Somos Pó E Sombras escrita por Lyllian Clarie


Capítulo 7
Capitulo VII - Bolas E Árvores


Notas iniciais do capítulo

OLÁ AMADOS E AMADAS! Demorei? Sorry, não foi minha intenção. Eu estava planejando postar este capitulo alguns dias depois do natal. Bem, não tantos dias assim, mas ta valendo. É um especial de natal, e não é. Hein? Leiam e vão entender.
Precisava desse capitulo para desenrolar o mistério dos demônios. Não se preocupem, não vai ter especial de ano novo, iria ficar mais longe do que o natal. MAS EU ESTOU DE FÉRIAS MINHA GENTE. Não dá para cobrar do meu cérebro que ele pense nessa época.
Magnus aparece! EHH! Se não me engano, foi uma leitora linda e maravilhosa que pediu uma aparição dele. Mas não pude colocar muita coisa, como sabem, Will e Magnus só se conhecem bem em Anjo Mecânico.
Então desculpa e BOA LEITURA!

Música do Capitulo - Nine In The Afternoon - Panic! At The Disco

BOA LEITURA!



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Will preferia ser embalado para presente e enviado para os patos do Hyde Park, do que ter que comemorar o natal com o humor que estava. Mas ninguém naquele Instituto parecia perceber ou entender isso. Ele estava com vontade zero de comemorar o natal.

O dia 24 começou normal e sem nada que indicasse que era véspera de natal. O que era realmente estranho, já que todos os anos (pelo menos os que Will estivera no local), Charlotte ficava agitada e colocava a casa inteira em polvorosa para aquele evento. Desde o início de dezembro, ela e Sophie andavam de um lado para o outro, ocupadas com o processo de arrumação da decoração de natal (Nessa época, não era permitido pedir nada a Sophie, nem um copo d'água). Carregando enfeites, bolas de vidro das mais variadas cores*, pequenos galhos verdes que usavam para enfeitar a casa, laços de veludo vermelho e outras coisas bonitinhas que davam nos nervos de Will.

Tirando o enorme pinheiro que sempre comprava e trazia para casa, para logo depois, encher a pobre árvore de coisinhas.

Mas esse ano não. Ela não tinha irritado todo mundo com as arrumações de fim de ano. Não tinha colocado a pobre Sophie em um coleira e arrastado a menina para enfeitar a casa inteira. Não tinha ficado no pé de Will para que ele tomasse vergonha na cara e ajudasse também. Não, ela tinha ficado na dela, parecia até que tinha esquecido.

Will não achou ruim, de forma alguma, tinha até ficado aliviado. Mas isso não impediu que ele achasse a atitude da mulher, no mínimo, estranha. Mas ele ficou calado, não queria a irritação que todos aqueles preparativos causariam.

"Will?" Alguém chamou de um ponto um pouco distante de onde ele estava.

Will estava na biblioteca. Bem, até aí não era nenhuma novidade, ele ficava muito tempo na biblioteca, lendo de tudo um pouco. No momento ele lia o livro O Conto Das Duas Cidades, e se perguntava como tinha comprado um livro tão, mais tão, tedioso.

Há duas semanas ele tinha passado em frente a uma livraria, e visto esse exemplar na vitrine da loja. O nome não o tinha atraído, nem a capa. Mas estava precisando mesmo de um livro novo, por isso comprou-o.

Começou a lê-lo no mesmo dia, mesmo sem querer, mas mal chegou no terceiro capitulo, e já estava dormindo. Na manhã seguinte, Will acordou sem saber por que havia dormido. Então, assim que teve tempo, voltou a leitura, para dez minutos mais tarde querer atirar o livro pela janela.

Não é que o livro fosse chato, era outra coisa, ele não sabia identificar o que. O sentimento estranho que despertava dentro dele toda vez que lia qualquer parte. Sidney Carton era tão... Ele não conseguia achar a palavra certa para descreve-lo. Mas não era normal.

Ficou tão frustrado que atirou o livro de qualquer jeito em cima de sua mesa favorita, embaixo de uma janela. O livro ficou ali, abandonado, até que Will precisou do conforto da leitura novamente. Quando viu ele, quis deixa para lá, e colocá-lo em uma prateleira qualquer.

Mas Will tinha um sério defeito, quando se tratava em ler um livro. Por mais chato que fosse, entediante, ou qualquer outra coisa, se ele começasse a ler, não descansaria enquanto não terminasse de lê-lo. Era quase uma questão de honra com o livro, ou com os autores. Então, ele ignorou o sentimento estranho que sentia, e foi engolfado pelas palavras.

"Corpo presente." Respondeu à voz.

"Você está lendo?" A pessoa chegou mais perto e os raios solares da janela fizeram seus fios, meio prateados, reluzirem.

"Não Jem," Ele levantou os olhos vagarosamente das páginas; era óbvio que a leitura naquele momento era um passatempo para ocupar sua mente, e impedi-la de produzir perguntas sobre seu pai, que consequentemente lhe dariam dor de cabeça. "estou procurando erros nas páginas. É claro que estou lendo. O mais estaria fazendo?"

"Desculpe, senhor não-me-toque. Eu queria lhe perguntar uma coisa."

Will suspirou; conhecendo o amigo, como ele conhecia, era bem capaz de que Jem, fosse lhe fazer perguntas sobre o que havia acontecido no Hyde Park. E Will não queria dar nenhuma explicação que ele não tinha.

"Queria ou quer? Sabe, são dois sentidos bem diferentes." Will disse aquilo só para implicar mesmo. Jem revirou os olhos puxando uma cadeira, ruidosamente, e se sentando na frente do amigo. "Um é no passado, o outro é no presente. Em um você quer, no outro não quer mais."

"Ah fique que quieto sim? Eu quero lhe perguntar uma coisa. Está bom assim para você?" Jem disse revirando os olhos.

"Perfeito. Porque você sabe, há uma grande diferença entre pas..."

"Por que esse ano não teve decoração de natal?"

"E você pergunta para mim? Pergunte para a Charlotte oras, ela é quem organiza essas coisas. O que eu tenho haver?" Will perguntou desinteressado, fingindo voltar a ler seu entediante livro. Tinha ficado surpreso que Jem não tivesse lhe perguntado sobre o que tinha acontecido, mas fingiu que não tinha percebido nada.

Jem meneou a cabeça incerto.

"Bem, você sempre tenta fazer algo para que ela não realize o natal, então pensei que tivesse feito algo de muito horrível, como quebrar todas as bolas; dar fim a todos os enfeites de natal... Ou feito, algo que ela tivesse ficado com raiva e resolvesse nos punir tirando o natal." Jem deu de ombros simplesmente.

Will fez cara de horror, parando de ler novamente.

"Como você pode pensar isso de mim, Jem? Logo eu..."

"O maior bagunceiro e estragador de festas que o Reino Unido já viu. É, logo você. Anda, confessa."

Will soltou uma gargalhada, alta e gostosa, dessas que faz a gente querer rir junto também, e se na biblioteca existisse um bibliotecária, ela teria feito um grandioso e altamente perfurador de ouvidos: 'Shhhhhhh!' para eles.

"Você tem esse pensamento de mim Castsairs? Que coisa feia..."

"Vamos Willian, eu não tenho o dia todo." Jem disse impaciente, balançando a perna.

Will jogou as mãos para cima, e o livro não caiu por pouco, ele teve que equilibra-lo magicamente com os joelhos. Com o sorriso mais inocente que pode dar, disse:

"Dessa vez, eu juro que não fiz nada. Juro."

Jem analisou Will com os olhos apertados, e pareceu se convencer da inocência do garoto. Apenas desta vez, Will parecia inocente.

Will abaixou as mãos, e voltou a segurar o livro corretamente. 'Sidney...' Espere, ele já não tinha lido aquilo umas três vezes?

Jem abaixou os olhos para a mesa. Se não tinha sido Will, ao menos Jem acreditava que não tinha sido ele, o que teria feito Charlotte desistir da comemoração natalina?

"Mas se não foi você... O que foi então?" Jem perguntou com um cara de confusão, alguns minutos depois.

Will rangeu os dentes de irritação. Mesmo que não gostasse do livro, odiava ser interrompido. E se fosse um livro que ele estava lendo mais por obrigação, ai é que não gostava mesmo, porque nesses tipos de livros a concentração era ainda mais difícil de conseguir.

"Você é inteligente Jem, sua cabeça não serve apenas para segurar cabelos, e colocar chapéis; pense comigo meu caro. Ela deve ter cansado não? Como você mesmo disse, eu infernizei a vida da coitada por conta desse natal, nos dois anos que estive aqui. Ela pode ter se cansado. Simples assim! Agora, vá fazer algo de útil para a humanidade e me deixe ler em paz." Will completou com um aceno de mão.

'Sidney...' começou a ler novamente.

"Já sei!" Jem se levantou em um salto, dando um susto tão grande em Will, que o garoto deixou o livro cair no chão com um estrondo. Jem, quase que literalmente, voou em cima de Will, agarrando a gola da camisa do menino. Will estava preparado para levar um soco quando viu o sorriso de Jem.

"Nós vamos fazer o natal, esse ano."

Will teria preferido, sem reclamar, o soco. Ele se soltou de Jem, que ainda sorria esperando a reação dele, e ajeitou a roupa incomodado.

"Não mesmo. Nesse nós, inclua apenas você. Não vou dar uma de ajudante do papai noel e ajudar você a fazer um natal feliz para todos. Mas não vou mesmo." Mas então Will viu a cara de Jem. E ele soube que teria que dar uma de ajudante do papai noel sim.

*

Will decidiu que tinha problemas com linhas douradas; essas que usamos para amarrar as bolinhas nas árvores de natal. E também tinha problemas com bolas de árvores de natal.

Jem tinha arrastado ele. Will não queria entrar naquela sala e ter um ataque respiratório quando se deparasse com a poeira dali. Não era muito distante, a sala, mas Will foi a um passo que eles só chegaram dez minutos depois.

"Você não vai me fazer desistir, Willian." Jem comentou abrindo a porta.

Will chegou alguns segundos mais tarde se apoiando na parede.

"Eu não sabia que você era um assassino de pernas." Ele parou no vão da porta, arfando. Olhou para Jem com raiva. "Eu quero bater em você." Disse sem folego.

"Por quê? Eu não fiz nada. Apenas subimos algumas escadas." Jem entrou na sala com a mão no nariz.

Will olhou para Jem escandalizado.

"Algumas escadas?! Eu quase perdi as pernas ali!"

"Deixe de drama. Venha entre." Com um gemido de frustração, ele entrou na sala. Assim que colocou o pé na sala, e a poeira entrou em seu nariz, Will quis dar meia volta. E deu. Seus pés giraram em direção a porta e ele deu dois passos para a liberdade, mas Jem agarrou seu colarinho.

"Não, você vai ficar aqui e me ajudar."

Will suspirou irritado.

"Eu posso não conseguir fazer você desistir, Jem, mas eu vou tentar." Ele sussurrou.

Jem encaminhou-se para as caixas que estavam empilhadas em um canto da sala. "Eu ouvi isso Will." Disse abrindo uma das caixas, e tossindo logo em seguida.

"Ouviu o que? Não falei nada." Ele se fez de inocente, se aproximando do amigo.

Dentro da caixa havia de tudo. Bolas coloridas que haviam ganhado uma nova camada de poeira; renas com chifres quebrados; papais noeis sem barba... Jem pegou uma estrela que um dia já tinha sido amarela.

"A menos que queira adquirir asma, eu sugiro que se afaste dessa caixa." Will comentou se encostando na parede.

"Como vamos resolver isso?" Perguntou jogando a estrela de volta à caixa e limpando as mãos uma na outra logo em seguida.

"Eu procuraria um desinfetante se fosse você. Ou não, se você estiver com uma vontade louca de sujar os móveis da Charlotte."

Jem revirou os olhos novamente. Talvez se eles... Mas ele duvidava que Will fosse aceitar de bom grado, mas tinha que tentar.

"Will? Quanto você tem aí?" Perguntou atraíndo a atenção do amigo que estava catucando um rato morto com a bota. Ele levantou a cabeça sorrindo, deixando o pobre rato em paz.

"O suficiente para pagar uma boa garota. Vai levar quem?" Will perguntou animado, sorrindo malicioso.

"Não vou levar nenhuma garota para lugar nenhum seu deficiente mental. Nós vamos sair." Jem se dirigiu a porta. Will o seguiu de bom grado, sair daquela sala era um alívio.

"Vamos fazer o que?"

"Nós vamos às compras." Jem disse se preparando para o que viria a seguir.

"Nós vamos fazer o que? Fazer compras?! Desde quando saímos para fazer compras?!" Will perguntou aterrorizado.

Jem agarrou o braço do amigo caso ele tivesse a brilhante ideia de sair correndo. "Desde que precisamos fazer o natal."

"Quem é você e o que fez com meu amigo?! Solte-me ser extraterrestre! SOCORRO!!" Eles desceram as escadas correndo. Bem, Jem correndo, Will tentando não meter a cara no chão.

Eles passaram pela cozinha e Sophie olhou espantada para o que estava gritando. "Ele não tomou os remédios dele hoje?" Ela sussurrou para ela mesma. Mas Will escutou.

"Quem precisa de remédios é você serviçal. SOCORRO!! MEU AMIGO FOI ABIDUZIDO E O CLONE DO MAL DELE ESTÁ ME LEVANDO PARA FAZER COMPRAS!! SOCORRO!!" Saiu gritando em direção a sala.

"Está levando ele para o manticômio Jem?" Charlotte disse fazendo tricô. Fazendo tricô?, Will ignorou.

"Não esqueça a camisa de força. Esse aí é perigoso." Jessamine avisou sem tirar os olhos do livro que estava lendo.

Jem colocou Will (com muito esforço) para fora de casa.

"AJUDEM-ME INFELIZES! EU PRECISO DE AJUDA!!" Will se atirou nas portas do Instituo batendo furiosamente contra a madeira. Jem correu puxando Will pela cintura.

As pessoas pararam para olhar. Jem olhou nervoso para uma senhora que se apoiava em uma bengala.

"Will já sabemos que você louco. Mas não precisa dizer para o mundo inteiro." Jem sussurrou nervoso.

"SOCORRO!! ELE QUER ARRANCAR MINHA CABEÇA!" Gritou se virando para a pequena multidão que se formava ao redor.

"Solte o menino seu pervetido." A velhinha brandiu a bengala na direção de Jem.

"Não, a senhora se enganou. Eu não..."

"Solte o menino!!" Ela gritou se aproximando perigosamente.

"Senhora não estou fazendo mal a ele, eu só..."

"SOCORRO! ELE QUER TIRAR MINHA VIRTUDE!" Will gritou para a velhinha.

"Você não está me ajudando Willian!" Sibilou para o amigo que se debatia. "Senhora por favor ele esta..."

"SOLTE!!" Ela avançou e deu a primeira bengalada na cabeça de Jem.

"Ai!" Ele largou Will e colocou a mão na cabeça, massageando o local. Will mais do que depressa, saiu em disparada para longe. "Willian! Volte aqui seu miserável!" E saiu atrás dele.

"Seu pervetido! Não machuque o menino!" A velhinha saiu, não tão rápido quanto queria.

Will olhou para trás e viu Jem correndo atrás dele e a velhinha salvadora tentando não tropeçar no próprio vestido.Ele olhou para frente, e sorrindo como um louco, continuou a correr.


"Precisamos de uma árvore." Jem anunciou solícito. Ele e Will saíram da loja com as mãos cheias. Seguravam bolsas e mais bolsas, cheias de enfeites natalinos. Tinham decido que a ceia de natal ficaria por conta de Ágatha; para aquela ali, a ceia de natal era mais sagrada do que sua própria vida. Então mesmo que Charlotte não quisesse, ou tivesse esquecido, a mulher ia fazer com certeza o jantar da meia noite.

"Precisamos de uma árvore; vamos comprar enfeites de natal; opa! Eu não tenho dinheiro aqui, vamos gastar o dinheiro de Will; vamos fazer o natal; vamos pular de uma ponte... O que falta você me pedir Jem?" Will disse irônico, levantando as sacolas para pular uma poça d'água.

"Esse da ponte ainda não fiz, mas até que não é má ideia?" Jem sorriu, pulando a mesma poça.

"Não ouse." Rosnou apressando o passo para acompanhar Jem que tinha avançado na frente.

O garoto riu subindo na calçada mais próxima.

"E onde você vai arranjar um pinheiro de natal?" Will perguntou, agora bem na frente de Jem.

"Existem lugares onde podemos pegar essas árvores. Ou... Comprar." O garoto sorriu novamente. Will virou, passando agora a caminhar de costas.

"Meu dinheiro de novo? Você quer me levar a falência?! Não aprendi a cuspir dinheiro ainda, sabia?!" Ele mal terminou de gritar isso quando inconsequentemente bateu em uma garota, que junto com outra garota, observava uma loja de bolos. "Desculpe!"

"Tu-Tudo bem." Ela gagueijou assim que viu Will. Ele sorriu para ela se desculpando mais uma vez. Quando passaram as meninas continuaram olhando o garoto, boquiabertas. Jem balançou a cabeça negativamente, ainda sorrindo.

"Você não pode sorrir assim para as garotas. Não se elas não estiverem preparadas. Quer ser preso por matar meninas inocentes por taquicardia ou falta de fôlego?"

Will riu, esquecendo por um momento o que estava sendo forçado a fazer.

"Elas nunca estaram preparadas para mim. Sou simplesmente..." Ploft, ele caiu em uma poça d'água, molhando um senhor que estava por perto.

"Desatento. Pare de andar de costas, antes que faça algo pior do que empurrar moças, e molhar homens." Jem disse virando Will enquanto o homem saia reclamando da juventude daqueles dias.

"Desculpe!" Will gritou mas o homem nem virou.

Eles continuaram andando (Will normalmente agora). Andando para algum lugar que só Jem sabia.

Meia hora depois, quando Will já havia se cansado de perguntar para onde eles estavam indo, chegaram a uma espécie de cercado de pinheiros. Uma placa pendia no portão o lugar; e um velho com roupas extravagantes, sentado em uma cadeira e encostado no cercado, fumava com a cabeça abaixada. O chapéu em sua cabeça fazia sombra, empedindo que os meninos vissem o rosto do homem.
Escrito em azul, a placa dizia: 'Alugue um machado e tenha o prazer de cortar seu próprio pinheiro! Ou peça a um de nosso vigias que corte para você!'

"Bom dia. Quanto pagamos para pegar um pinheiro?" Jem perguntou educadamente.

O senhor levantou a cabeça, parecendo se decidir se deveria dar importância a eles ou não. Will franziu a testa assim que viu os olhos amarelos e felinos do homem. E ficou surpreso ao notar que ele não era de modo algum velho.

"Nada que dois jovens elegantes como vocês não possam pagar." Ele disse soturno.

"Não tenha tanta certeza disso. Esse aí esta torrando todo e qualquer dinheiro que eu tenha." Will disse apontando para Jem com o queixo.

"Fique quieto. O senhor tem algum pinheiro para nós?" Jem ignorou Will que dava língua para ele. O homem riu se levantando.

"O senhor esta no céu. Meu nome é Magnus Bane, o maior feiticeiro que Londres já teve o prazer de conhecer, caros Caçadores de Som... O que ele está fazendo?" Magnus perguntou curioso olhando para Will que estava curvado sobre uma das árvores próximas, com o braço dentro de um buraco no tronco.

"Ignore, ele tem probleminhas mentais. Mas o pinheiro?" Jem perguntou tentando não encarar o homem de olhos oblíquos.

"Bem, posso dar um a vocês." Ele disse devagar.

"Dar?" Jem ergueu uma sobrancelha cético. Nunca ninguém dar algo sem querer nada em troca.

"Como disse, sou um feiticeiro, Caçadorzinho, mas nem tudo posso fazer. E tem um certo problema me incomodando. E em troca do pinheiro, todo decorado e com direito a entrega a domicilio, eu quero que resolva ele para mim. Você e seu amigo ali." Ele apontou para Will.

"Esquilo!" Will gritou agarrando um bichinho peludo que se debatia em sua mão.

"Probleminhas você disse?" Magnus perguntou enquanto Will analisava o bicho.

"Ele esta impossível hoje. Mas não sei. Que tipo de problema um feiticeiro não pode resolver?"

"Um problema no submundo." Ele se aproximou.

"Você é feiticeiro. É uma criatura do submundo. Por que não resolve sozinho?"

"Tenho meus problemas." Disse simplesmente, sentando novamente na cadeira em que estava.

"Supondo que nós aceitemos... É sobre o que exatamente?"

"Ah! Acho que vai interessar; parecem gostar de aventuras, ele principalmente as que envolvem esquilos, devo acrescentar. É um feiticeiro que esta atrás de um garoto. Este garoto é filho de um amigo, não posso deixar que ele morra. Não creio que conheçam. O nome dele é Willian Herondale. Conhece?" Um formigamento percorreu a espinha de Jem quando o feiticeiro falou o nome de Will. Ele fingiu nenhuma expressão. Ele viu Will parar de fazer malabarismos com o esquilo. Estava prestando atenção afinal.

"Nunca ouvi falar." Disse calmo.

"E qual seria o nome desse feiticeiro?" Will perguntou de costas.

"Merlion. Por quê? Lhe é familiar?" Will percebeu que Magnus sondava eles aos poucos.

"Não, mas estamos interessados nesse pequeno trabalho; Iremos ao submundo depois do ano novo, procurar esse Merlion. Agora... Quando chegarmos em casa... O pinheiro enfeitado vai estar lá?" Will disse direta soltando o esquilo, que correu desesperado floresta adentro.

Magnus olhou espantado para a determinação do garoto. Tinha algo estranho ali. Mas ele não se importou no momento.

"Claro. E se não forem... Árvores de natal podem ser perigosas." Will revirou os olhos. Era a primeira vez que era ameaçado por uma árvore de natal.

"Certo. Vamos Jem." Ele puxou o amigo pela camisa. Jem foi a contra gosto encarando os olhos de gato do homem feiticeiro.

"Ei garoto!" Will e Jem viraram ao mesmo tempo. Magnus levantava o saco de enfeites de natal que Will havia esquecido. Ele voltou correndo, pegou o saco e correu novamente de volta para Jem. Acontece que no meio do caminho Will achou uma raiz retorcida que não tinha achado antes. Mas ele achou sem ver.

CRÁSH! As bolas de vidro quebraram quando Will caiu no chão. Magnus e Jem não tiveram pudor nenhum de rir da cara do pobre menino que estava com a cara enfiada na lama.

"Nós iriamos ter que nos livrar disso mesmo. Você agilisou o processo." Jem comentou sorrindo quando Will voltou para o lado dele com a cara amarrada.

"Cale a boca, essas malditas bolas me cortaram por inteiro. Tudo culpa daquela árvore!" Will fulminou a árvore com o olhar. Não que isso adiantasse grande coisa. Ele tomou as sacolas de enfeites de Jem, e atirou contra a árvore. O barulho de bolas e outros enfeites se quebrando fez Will sorrir satisfeito.

"Sabe que isso foi comprado com seu dinheiro, não sabe?" Jem disse sorrindo também.

"Não me lembre dessa desgraça." Will encaminhou-se a passos firmes para o caminho que eles tinham vindo.

*

"O que você achou desse tal Magnus Bane?"

"Não sei. Só sei que meu chocolate quente esta frio." Will respondeu a Jem, encarando sua xícara.

O garoto sorriu balançando negativamente a cabeça. Ele sabia que Will tinha notado alguma coisa. Mas também sabia que o amigo só contaria quando tivesse vontade. E nesse momento Will estava com vontade de falar de seu chocolate frio, que Ágatha tinha preparado para eles.

"Ele está frio. Ele parece frio?" Will indagou Jem, curiosissímo.

Quando eles chegaram, foram recebidos com uma Charlotte toda arrumada e festiva, agradecendo a eles por terem feito a festa quando ela tinha esquecido e estado fora ocupada. Will estava prestes a dizer que eles só tinham conseguido uma árvore, quando entrou e viu a sala.

Além de ter cumprido sua palavra, Magnus havia dado um brinde enorme a eles. Segundo Charlotte a casa inteira, estava organizada para o natal. Tudo muito lindo e perfeito, nas palavras da mulher.

Eles agora tinham obrigação moral de fazer o outro lado do acordo.

Disseram a Charlotte que sim, eles tinham feito tudo aquilo. E muito obrigado pelos presentes. Depois da ceia, Will e Jem tinham se sentado perto da lareira, e como recompensa pelo o que tinham feito, Ágatha deram a cada um, uma xícara de chocolate quente.

"Parece. Quem mandou demorar para tomar." Jem disse colocando sua xícara vazia no chão.

"Mas o fogo é tão hipnotisante!" Will se defendeu, encarando as chamas. Jem riu.

Eles ficaram um tempo em silêncio depois disso; Jem ainda com um leve sorriso no rosto, era impressionante como Will conseguia alegra-lo e fazê-lo feliz. Naquele momento, não conseguia imaginar uma vida sem ele. 'Mas ele é quem vai ficar sem você, seu idiota' , e o sorriso desapareceu.

Jem se levantou dizendo:

"Vou dormir. Você vem?" Will assentiu e se levantou também, deixando a xícara no chão logo em seguida.

Os garotos foram em direção ao corredor que ia para os quartos. Quando, brilhantemente, Will tropeçou em algo que ele identificou como sendo um fio. Assim que se levantou atordoado, ouviu um estrondoso Bum!, mais o barulho de vários vidros se quebrando, a suas costas.

Virando-se assustado, ele se deparou com a gigante árvore de natal no chão. Eles olharam um para o outro.

"Acho que não vamos poder usar a árvore de Magnus ano que vem." Jem disse se afastando da árvore.

"Eram feios mesmo." Will disse dando de ombros chutando um bola quebrada. "Péssimo gosto o dele."

"Mas o que..." Uma Charlotte meio descabelada apareceu na porta. Ela olhou para a árvore estarrecida.

"Eu tenho problemas com bolas e árvores..." Will disse se afastando. Charlotte olhou para ele.

"CORRAM PARA AS CAMAS!" Ele gritou puxando o braço de Jem.

"WILLIAN VOLTE AQUI!"

A porta bateu atrás dos garotos quando eles passaram correndo. Dois segundos depois Henry abriu a porta com um solavanco, vestindo um pijama com listras laranjas e carregando uma vassoura.

"Onde é o incêndio?!"

Will riu como se não existisse amanhã.


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Notas finais do capítulo

E aí? Digam-me se estão gostando, porque eu tenho que saber, né?. Enfim, digam sua opinião. *Acatando sugestões para o próximo capitulo*