Pegando Fogo. escrita por hollandttinson


Capítulo 7
Força.


Notas iniciais do capítulo

Esse vai ser pequeno, mas é bem legal, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423177/chapter/7

POV: KATNISS.

Suspirei, me remexendo na cama. Peeta não estava mais aqui. Portia o mandou sair antes do sol raiar. "Sei que é difícil, mas é preciso. Amanhã vocês terão um dia cheio. Perdão." Foi o que ela disse, quando ele saiu, batendo o pé. Eu não discuti com ela. Não sei se tinha força suficiente para discutir com alguém além dos meus fantasmas interiores.

Em poucas horas eu estaria lá, na Arena. Lutando para viver. É tão egoísta pensar que eu estou pensando apenas no meu bem, sem me perguntar muito com o mal de Peeta. E esse é o meu maior fantasma. Se eu viver, ele morrerá. E como poderei eu, voltar para o Distrito 12 sabendo que ele está morto? Todos viram nosso romance se consumar lá, e também o virão nos telões da Capital. O que eles diriam quando soubessem que ele estava lá, morrendo, e eu não pude fazer nada porquê estava preocupada demais em sobreviver? Eles me tratariam como egoísta? Como eu poderia olhar para o Sr. Mellark depois disso tudo, se eu sobreviver? 

Mas eu tinha prometido. Eu prometi á Prim que voltaria, prometi que ganharia, porque ela me disse que eu poderia. Eu sou esperta, não sou? Foi o que eu disse á ela quando me pediu para ganhar. Em momento algum estávamos pensando em Peeta naquele momento. Me pergunto se ele pensa em mim quando imagina a Capital. Se ele tem uma estratégia pronta para sobreviver. Peeta nunca foi do tipo que machuca as outras pessoas. Ele não sabe caçar e não é bom em fazer silencio, muito pouco em escalar. Eu não sei como ele vai poder viver tanto tempo lá.

Batidas na porta.

- Katniss, você já devia estar de pé.- Era o Cinna. Eu suspirei. Se ao menos fosse Effie, irritada com o meu atraso. Talvez eu me sentisse melhor. Me sentei na cama e fui até o banheiro. Tomei um banho rápido e abri a porta. Quando fui até a sala de jantar, ela não estava ocupada por Peeta, Portia, Haymitch e Effie, mais. Apenas Cinna e os Avox estavam ali. Fiz uma careta.

- Onde estão os outros?- Perguntei. Eu esperava me despedir de Peeta antes de fazer a viagem. Minha mão começou á suar. Eu não poderia dizer que o amava antes de irmos? De ele me odiar absolutamente? Engoli em seco. Cinna suspirou.

- Portia e Peeta já foram. Te disse: Está atrasada. Pode voltar á seu quarto e trocar suas roupas por essas.- Ele disse, me estendendo uma muda de roupas simples.- Quanto á Effie e Haymitch, eles já estão no quartel-general dos Jogos, são responsáveis por suas dádivas na Arena. Estão lá desde ontem.- Ele disse, franzindo a sobrancelha. Dei de ombros. Eu não estava muito preocupada com isso. Queria saber de Peeta e Portia.

- E Pee...

- Relaxe, Katniss. Vá trocar de roupa.- Ele disse, me empurrando de leve. Então eu voltei para meu quarto e troquei de roupa.

Cinna me conduziu para o telhado, onde á noites atrás, me encontrei com Peeta. Tudo me lembrava o garoto loiro por quem me apaixonei no Distrito 12. Engoli em seco. Queria chorar, queria gritar, queria que houvesse uma forma mais fácil de fazer isso. Mas são os Jogos Vorazes, afinal.

- O resto de sua arrumação, como a sua roupa para a Arena, serão feitos nas catacumbas.- Disse Cinna, parando para me olhar.

- Catacumbas?- Perguntei, minha voz falhou revelando meu nervosismo.

- Onde os Tributos ficam antes de a contagem regressiva rolar e vocês irem para o banho de sangue.- Disse CinnaConcordei com a cabeça. Ele me empurrou um pouco e então eu vi o aerodeslizador, minhas mãos começaram á tremer. Talvez Peeta estivesse ali. 

Olhei para Cinna e ele acenou para uma escada que deslizou do aerodeslizador. Eu suspirei e subi. Uma sensação estranha se apossou de mim, é como se eles tivessem congelado meus músculos e eu não conseguia me mover, estava congelada. Fiquei assim até estar dentro do móvel de metal. Antes de me "libertar" uma mulher se aproxima e injeta algo na minha veia. 

- Um rastreador.- É a única coisa que ela diz. Então agora eu tinha um objeto de metal implantado no meu braço e eles podem me rastrear em qualquer lugar. Então é tudo para valer. Não tem como escapar.

Estava "livre" agora. E Cinna estava ao meu lado.  Um avox se aproximou e apontou para uma porta. Quando passamos por ela, o cheiro de café invadiu as minhas narinas. Estava tudo ali, tudo que há de delicioso. E eu não queria nada. Meu estômago revirava, eu não queria comer. 

Meia hora depois, a viagem acaba. Está tudo escuro, então, quer dizer que estamos perto das tais catacumbas á quem Cinna referiu. Uma escada subterrânea nos leva ao Curral. Apelido que nós, dos Distritos, demos á Sala de Lançamento, o lugar onde os Tributos ficam antes de irem para as Arenas, onde são gravados e tudo mais. 

Fui até o banheiro, tomei um outro banho, precisava de água fria no meu corpo. Suspirei enquanto saía do banho e deixava Cinna arrumar meu cabelo. Era a trança. A minha trança. A que Peeta mais gostava, única nas minhas costas. Fiz uma careta. Peeta estava presente em tudo, meu Deus! Por quê? Seria a culpa? A consciência pesada.

A roupa chegou e eu vesti a calça, blusa, cinto simples. A jaqueta era um pouco mais quente, talvez seja sua cor escura que a faça parecer mais aquecida. Dei de ombros.

- Isso vai refletir a temperatura do seu corpo.- Disse Cinna, com uma ruga entre os olhos.- Isso pode ajudar á noite.- Ele disse, agora um pouco mais sério. Concordei com a cabeça.

Visto as botas fortes e cheias de proteção, que me comunica Cinna, são ótimas para corridas. Suspirei me olhando no espelho. Eu parecia suja, imunda, vestida desse jeito. Mas é só porque eu tenho uma ideia nada boa sobre o que vou ver quando deixar esse lugar. 

- Ainda tenho mais 2 coisas para você.- Disse Cinna. Me virei para ele, que sorriu, abrindo a mão e estendendo o meu broche, que ganhei de Peeta á noites atrás e o anel que o mesmo me deu, perto do natal, quando disse que queria ter um compromisso sério comigo. Fazem o quê? 6 meses? Me parece que se passou um século. Tudo que aconteceu entre nós dois parece tão distante. Eu queria dizer á Cinna que não queria nada daquilo, não queria lembrar de Peeta, mas eu não consegui. 

- On-Onde conseguiu?- Perguntei.

- Estavam jogados no seu quarto uma noite. Me lembro que estava com o anel no dia da Colheita, imaginei que tenha algo á ver com seu Distrito. Algo que a faça lembrar pelo que está lutando, além de sua vida.- Disse Cinna, dando de ombros e colocando o anel no meu dedo. O mesmo dedo em que Peeta colocou á meses atrás.- E eu vi o Peeta com esse broche uma noite, indo ao seu quarto. Ele não sabia que eu estava vigiando. 

- A Esperança.- Eu disse, olhando para o tordo na mão de Cinna. Foi isso o que o Peeta disse. Quando me deu esse broche, algumas noites atrás. "Madge, a filha do prefeito. Que compra seus morangos. Ela foi me ver no prédio da justiça. Ela sorriu para mim e disse: 'Um presente para o garoto que ajuda Katniss Everdeen á achar morangos gostosos e vende ao meu pai. Boa sorte, Peeta Mellark.' Quando eu o vi, o tordo, quero dizer, eu pensei que talvez houvesse uma forma de... Esperança." Ele me fez sorrir com isso. "Te transformaria em meu tordo, se pudesse." Ele disse, me arrancando um suspiro. "Eu sou o seu tordo, se você aceitar ser o meu." E então nós dormimos.

- Esperança?- Cinna perguntou, confuso. Dei de ombros. Ele pressionou o broche em minha jaqueta.

- Uma definição estranha do Peeta.- Eu disse. Cinna sorriu e se aproximou. Deu um beijo na minha testa, depois se afastou, assustado com a voz feminina anunciou que eu devia estar pronta para ser lançada logo. Olhei para Cinna, assustada. Me aproximei de novo e o abracei forte.- Lembre-se do que o Haymitch disse.

- Vou lembrar, vou lembrar.- Eu disse, nervosa.

- Procurar água e abrigo. O resto você deixa com ele.- Disse Cinna. Não confiava muito em Haymitch, mas eu ignorei minha birra com ele. 

- Certo.- Eu disse, ainda agarrada com ele.

- E não corra direto á cornuncópia.- Ele disse, quando nos soltamos. Eu concordei com a cabeça.- Estou apostando todas as minhas fichas em você, garota em chamas.

- Obrigada, Cinna. Por tudo.- Eu disse. Ele sorriu e me beijou de leve na testa. Meu sangue fervia, agora o rastreador parecia bastante pesado no meu braço e a saudade de Peeta e o medo me alucinavam. 

- Boa sorte, garota em chamas.- Disse Cinna, quando eu fui até o cubo, e ele se fechou ao meu redor. Eu tremia. Ele sorriu e apontou para o seu próprio queixo. Li em seus lábios a ordem para que manter-me de cabeça erguida. Eu o obedeci. Eu ainda sou a garota forte que perdeu o pai numa explosão, sustentou a irmã e a mãe, e conseguiu se apaixonar pelo garoto do pão. Eu ainda sou uma guerreira. Eu sou a garota em chamas.

E agora a Arena pega fogo comigo.

(...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí?