A Vingança De Kammi escrita por MisuhoTita


Capítulo 7
Julgamento




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Dois meses depois...

O coração de Kammi bate forte em seu peito enquanto ela espera, ao lado de Laureen na sala de espera do fórum. Na sala, apenas ela, a prima e uma policial, que olha para ela como se ela fosse um animal qualquer, e não um ser humano.

Os últimos dois meses foram um verdadeiro inferno para ela, e, durante este tempo, tem se tornado uma pessoa mais dura. Com a ajuda de Melody e suas amigas de presídio, aprendeu a sobreviver ao lugar e, principalmente, a irritar o menos possível as policias e carcereiras, evitando assim os terríveis castigos que detentas que não sabem seguir as regras sofrem.

Ficara particularmente íntima de Alcir, o irmão mafioso de Melody, que ela sempre vê aos domingos, único dia de visitas no inferno onde ela vive. Ao longo desses dois meses, o mafioso sempre vem insistindo no mesmo assunto, de que pode ajudá-la a fazer Richelle pagar por tudo o que ela vem sofrendo neste lugar horrível.

E, por tanto o homem sempre insistir no mesmo assunto, prometera a ele que, após sair a sentença de seu julgamento, daria sua resposta definitiva, fosse qual fosse o resultado. A tensão que sente é tanta que é capaz de ouvir nitidamente as batidas de seu coração, enquanto espera o início do julgamento que decidirá o seu futuro para sempre.

Olha para suas mãos algemadas e se sente mal. Quer perguntar a Laureen se será obrigada a ficar todo o julgamento assim, como se fosse uma criminosa. Quase chega a abrir sua boca para perguntar. Mas então se lembra de que, para a lei, ela é mesmo uma criminosa, que essa justiça não sabe o que é o desespero de ver o homem que se ama sendo morto para salvar sua vida, e então decide ficar de boca fechada.

Seu coração já está cheio de amargura, a ponto de odiar tudo e todos que a consideram culpada deste crime que não cometeu, e o desejo de seguir os conselhos de Alcir e de Melody de se vingar cresce cada vez mais em seu coração, a ponto de todas as noites, só conseguir pensar nisso.

Se a justiça não for feita hoje, se eles não perceberem que estão fazendo uma injustiça e de que a verdadeira culpada da morte de Mark é Richelle, então sim, fará justiça com as próprias mãos! Ou melhor, com as mãos de Alcir! Que se propôs a ajudá-la sem pedir nada em troca!

A porta da sala de espera se abre e surge um policial, que nem se importa em olhar para ela. Apenas encara Laureen e diz:

― Já está na hora.

A prima se levanta e olha com um sorriso otimista para Kammi.

― Está na hora, Kammi. – diz Laureen, sem deixar de sorrir – O julgamento vai começar. Está preparada?

― Estou. – responde Kammi, a voz um pouco fria.

― Antes de irmos deixa só eu te falar uma coisa, Kammi. A Richelle será a primeira a depor, querida e, você sabe o que ela vai falar não será agradável e provavelmente irá te enfurecer. Você já está um pouco mudada, não é mais minha priminha inocente de dois meses trás, tem uma fisionomia mais dura...! Não vai perder a cabeça na frente do juiz quando ouvir as mentiras dela, por favor, isso só vai te prejudicar.

― Pode deixar. – fala Kammi, aparentando uma calma que está longe de sentir – Eu não vou dar esse gostinho a ela. Não mesmo.

― Muito bem. – continua Laureen – Agora vamos. E não se preocupe, você será inocentada. Vai dar tudo certo!

Laureen segue na frente e Kammi, acompanhada de uma policial, segue logo atrás. Saem da sala de espera diretamente para o tribunal onde, Kammi é conduzida para o bando do réu, onde, a sua direita e a sua esquerda tem mais duas cadeiras, uma para Laureen e outra para a policial.

Kammi olha para os bancos onde as pessoas que vieram assistir ao julgamento estão e, não se surpreende nem um pouco ao ver seus pais, familiares e seus amigos mais íntimos ali. Porém, o que lhe surpreende é ver ali, sentando na última fileira de bancos, ninguém menos do que Alcir, que dá um discreto sorriso ao notar que ela reparou sua presença.

O mafioso está vestido de forma muito diferente de todas as vezes que vai ao presídio, no melhor estilo MIB, Homens de Preto, usa um terno preto e óculos escuros, com camisa branca e gravata preta. Após ver o irmão de sua companheira de cela, a atenção dela se volta para o banco dos júris, onde as pessoas que, ao lado do juiz irão decidir se ela é culpada ou inocente tomam os seus lugares.

Ao lado da policial e de Laureen, Kammi ocupa seu lugar e, o próximo a entrar na sala é o juiz, acompanhado do promotor de justiça. Assim que o juiz ocupa seu lugar, todos os que estão na sala se levantam em sinal de respeito e, em seguida, o juiz faz sinal para que todos se sentem, ele faz o mesmo.

O promotor avança até o centro da sala e começa a expor:

― Meritíssimo, senhores jurados, estamos aqui para julgar Kammi Ambler, acusada de assassinar Mark Campbell, de quem era noiva. O assassinato foi cometido dois meses atrás, as impressões digitais da ré foram encontrada na arma do crime, assim como uma testemunha, que afirma ter visto a ré atirar. Durante estes dois meses subsequentes ao crime, a perícia trabalhou arduamente, tanto na reconstituição do crime como na análise das provas e hoje, estamos aqui reunidos para fazer justiça e para mostrar a verdade e, o que de fato, aconteceu naquela fatídica noite. Para começar, chamo para depor o Doutor Peter Jordan, do Instituto de Perícia que está à frente do caso.

O homem entra na sala de julgamento e, ocupa seu lugar de depoente.

― Pode começar contando sobre as provas que coletou e o resultado das análises feitas. – ordena o promotor.

― Meritíssimo, excelentíssimo, estamos aqui para se fazer justiça e para que a verdade a cerca de um crime hediondo possa ser esclarecida, para que a verdade prevaleça e o culpado pague por seus crimes de acordo com a lei. Comandei pessoalmente a equipe que fez todos os laudos periciais tanto na cena do crime, quanto no corpo. Comecemos com a arma que fora encontrada na cena do crime, e, conforme investigação, ficou claramente provado que as impressões digitais encontradas na arma são todas pertencentes a senhorita Kammi Ambler e que, na arma, não existem outras digitais a não ser as da ré. Além disso, exames feitos no corpo da vítima deixam bem claro que os tiros que o perfuraram são da arma em questão. Acrescento ainda que, o sangue encontrado nas vestes da ré são da vítima, isto foi confirmado através de exame de DNA. E, termino dizendo que, no corpo da vítima, não foram encontrados outras digitais a não ser as da acusada. Além disso, apresentamos ao Ministério Público um relatório por escrito, minucioso contendo todos os detalhes da perícia que fora feita.

Kammi não se surpreende nem um pouco com o depoimento da perícia, sabendo perfeitamente que eles certamente diriam algo parecido. É claro que as digitais de Richelle não estariam na arma! A mulher estava usando luvas! Idiota fora ela de, em meio a seu desespero, colocar as mãos naquela maldita arma.

Seus olhos cor de chocolate não refletem nenhuma emoção enquanto termina de escutar o depoimento do homem. E, após ele depor, o Promotor entrega para o júri cópias dos laudos periciais e começa a expor, de forma brilhante, como ela é “culpada” de todos os crimes dos quais é acusada, já que todas as provas apontam para ela.

E, enquanto o promotor continua expondo as provas que a incriminam, discretamente olha para trás e vê Alcir dando um sorriso disfarçado para ela, e, por trás do sorriso do homem, consegue ver nitidamente que ele está lhe dizendo “eu te avisei.”

Volta sua atenção para o promotor, do qual também começa a sentir raiva. Sabe que o homem está fazendo o seu trabalho, mas, porque é tão difícil enxergar que isso tudo é uma armadilha para culpá-la enquanto a verdadeira criminosa posa de inocente?

Enquanto o promotor expõe o laudo policial que tem por função incriminá-la, o júri apenas escuta e, Kammi percebe em seus rostos expressões impassíveis, fica se perguntando o que passa na mente deles.

O Homem fala sem parar por mais de duas horas seguidas, fazendo com que a raiva que Kammi sente aumente cada vez mais, principalmente ao final de seu discurso, onde ele pede por sua condenação. Ao ouvir estas palavras do homem, seus olhos brilham de ódio, um ódio tão profundo que nunca imaginou sentir em sua vida.

Após pedir por sua Condenação, Kammi observa o promotor sentar-se em uma cadeira reservada para ele, e então, é a vez do advogado de Richelle entrar em ação. O homem toma o centro do júri e começa um discurso sobre como fora traumatizante para sua cliente assistir o assassinato de um homem bom como Mark, um homem que Richelle amava profundamente e que ela se aproximou apenas por interesse e despeito.

Kammi sente seu estômago revirar e seu enjoo aumentar ao ouvir o discurso de difamação do advogado de Richelle, que pinta a mulher como uma santa e a ela como um demônio. E, ódio que começa a sentir por este homem é maior do que qualquer outra coisa, assim como seu desejo de fazer com que ele também pague por inventar mentiras e difamações a seu respeito.

Todos eles irão pagar! E pagarão caro!

O discurso mentiroso do advogado de Richelle dura mais de duas horas e, em seguida, ele chama a cliente dele para depor. Ao ver a mulher responsável por acabar com sua vida, Kammi sente o sangue em suas veias ferver e a vontade que tem é de se transformar em uma assassina de verdade para acabar com a vida dela. Mas, se controla. Encara a mulher com um olhar frio como um ice Berg e se prepara para ouvir o que ela tem a depor, e ser, novamente, acusada de assassinar o seu amor.

Não é surpresa nenhuma para Kammi ver Richelle se fazendo de vítima na maior cara de pau e contando sua historinha muito bem montada de como ela aparecera de forma premeditada para acabar a vida de Mark. Cada palavra dita por Richelle só faz com que o ódio e o desejo de vingança aumentem mais e mais em Kammi.

Quer que esta mulher pague! Quer que a maldita Richelle pague por todo o mal que tem feito a ela! Quer que ela sofra amargamente por cada dia vivido no presídio! Quer que ela se arrependa do dia em que nasceu!

Ouve o depoimento mentiroso de Richelle por horas a fio, até que, finalmente, chega a vez de  Laureen entrar em cena. Como a prima não conseguira uma prova de sua inocência, baseou sua defesa no comportamento de Kammi e em como ela e Mark se amavam, apresentando testemunhas, amigos do casal, que confirmaram suas palavras.

E, em seu depoimento, Kammi conta novamente como tudo aconteceu. Conta novamente todos os detalhes daquela noite, e, aponta Richelle como a verdadeira culpada. As perguntas que o promotor lhe faz são claramente uma tentativa para que ela confesse o crime que não cometeu. Infelizmente, para este promotor que insiste em acusa-la, ela é inocente e, jamais irá confessar algo que não cometeu e, por este motivo, todas as tentativas do homem em fazer com que ela confesse são em vão.

Seu depoimento é o mais demorado de todos, com ataques do promotor e do advogado de Richelle de todas as formas possíveis e impossíveis e, quando seu depoimento finalmente termina, sente-se cansada e morta. Volta para seu lugar para ouvir o juiz dizer que as provas e depoimentos serão analisados e que a sentença sairá dali a três dias.

 

 

*****

 

 

Três dias depois, em sua cela, Melody espera o retorno de sua companheira. Espera. Pois, sabe perfeitamente bem que a amiga será condenada e que, juntas, ainda viverão longos anos dividindo esta cela de presídio.

Sente pena de Kammi, pois, em dois meses, viu o quanto a menina nada sabe da vida, e, o quanto teve que se adaptar a esta vida no inferno e, pior para ela será quando o momento dela ter o bebê que carrega na barriga chegar, pois ela nem imagina o que a espera.

Escuta passos vindos do corredor e se senta na cama. E, não se surpreende nem um pouco ao ver Kammi chegar e se deitar na cama ao lado sem dizer uma única palavra. Mas, o que surpreende Melody mesmo são os olhos de Kammi, que brilham de ódio em uma face dura como pedra.

― Quantos anos, Kammi? – pergunta Melody, quebrando o silêncio.

― Vinte! – responde Kammi, a voz carregada de raiva – Vinte anos! Mas eles vão me pagar! Todos eles vão me pagar! Vou me vigar de todos! Um a um! Não importa quanto tempo leve! Todos os que ajudaram a me condenar irão me pagar!


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