Pegando Fogo. escrita por hollandttinson


Capítulo 3
Contra a Capital.


Notas iniciais do capítulo

Sábado tem capitulo prometido. :)



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POV: KATNISS.

Ouvi as pessoas dizerem o que devíamos fazer no primeiro dia de treinos. Quero dizer, nós íamos fazer as coisas que poderiam aparecer no banho de sangue que chamam de "Jogos Vorazes". Balancei a cabeça, eu não devia estar tendo pensamentos tão ruins. Tudo podia piorar.

No primeiro dia eu tinha uma lista perfeita de quem devia evitar na Arena, ou matar primeiro. Os tributos do 1, 2 e 4 com certeza deviam ser piores. Os mais brutos, os mais calculistas. Sabíamos que devíamos estar junto com os outros, tentar fazer amizade para os tornarmos "aliados" na Arena, mas eu não conseguia sequer pensar em ficar perto deles. 

Haymitch tinha nos dito para não mostrarmos as nossas habilidades... Ele sabia que o Peeta era bastante forte e sabia que eu usava a minha fecha perfeitamente. Ele estava, mesmo, tentando nos ajudar, apesar de continuar sendo terrivelmente rude comigo. Mas eu não queria que ele gostasse de mim, mesmo, de qualquer foma. Mas enfim, o fato de nós não mostrarmos aos outros tributos quais são as nossas habilidades faz com que eles possam rir de nós quando caímos ou fazemos algo errado. E isso me irrita mais que tudo.

- Relaxa, Katniss. Vai ficar tudo bem. E o show não é pra eles. Você não quer que eles a odeie mais.- Disse Peeta me levantando um dia quando eu não consegui escalar umas cordas que mexiam muito. Eu bufei, fazendo uma careta. Eles nos odiavam por termos conseguido passar por cima de qualquer hipótese de eles conseguirem ser memoráveis. Todos só falavam dos Tributos do Distrito 12.

Mas foi complicado não pular no pescoço de cada Tributo. Eles eram nauseantes. Quando pudemos voltar para nossos aposentos, eu respirei relaxada. Peeta tinha me dito para termos cuidado e não demonstrar nosso relacionamento amoroso para ninguém, os outros tributos poderiam usar isso para nos machucar lá dentro. Ele tinha razão.

- E então, como foi?- Perguntou Effie quando nós chegamos á mesa de jantar. Nós preferimos ser os ultimos á sair de lá, não queríamos esbarrar em nenhum dos outros tributos. A Effie devia ter ido nos buscar lá.

- Você não devia ter ido nos buscar?- Perguntei, com uma sobrancelha erguida. Ela pareceu envergonhada.

- Eu tive alguns imprevistos. Mas me respondam, como foi?- Perguntou Effie com usa vozinha irritante. 

- Nada de habilidade. Tudo de chacota. Só sei que se eu continuar perto dos tributos do 4, 1 e 2, vou matá-los agora mesmo.- Disse Peeta, irritado. Haymitch ergueu uma sobrancelha. Parecia mais sóbrio do que qualquer outro dia, porém o cheiro de álcool estava  ali.

- Ora, será que eu estou vendo coragem aqui? Cuidado com isso, Peeta. Coragem é uma coisa, força para ela é outra bem diferente. É por isso que vocês não podem se mostrar agora... Eles tem que ser os vulneraveis.- Disse Haymitch, pegando um copo de suco e bebendo. Sim, suco, nada de álcool. 

- Mas porque que eles são tão importantes? Porque são tão fortes? Eles têm algo com a Capital?- Perguntei.

- Eles são Carreiristas.- Disse Haymitch, remexendo a sua comida no prato.

- O que são Carreiristas? É o nome que se dá ás pessoas dos Distritos mais próximos da Capital?- Perguntou Peeta com os olhos estreitos.

- Basicamente.- Disse Haymitch. Eu e Peeta continuamos olhando para ele, esperando  por mais. Effie simplesmente fingia ignorar a nossa conversa.- Eles são os que mais contribuem para a beleza da Capital, entende?- Ele olhou para nós, quando pausou mais um pouco.- E isso que dizer que a Capital deve agradecer á eles por isso. E que forma grandiosa eles arrumaram para fazer isso?

- Que forma grandiosa eles arrumaram para fazer isso?- Perguntei. Era totalmente desnecessário. Ele podia dizer tudo de uma vez. Mas era o Haymitch ali.

- Todos os adolescentes são treinados desde o começo. Eles tem um campo de treinamento próprio em seu Distrito. Ficam fortes, frios e muito, muito perigosos. Então, eles se voluntariam na Colheita.- Disse Haymitch, dando de ombros. Olhei para Peeta, que estava com a boca aberta. Nós não tínhamos chances diante á pessoas que vem sendo treinadas desde sempre para matar gente. Eu sei que o Peeta pensava a mesma coisa enquanto engolia em seco.- E é por isso que eles ganham quase todos os anos...

- Quase, Haymitch.- Pela primeira vez, Effie abriu a boca, mas eu não virei para olhar pra ela. Era claro que ela tinha percebido a tensão que pairou sobre a mesa após as palavras de Haymitch, que deu de ombros.

- Ainda assim são mais fortes, e provavelmente, bem mais rápidos que vocês.- Ele disse, voltando á comer. Então eu olhei para Effie, ela sorriu.

- Mas eles não ganham nada de muito grandioso. São tratados iguais á vocês. E eles não tem uma cobertura e sobremesa, vocês tem.- Ela disse, voltando á comer. Como poderia ser tão fútil? Aquela criatura pequena e extravagante não podia ser tão... Boneca.

- Eu acho que perdi o apetite.- Disse Peeta, balançando a cabeça e saindo da mesa. Eu olhei enquanto ele saia da mesa. O que fez ele perder o apetite? 

- Eu também.- Eu disse, depois de uns minutos de concentração num ponto sem definição. Antes de sair eu ainda vi Effie olhar de cara feia para Haymitch que deu de ombros. Fui para o meu quarto. Eu até pensei em ir direto ao quarto de Peeta, mas se ele quisesse que eu fosse atrás dele, daria um sinal, não queria tirar-lhe o minimo de privacidade que está tendo. 

Tomei um banho com muita dificuldade, tendo em vista os milhares de botões desnecessários naquele box. Quando saí do quarto fiquei pensando em correr até Peeta. Mas eu não fiz isso. Alguma coisa dentro de mim dizia que eu devia ter ido. Mas eu não ouvi essa coisa. Ao invés disso, me sentei na cama, abraçando os joelhos. Fiquem olhando ao redor. 

Tudo parece muito artificial, muito frio. Me encolhi mais em meus braços... Eu não sabia o que procurava, enquanto eu olhava ao redor... O que eu queria ver? Prim passando a mão em seu gato Buttercup? Mamãe cuidando de seus pacientes quase mortos? Gale irritando, falando de como esses Jogos Vorazes são doentios e do quanto sente nojo da Capital? Ou Delly com o seu sorriso enorme que pode conquistar á todos? Eu queria sentir o calor humano do Prego? Será que eu esperava sentir o friozinho natural da floresta? Ouvir o silencio da floresta que me anunciava a presa? Ou o cheiro horrível de miséria do Prego... E melhor, o cheiro dos pães e biscoitos que o Peeta fazia pra mim de vez em quando... Todas essas coisas que eu poderia nunca mais ver...

As lágrimas quentes que eu acumulei por 2 dias escorreram pelos meus olhos. Eu não queria prendê-las mais, ninguém viria me consolar, ninguém estaria aqui quando eu precisasse. Ninguém iria me abraçar quando eu visse o Peeta morrer, ninguém iria abraçar o Peeta quando soubessem de que eu estava morta. Estamos sozinhos nessa. Absolutamente sozinhos. 

Então eu entendi: Não tem como eu e Peeta continuarmos agindo como se fôssemos namorados e apaixonados. Vamos morrer. Essa é a única certeza que eu tenho: Vamos morrer.

- Não diz nada, tá? Só vem aqui, só senta aqui comigo.- Ele disse quando eu subi uma escada que dava para a cobertura, um lugar que ele me mostrou á pouco. Eu engoli em seco. Foi a única coisa que ele disse quando ouviu meus passos, e ele não se virou para me ver.

- Peeta, o que eu tenho pra dizer é muito importante.- Eu disse. Ele balançou a cabeça, ainda de costas.

- Eu sei o que é. Acha que eu não pensei nisso? Mas eu não vou desperdiçar o minimo de tempo que eu tenho com você me preocupando com isso.- Ele disse, então se virou para mim.- Por favor, Katniss.

- Eu nunca poderei estragar a sua felicidade, Peeta.- Eu disse, me sentando ao seu lado, encostando a minha cabeça no seu ombro.

- Até porque, você é ela.- Disse ele, sorrindo. Eu revirei os olhos. E ele seria sempre assim: Romantico e carinhoso. Sempre querendo me deixar melhor.

- Sinto falta de Prim.- Eu disse. Ele suspirou.

- Sinto falta de papai, também.- Ele disse. Eu balancei a cabeça.

- Estamos condenados.- Eu disse. Ele se afastou só pra erguer minha cabeça com a ponta dos dedos.

- Morrerei feliz se souber que você me ama.- Ele disse. Eu sorri de leve.

- Eu amo você.

- É isso o que importa.- Ele disse, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu respirei fundo. Sentia falta de Prim, Gale, mamãe e Delly, mas eu nunca iria sentir falta de tanta coisa quanto eu vou sentir dos braços de Peeta ao meu redor, de seu cheiro, de seu carinho. Do seu amor. 

Mas essa não era a hora de ser apaixonada. Essa não era a hora de ser melosa e sentir falta de pessoas que eu tenho certeza nunca mais ver na vida. Essa é a hora de abrir os olhos e começar á lutar. Lutar para morrer pura. Morrer estando viva. Essa é a hora em que acaba a minha luta emocional e começa a minha guerra contra a capital.

(...)


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Notas finais do capítulo

Curtiram? Me baseei em algumas partes do filme pra fazer esse capitulo. :)