Somos Pó E Sombras escrita por Lyllian Clarie


Capítulo 3
Capítulo III - Varíola Demoníaca Para Todos Vocês!


Notas iniciais do capítulo

Hey! Como prometi, aqui esta o capitulo! Hoje é quarta não é?! Eu espero qie sim. Bem, dei duro para terminar esse capitulo ontem. Fui dormir quatro horas da manhã por culpa dele. Então espero que gostem!

Música do capitulo: My Songs Know What You Did In The Dark - Fall Out Boy

BOA LEITURA!



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Will gostaria de queimar no fogo do inferno. Talvez desse jeito ele não sentisse tanto frio. Ele se arrependia de não ter pego algo para se protejer da chuva. Mas ele tinha duvidado que ia chover. E agora estava tendo que aturar sem proteção nenhuma o segundo dilúvio da humanidade. Não conseguia se lembrar onde estava com a cabeça quando duvidara da chuva. Era Londres! As pessoas ali não comemoravam os dias de chuva, mas sim os de sol.

Mesmo com as luvas de couro Will podia sentir o frio congelante penetrando até os ossos de sua mão. A Devonshire Street estava bem movimentada quando ele chegou. Pessoas iam e viam apressadas com seus afazeres, com pensamentos voltados a seus problemas medíocres. Parecia ser uma rua normal. Lojas e estabelecimentos se apertavam por todos os lugares. Não era nada como o Piccadily, mais era bastante movimentado. E comum. Era isso que dificultava a vida de Will, não tinha nada ali que indicase que o lugar estava sofrendo inúmeros ataques de um demônio. Não que ele estivesse esperando plaquinhas com indicações: "Demônios aqui!" Isso já acontecera uma vez e Will havia aprendido do jeito mais dificil a nunca seguir instruções fáceis demais.

Ele teria que saber onde, como, e quando o demônio atacava. Principalmente com que frequência. E para isso ele teria que se misturar. Sentar em algum bar movimentado e escutar discretamente conversas e boatos. Mas a luz do dia? Normalmente as pessoas falantes e fofoqueiras só começavam a falar quando estavam bebadas, e só ficavam bebadas a noite depois de um dia longo de trabalho. Ele teria que esperar até a noite. Não ia ser difícil, apenas chato e demorado. E ele que estava planejando voltar antes do almoço. Ele tinha que ter aceitado essa missão logo hoje? No dia da torta de morango da Ágatha? Que mundo injusto.


§

Will adorava o uniforme de Caçador de Sombras. Com sua veste preta ele ficava praticamente invisível para o resto dos habitantes locais. Claro que com a magia-estranha-de-Caçador-de-Sombras ele estava invisível, mas as roupas eram legais.

Ele obviamente não passou o dia sentado esperando o sol se por. Portland Place era um dos lugares de Londres que Will nunca tivera interesse de explorar em suas caminhadas noturnas. Parecia simples demais, pacato demais. Por exemplo, até o aparecimento daquele demônio, não se tinha muitos casos de mortes, sem serem naturais. Mas ali, sem nada para fazer até a noite, ele decidiu andar um pouco.

A primeira coisa que Will notou além do ar mórbido foram as garotas; mas Londres inteira possuia um ar mórbido, então a primeira coisa que ele notou foram as garotas. Certo ele estava em missão, em tese deveria concentrar todos os seus sentidos em completa-la. Mas Will não podia arrancar os olhos da cara, podia? Então achou que só olhar, não fosse fazer mal nenhum. Ele estava redondamente enganado.

Até uns tempos atrás ele nunca se achara bonito de fato. Sua mãe vivia lhe dizendo que ele seria lindo quando crescesse só mais um pouquinho. Mas ele nunca levara fé nisso, afinal ela era sua mãe, e mães pareciam ter uma espécie de obrigação em achar os filhos bonitos. Will nunca havia se importado com sua beleza. Suas irmãs sim, eram bonitas. Ele era magrelo e vivia todo esfarrapado de tanto brincar. Mas depois do que acontecera, e ele tinha vindo para o Instituto e começado o treinamento de Caçador de Sombras, começara a ver um pouco de razão nas palavras da mãe.

Seus cabelos eram a única coisa que não tinham mudado, sempre desarrumados, como se ele tivesse acabado de sair de um vendaval. Seu corpo ganhara músculos; de forma alguma era mais aquele garoto magro parecendo uma menina. Seus olhos azuis violeta eram o que mais encantava as garotas, ele já tinha percebido. Além do resto é claro. Bem, depois de algumas comprovações, Will tinha ficado potencialmente convencido de si mesmo. E o melhor, ninguém podia negar que ele era lindo, nem Sophie! E Jessamine! Isso era maravilhoso.

Quando elas passaram, repararam em Will. As garotas estavam em três mais uma ama; Will pode dizer que a culpa de tudo não foi dele, foram elas que vieram.

Will havia saido da Devonshire Street e estava recostado na amurada de uma ponte de metal, observando o nada, tentando decidir o que iria fazer quando descobrisse mais sobre o demônio. Iria mata-lo de vez, ou cortaria um dente como trofel? Um dilema.

"Oi" Disseram em coro assustando Will parcialmente. Ele ergueu os olhos para cima e quase não pode acreditar em sua sorte. Elas tinham conseguido se livrar da ama e estavam lá, as três, sorrindo como se ele fosse um lindo presente de natal. Uma vozinha irritante disse que era para ele sair educadamente dali, mas Will mandou ela ir procura-lo na esquina. Podia ter 14 anos, mas não podia deixar uma oportunidade daquelas passar.

"Oi" Ele respondeu as encarando. Eram claramente mais velhas que ele. 17 ou 16 talvez, era difícil saber. Elas eram bonitas. Uma estava na frente, e as outras duas em cada lado dela. A do meio parecia ser a mais velha e a mais bonita, com cabelos ruivos esvoaçantes, olhos verdes escuros e feições elfas intrigantes. As outras duas pareciam ser gêmeas; cabelos pretos e olhos também verdes escuros, e a mesma aparência de elfo. Rosto fino e nariz arrebitado. Ele supôs que as três fossem irmãs.

"Você é novo aqui não é?" A mais velha perguntou, parecendo ser a mais corajosa das três, enquanto as irmãs soltavam sorrisos na direção de Will. Ele assentiu."Bem óbvio, porque se morasse aqui com certeza lembraríamos de você." E piscou para ele.

Sutil. Will pensou com irônia. Nunca fora atacado por uma mulher tão diretamente assim. Quer dizer, não a luz do dia.

"Estou só visitando o lugar." Ele olhou para a praça movimentada a frente da ponte. Depois voltou-se para elas. "Fiquei curioso, nunca tinha vindo aqui. Mas agora descobri que ele é bem mais... Agradável." Will usou toda a conotação que pode colocar na palavra.

A mais velha sorriu. Ela havia entendido.

"Claro." Ela colocou uma mecha solta de seu cabelo ruivo atrás da orelha."Meu nome é Agnes Cooper, se quer saber."

"Will Herondale" Ele pegou sua mão e beijou educadamente. Sua pele cheirava a alguma coisa doce hipnotizante. Talvez alecrim.

Uma das irmãs dela soltou uma leve tosse contida, como se dissessem que também queria ser apresentada ao garoto de olhos azuis. Agnes deu um leve suspiro, a irritação em seu gesto era quase imperceptível, mas ele percebeu.

"Essas são Jane e Jade." As duas acenaram para ele sorrindo. Sim, elas com certeza eram gêmeas, os nomes confirmaram. Ele não sabia a diferença das duas, eram idênticas, e os nomes não ajudavam. Achava muito esquisito essa históra de por serem gêmeos os nomes tinham que ser quase iguais. Como se não bastasse ter uma cópia sua. Ter nomes iguais? De uma coisa tinha certeza, se tivesse filhos gêmeos colocaria nomes bastante diferentes em cada um. Isto é, se algum dia tivesse filhos.

Ele se virou para as duas com um sorriso.

"Muito prazer senhoritas."

Elas deram risadinhas nervosas, coisa que ele achou ridículo. A garota a sua frente era muito mais interessante.

"Gostaria de dar uma volta, sr. Herondale?" Ela disse o nome dele como se fosse algo venerável, digno de adimiração. Se ele gostaria de dar um volta? Estava de brincaderia? Era muita sorte par uma pessoa só.
"Claro, srt. Cooper." Ele ofereceu o braço e ela aceitou. Will achou por um momento que iria ser estranho andar de braço dado com uma garota sendo seguido por outras duas. Talvez devesse dar o outro braço a uma delas, e depois fazer revesamento... A cena pareceu ridícula mesmo em sua mente. Mas quando ele olhou par trás as gêmeas não estavam mais lá. "Para onde elas foram? Suas irmãs."

"Ah, elas sabem a hora que devem se retirar." Disse como se não fosse um assunto muito importante. "Então, você é de Londres mesmo?"

"Sou, nasci e fui criado aqui." Era mentira é claro. Ele não tinha nascido em Londres, mas sim no País de Gales e criado lá também. Mas a garota não precisava saber de sua vida. Ou será que precisava? Não, nem um pouco.

"Oh! Isso é tão meigo!" Ela disse sorrindo. Will sorriu, mas por educação do que por verdade. De tudo que aquilo poderia ser, meigo com certeza não era. Mas ele ficou calado. "Eu era uma menina do interior sabe? Meus pais sempre trabalharam muito, de geração a geração. Mas quando eu cresci, vi que ali não era meu lugar. Dá pra entender?"

A garota não deixou ele responder, ela falou da vida dela, de como havia sido humilhada na infância, e como havia chorado pedindo aos pais que a deixassem ir para a cidade e depois como os pais haviam achado uma família que pudessecuidar dela e das irmãs (Will estava quase dormindo em pé nesta parte). E depois como fora feliz em Portland antes de ser atacada pelo demônio e ficar completamente desolada e infeliz. De como tentara ser feliz ao lado de outros garotos e de como um vestido da Brenn`s estava caro...

"Espera, o que você disse?" Ele perguntou incrédulo. Ela parou confusa, como se achasse estranho ser interrompida.

"Se interessa pelos vestidos da Brenn`s?"

"Não. a outra parte. A do demônio. O que aconteceu?"

Ela franziu o rosto, parecia ter acabado de chupar um limão. "Eu não conhecia direito o lugar, estava perdida quando uma mulher e um homem, bem bonitos, apareceram e meperguntaram se eu precisava de ajuda. Disse que queria chegar em casa e eles disseram que poderiam me ajudar se eu dissesse eles o endereço. Eu disse eles começaram a me guiar, eu não fazia ideia para onde estávamos indo, supus que fosse minha casa, mas..."

"Não era. O que aconteceu?" Agnes parecia não estar gostando nem um pouco do tópico da conversa. Que se dane, pensou Will, tenho que saber sobre o demônio.

"Me levaram até uma casa estranha e... Me atacaram." Como ela parecia não querer dá mais detalhes ele achou que só precisava de mais uma informação.

"Onde é a casa? Pode me levar até ela?"

"Bem, já estamos na frente dela..." Ela levantou o olhar. O garoto seguiu e se deparou com um casarão Cenas de Terror. Will não tinha notado para onde eles estavam andando, mas se dirigiram para a parte mais escura do bairro. E a mais antiga também. A casa parecia ser mais velha que Ághata. E Will pensava que nada poderia ser mais velho que Ághata. Bem, os dinossauros talvez...

Ele largou a menina e deu um passo em direção a casa abandonada. Se encontrava ladeada por outras casas de aparência Ághata/Dinossauro, mas ela era sem dúvida alguma a mais antiga. Os portões que estavam abertos, convidativos a uma entrada furtiva, davam para um jardim enorme; mas este estava com a impressão de que podadores e tesouras em geral fossem proibidas de mostrar as lâminas por ali.

Ele queria entrar. Mas sem saber o que encontraria? Provavelmente caminhando para uma morte dolorosa? Sim, ele queria muito entrar. O problema era a garota. Ela havia dito que tinha sido atacada pelo tal demônio, mas Will não conseguia identificar nenhum sinal disso. Ela parecia bastante saudável até. Ele queria perguntar o que havia acontecido depois do ataque, mas não queria apavorar a menina, tinha que manda-la embora. Ela poderia se machucar caso as coisas ficassem feias. E as coisas iriam ficar horrendas.

"Agnes, você poderia ir para casa?" Ele perguntou docemente, teria que usar todo seu charme para faze-la ir sem um motivo convincente. Tirando é claro o que ele queria ir em direção a morte e não queria leva-la junto.

"P-por quê?" Ela andou até ele esticando os braços brancos."Não gosta mais da minha companhia?"

"Não é isso. Eu só..." Ele a segurou quando ela se aproximou. Droga! O que ele iria dizer? 'Agnes, querida, quero matar um demônio. Se importa de ir embora?'

Para sua mais completa admiração, não precisou dizer nada. Ela fechou os olhos, respidou fundo e disse:

"Você foi o que mais demorou a se cansar de mim. Os outros fogem mais rápido." Ela suspirou, se soltando dele. "Desculpe por isso. Até..."

E correu para onde eles tinham vindo. Uh... Fácil! Ele nem precisara abrir a boca. Muito fácil! Demais até... Mas, o importante era que agora estava livre para morrer. Que felicidade!


§

'Certo. Willian, nunca mais beije um demônio. É. Muito. Nojento.'

"EI VOVÓ! SABE, SE A SENHORA NÃO FOSSE TÃO, MAIS TÃO FEIA, ATÉ QUE SERIA BONITA?" Will gritou para o nada. O nada gargalhou se afastando.

A experência anterior tinha sido, muito, mas muito traumamática. Ele nunca pensara que seria capaz de beijar um demônio. Nem mesmo amarrado. Era uma das coisas que estava na sua lista de: Coisas Que Willian Herondale Jamais Irá Fazer. Junto com achar um pato adorável.

Mas ali estava ele, AMARRADO (só para enfatizar), com os lábios ainda molhados pela (Eca!) saliva do monstro. Sua vontade era de pegar a cara daquela demônio dos infernos e esfrega-la no cocô de Baios. Só que no momento isso não seria possível. Não enquanto ele estivesse AMARRADO (para enfatizar de novo) e sem ver a Vovó. Ele sabia que ela era velha, dava para sentir só de escutar sua voz.

Sua 'entrada furtiva' não tinha dado certo. Assim que chegara à enorme porta dupla de mogno (muito riscável na sua opnião), o plano começara descer pelo cano. Elas se abriram magicamente, o que de longe não era um bom sinal. Significava que ele já estava sendo esperado. Ele entrou e se deparou com colunas, um salão cheio delas. No norte, uma escada que dava a impressão de que se colocasse uma pena ela desabaria. Não havia outras opções, então ele teve que subir a escada que cheirava a mofo.

Depois de alguns lances, alguns degraus quebrados, e algumas quase quedas mortíferas, ele chegou ao final dela. Dava para três corredores cheios de portas, todas trancadas (novidade). Ele seguiu em frente, no corredor do meio. 'Na dúvida,' seu pai sempre lhe dizia, 'escolha o do meio. Um lado pode ser a morte, o outro a salvação. O do meio ou será os dois ou nenhum. Vá pelo do meio.' e assanhava-lhe os cabelos.

O problema era que o do meio dessa vez havia sido os dois. Will não perdeu tempo abrindo porta por porta, seguiu até a última na sua frente. Quando ele abriu se viu no vazio. Escuridão era tudo o que via, tirando uma janela pequeninamente ao longe, deixando um pouco da luz do entardecer entrar. Seu primeiro pensamento era sair dali, tinha sido a porta errada afinal, mas depois sentiu o cheiro. Alguma coisa... Podre e definitivamente não humana. O silêncio era horrível, um aperto angústiante se apoderou pelo coração de Will e começou a subir garganta acima, 'Vamos, saia daqui!' sua consciência o alertava. Mas ele continuou imóvel. Depois engoliu o medo e entrou.
Obviamente a porta se fechou atrás dele, com um barulho arrepiante. Depois uma gargalhada fria apoderou-se do silêncio. Will puxou duas de suas lâminas serafim e as nomeou.

"Miguel. Anathiel." Elas brilharam ganhando suas verdadeiras formas. Miguel pareceu emitir um brilho maior. Mas devia ser alucinação causada pelo medo.

"Sim, chame seus anjos pequeno Nephilim." A voz cacarejou com um divertimento claro. "Pena que eles não poderam ajudá-lo." E gargalhou mais uma vez.

Will olhou para os lados. Direita, esquerda. Frente e trás. Mas o som parecia vir de todos os lugares e de nenhum ao mesmo tempo. Naquele momento ele se arrependeu de não ter trazido Jem consigo. Seria um alívio se o amigo pudesse estar ali.

"Está com medo Will?" A voz de Vovó ria enquanto enlouquecia ele. Will não ficou espantado que ela soubesse seu nome. Suspeitava que de alguma forma todos sabiam. Provavelmente porque os patos haviam espalhado pelo submundo. Humpft! Criaturas maléficas.

"Pata imprestável." Ele disse de repente. A voz imediatamente parou de rir.

"O que disse?" Will a pegara de surpresa. Nem ele mesmo sabia porque tinha dito aquilo.

"Pata imprestável, a surdez atacando Vovó?" Ele ainda procurava o lugar onde a criatura estaria, mas agora estava mais satisfeito pelo fato de que a criatura estava confusa.

Silêncio por um momento.

"Você parecia ser mais cavalheiro lá fora." Vovó pareceu ofendida. Lá fora...

"Agnes?" Ele perguntou, ia ficar tonto se aquilo continuasse. Realmente agora não lhe parecia estranho que Agnes o tivesse visto mesmo com a magia-esconde-Caçadore-de-Sombras. A Vovó riu mais uma vez.

"Não, não Nephilim tolo. Eu apenas fiz que o trouxe-se para mim. Ela falou a verdade. Uma pobre camponesa... Tsc, tsc... Tão enganável. Mas observei tudo de longe."

"Foi? Uma coinscidência não acha? Eu também estava procurando você! Veja que coisa linda!" Ele decidiu parar de tentar ficar com problemas no pescoço e fechou os olhos tentando concentrar sua audição.

"Não estou querendo seu mal Will Herondale," Ele não se lembrava de ter dito o seusobrenome a Agnes. Patos malditos. "quero apenas... Você."

E com essa declaração de amor emocionante, algumas mãos ásperas tamparam sua boca e o prenderam em um pilar de madeira. Depois de, em vão, tentar se soltar a Vovó havia se aproximado o bastante para que ele sentisse o cheiro de esgoto grego que ela emitia e o tinha... Beijado.

"Eu sou bonita Will." Ela garantiu. Will tentou se livrar das amarras, mas só conseguiu que seus pulsos ardessem e começassem expelir sangue.

"E eu um pato." Rosnou de raiva.

"Você tem um certo problema com patos, não é?" Vovó demônio pareceu pensativa.

"Trauma de infância. Então, já que é tão bonita, por que não posso ve-la?"

"Porque não quero que se apaixone por mim." Will revirou os olhos. "Mas já que insiste."

Vovó Demônio era bonita. E não era nem um pouco Vovó. Deveria ter uns 26 ou 25 anos. Quando ela andou até a luz da janela ele viu. Não tinha nenhuma cara enrugada e muito menos uma pele flácida. Cabelos pretos ondulados emolduravam um rosto em forma de coração. Olhos azul claro, anil. E um corpo... Uau! 'Vovó Demônio é... Legal. Se é que dá pra entender.' Will pensou.

"Vê? Sou linda não?" Ela perguntou presunçosa. Epa! Ninguém pode se achar desse jeito além de Will!

"Ainda tem voz de Vovó." Era verdade, mas ele só disse para contraria-la. Ela fechou a cara lin... Vovozal.

"Algumas coisas não dão para se enterrar." Virou-se de costas para ele.

Will não estava disposto a dar folga, por isso replicou a frase ressentida da mulhe-demônio com escárnio.

"E a senhora já deveria estar. O que quer de mim? Sei que sou extraordinariamente bonito mas... Não, isso desculpa tudo não é?"
Ela riu, o bom humor voltando rapidamente.

"Quero exatamente isso. Sua beleza. Seu corpo." Ela se virou para ele com um sorriso. E depois avançou. Num gesto rapido rasgou seu (era para ser) impenetrável uniforme de Caçador, deixando seu peito nu amostra. Ela passou as unhas levemente pelos músculos.

Will se tocou. "Epa! Ei vovó!" Ela continuava examinando-o como uma mercadoria. Centimetro de pele por centimetro.

"Vovó! O que diabos é isso vovó? VOVÓÓÓ!!" É, um pouco menos de histeria seria mais aceitável. Mas a vovó-nem-tão-vovó-assim estava passeando com as mão no peito dele. E isso era inaceitável! Ele se contorceu para se soltar mas só conseguiu que mais sangue fluísse de seus pulsos.
"Solte-o monstra!" Alguma coisa (no momento um anjo da salvação para Will) sibilou jogou algo na cara da Vovó. O que o anjo salvador jogara era nojento e gosmento. Parecia... Muco de lesma. Nem tão angelical assim.

"Argh, Astolfo! Fique na sua!" A velha gritou furiosa, limpando a cara.

"Não vou deixar... Que você transforme o garoto... Em algo como nós!" Mais muco na cara. Astolfo falava como se estivesse tentando não se engasgar com a própria saliva.

"Seu verme!" E então Astolfo entrou na luz crepúscular da janela, e a definição de Vovó-tarada-demônio era perfeita. Will reviu seu conceito de anjo e definitivamente Astolfo não se encaixa nele. Ele era realmente um verme. Uma lesma de uns dois metros de altura e quatro de largura. Era verde cor de vômito de bebê (logo após o bebê ter comido legumes verdes), e parecia uma bolha d'agua bem disforme.

Logo atrás dele apareceram mas três vermes, com a mesma aparência de bolha-vômito, se arrastando desengonçadamente na direção da vovó.

"Diga o que quiser, não vamos deixar que contamine o garoto com a Astríola." Astolfo se engasgou um pouco, e Will percebeu que ele engasgava realmente na própria saliva.

"É, ele não merece a varíola, como você... Nos passou! E passou a outros que... Que matou!" Desta vez foi outro verme que cacarejou engasgando.

Então era isso os ataques? Uma velha que usava homens e depois os matava? Como Will caíra naquela roubada?! Ele precisava sair dali. Com um brilho de esperança, viu Miguel próxima a seus pés. A velha tinha roubado mas havia deixado cair. Sorte, és tu? Se ele se esticasse um pouquinho...

"Mas eu não matei vocês porque eram meus preferidos!" Ela se defendeu. Will rezou para que eles percebessem que ela estava mentindo. Só mais um pouco... Pronto. Conseguira pegar a lâmina, agora só faltava leva-la até suas mãos. Simples.

"Nos deixou aqui! A varíola... Avançando! Nos transformando... Em vermes!" Hum... Então era isso que a varíolaa causava... Interessante. Will mordeu o lábio inferior. Se sua mão fosse um pouco maior...

"Vamos... MATA-LA!" Will teria rido do engasgamento dos vermes se a sua situação não fosse tão critica. Ele... Ahá! Lâmina serafim na mão! Agora, cortar as cordas.

"Mostre sua verdadeira forma bruxa!" Um deles gritou. Will parou de repente. Era bruxa ou demônio? Ele decidiu não chamar atenção para si mesmo. Precisava muito sair dali.

Mais gosma de verme foi jogada na cara da bruxa/demônio. Ela grunhiu mas seu corpo começou a fumaçar. Will que finalmente havia conseguido cortar a última corda, olhou para ela incrédulo. A pele da criatura se transformava em meio a fumaça. Segundos depois na frente dele onde estava uma estranha, porém bonita mulher, se encontrava um demônio comum. Pele enrugada e ressecada. Mãos com dedos alongados cheios de bolhas. Dois chifres se projetando de sua testa fechava a linda aparência de flor podre.

"Ei! Eu tinha razão! Você é uma vovó mesmo!" Ele riu atraindo a atenção do demônio e dos vermes.

"VOCÊS O DEIXARAM ESCAPAR!!! NÃÃÃOOO!" Ela se lançou em Will, mas agora ele estava preparado. Com um passo se esquivou e cravou Miguel com toda sua glória nas costa do monstro. Em vez de se desfazer em veneno negro, era rugiu de raiva e se virou para Will novamente.

Abriu as mãos mostrando as garras enormes e afiadas que o partiriam em dois se ele fizesse o movimento errado. Escancarou a boca exibindo os dentes amarelos e podres nada bonitos. O cheiro de esgoto grego estava explicado. Avançou novamente. Dessa vez Will teve dificuldade em se esquivar enquanto tirava uma nova lâmina do cinto. Escapou, mas não sem levar um bela arranhada daquelas unhas. Seu ombro esquerdo explodiu em dor. Ele nomeou a lâmina com os dentes cerrados. Ela se expandiu.

O demônio se virou pronto para atacar novamente, mas dessa vez quem atacou foi Will. Ele correu até ela e pulou cravando a lâmina mais um vez no monstro, só que agora no coração. Bom, era para ser no coração, mas acabou acertando o ombro da criatura. 'Vingança.' pensou feliz. Mas a lâmina não parou ao encontrar a carne do demônio, desceu fatiando-a em diagonal, e só parou quando encontrou a resistência da coluna vertebral do monstro com um barulho de pedra batendo em pedra.

Vlush! O barulho dela explodindo em veneno não foi nada agradável de ouvir. Mais que imediatamente Will saiu da possa que se formara para não evaporar no ácido. Ele olhou para cima, quatro vermes de dois metros de altura o encaravam.

"Suponho que vocês são vermes bonzinhos e não vão tentar me matar, certo?"


§

"Will! Onde você se meteu?! E... O que em nome do anjo houve com você?!" Era Charlotte é claro. Ela se levantara da mesa de jantar no momento que Will abrira a porta.

Jem se levantou também indo até ele rapidamente. Henry chegou preocupado. Will se surpreendeu, Henry preocupado com alguma coisa sem ser uma de suas invenções? Ele deveria estar péssimo.

"Você por acaso viu meu apito invisível?" Ele perguntou a Will. É, de volta a normalidade.

"Como ele pode ter visto se é invisível?" Charlotte perguntou impaciente, antes que Will pudesse responder. Henry deu de ombros voltando para a mesa procurando o apito invisível no chão.

"O que aconteceu com você?" De repente Sophie estava ali também, a testa franzida em preocupação.

Pelo anjo... Ele estava tão ruim assim? Will estava cansado. Seu corpo estava dolorido, e ele não queria dar mais nenhum passo, nem mesmo responder perguntas com longas explicações. Ele olhou demoradamente para o rosto de cada um.

"Varíola Demoníaca Para Todos Vocês!" Pontuou a frase com o dedo indicador.

E desmaiou de cansaço no chão duro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram amores? Por favor comentem! Preciso saber o que precisa ser melhorado. Bem, até!