Pegando Fogo. escrita por hollandttinson


Capítulo 19
Representação.


Notas iniciais do capítulo

Eita laiá, vamos lá...



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POV: KATNISS.

Eu dormi na viagem do Distrito 13 ao 12, abraçada á Peeta enquanto o aerodeslizador se movia sem nos mexer. Eu queria estar acordada para sentir a ansiedade de estar chegando perto, mas no fim, era melhor que não sentisse nada. Pousamos no solo da Praça do Distrito 12 e Peeta me acordou devagarzinho. Todos já tinham saído do Aerodeslizador e estavam nos esperando lá fora quando eu despertei absolutamente.

– Estou com medo.- Eu disse olhando nos olhos azuis de Peeta. Ele deu um sorrisinho para mim.

– Apenas se lembre que essas pessoas estão aqui por você, que te amam, ninguém quer ferir você. Mas se não for suficiente, lembre-se que eu estou aqui. E você sabe: Eu nunca vou deixar que nada de ruim aconteça com você.- Ele me disse com aquele belíssimo sorriso. Como eu posso não me sentir protegida depois dessas palavras? Não que Peeta precise falar alguma coisa para que eu me sinta protegida ao seu lado.

Nada tinha me preparado para ver isso. Estava tudo, e quando digo tudo, é tudo mesmo, mudado. O que devia ser o Prédio da Justiça agora é ruína. O Prédio da Justiça não existe mais, não existe uma sombra que seja de que tenha existido algum dia. Não tinha nenhum vestígio de que a Capital tinha um dia mandado nisso, á não ser pelas carcaças de roupas de Pacificadores sendo queimadas ao lado das ruínas do nosso Prédio da Justiça. No Prego, alguns mineiros e os Pacificadores que estavam do nosso lado estavam guardando o lugar. Devia ser onde estavam os Pacificadores aprisionados. As casas estavam vazias porque todas as pessoas estavam nas ruas, alertas. Todo mundo segurava alguma arma na mão, madeiras, facas, coisas que machucam nas mãos, menos as crianças. As crianças deviam estar na escola, que estava intacta. Acho que eles acharam que nosso Aerodeslizador era da Capital.

– Katniss!- Me virei ao ouvir o grito de minha irmã. Ela estava maior, uns 3 centímetros. Mamãe estava ao seu lado, ambas sorriam abertamente. Prim usava a minha trança, então notei que todas as garotas usavam. Era a hora das crianças largarem da escola.

– PRIM!- Eu gritei a abraçando. Ela veio correndo ao meu encontro quando me viu.- Meu Deus, como eu te amo, como eu senti a sua falta, está tudo bem com você? Não devia estar aqui. O que é isso no seu cabelo? Pensei que gostasse mais das duas tranças comuns.

– Todo mundo está usando essa trança na escola, Katniss. Você é um exemplo em tudo e eu estou morrendo de orgulho de você. Você está vendo, enxerga... A revolução, ela está em todos os lugares. Olha!- Disse Prim apontando para todos os lugares do Distrito. Eu olhei para ela, irritada.

– Prim, eu não quero saber de você se metendo em encrencas, está me ouvindo? E você? Como não cuidou dela? Como pôde deixar que ela se metesse nisso?- Perguntei, olhando para a minha mãe agora. Estava irritada, mas não estava irritada o suficiente para não me derreter quando ela sorriu para mim.

– Como eu posso sentir falta de você e a sua constante irritação? Porque eu senti, filha.- Mamãe disse quando eu parei de falar. Eu dei um sorrisinho para ela e pela primeira vez em... Meses? Abracei a minha mãe com vontade. Eu tive vontade de chorar. De voltar á ser uma criancinha e desabar no ombro de minha mãe, mas eu não sou mais uma criancinha.- Se soubesse o quanto Prim está impossível não me cobraria nada. Está uma completa cópia de Katniss Everdeen. Todos querem ser uma cópia sua...

– Eu não quero que as pessoas sejam uma cópia minha.- Eu sussurrei em seu ouvido. Ela concordou com a cabeça.

– Não dá para parar agora, Katniss. Conheço você o suficiente para saber que irá até o fim com isso, você vai fazer o que precisa fazer para manter Prim segura, abandonar o barco agora não é a melhor opção agora.- Mamãe disse enquanto me soltava.

Era como se fosse um dia de Colheita. A Praça estava lotada. As pessoas gritavam meu nome e o de Peeta e eu estava assustada. Haymitch ainda estava do nosso lado, mas ele foi o único de nossa equipe que ficou os outros já tinham tomado o seu rumo. Peeta estava procurando sua família na multidão, eu nas as via, e pelo que parece, ele também não.

– Se acalmem, Katniss e Peeta não vão á lugar nenhum, eles vão ficar aqui e vocês vão poder gritar o quanto quiserem.- Haymitch dizia baixinho. Ninguém ouvia. Eu suspirei. Isso seria uma loucura.

– GENTE, POR FAVOR!- Eu gritei. Minha gargante doeu me lembrando que eu estive no hospital á algumas semanas. Vi Peeta balançar a cabeça.

– Vamos sair daqui, simplesmente, se eles não podem nos ouvir, de que adianta continuarmos aqui? Não é para isso que estamos aqui? Para falar e eles ouvirem?- Perguntou ele, olhando para mim irritado. Ele não estava irritado comigo, estava irritado com a situação, eu também estava.

– Vocês estão aqui para nos mostrarem que vale á pena fazer o que estamos fazendo. Invadindo Distritos alheios, prendendo pessoas, vendo eles distruirem nossas casas.- Disse Darius o chefe dos Pacificadores do Distrito 12. Com essa roupa totalmente comum eu quase não o reconheci. Balancei a cabeça me dando conta de que eu quase não reconhecia ninguém.

– Nós não somos mimicos, Darius, a gente tem que falar, também. A gente já ouviu vocês o bastante para querermos falar.- Disse Peeta, fazendo com que uma boa parte da Praça se calasse, mas não era um silêncio. Olhei para Peeta e ele suspirou. O silêncio absoluto seria impossível.

– Bom, acho que já é possível ouvi-los agora.- Disse Haymitch. Eu concordei com a cabeça e olhei para Peeta, ele suspirou. Ele seria nossa porta-voz, seria ele quem falaria tudo nessa revolução, Peeta seria o garoto das palavras.

– Queria começar dizendo bem claro que não estamos aqui para sermos superiores á ninguém, e se estão esperando que nós venhamos aqui todos os dias e façamos discursos enormes e dando ordens, vocês podem parar. A gente não é como eles.– Disse Peeta, apontando para o lado, onde estava a rodoviária e o caminho para a Capital.- A gente nasceu aqui, a gente cresceu aqui, a gente é daqui, nós só estamos representando o nosso Distrito, quem fazem as coisas são vocês. Agora porque não nos falam, o que vocês querem de nós?

– Queremos que vocês nos representem de verdade.- Disse uma menininha de pelo menos 9 anos. Ela me lembrou Rue. A pequena Rue que morreu na Arena, a pequena que não teve escolha pela vida, mas escolheu á mim, talvez Rue soubesse que a esperança existia em mim e Peeta, afinal.

– E como você acha que nós podemos chegar á isso, pequenina?- Perguntou Peeta, se ajoelhando de frente á ela, estavam na mesma altura e ele tinha um sorriso doce para ela. Ela balançou a cabeça.

– Eu não sei. Eu estou escutando isso o tempo todo, Conquistador, meus pais dizem o tempo todo que vocês estão nos representando, mas que precisam fazer isso direito para que valha a pena. Como vocês vão fazer valer á pena?- Ela perguntou olhando para mim.

– Conquistador?- Perguntei, com uma sobrancelha erguida.

– Bom, vejamos, nós precisamos representar vocês, mas a gente precisa que vocês comecem nos chamando pelo nome. Eu disse que nós somos como vocês. Todo mundo aqui conhece á mim e Katniss, e todos vocês sabem que temos o mesmo objetivo. Estaremos juntos nessa, lutando nessa, pelo seu futuro - Peeta olhou para a menina enquanto se levantava para continuar o discurso - e pelo futuro de tantas outras crianças aqui.

– O que você sugere que fazemos?- Perguntou Greasy Sae. Eu tive uma enorme vontade de correr até ela e lhe dar um abraço, dizer que nada que a Capital me der será melhor do que a sua sopa terrível e deliciosa, dizer o quanto senti falta dela. Meu Deus, como eu queria poder correr até ela, e como eu queria chorar. Eu queria poder abraçar todas essas pessoas e dizer o quanto senti falta disso tudo. Então me lembrei que isso tudo não era tudo o que foi um dia.

– Porque a gente não começa com uma festa? Comemoração pelas vitórias que conseguimos? Acabamos de receber a notícia de que o Distrito 7 está do nosso lado!- Disse Haymitch aparecendo com um enorme sorriso no rosto e uma garrafa de vinho na mão. O Distrito gritou, urrou, comemorou.

– Não há medo essa noite. A Capital está tomada.- Disse Gale, aparecendo de mãos dadas com Delly ao nosso lado, com um sorriso quase tão grande quanto o Haymitch, Delly estava chorando, de emoção.

– Então é isso. Teremos uma festa, para começar. Aqui na Praça...- Disse Peeta, sorrindo enquanto segurava com força a minha mão. Eu vi a alegria e agonia nos seus olhos azuis. Estávamos conseguindo o nosso objetivo, mas é claro que sabemos que alguém na Capital e no Distrito 7 deve estar se machucando forte agora. Nem todo mundo concordava com as regras.

– Eu queria pedir.- Eu disse, quando o povo calou a boca. Deve ter sido uma das primeiras vezes em que eu me pronunciei e as pessoas me olharam chocadas. Peeta tinha um sorriso exibido para mim enquanto eu terminava de falar.- Que vocês soltassem os Pacificadores que estão no Prego. Aquelas pessoas estão no nosso Distrito, sempre gostei da receptividade alheia, quero que eles tenham a alegria de receber essa noticia conosco na festa, também.

– Boa ideia, Katniss.- Disse Peeta, sorrindo. As pessoas não pareceram gostar muito disso, mas enquanto eu e Peeta íamos caminhando até a vila dos vitoriosos, onde descobrimos que nossa família estava, eu vi os Pacificadores sendo soltos, em estados deploráveis. Tentei ignorar a visão quando vi Gabreel correr na direção de Peeta na entrada da Vila.

– Meu irmão!- Gabreel falou quando se abraçou com Peeta. Foi impossível conter o sorriso para essa cena. Gabreel era muito apegado á Peeta, eles eram tipo melhores irmãos para sempre. É claro que se amavam mais que tudo e a família de Peeta estava vivendo com o peso de que nunca mais veriam ele, porque ele se mataria por mim, então, tê-lo de volta deve ser a coisa mais feliz que já aconteceu na família Mellark.

– Você não tem noção do quanto sentimos sua falta, seu moleque maluco! Até a mamãe pareceu sensibilizada com tudo isso.- Disse Ethan, se aproximando também. O Sr e a Sra Mellark estavam ao seu lado. Peeta e abraçou com Ethan no mesmo instante que soltou um Gabreel de braço abertos para mim.

– Ah, isso é novidade.- Peeta disse, quando se soltou de Ethan para abraçar o pai que parecia á beira do choro. Ethan seu um soco de leve no meu ombro e piscou para mim antes de se virar para ver a família.

– Nós temos muitas novidades. É bom ter vocês de volta em "casa" novamente, meu filho.- Disse o Sr Mellark para Peeta colocando a mão em seu ombro. Peeta sorriu.

– Obrigada, pai. É bom estar de volta, também.- Ele disse e então se virou para a mãe. O ar da atmosfera deve ter parado naquele instante. Peeta e a mãe dele nunca tiveram uma relação boa, mas era evidente que se amavam, e além disso, sua mãe parecia mesmo abalada.

– Parece que finalmente você deu para alguma coisa que preste além de fazer bolos, não é?- Ela disse depois de um momento de silêncio e sorriu. Nós gargalhamos e Peeta lhe deu um abraço. Foi um abraço apertado do tipo "deixa eu aproveitar porque não sei quando vou poder ter de novo".

– PEETA, KATNISS! COMO É BOM VÊ-LOS DE NOVO!- Uma mulher magra e baixinha de cabelos curtos e loiros apareceu, ela usava um vestido de mamãe, cinza com florzinhas cor-de-rosa claro. Era Effie Tricket. Uma versão Distritozada de Effie Tricket. Ela me deu um abraço apertado.

– Effie? O que aconteceu com a nossa pequena figura colorida?- Perguntou Peeta enquanto abraçava ela.

– Ah, ela ficou muito magoada com as coisas que vocês disseram lá na Arena, mas as atuais situações me obrigaram á continuar calma.- Ela disse, unindo as mãos para nos olhar.- Onde está o bêbado?

– Você está mesmo interessada na vida de Haymitch? Mudaram MUITAS coisas por aqui, hein.- Eu disse, balançando a cabeça. Effie fez uma coisa improvável: mostrou a lingua para mim.

– O almoço está na mesa, crianças.- Era Hazelle. Mãe de Gale quem falava. Eu sorri para ela. A mãe de Delly também estava ali. Era um almoço em família depois dos Jogos.

– Acho que esse é um ótimo momento para esquecer que vocês sofreram nos Jogos e se fazer acreditar que ainda são apenas um casal qualquer e jovem de nosso Distrito.- Disse Delly sorrindo para nós.

– Essa foi a melhor ideia que eu ouvi o dia todo, Delly.- Disse Peeta, sorrindo enquanto pegava na minha mão e entrávamos em minha nova casa.

(...)


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