A Vingança De Kammi escrita por MisuhoTita


Capítulo 6
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Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo entra um personagem novo, um líder de máfia que, é uma homenagem a um amigo off meu. Ele queria muito uma vaga em alguma original minha e, como ele sempre gostou das coisas que eu escrevo, decidi homenageá-lo com este personagem que terá uma participação muito importante no decorrer da fic.

Boa leitura!



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Kammi encara sua companheira de cela pálida, incrédula em, como Melody conseguira deduzir tão rápido a sua gravidez, já que, por estar em seu início, ainda não se faz notar.

― E então, novata? – Melody a tira de seus pensamentos – Você está grávida, não é mesmo?

Incapaz de encontrar palavras para responder Melody, Kammi apenas confirma, fazendo um sinal de afirmação com a cabeça.

― Eu sabia! – Melody sorri.

― Como descobriu tão rápido? – Kammi se vê perguntando.

Melody dá de ombros.

― Tenho experiência de vida, menina. – responde a mulher – Mais do que você é capaz de imaginar. Estava prestando atenção em você o dia inteiro, não foi difícil deduzir.

― Por que estava prestando atenção em mim? – questiona Kammi.

― Queria saber que tipo de pessoa você é, já que agora nós vamos dividir esta cela por um bom tempo, principalmente se você for condenada. Como já disse, acredito que você seja inocente, e seu comportamento hoje só confirmou isso. Mas agora eu preciso que você me responda uma coisa, criança.

― O que?

― Como o pai do bebê que está em sua barriga reagiu à notícia de sua prisão e seu suposto crime?

― Não reagiu. – responde Kammi, começando a chorar – É ele que estou sendo acusada de assassinar, o pai do meu filho! O homem que sempre amei e com quem eu iria me casar!

― Olha só! – a voz e Melody é cada vez mais interessada – Essa história está parecendo muito mais interessante do que eu poderia imaginar! Anda, novata! Me conte tudo! Eu quero saber detalhe por detalhe desta enrascada em que você se meteu!

E, entre lágrimas, Kammi começa a narrar em detalhes tudo o que aconteceu na noite do assassinato de Mark, contando também o rancor que Richelle sempre nutriu por ela, culpando-a pelo fim de seu relacionamento com Mark.

Melody escuta com bastante atenção a narrativa de sua companheira, sem nem ao menos piscar e fazendo todo o tipo de pergunta toda vez que julga necessário. E, ao final da narrativa de Kammi, ela apenas dá de ombros.

― É, novata. – a voz de Melody se faz ouvir – Você é muito mais inocente do que eu imaginei. Por que diabos você foi colocar a sua mão naquela maldita arma?

― Eu não sei...! – responde Kammi, contendo seu desespero – Eu estava atordoada...! Não estava pensando direito...! E, além do mais, nunca poderia imaginar que seria acusada e tratada como uma criminosa culpada pela justiça...!

― Novata, me responda uma coisa, mas, eu quero que você seja sincera, o mais sincera possível.

― Pode perguntar.

― Depois de tudo o que você me contou, acredita mesmo nesta tal de justiça?

A pergunta de Melody pega Kammi completamente desprevenida, mas, mesmo assim, a jovem inocente não encontra dificuldade em responder.

― Antes eu acreditava piamente na justiça. Mas, agora, estou começando a ter as minhas dúvidas em relação a esta “justiça”.

― Isso é bom, criança, porque aqui você precisará deixar toda essa sua inocência de lado para conhecer o lado negro e sombrio da vida. E, isso que a sociedade chama de justiça não vai facilitar as coisas para você. Para essa justiça, as suas digitais encontradas na arma são a prova de que você é a culpada e, como não há testemunhas, será muito difícil para você provar a sua inocência.

Kammi não encontra palavras para responder Melody, pois, bem no fundo de seu coração, está começando a achar que realmente não conseguirá provar a sua inocência.

― Escuta, novata, você por um acaso já quis me perguntar por que eu escolhi a vida de mafiosa?

Kammi simplesmente não consegue entender a pergunta de sua companheira de cela, e, a encara totalmente confusa.

― Acabamos de nos conhecer. – responde por fim – Como é que eu vou saber?

― Pois bem, criança, vou lhe responder. Escolhi uma vida de mafiosa, traficante e assassina porque não acredito nem um pouco nisto que a sociedade chama de justiça e, se eu fosse você, também passaria a desacreditar. A única justiça na qual eu acredito, é naquela que fazemos com nossas próprias mãos.

― Justiça com as próprias mãos?

― Sim, novata. Este é o único tipo de justiça que existe para pessoas que estão presas, como nós. E, se você quer mesmo que esta tal de Richelle pague pelo que ela está fazendo você passar, acho melhor começar a acreditar neste tipo de justiça também.

― Por mais que eu queira que a Richelle pague por tudo o que ela está me fazendo passar, eu tenho que confessar que que eu não sei fazer justiça com minhas próprias mãos.

Melody começa a gargalhar após ouvir as inocentes palavras de Kammi.

― Bem se vê que você não tem mesmo perfil de assassina, novata. – continua a mafiosa – Sua inocência quase me comove.

― Qual é a graça? – pergunta Kammi, já imaginando a resposta.

― Obviamente, você é a graça, novata. – responde Melody, sem deixar de sorrir – Nunca conheci uma criaturinha tão inocente e, como eu disse, isso quase me comove. Mas, continuando o nosso assunto, sei que você não sabe absolutamente nada sobre fazer justiça com suas próprias mãos mas, há quem saiba.

― Falando assim até parece que você está falando de alguém em especial.

― Olha só, parece que você é um pouquinho inteligente quando quer. Acertou em cheio, Kammi! Para sua sorte, eu conheço a pessoa certa para te ajudar!

― Me ajudar...?

― Sim, criança. Te ajudar a se vingar, a fazer justiça com as próprias mãos ou seja lá como você queira chamar isso.

― E quem seria essa pessoa?

― A pessoa mais influente que eu conheço, querida. No submundo do crime, não conheço pessoa mais influente e mais temida do que ele.

― E por que uma pessoa assim tão influente iria querer ajudar alguém como eu? Uma completa estranha para ele?

― Eu conheço esta pessoa melhor do que você pensa, novata. E, acredite, quando ele te conhecer, vai querer te ajudar com toda a certeza. Você, com essa sua carinha de anjo, é bem o tipo daquele cafajeste.

― E você acha mesmo que vingança é o caminho certo?

― E por que não seria? O que essa justiça tem feito por você, menina? Eu estou aqui pagando pelos crimes que cometi e dos quais não me arrependo nem um pouco. Mas e você? Ao contrário de mim, você está aqui por um crime que não cometeu e certamente será condenada. O único caminho que vejo para você é a vingança. E este, é um caminho muito mais eficaz do que esperar por uma justiça que não vai te favorecer.

Por um breve momento, Kammi começa a pensar nas palavras de Melody e, sabe perfeitamente bem que há verdades nela. Até agora, tudo o que a justiça fez foi lhe condenar e lhe tratar como se fosse culpada.

E isso é o que mais dói em seu coração, pois, enquanto ela que é a vítima de toda esta horrenda armação é tratada como se fosse uma criminosa culpada, Richelle, a verdadeira culpada, é tratada pela assim chamada justiça como se realmente fosse a vítima.

Só de pensar nisso, seu enjoo aumenta, assim como o ódio que sente pela mulher que lhe colocou atrás das grades.

― Quem é esta pessoa, Melody? – Kammi se vê perguntando, com um interesse maior do que ela imaginava ter.

― O líder da máfia da qual eu faço parte, novata.

― E por que um líder de máfia iria querer me ajudar?

― Como eu já disse, sua carinha de anjo faz bem o tipo dele. Além disso, ele é meu irmão mais velho e, ele nunca me negou nada. Saiba de uma coisa, Kammi, eu gostei de você de graça e, quero te ajudar. Porém, o único caminho que conheço é o da vingança e, para isso, basta conhecer o meu irmão. Pense bem, domingo é dia de visita e, certamente, ele virá me visitar, e, se este for o seu desejo, eu te apresentarei a ele.

 

 

*****

 

 

A semana se passa de forma lenta e tortuosa para Kammi, cada dia pior que o anterior e, todos os dias, exatamente iguais. Tratada como se fosse um animal, uma criminosa da pior espécie pelas policiais e carcereiras, e, chegando até a apanhar todas as vezes que se sente enjoada por conta da gravidez, Kammi se sente cada vez pior. O sofrimento é tanto que, em seu coração, a cada dia cresce mais e mais um sentimento que outrora ela se sentia incapaz de sentir: o ódio.

Mas, enquanto as policiais e carcereiras a tratam da pior forma possível, em relação as outras detentas a história é completamente diferente. Sempre que está no pátio por conta dos banhos de sol, acaba se pegando seguindo Melody e seu grupo de “amigas” que não cansam de chama-la de “novata” e, acreditam em sua inocência, alegando que ela não tem perfil de assassina. Além disso, o grupo liderado por Melody sempre acaba por defende-la todas as vezes que outras detentas querem insultá-la ou humilhá-la de alguma forma e, por estranha e bem-vinda proteção, Kammi se sente muito grata.

Todas as noites, Melody insiste na história de vingança, enquanto ela continua a fazer riscos na parede de sua cela, contando os dias de sua vida que Richelle tem lhe roubado, enquanto posa de moça inocente. E, todas as vezes que Melody vê ela fazendo isto, volta a insistir na ideia de vingança e de apresenta-la ao tal irmão mafioso.

Até que finalmente chega o domingo e, com ele, o único dia de visita naquele lugar infernal.

― Seu irmão é a única pessoa que vem lhe visitar? – pergunta Kammi, como quem não quer nada.

― Acertou. – responde Melody, de forma natural – Sabe, novata, no começo, todo mundo parece se lembrar que você existe e vem lhe visitar. Porém, com o passar do tempo, você vai notar que, suas visitas vão começar a diminuir e as pessoas lá fora vão começar a te esquecer. Com o passar dos anos, ninguém irá lembrar que você existe, todos aqueles que você ama seguirão com suas vidas em liberdade e, esquecerão de você, que ficará aqui, trancada no inferno e pagando por um crime que não cometeu.

Os olhos de Kammi se enchem de lágrimas ante a possibilidade deste terrível destino mencionado por Melody. E, antes que possa derramar estas lágrimas e se sentir pior, leva uma das mãos aos olhos para impedir que elas caiam.

― Mas tem uma coisa. – fala Kammi, com um pequeno fio de esperança em sua voz – Eu posso ser inocentada. Laureen pode conseguir provar a minha inocência e então todo este maldito pesadelo terá um fim.

Ao ouvir as inocentes palavras de Kammi, Melody gargalha alto.

― E você acredita mesmo que isso vai chegar a acontecer, novata?

Kammi não tem tempo para responder, pois, uma carcereira chega e a encara com raiva.

― Visita para você, novata. – diz a mulher, sem qualquer emoção em sua voz – Trate de se apressar.

― Já estou indo. – responde Kammi, de forma polida – Depois conversamos, Melody.

― Não se esqueça que eu ainda quero te apresentar ao meu irmão. – fala Melody, como quem não quer nada.

― Não vou esquecer.

Kammi deixa a sua cela e, com passos apressados e ansiosos, vai direto para a cela de visitas onde, seus pais, Laureen e Becca estão à sua espera.

Assim que chega a cela de visitas, Kammi corre de encontro a seus pais e abraça-os com todas as suas forças, enquanto lágrimas não param de cair por seus olhos, manchando uma face que já mostra o mais puro sofrimento.

Sua mãe lhe entrega uma bolsa com frutas, produtos de higiene pessoal e cobertores.

― É pouco, Kammi. – fala Georgina, a voz carregada de tristeza – Se eu pudesse, faria muito mais. Se eu pudesse, tiraria você deste lugar horrível. Sei que não deve estar sendo nada fácil para você.

― Não mesmo. – responde Kammi, entre as lágrimas – Mas, fazer o que, não é mesmo? Afinal esta justiça acha que sou culpada, enquanto que a verdadeira culpada posa de inocente.

― A justiça ainda vai ser feita, Kammi. – a voz de Laureen se faz ouvir.

― Disso eu duvido muito. – diz Kammi – Infelizmente, eu estou aprendendo da pior forma possível que um erro cometido em um momento de desespero pode acabar te condenando.

― Vai dar certo, Kammi. – fala Becca, preocupada com a amiga – Você vai ser inocentada e a Richelle vai pagar pelos crimes dela.

Kammi fica conversando com seus pais, Laureen e Beca por mais de quatro horas seguidas, até que, chega o momento de eles irem embora e, Kammi se despede deles em meio a lágrimas desesperadas. Para ela, a dor da despedida, a dor da separação, é a pior de todas.

Volta para sua cela com os olhos repletos de lágrimas e com o coração tomado por uma tristeza sem fim. Uma saudade imensa de seu lar e de sua vida toma conta de seu coração. Deita em sua cama e então deixa toda a sua tristeza vir à tona, chorando sem parar.

Está tão concentrada em sua tristeza, em sua dor, quem nem percebe Melody entrando na cela, e, parando em frente à sua cama, encarando-a.

― Está na hora, novata. - voz de Melody se faz ouvir – Ele quer conhecer você.

― Ele quem? – pergunta Kammi, confusa – Do que você está falando?

― Do meu irmão, criança. Já se esqueceu de que você concordou em vê-lo?

Ao ouvir as palavras de Melody, Kammi se lembra de ter mesmo concordado em conhecer o irmão mafioso de sua companheira.

― Eu estou horrível. – fala Kammi, na vã esperança de fazer Melody desistir da ideia – Estou com os olhos vermelhos de tanto chorar.

― Relaxa! – continua Melody, como se Kammi não tivesse dito nada – Já contei a ele tudo sobre você e, como eu já havia lhe dito, ele ficou curioso quanto a sua pessoa. Agora vamos, não temos o dia todo!

Dando de ombros, Kammi levanta-se da cama e segue Melody até a cela de visitas, onde, sentado em uma cadeira ao fundo da cela, afastado de todos, está um homem. Tomada pela incerteza, Kammi para de andar e faz menção de voltar a sua cela, porém, Melody a arrasta e, com o corpo um pouco trêmulo devido ao medo, Kammi adentra a cela de visitas até chegar ao homem.

Alto, possui aparentemente um metro e setenta centímetros de altura e, um porte físico proporcional ao seu corpo. Cabelos negros em um corte curto e meticulosamente penteados de forma perfeita, pele branca e olhos castanhos escuros, que a encaram com pura curiosidade. Usa uma camiseta preta da banda “Metálica” e calça jeans. E, em seu bíceps do braço direito, uma tatuagem com o trecho do Pai Nosso onde se diz: “Mas livrai-nos do mal, Amém”. Kammi acha bastante curiosa a tatuagem, pois, nunca imaginou que um mafioso ser adepto a qualquer religião.

― Parece que gostou de minha tatuagem, menina. – comenta o líder da máfia.

Imediatamente, Kammi desvia o seu olhar do homem, enquanto sente sua face enrubescendo devido a vergonha.

― Ahá... Não... É... Bem... Me... Me desculpe... Senhor... – fala Kammi, ainda sem jeito.

― Eu te disse que ela era bobinha de doer, irmão. – comenta Melody, se sentando ao lado do irmão.

― Sente-se, menina. – ordena o mafioso, oferendo uma cadeira em frente a ele, para que possa observá-la melhor.

Ainda um pouco sem jeito, Kammi o que lhe é mandado, desviando propositalmente seu olhar do homem a sua frente e olhando para as próprias pernas.

― Minha irmã disse que você se chama Kammi. – observa o homem.

― Sim senhor. – responde Kammi, de forma automática.

O mafioso ri em resposta as palavras totalmente sem jeito de Kammi.

― Esqueça o senhor e me chame de Alcir, menina. – diz o mafioso – Mas, agora vamos aos negócios. Minha irmã me disse que você é inocente, que está aqui por um crime que não cometeu.

― Sim, esta é a verdade.

― E que você sabe quem é a culpada.

― Ela tentou me matar, mas meu noivo me protegeu e morreu em meu lugar, e agora sou acusada de matá-lo.

― A vida muitas vezes é injusta, menina, principalmente quando se trata disto que a sociedade insiste em chamar de Justiça. Mas, felizmente, para pessoas como eu, existem outros caminhos.

― Imagino que sim.

― É claro que imagina e, deve ser por isso que está aqui, porque você precisa de minha ajuda para fazer justiça. Você precisa de minha ajuda para fazer com que a verdadeira culpada pague.

― Pode fazer isso? – pergunta Kammi, com mais interesse do que imaginara sentir.

― Posso fazer qualquer coisa, menina. Tenho mais poder do que você pode sonhar em imaginar.

― E por que você me ajudaria?

Alcir observa atentamente a jovem inocente a sua frente. Os olhos cor de chocolate vermelhos devido as lágrimas, os longos e cheios cabelos castanhos e ondulados, o rosto inocente e já aparentando tanto sofrimento. Só um idiota pode julgar uma criança dessas culpada por conta de algumas impressões digitais e, qualquer um pode fabricar uma prova como esta, ele mesmo já fez isso milhões de vezes.

― Porque fui com sua cara. – responde o mafioso – Tenho um fraco quando o assunto são meninas bonitinhas sendo condenadas por crimes que não cometeram.

― Ainda não fui condenada. – diz Kammi.

― E você realmente acha que será inocentada? – questiona o homem – Pelo que minha irmã me contou, sua condenação é tão certa quanto dois mais dois somam quatro.

Kammi não encontra palavras para responde ao homem, pois, bem lá no fundo, começa a achar que todos ali tem razão, e que ela realmente irá ser condenada.

― Supondo que eu aceite a sua ajuda, ainda assim, não tenho como pagar.

― Não quero dinheiro vindo de você.

― E o que quer?

― Isso nós veremos. Agora, o importante não é isso. Não precisa me responder agora, Kammi. Pense com calma, se quiser esperar o seu julgamento antes de me responder fique à vontade.

― Eu prometo que pensarei em sua oferta, senhor.

― Já disse para me chamar de Alcir ao invés de senhor, pois não sou senhor de nada, sou apenas alguém influente em meu meio. Como eu já disse, gostei de você, menina. E vou ajudá-la no que você quiser. Ficarei aguardando a sua resposta, embora eu já saiba qual ela é, assim como Melody também já sabe.

― Sabe? – questiona Kammi, um pouco confusa.

As risadas de Alcir e Melody ecoam ao mesmo tempo.

― Novata, só você ainda não percebeu o que vai responder. – diz Melody, achando graça na inocência de Kammi – Mas o tempo certamente te dirá que Alcir e eu estamos certos.

― Irmã, já está tarde e eu preciso ir. – explica o mafioso – Mas, domingo que vem estarei de volta, para ver as duas.

O homem se levanta e, dá um forte e fraternal abraço em sua irmã, para então se aproximar de Kammi e, em um gesto de um perfeito cavalheiro, beijar a palma da mão direita da jovem, deixando-a completamente desconcertada.

Durante o resto da tarde e, ao cair da noite, as palavras do mafioso não saem da mente de Kammi, enquanto ela pensa em como o que ele e Melody vem lhe dizendo pode ser verdade.

Em sua cela, faz mais um risco na parede, marcando, assim, mais um dia de sua vida que Richelle injustamente lhe roubou.

― Entende por que eu acho que você vai acabar aceitando a ajuda de meu irmão? – a voz de Melody tira Kammi de seus pensamentos.

― Acho que sou capaz de entender...! – a voz de Kammi soa incerta.

― Isso é bom. – continua Melody – Mostra que você está deixando um pouco de lado sua inocência para crescer. Você vai precisar.

― Já notei.

As duas se deitam em suas camas e, sem sono, continuam a conversar.

― Engraçado que seu irmão não é a imagem que eu tinha de um mafioso. – comenta Kammi, lembrando-se do irmão de sua companheira de cela.

Melody não consegue conter as gargalhadas.

― Isto é porque ele não está em serviço e foi com sua cara, novata. Acredite, meu irmão é uma pessoa perigosa e a última pessoa no mundo que alguém iria querer ter como inimigo.

― Ele é tão perigoso assim?

― Mais do que você possa imaginar. Mas, não se preocupe, ele gostou de você.

― Como é que você tem tanta certeza?

― Já disse que conheço o irmão que tenho e, com o tempo, você vai notar que eu tenho razão.

 

 

*****

 

 

Duas semanas se passam e Kammi não consegue se acostumar com a vida no presídio, achando-a infernal e, a cada dia, mais difícil de suportar. Para ela, sua única sorte é Melody a considerar sua “protegida”, e, isso faz com que as outras detentas – as que não fazem parte do círculo de Melody – a tratem com indiferença, o que a deixa muito grata.

Durante o tempo que está no presídio, já fora capaz de notar que a sua companheira de cela é a pessoa mais perigosa e mais influente entre todas as detentas e que, ela impõe respeito.

E, para sua sorte, por alguma razão que ela ainda não é capaz de entender, Melody se tornara sua amiga, a melhor amiga que tem neste lugar horrível. Além de também estar começando a se socializar com as amigas da mafiosa.

E, para completar, todos os domingos, quando Alcir aparece para visitar Melody ele insiste em vê-la também. E, o homem sempre volta a tocar no assunto de Richelle, insistindo que, se ela quiser, ele pode fazer com que ela pague por seus crimes da pior forma possível.

E, de tanto Alcir e Melody tocarem no assunto, somando-se ao fato dela estar detestando viver neste lugar, sente-se cada vez mais tentada a aceitar a ajuda do homem.

A cada dia que passa no presídio, sente a jovem inocente que outrora fora morrer aos poucos, dando lugar a uma mulher mais dura, que a cruel vida no presídio está lhe ensinando a ser.

A jovem está tão focada em seus pensamentos que nem percebe a chegada de uma carcereira em sua cela.

― Visita para você, novata. – anuncia a mulher.

― Mas hoje não é dia de visitas. – rebate Kammi.

― É sua advogada, imbecil. Agora se não quiser recebe-la me avise que eu mando ela ir embora.

― Não! Eu vou recebê-la.

E, após dizer estas palavras, Kammi deixa a sua cela e segue em passos apressados para a cela de visitas, onde Laureen está a sua espera.

Ao ver a prima, Kammi corre a seu encontro e lhe dá um abraço apertado, que Laureen corresponde com carinho.

― Como tem passado, Kammi? – pergunta Laureen.

― Não posso dizer que bem. – é a resposta de Kammi – O último lugar o mundo que eu gostaria de estar é aqui.

― Sei disso, Kammi. Mas ainda acredito que esse pesadelo vai passar.

Ao ouvir as palavras da prima, Kammi apenas dá de ombros.

― Tem alguma notícia para mim? – questiona Kammi.

― Sim. Seu julgamento foi marcado para daqui há dois meses.


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