Somos Pó E Sombras escrita por Lyllian Clarie


Capítulo 2
Capítulo II - A Abominável E Pervesa Runa Suicida


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu acho que a història nem deve tá tão boa. Nunca escrevi nada desse tipo. Mas espero que comentem, e gostem!

Mùsica do Capitulo: Dear God - XTC

BOA LEITURA!



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Will queria ser atirado da beira de um penhasco. Ou ser sequestrado por demônios enlouquecidos; ou ser raptado por vampiros sendentos. Não importava realmente o modo, ele só queria sair dali. Nada poderia ser pior do que as aulas de história Nephilim que Charlotte dava a ele e Jem todas as segundas e quartas.

Will não entendia como os outros Caçadores de Sombras podiam permitir aquilo. Também não conseguia entender como eles admitiam as mortes causadas pelo tédio daquelas aulas.

Era uma tortura. Não era que ele não achava interessante ver e decorar todos os simbolos do Livro Gray. Não, claro que não. Ele odiava mesmo.

"Acho que fui um Demônio Maior muito mal e perveso, na minha outra vida." Ele murmurou com a cabeça apoiada na mão. Jem levantou os olhos preguiçosamente na direção do amigo. Até Jem estava entediado! E Jem não se entediava com nada! "Se existisse esse négocio de vidas passadas, é claro."

Charlotte havia saído e encubido os dois que estudassem e apredessem sobre o simbolo que ela havia determinado. Passava a tortura e debandava, ela era incrívelmente cruel. Ou fora isso que Will pensara.

"Cada um acredita no que lhe é mais palpável Will."

"É, realmente." Respondeu,a oportunidade de fazer uma piada se aproximando lhe era adorável. "Deve ter sido minha convivência com evaporações e transformações em pó de demônios que construiu a percepeção da morte que tenho hoje."

"É, deve ter sido." Jem estava ficando mestre em ignorar Will, coisa que o deixava extremamente irritado. Os dois sabiam no que Jem acreditava que viria após a morte. A teoria da roda gigante eterna, como Will havia apelidado.

Jem olhou para o exemplar do Livro Gray que estava aberto entre eles na página onde mostrava e explicava sobre o simbolo da memória. O Mnemosyne.

"Isso não deveria estar aqui. Sabe na vista de todos. É um simbolo perigoso."

Will olhou céticamente para o simbolo, que estava desenhado em um das páginas. Se não ajudava a fatiar um demônio, vampiro ou lobisomem, não tinha utilidade para Will.

"E por que um simbolo de memória seria perigoso Jem?"

Jem puxou o livro para mais perto.

"Por todos os motivos Will, vê só o que diz aqui: '... O Mnemosyne foi um dos primeiros simbolos criado pelo Anjo. Tem uma enorme utiliddade para os Caçadores de Sombras; consegue preservar fatos e informações de uma forma clara, podendo ser acessados pelos Caçadores que o utilizam a qualquer momento. Muito útil para lembrar dos nomes de todos os anjos, para as mais variadas invocações de lâminas serafin." Nesse ponto Jem já havia conseguido a atenção de Will. Lembrar de tudo? Bastante útil, principalmente se a lembrança fosse algum ato de idiota de alguém. "... sendo muito utilizado por eles. Mas apesar de..."

"Eles quem?" Will odiava quando pensava demais e se esquecia do mundo de fora.

Jem o olhou repreendedor.

"Preste atenção. Os Irmãos do Silêncio, eles usam bastante o Mnemosyne." Will assentiu, e Jem continuou: "Onde eu estava... Ah, achei. 'Mas apesar de suas maiores utilidades serem bastante atrativas aparentemente, os Nephilins mais experientes não recomendam sua utilização. Pelos mais variados motivos. Principalmente pelo fato do Mnemosyne ser um simbolo permanente. Uma vez feito, sua anulação é impossível. Além da incrível dor que sua inscrição causa. Dor esta que alguns Nephilins não suportam e atingem a falta de sanidade mental. O Mnemosyne também..."

Jem parou de ler. Já tinha percebido que Will deixara de prestar atenção há muito tempo, e estava com um olhar sonhador. Que Jem conhecia muito bem, e significava que ele estava planejando alguma coisa, e não iria fazer nenhum bem para a humanidade. Mas Jem continuou lendo para ver se conseguia desfazer essa expressão dele, que provavelmente significava que ele estava tendo uma ideia quase suicida. Mas Jem sabia que era vão fazer isso, quando Will colocava uma coisa na cabeça, não tinha criatura viva ou morta que o fizesse desistir.

"Will, o que você vai fazer?"

"Por que você acha que vou fazer alguma coisa?" Seu rosto era inocente, mas seus olhos azuis tinham um brilho travesso.

"Porque conheço um pouco de você." Jem encarou o amigo, tentando ver através de sua muralha de desimportância. "Ande, diga o que você vai fazer."

Um sorriso maldoso apareceu nos lábios de Will. Seus olhos faíscaram.

"Não está claro?" Jem balançou a cabeça negativamente. "Eu vou fazer um Mnemosyne."


§

"Não. Isso está definitivamente vetado para você Herondale." Jem se mantinha impassivel em sua decisão.

Will rosnou de raiva e frustração.

"Ah, que grande amigo que eu fui arrumar! Nem para me ajudar a fazer um simbolo ele serve!"

Jem fuzilou ele com o olhar.

"Se fosse outro simbolo eu ajudava William, um Mnemosyne não."

"Por que não? Qual a diferença James?" Se era para usarem usarem os nomes completos Will ia usar também.

"A diferença é que um erro na confecção desse inocente simbolo, pode te deixar louco! E eu não vou ajudar você a perder totalmente o juízo!" Jem encarou Will, confiante de que contra isso ele não podia argumentar. Mas ele pensava que estava falando com quem? Henry?

"Como se pode perder algo que não se possui?" Jem revirou os olhos. " Olhe, eu vou fazer isso, quer você goste ou não. Só achei que eu podeira ter mais chances de não cometer o erro do século se você me ajudasse."

Will esperava que aquilo fosse funcionar, ele queria fazer a droga do simbolo, mas queria ao menos a ajuda de Jem.

"Não entende que o 'maior erro do século' vai ser você fazer isso? Essa runa vai matar você! Essa ideia é suicida! " O de olhos azuis encarou Jem. "Você vai fazer mesmo se eu não te ajudar não é?" Will assentiu firmemente. Jem suspriou derrotado, "Certo, vamos então fazer isso logo, meu amigo suicida."

Will sorriu para o amigo e ele pegou o livro para examinar o simbolo maisde perto. "Você sabe que Charlotte vai matar a nós dois quando descobrir, não sabe?"

O sorriso de Will aumentou consideravelmente.

"E isso não é o mais emocionante?"

Jem analisou as curvas complicadas do simbolo. "Se você se chama Will, sim. Para você, e somente você, é sim."

"As vezes acho que você é um velho." Mas Will presumiu que ele não escutara. Ou, o tinha ignorado mesmo.

A biblioteca era extremamente vazia. Will se perguntava por que toda biblioteca parecia ter aquele ar sinistro, de quem sabia de segredos tão terríveis que para o bem de todos, nunca seriam revelados. Os livros em geral tinham esse ar, o de guardadores de segredos. E Will achava-os fascinantes por isso. Ele não conseguia entender como alguém poderia não gostar de ler. De sentir o peso dos livros, de sentir a textura das páginas nos dedos; De mergulhar em um mar se fundo; de viajar por vários lugares sem sair da cadeira (ou da cama, Will adorava ler na cama). Ler era a melhor coisa do mundo (empatando com fatiar demônios, é claro).

Então, com tudo isso que um livro podia oferecer e uma biblioteca cheia também, Will não entendia e achava um absurdo a que biblioteca do Instituto, fosse tão vazia e empoeirada. Bastante empoeirada. Will uma vez passara uma hora sem ver nada, porque tinha aberto um livro da sessão de poesias americanas.

Jem continuava focado em seu estudo do Racall, coisa que permitiu a Will viajar em seus pensamentos por um bom tempo, até que o amigo suspirou colocando sua estela na mesa.

"Pronto?" Will perguntou, a ansiedade crescendo em seu peito como um balão.

"Não." Jem tratou logo de estourar esse balão. "Vou testar se consigo faze-lo sem errar no papel."

Will afundou em sua cadeira desonfortável. Até que Jem decidisse que o seu desenho do simbolo estivesse bom o suficiente, Will já teria morrido de tédio. Ele tirou uma caneta do seu lugar da mesa, e começou a gira-la entre os dedos. Descuidamente, a caneta escorregou da mão de Will e arranhou o mogno da mesa. O antes impecável mogno, tinha agora um talho superfical amarelo claro.

"Charlotte não vai gostar nem um pouco disso." Jem disse sem levantar os olhos do papel.

"Hum... Não vai gostar é?" Will simplesmente siegurou a caneta de volta eescreveu duas letras maiúsculas: 'W. H.'

Jem sorriu quando percebeu que eram as inicias dele.

"Você não existe."

"Faz também."Disse o outro oferecendo a caneta a ele. Jem hesitou por um momento mais depois aceitou o objeto e escreveu 'J. C.'. Logo depoisvoltou a seu trabalho e Will a seu tédio.

Horas depois Will ja tinha tentado de tudo para se distrair. Mas o universo paceia querer que ele sofresse pela ideia estúpida que havia tido. Se Jem demorasse mais dez minutos, Will pediria desistencia.

Felizmente Jem escolheu aquele glorioso momento para anunciar que havia terminado.

"Graças a Raziel." Will murmurou se endireitando na cadeira. "Eu estava prestes a pedir desistencia. Mas antes eu iria terminar de contar as particulas de poeira daqui. Vamos fazer a Abominável e Pervesa Runa Suicida."

Jem limitou-se a sorrir com o comentário de Will.

"Sim, vamos fazer essa Abominável e Pervesa Runa Suicida."


§

Dor é uma coisa que todo Nephilim tem que aguentar calado. Sem dar nenhum pio que indicasse que ele a estivesse sentindo. Não é necesariamente uma prova de coragem, apenas é como eles aprendem.

"Isso dòi!!!" Will reclamou. "E muito!" Mas obviamente Will nãose encaixava nesse: 'Todo Nephilim'. Ele segurava o braço com força, como se estivesse com medo de que a dor o fizesse sair 'correndo'. Aquilo, aquilo era pior do que as aulas de história. Mas Will jamais abriria a boca para dizer isso.

Jem queria sorrir e usar aquela cara de 'Eu te avisei', que provavelmente o amigo faria. Mas ver Will lutando para não gritar de dor, era demais para ele. Já sabia que Will suportava dores extremas, mas não se surpreendeu com suas reclamações de agora, e de durante o processo, ele sempre gostara de ser um pouco dramático.

O símbolo já estava desenhado no peito de Will, logo abaixo da clavícula; mas isso não estava o impedindo de arder como um ferro em brasa. Não, era pior que isso. Era como se cada célula que formava aquela parte, estivesse sendo arrancada por uma micro-pinça-do-mal, para dar lugar a aquele símbolo.

Will percebeu o olhar de Jem, e lhe lançou um rosnado.

"Se você disser: 'Eu te avisei' ou qualquer variação do tipo, pode se considerar uma pessoa enterrada."

"Eu não ia dizer." Ele analisou a pele avermelhada que rodeava o Racall. "Então, como esta se sentindo? Se sente mais..."

"Memoriado?" Will deu de ombros. "Não sinto muita coisa além disso." Apontou para o próprio peito.

"Eu não ia dizer 'memoriado'." Jem continuava desonfortável com o fato de Will estar sentindo dor, por isso pegou sua estela e desenhou rapidamente uma runa para dor. "Acho que essa palavra nem existe."

Will pareceu ofendido, mais o seu rosto estava mais relaxado.

"É claro que existe, acabei de falá-la. Se não existisse eu não teria sido capaz de pronuncia-la."

Jem guardou sua estela.

"Não estava dizendo que... Ah, esqueça. Discutir com você é inútil mesmo."

Will balançou a cabeça. Não era inútil, ele escutava e entendia. Apenas ignorava. A porta da biblioteca abriu quando Jem sentou em uma cadeira.

Charlotte entrou carregando um papel amassado e uma carranca de tempestade. É, talvez aquele não tenha sido o melhor momento para fazer um simbolo permanente. Nem riscar o mogno. Principalmente riscar o mogno.

"Vocês já terminaram?" Ela se aproximou deles, Jem rapidamente puxou o livro para perto de si, num ato despreocupado, mas Will viu que ele estava escondendo as iniciais deles que estava na mesa. "Espero que não tenham ficado só conversando, tenho..."

"Na verdade estavamos tentando não dormir." Will comentou. Jem lhe lançou um olhar de reprovação, Will fingiu não ver.

"Como? Vocês não gostam de saber novos simbolos?" Ela parecia realmente invcrédula.

"Não, Charlotte, o que o Will quis dizer foi que..."

"Que preferimos a prática, do que ficar sentados em uma cadeira decorando um simbolo, coisa que se faz em minutos, não em cinco horas." Will cortou Jem encarando Charlotte, este lhe deu um chute na perna.

Se fosse possível o rosto de Charlotte ficou ainda mais sombrio. Will se perguntou o que tinha naquele papel.

"Vocês querem a prática?" Ela perguntou, a voz ardendo em ameaça.

Will se empertigou na cadeira. "Sim."

"Não, Charlotte, ignore Will..." Jem se levantou, ele tinha que impedir uma idiotice entre Will e Charlotte, mas a mulher não pareceu ouvi-lo.

"Pois bem Willian, recebi uma carta do Enclave, querendo que eu vá pessoalmente atrás de um demônio que anda aterrorizando as ruas de Portland Place, em particular a Rua Devonshire Street. Eu fui indicada para ir pela minha experiência, mas já que está ansiando tanto pela morte precoce, vou manda-lo para lá. E quero que mate aquele demônio."Com esse falatótiro, Charlotte esperava fazer com que Will desistisse de suas loucuras suicidas. Mas não se espantou quando ele se levantou com um sorriso maldoso, de criança que após muita birra havia conseguido o que queria.

"Maravilhoso Charlotte. Irei agora mesmo." Ele começou a ir em direção a porta quase saltitante, quando Jem segurou a manga de seu casaco.

"Eu vou com você."

Will balançou a cabeça, ainda sorrindo.

"Na proxíma missão suicida eu chamo você James, essa é só minha." E saiu.

Jem se virou para Charlotte, uma fagulha de irritação começou a brilhar dentro dele. Charlotte o olhou, se desculpando.

"Parabéns Charlotte, entregou o ouro ao ladrão." Ele voltou a se sentar em sua cadeira e pegou o Livro Gray. Charlotte suspirou se sentando também.

"O que vocês estavam fazendo?"

Jem pensou em mentir para Charlotte, mas desistiu. Nunca fora bom em mentir.

"Will fez em si mesmo um simbolo da memória."

Charlotte engasgou.

"O simbolo da memória?! Como você deixou Jem!" E o olhou indgnada.

Jem estava prestes a responder com outra pergunta sobre a missão suicida, quando a porta da biblioteca se abriu. Uma cabeça com cabelos pretos apareceu sorridente.

Will já estava vestido para combate, roupas pretas e os cintos de armas completos. Jem se perguntou como ele ficara pronto tão rápido. Ele sorriu descaradamente:

"Eu risquei sua mesa também, se quer saber." E saiu novamente.

"WILLIAN!" Charlotte gritou.

De trás da porta deu para ouvir a risada dele.


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Notas finais do capítulo

E aì O quão deplorável eu fui? Digam por favor! Preciso melhorar a história! Até!