Alvo Potter e o Segredo do Cristal escrita por T M Forte


Capítulo 6
III - Divertimento infame - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Hey! ~desviando dos tomates~ (01/11/15)
Se passaram quase dois meses desde a última atualização desta história. Um mês, três semanas e quatro dias sem atualização. Sim, eu parei para contar.
Gostaria de pedir desculpas por tanta demora. Eu demorei muito para terminar esse capítulo porque eu estava, e ainda estou, sem muito tempo para nada. Recuperações, trabalhos, provas, ENEM, meu Deus!! Está bem difícil de entrar no computador e, para falar a verdade, não sei bem quando as coisas irão se a quietar novamente. Último bimestre do meu segundo ano do Ensino Médio e eu estou tentando correr atrás do prejuízo e, além disso, no mês de dezembro eu não paro quieta em casa, acabo viajando e vai ser um porre para escrever, mas prometo que vou. Acredito que as coisas voltam a ter um ritmo normal a partir de janeiro... Se bem que ano que vem vai ser meu último ano na escola, vai ter os vestibulares, vou começar as aulas de violino... AI, DEUS, É MUITA COISA PARA UMA T. SÓ!
Enfim. Para resumir, prometo uma coisa: Sem história vocês nunca ficarão, então, não se preocupem.
Observações dadas, vamos à parte dois do terceiro capítulo.
Espero que gostem! Não se esqueçam de comentar/favoritar/recomendar a história porque isso me incentiva (e muito) a continuar!



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Com cerca de seus dezoito ou dezenove anos, era um rapaz alto, de cabelos, nem lisos nem cacheados, bagunçados de maneira charmosa, escuros e pele bronzeada. O sorriso branco, voltado para o lado que a mandíbula era mais torta – mesmo quando a boca se fechava em uma linha fina, esse lado se destacava –, em seu rosto sob a barba rala era incrivelmente magnético, assim como o nariz quase perfeitamente simétrico, mesmo não sendo fino e/ou arrebitado. Os brilhantes olhos âmbar, pequenos, contrastavam com as sobrancelhas grossas e os cílios curtos. Os inúmeros brincos dourados em sua orelha esquerda, incluindo um ponto de luz em seu trágus, e o alargado dez milímetros preto na direita eram, certamente, sua marca registrada. Aquele jovem fazia garotas suspirarem a cada lugar por onde passava, com certeza.

— Teddy! – gritaram Alvo e Rosa em coro, saltando de seus lugares e correndo para abraçá-lo.

— Tudo bem, seus moleques? – questionou o mais velho, passando cada um de seus braços por um dos ombros de cada garoto e os puxando para mais perto de seu corpo.

— O que tá fazendo aqui? A festa é só de noite – disse-lhe Alvo, se afastando de Teddy ainda com um grande sorriso nos lábios rosados.

— Pensei que vocês iriam precisar de ajuda, então eu vim – sorriu, dando as costas para os mais novos ao começar a descer a escada tortuosa.

— Fala sério – exclamou Rosa, grudada nos calcanhares do moreno com uma expressão divertida ao mirá-lo. Alvo seguia ambos um pouco mais distante. – Veio mostrar pro tio Gui que você não é um vagabundo ou só quer começar a se agarrar com a Vic o quanto antes?

Todos deram largos sorrisos, Teddy aproveitou para dar uma gargalhada ao dizer:

— Uma coisa leva a outra, não é? – Quando chegaram no primeiro andar, Rosa, ao sentar-se em uma das poltronas floridas, ergueu uma das sobrancelhas em direção a Teddy e torceu o rosto em uma expressão que claramente dizia “Você é ridículo” – O que posso dizer? Não consigo ficar longe da minha loirinha por muito tempo. – E deu um risinho abobado ao apoiar-se no corrimão de madeira brilhante, parado no último degrau.

— Own – exclamou a ruiva, ironicamente, fazendo Alvo lembrar-se do ronronar de um gato, mesmo a prima não se parecendo em nada com uma criatura fofa e graciosa –, isso é tão nojento. – E seu sorriso se alargou ainda mais.

— Você é uma garota, não deveria gostar desse tipo de coisa? – perguntou Teddy, cruzando os braços sobre o peito, coberto por uma camisa de manga comprida preta, e franzindo o cenho.

— Deveria, não é? – perguntou ao abraçar os joelhos, ainda sorrindo.

— E eu ainda não entendo o porquê do seu Gui achar que eu sou um vagabundo, todos vocês sabem que eu trabalho com o Fred! – disse ele, inconformado.

— Vai ver que ele sabe que o papai te ofereceu o emprego como auror e protegido dele e você não aceitou – sugeriu Alvo, pondo-se ao lado dele.

— E, admita, você ganharia muito mais se trabalhasse com o tio Harry – exclamou Rosa, abraçando os joelhos.

— O dia que eu botar os pés no quartel do tio Harry podem ter certeza que eu fiquei maluco ou estou sendo preso ou os dois— brincou ele, dando uma cotovelada leve no braço de Alvo e fazendo os dois garotos sorrirem

— Mas isso não é justo! – Tiago entrara na sala de estar batendo os pés sobre no assoalho de madeira com os braços cruzados sobre o peito, o rosto emburrado e a voz mais manhosa que conseguia enquanto Gina segurava seus ombros ao guiá-lo em direção à cozinha.

— Deixa de ser mimado, Tiago Sirius – disse a ruiva com a voz cansada.

Ambos pararam no lugar onde estavam ao visualizar o jovem apoiado na escadaria, que disparou um “E aí?” animado para eles. Gina, com um grande sorriso, deu passadas largas em sua direção e logo jogou seus braços em torno do pescoço do mesmo ao dizer:

— Chegou cedo! – E depositou um beijo em sua bochecha.

— Tudo bem, tia? – perguntou o rapaz com as mãos ainda postas sobre as costas de Gina, que apenas acenou com a cabeça em resposta.

— Teddy! – chamou Tiago ao se aproximar e estendendo a mão direita em direção a ele. O jovem se afastou da tia e, em perfeita sincronia com o filho mais velho da mesma, começou a fazer uma série de toques estranhos e apertos de mão com Tiago, que terminou com um puxando o outro para um abraço.

— E então, cadê o super-herói? – perguntou Teddy, bagunçando a cabeleira de Tiago com uma das mãos, fazendo-o dar-lhe, em seguida, um leve soco do estômago ao dizer, entre risos: “Vou te arrebentar!”. Alvo sempre achou engraçado a maneira que ele se referia ao seu pai, incessantemente com um dos inúmeros apelidos que criava fazendo alguma brincadeira sobre seu trabalho.

— No ministério – disse-lhe Gina, fazendo um sinal com a cabeça para que ele a seguisse em direção à cozinha. Os outros três garotos a seguiram também.

— Pensei que ele tava de folga. – Teddy se encostou no arco de madeira na entrada do cômodo. Liz e Hugo jogavam uma nova partida de xadrez de bruxo sentados à mesa, porém, ao visualizar o moreno, a ruivinha correu em sua direção gritando seu nome. Teddy a pegou no colo sem nenhuma dificuldade e, dando inúmeros beijos em seu rosto, exclamou: “Que saudade da minha pequena!”. Hugo saiu do ambiente irritado por não conseguir terminar seu jogo, Alvo teve de erguer os braços para que não trombassem com o primo e Rosa bufou para o irmão.

— Ele estava, na verdade – Gina tirava de um dos armários altos garrafas e mais garrafas verdes, vazias e sem rótulo de vinho e as depositava sobre a mesa de jantar –, mas houve um roubo e ele…

— Não vai me dizer que a filha dos Copperfiel fez a cabra do velho Benny desaparecer de novo e ele acha que sequestraram a coitada – riu Teddy, acompanhado de Tiago e Alvo.

Os irmãos Potter jamais se esqueceriam do dia em que um senhor velho e barrigudo apareceu apenas trajando sua ceroula de dormir vermelha na entrada d'A Toca aos prantos e berrando: “ARTHUR! ARTHUR! LEVARAM MINHA BETH! MINHA AMADA BETH! LADRÕES! BANDIDOS! HARRY POTTER, TRAGA MINHA BETH DE VOLTA! EU IMPLORO! ELA TEM MEDO DO ESCURO! APOSTO QUE FOI OS FLINT! DISSERAM QUE EU IRIA ME ARREPENDER SE EU VENDESSE A MINHA PROPRIEDADE PRA ELES! TRAGA MINHA BETH DE VOLTA!”. De início, os dois garotos ficaram extremamente preocupados com o ocorrido, mas, depois de descobrirem que Beth não passava de um caprino, tiveram um acesso de risos, qual piorou depois de seu pai retornar da casa do velho, quase uma hora depois de ter saído, dizendo que o animal não havia sido roubado e sim que a filha de cinco anos dos vizinhos de Benny a tinha deixado invisível, graças à magia involuntária, depois dele não ter a deixado brincar com a mesma. Beth foi encontrada enquanto dormia tranquilamente na cama do velho Benny sem nem se preocupar com o que acontecia no mundo afora daquele quarto.

— Na verdade, foi no Departamento de Ministérios – contou Gina, retirando uma sacola cheia de velas brancas de uma das gavetas e a colocando ao lado das garrafas. As palavras da ruiva fez todos perderem aquele ar divertido.

Teddy colocou Liz no chão e, sentando em uma das cadeiras enfrente a tia, perguntou, em tom baixo:

— Rony foi convocado também? – Ele cruzou as mãos entre as pernas e contraiu tanto seus lábios que eles se tornaram apenas uma fina linha. Gina apenas concordou com um aceno de cabeça, voltando os olhos um tanto entristecidos em direção a uma das janelas. O jovem pareceu ignorar o tom melancólico que as outras cinco pessoas na cozinha adquiriram pois jogou o peso de seu corpo no encosto da cadeira, que encostou na parede atrás dele, e, sobre apenas os pés traseiros do móvel de madeira, cruzou as pernas por sobre a mesa e os braços atrás da cabeça ao continuar: – Ah, nem sei o porquê vocês estão tão nervosos. Ele é Harry Potter, gente, vocês esqueceram? Ninguém nunca vai conseguir fazer nada enquanto ele estiver na dianteira dos aurores! Tenho certeza que deve ter sido tudo um grande mal-entendido.

Aqueles dizeres arrancou um pequeno sorriso de cada um dos outros ali. Teddy deveria estar certo, o que de mal poderia acontecer com Harry Potter sendo aquele que preservava a paz no Reino Unido?

— Edward, tire os pés da minha mesa – mandou a Sra. Weasley ao entrar na cozinha com inúmeras panelas e caldeirões, completamente emburrada. Teddy a obedeceu antes mesmo dela atirar todos os objetos por sobre o pequeno balcão, alguns escorregaram para dentro da pia ainda úmida. Liz saiu saltitando do local ao cantarolar um “Hugo, cadê você?”, agindo como se nada estivesse acontecendo.

— Precisa de ajuda, Sra. Weasley? – perguntou Teddy, levantando-se com um pulo.

— Sim, pode me trazer um copo de veneno? – Molly Weasley apanhou o maior dos caldeirões prateados e o bateu com força sobre uma das bocas do fogão, fazendo uma faca grande e afiada sair voando de dentro de uma das gavetas e sua ponta ser cravada no segundo nome do relógio pendurando na parede atrás de Teddy (Fleur), que teve que mover a cabeça um pouco para direita para não ser atingindo pelo objeto pontiagudo.

— Ahn... Algum problema? – perguntou o rapaz dando um sorriso sem jeito, passando uma das mãos sobre os cabelos, que tomavam uma cor um tanto avermelhada assim que sua palma acariciava os fios.

— Ah – exclamou ela, levando as mãos aos céus, parecendo não notar que quase perfurara o olho de Teddy por acidente há alguns poucos instantes –, isso é algo que não falta na minha vida, querido! Não sei onde estava com a cabeça quando inventei de fazer essa festa! – Ela fazia caldos e temperos serem despejados de sua varinha, sem o mínimo de sutileza, dentro do caldeirão, batia a colher de pau fortemente na lateral do objeto prateado ao misturar o líquido um tanto grosso e acendia o fogão, tudo ao mesmo tempo – Se arrependimento matasse, eu já estaria morta há muito tempo!

— O que aconteceu? – perguntou Gina ao segurar levemente seu pulso para que a mesma não quebrasse o mármore do móvel sobre o qual cortava, de maneira extremamente violenta, um amontoado de cenouras.

A Sra. Weasley lançou-lhe um olhar voraz durante alguns instantes antes de puxar o ar até o fundo de seus pulmões e recomeçar, agora com mais tranquilidade, a cortar os tubérculos.

— Guilherme acha lindo que sua bela esposa e a filhinha — a ruiva mais velha arrancou um grande pedaço da cenoura que cortava, qual tinha exatamente a mesma cor dos fios de cabelo em sua cabeça que ainda não haviam se esbranquiçado, assim que disparou a palavra “filhinha”. Alvo, Tiago e Rosa olharam diretamente para Teddy, qual cerrou os olhos âmbares, mesmo que ligeiramente, para ela – dele tenham saído para se embelezar em Londres enquanto eu tenho que ficar aqui cozinhando, completamente sozinha, para quase duzentas pessoas.

“Egoístas” sussurrou Gina apoiando as mãos sobre a mesa ao morder o lábio inferior e a Sra. Weasley apenas concordou com a cabeça, a bufada de desaprovação que Teddy deu a respeito do comentário maldoso feito em relação à sua “adorável” sogra e namorada foi ignorada.

— Eu te ajudo, vovó – se voluntariou Alvo, dando um sorriso sincero e sem dentes para ela.

— Ah, obrigada, querido, mas seria melhor que vocês ajudassem lá fora – disse-lhe a Sra. Weasley, estendendo um amável sorriso ao neto.

— Ah, é verdade – exclamou Gina, apanhando um amontoado de toalhas de mesa, brancas, que estavam sobre uma das bancadas e ao lado de outras douradas, e as colocando nos braços de Tiago. – Preciso que vocês dois ajudem com as mesas.

— Por que eu? – perguntou o filho mais velho, tentando visualizar a mãe por sobre tantas toalhas em suas mãos.

— Porque eu estou mandando. – Mamãe, realmente, não está afim de discussões hoje concluiu Alvo, mordendo o lábio inferior. Tiago bufou baixo enquanto a mãe estendia as toalhas douradas para o filho mais novo, que as pegou sem demora – Pronto. Vinte para cada um.

— Eu arrumo as mesas – adiantou-se Rosa, abrindo um dos armários altos e agarrando os jogos americanos que tinham ali.

— Cinco e cada mesa, querida – explicou a Sra. Weasley, indicando, com a ponta da faca, os objetos em suas mãos. – Os brancos nas mesas douradas e os pretos, nas brancas. Depois entre que eu te explico a sequência de pratos e copos.

— Certo. – Rosa acenou com a cabeça, indicando a saída para Alvo. Os dois primos a seguiram, Tiago reclamando algo como: “Isso é trabalho infantil”. “O que eu faço, tia?” puderam ouvir Teddy perguntar quando já atravessaram metade da sala de estar. “Coloque as velas dentro das garrafas e não esqueça de esquentar um pouco dos lados para elas ficarem bem firmes. Mamãe, me passe as batatas, sim?”.

Ao passarem pela porta que os levariam ao jardim, deparam-se com a grandiosidade que era aquela tenda. Parece um campo de quadribol! pensou Alvo admirando a teto pontiagudo acima dele, onde Jorge acabara de conjurar um elegante e enorme lustre de cristal.

Com exceção de Liz, Hugo e o irmão mais novo de Victoire e Dominique, Louis, que corriam para lá e para cá entretidos em alguma brincadeira, todos estavam ajudando. O Sr. Weasley e Gui terminavam de montar o palco em meia lua enquanto o mais velho parecia completamente distraído ao contar para o filho a “maravilhosa” história dos parafusos, Angelina e Roxanne ainda penduravam os fiozinhos com cristais em cada abertura – Alvo podia visualizar perfeitamente a prima, que tinha um temperamento tão explosivo quanto sua mãe ou Rosa, arremessando aqueles delicados objetos o mais longe que conseguisse, cheia de fúria – da grande barraca, Dominique e Molly II, a filha mais velha de Percy, decoravam as cadeiras brancas (algumas com detalhes em dourados e outras, em preto) absorvidas em uma discussão para saber qual garoto de Hogwarts era o mais bonito, Jorge e Fred II sumiram ao aparatarem no Beco Diagonal assim que um dos dois disse ter fogos insuficientes para estourar a cada vinte e cinco minutos durante a cerimônia, Audrey, a esposa de Percy, e sua filha mais nova, Lúcia, discutiam qual arranjo de flor deveria ir em cada tipo de vaso transparente e Hermione corria para lá e para cá com uma prancheta em mãos ao conferir cada caixa que continha os globinhos de neve que, dentro de cada um deles, tinha uma das sete maravilhas do mundo escupida pelos mais finos cristais coloridos que seriam distribuídos no final da festa.

Tiago e Alvo começaram a esticar as toalhas por sobre as mesas redondas que haviam sido espalhadas sob toda a tenda, sempre alternando para que não tivessem duas mesas com as mesmas cores ao lado da outra, e Rosa os seguia, alinhando perfeitamente o jogo americano com cada cadeira que Dominique ou Molly depositava.

Já haviam arrumado um pouco mais da metade das mesas quando Rosa sussurrou para Alvo:

— Ei, tive uma ideia para descobrir sobre aquele envelope que o Tiago guardou.

— Não foi o Tiago, foi o Zachary – corrigiu o moreno, esticando uma das suas últimas toalhas douradas.

— Tanto faz, garoto – bufou ela. Rosa puxou o braço do primo e, quando o mesmo virou em sua direção, ela perguntou, com o rosto quase grudado no dele: – Vai querer me ajudar ou não?

— Okay, okay. Qual sua ideia? – Alvo se afastou um pouco da ruiva, com a bochechas um tanto coradas pela aproximação repentina.

— Preciso falar com o Fred primeiro, depois te conto. – E, dizendo isto, Rosa deu um sorriso malicioso e terminou de arrumar os jogos americanos.

Assim que todas as toalhas foram devidamente esticadas e o jogos americanos colocados no lugar, Alvo e Rosa começaram a ajudar Hermione a colocar todos os pratos, taças, talheres e guardanapos nas mesas enquanto Tiago, sentado em uma das cadeiras, observava tudo com queixo apoiado em uma das mãos, completamente entediado, e Teddy depositava uma garrafa verde com uma vela branca no centro de vinte das quarenta mesmas (as outras vintes ganhavam um ar mais vivo e alegre por um dos arranjos de flores coloridas feitos por Audrey e Lúcia). A ruiva ria deliciosamente ao tenta explicar para o primo mais novo a utilidade de cada faca e taça enquanto o mesmo mirava as mesmas com um ponto de interrogação em seu rosto.

O Sol pareceu ir se cansando ao ver todas aquelas pessoas trabalhando e andando para lá e para cá, pois, quando Alvo notou, ele já estava quase se ponto entre os distantes morros. Assim que suas tarefas iam se finalizando, um a um, os Weasley subiam a escadaria torta da casa para começar a se arrumarem para a festança que logo começaria.

Alvo, assim que terminou de ajudar Angelina a organizar os globinhos de neve sobre uma gigantesca mesa de vidro espelhada, levou a última caixa vazia de papelão para a entrada da casa e a colocou ao lado de tantas outras. Pousou as mãos na cintura e suspirou aliviado, finalmente havia acabado.

Demorou-se ao admirar as lindas cores que se formavam no céu durante o inicio do crepúsculo. Eram tão lindas, tão alegres, mas, ao mesmo tempo, tão tristes e melancólicas. Pegara o costume de observar os céus com seu pai já que, inúmeras vezes, o flagrou observando o infinito perdido nos mais diversos pensamentos. Onde Harry Potter estaria agora? Poderia ele, talvez, também estar observando aquela maravilhosa mistura de cores seja lá de onde estivesse? Alvo gostaria de acreditar que sim.

— Ei, Alvo! – gritou uma voz vinda da casa. Potter apenas olhou por cima dos ombros em direção a uma das janelas e visualizou Rosa com os braços cruzados no parapeito mirando-o com um sorriso sem dentes e uma toalha azul enrolada em volta de sua cabeça e uma em seu corpo – Não vai se arrumar? Daqui a pouco o pessoal vai começar a chegar e você está parecendo um mendigo – disse, fazendo seu sorriso, assim como o do primo, se alargar ainda mais.

— E você que está parecendo um E.T. com esse negócio na cabeça, como fica? – gritou ele de volta. Rosa estendeu a língua em direção a ele, que pode ouvir um “Que droga, Rosa! Tá frio! Fecha esse negócio!” assim que ela puxou a vidraça para fechá-la.

O menino voltou para dentro da casa, realmente necessitava de um bom banho e de roupas limpas.

Ao abrir a porta de entrada, Alvo se deparou com a mãe e o irmão, já devidamente arrumados – Tiago usava uma camisa vermelha que beirava ao vinho, com as mangas dobradas até os cotovelos, calça jeans escura e os All Star pretos. Gina estava glamourosa com a blusa de seda branca, também com as mangas nos cotovelos (os dois primeiros botões dourados da peça, que estavam abertos, deixavam a mostra o lindo colar dourado com um elegante pingente em forma de coração, qual possuía uma maravilhosa e brilhante pedra da lua ao centro e que combinava com os brincos), a calça de couro marrom e os sapatos de salto da mesma cor. A impecável maquiagem branca e marrom em seus olhos realçavam os mesmos de maneira tão perfeita que pareciam ter ganhado um tom mais puxado para o dourado e os lábios estavam pintados de uma cor neutra que pareciam estar ao natural –, o menino apoiado na mesa de jantar, com os braços cruzados sobre o peito, enfrente a mãe, que mexia distraidamente na sua pulseira de pérolas ao observar o pôr do Sol pela janela aberta.

— Ele não vai vir, não é? – perguntou o irmão assim que Alvo passou pela porta.

— Vai, sim. Ele vem – disse-lhe Gina, parecendo não muito segura daquelas palavras. – Talvez ele se atrase um pouco...

— Tão falando do papai? – questionou Alvo, se pondo ao lado do irmão. O mais novo mirou Tiago de maneira curiosa ao perguntar: – Ele vem, né?

— Duvido – bufou ele ao sair do local batendo os pés com força no chão e os punhos cerrados na lateral do corpo.

Gina mordeu o lábio inferior assim que o som dos passos do filho sumiram escada acima. Tiago tinha motivos para ficar enraivecido já que seu pai sempre perdia algo importante na vida de sua família. Harry, por exemplo, chegara atrasado no dia da festa do décimo primeiro aniversário de Alvo, dando-lhe tempo apenas para entregar seu presente, dois jogos para computador – que acabaram sendo de Tiago já que ele não era um grande fã de jogos eletrônicos –, e dizer um “Feliz aniversário, filho” e “Vamos, já é tarde. Hora de dormir”. O trabalho sempre ganhava. Não havia discussões em relação a isso.

Alvo sabia que, assim como os filhos, sua mãe também detestava aquela preferência que o marido fazia entre a família e o trabalho, não que ele tivesse muita escolha. Desde que Rony mencionou, pela primeira vez, que sairia do Ministério, a quantidade de casos que foram se acumulando crescia cada vez mais e o tempo de descanso do chefe dos aurores diminuía na mesma proporção. Tudo que a família de Harry Potter podia fazer naquele momento era torcer para que o mesmo voltasse todas as noites são e salvo para casa e que essa situação melhorasse depois que encontrassem um parceiro a altura e que acompanhasse o ritmo do mesmo. Era tudo o que eles queriam.

O menino deu alguns passos em direção a mãe e logo entrelaçou os braços em volta de seu corpo, puxando-a para um apertado abraço. Ela precisava disso. Ele precisava disso. Com a lateral do rosto do menino apoiada em seus seios, Gina aproveitou para dar vários beijos no topo de sua cabeça e acariciar seus cabelos.

— Obrigada – agradeceu ela com os dentes brancos a mostra em um grande sorriso ao mirar fundo em seus olhos. A mãe adorava admirar os olhos de esmeraldas do filho do meio, já que ele foi o único que os herdou de seu marido. – Sua roupa está em cima da cama, querido. É melhor começar a se arrumar – disse-lhe, virando seus ombros e o guiando em direção a escadaria.

— Eu fico parecendo um idiota com aquela roupa – lamentou-se Alvo pendendo a cabeça para trás. Gina deu-lhe uma palmadinha leve no traseiro antes do mesmo começar a galgar escada acima e ela se dirigir em direção ao quintal.

Alvo subiu rapidamente em direção aos últimos andares da casa, demorando-se um pouco mais no quarto andar para escutar Rosa reclamando: “Mas eu não sei como arrumar o meu cabelo, Roxy!”. “O único jeito de 'arrumar' isso daí seria cortando tudo e começando do zero”, Alvo conseguiu escutar um estalo sendo emitido de dentro do quarto depois que a voz de Roxanne sumiu no ar, sendo substituída por altas risadas. Provavelmente, Rosa havia lhe dado um tapa por causa do comentário maldoso sobre seus cabelos volumosos, mas acabou rindo junto com a prima pela brincadeira.

O garoto entrou na outra porta daquele mesmo andar, o banheiro, e se trancou ali durante algum tempo, relaxando sob a água quente que batia forte em seu corpo, massageando-o depois de um dia de trabalho. Como havia esquecido de apanhar suas roupas, vestiu o roupão vermelho, um tanto desbotado, pendurado na porta e saiu corredor afora, pronto para se vestir.

No mesmo quarto em que esteve com a prima há algumas horas, ele se deparou com o irmão mais velho deitado na cama sob a janela, com uma das pernas cruzada sobre o joelho da outra enquanto lia uma revista em quadrinhos, na qual, em sua capa, encontrava-se um homem trajado com uma fantasia vermelha e preta, segurando uma pistola em cada mão e duas espadas cruzadas, presas em suas costas.

— Nem sonhe, essa cama aqui é minha – disse ele, sem desviar sua atenção do objeto em suas mãos.

— Ahn... Okay – respondeu Alvo ao revirar os olhos e fechar a porta atrás de si. O menino se dirigiu a outra cama, onde sua roupa estava devidamente dobrada sobre ela, e logo começou a se despir, mas, assim que Tiago começou a gargalhar por causa de algo que acabara de ler no conjunto de papéis dobrados que segurava, o menino pediu, com a voz um tanto irritada e irônica: – Dá licença?

— Não se preocupe, irmãozinho, você de cuequinha é a última coisa que eu quero ver na minha vida. – E trocou a página da revista, passando a língua pelos dentes.

O mais novo revirou os olhos novamente.

Assim que terminou de abotoar o último botão a camisa social verde, observou seu reflexo no espelho pendurado atrás da porta: um menino de onze anos, não muito alto, com os cabelos castanhos desarrumados e os olhos da mesma cor que a peça de tecido que trajava o encarou de volta. A calça e os sapatos sociais pretos contrastavam lindamente com a camisa colorida.

— Nossa! – exclamou Tiago ao observar o irmão arrumar a gola, que o mirou por cima do ombro. O mais velho saltou da cama e se postou atrás do mais novo, segurando seus ombros em frente ao espelho. Era apenas quando estavam um ao lado do outro que Alvo conseguia ver alguns pequenos traços que ambos possuíam em comum como o formato dos olhos, o nariz, nem grande nem pequeno, e algumas poucas sardas espalhadas pelo rosto. Alvo se permitiu dar um pequeno sorriso ao reparar naqueles detalhes – Você tá parecendo o papai... Sinto pena de você. Tá ridículo. – Tiago deu dois tapinhas em seu ombro direito, abriu a porta e, dando um riso irônico para o que acabara de dizer ao irmão, sumiu escadaria abaixo, dando pisadas fortes.

O sorriso de Alvo se desmanchou e, bufando por pura birra, seguiu o irmão até os andares inferiores da casa, batendo a porta atrás de si.


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Notas finais do capítulo

— Hey! Olha eu aqui de novo!
— Na próxima parte e, provavelmente, a última, ocorrerá uma revelação bombástica que aposto que muitos de vocês vão querer me matar ou matar o personagem que tem relação com ela. Enfim. Vão ter que esperar para descobrir. Desculpinha. Na verdade, estou bem em dúvida se caberá tudo que quero mostrar para vocês nas próximas quarto mil palavras que terá a próxima parte. Na dúvida, faço uma quarta com umas duas mil palavras, é o jeito.
— Eu sei que nas notas da parte um eu disse que a velha guarda apareceria, mas eu acabei acrescentando muita coisa nesta aqui e decidir colocar na outra. Eles aparecerão, em algum momento, não se preocupem.
— Gostaram do capítulo? Vamos, não tenha medo de deixar um comentário me dizendo o que achou. Eu não mordo. Juro!
— Não se esqueçam de comentar/favoritar/recomendar a história porque isso me incentiva (e muito) a continuar!
— Até logo!
— Beijos da autora estranha ♥