconde.

— Onde? De quê?

— Qualquer lugar, de todo mundo. Rápido!

— Ah, tá legal — me empurrou para um lugar e fechou a porta.

— Não achei que seria tão rápido assim!

— Desculpa, você disse "rápido!".

O lugar era escuro, bem comum. Escutei vários passos lá fora e, depois de um tempo, a porta se abriu.

— Logan, vem por aqui — Louis sussurrou.

— É seguro? — respondi no mesmo tom.

— Eu moro aqui de certo? Vem logo — acompanhei para fora e ele me empurrou para outra porta, mas desta vez não era escuro — você disse que estava cego...?

— Tenho cinco graus de miopia, nada de mais.

— Você não usa óculos.

— Uso lentes. Mas perdi quando caí na água.

— Fiquei sabendo disso, tava com a Juliet — ele riu — desculpa.

— Tudo bem, ela está ok?

— Quem? A Juliet?

— Não, minha avó — Louis abriu a boca — claro que é a Juliet!

— Se ela não parou de correr tá bem sim, o tio dela parecia furioso.

— Stole! Biggons! — ouvi outra voz conhecida.

— Goldens — tive certeza que Louis estava com um sorriso falso.

— Stole, você tá molhado — girei os olhos — tá todo mundo te procurando Logan, seu tio tá vermelho de raiva. Eu sabia que você tava pegando a Clark, não me engana. Mas de todas as garotas, justo a da família rival, Romeu?

— Por isso estou me escondendo — respondi para o borrão loiro.

— Que feio, vou chamar seu tio para ele dar a opinião sobre isso.

— NÃO! Por favor Goldens...

— "Por favor" qual o gosto dessas palavras na sua boca?

— De vinagre — ouvi a risada desdenhosa dele.

— Vou ajudar vocês, vai — veio para mais perto — por que o bobão está quase arrastando você?

— Eu não enxergo porra.

— Jura? Mas você...

— Ah gente não tem tempo! — Louis interrompeu.

Os dois começaram a me arrastar por aí, me senti completamente estúpido, até esqueci por segundos do que acabou de acontecer.

— Esconde ele aqui — ouvi Goldens.

— É uma boa. Como descobriu? — o borrão-Louis respondeu.

— Me escondi aqui a noite toda — ouve um pequeno silêncio — vamos.

— Espera! — quase gritei — eu to sangrando ainda?

— Não — responderam os dois juntos, suspirei.

— Quando as coisas esfriarem, nós te chamamos — Louis só pode achar que está em um filme.

— Tá, tudo bem, obrigado — ouvi abrirem a porta — hey Edward — se viraram — valeu mesmo.

— Não há de quer — a porta se fechou.

Eu passei uma boa meia hora sentado sem fazer nada, até que achei uma janela, olhei por ela. Só dava para ver uma parte do gramado, Juliet provavelmente correu para lá, sei disso, não porque eu imagino, mas sim porque eu vi ela no meio das árvores, depois de um tempo se sentou em um banco perto duma fonte. Uma mulher apareceu e se sentou ao seu lado, ela ficou lá por um bom tempo, eu quis saber o que conversavam, até que se abraçaram e voltaram para a casa.

Não esperei pela dupla dinâmica e abri a porta, não deu cinco segundos e senti um peso pena puxando meu braço.

— Logan! — estranho Wendy Stole me chamar pelo nome — é melhor você vir agora, papai vai te matar

— O quê? — estava confuso.

— Papai está te esperando para ir embora, é melhor ir logo, a pena pode ser melhor.

— Por que tá me ajudando?

— Você é meu irmãozão.

Não entendi por que eu sorri, ou fui com ela, sei lá, me senti confiante.

— Por que fez aquilo? — que que essa louca tá pensando?

— O quê? — tossi para disfarçar.

— Você e a Clark.

— Você é novinha para saber ainda.

— Gosta dela?

— Você não precisa saber, tampinha.

Acho que não foi uma boa ideia chegarmos rindo até meus pais.

— Logan. Wendy — ele parecia bravo.

— Pai.

— Anthony.

Respondemos ao mesmo tempo.

— Então, vamos — se levantou e começou a andar, Wendy me empurrou para acompanhar.
No carro o silêncio era o mais estranho possível, mas não agradeci quando meu pai começou a falar.

— Está feliz agora? — não respondi — me fez passar vergonha na frente de todo mundo — como pôde? Meu próprio filho...

— Eu não sou seu filho — respondi entre os dentes.

—... fazer esse tipo de... o que disse?

— Você.não.é.meu.pai.

— Ótimo — ele bateu no volante do carro, senti que era meu último dia de vida — você querendo ou não é meu filho, e tem que me respeitar.

— Você diz isso agora? Passou quinze anos negando tal coisa e ainda quer respeito? Por favor Anthony...

— Te proíbo de falar com Juliet Clark.

— Não vou te respeitar.

— Vai achar melhor me obedecer.

— Ótimo, vamos conversar por cartas — sussurrei e ri.

— Você pode falar com o capeta em pessoa, mas com Clark não. Entendeu?

— Entendi — menti.

— Mais uma coisa: você não volta para a escola amanhã.


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