O Herdeiro da Ruina escrita por Fail Name


Capítulo 36
Os bons e maus encontros de Nico na Estrada de Ossos


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar, vamos ao capitulo!



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POV - Jason

Sob uma mortalha azul com um tridente bordado em dourado, jazia um herói.

A chuva ainda caia horas antes, quando eu encontrei Percy caído perto do lago. Sangrando com uma ferida mortal em seu ombro bem perto do pescoço, ele ainda estava consciente quando chegamos perto dele, mas era tarde demais. Eu vi a vida se esvair de seu corpo.

O pior de tudo foi que Annabeth estava lá comigo para ver seu namorado morrer.

Assim que ele deu seu último suspiro, Annabeth começou a chorar como eu nunca tinha visto, ela até o sacudiu numa falsa esperança de que fosse tudo uma brincadeira sem graça. Mas isso apenas tornou as coisas piores, os berros de tristeza de Annabeth podiam ser ouvidos por todo o Acampamento. Leo e Hazel chegaram em seguida, ambos ficaram chocados com a cena, depois outros semideuses começaram a vir. Kevin chegou correndo para ver Percy, ele era um curandeiro experiente, mas até ele ficou perplexo ao ver o estado dele.

Os segundos pareciam horas para todos nós. Eu me aproximei de Percy com Annabeth ainda o segurando. Hazel e Leo fazem o mesmo e tentaram tirar Annabeth de Percy, ela lutou para permanecer ao lado dele. Leo levou uma cotovelada no nariz, mas ambos conseguiram afastá-la. Eu cheguei perto de Percy e o peguei do chão molhado, assim que senti seu corpo gélido, uma lagrima escorreu involuntariamente em muito rosto. Primeiro eles tiraram Piper de mim, agora mataram um grande amigo.

Isso é imperdoável.

– Escutem todos vocês! – Gritei, todos ali reunidos ergueram suas cabeças e o olharam pra mim. – Eu já cansei disso. Cansei de ver tudo a minha volta desmoronar e todos quem conheço perderem a vida para essa guerra. Todos aqui conheciam Percy Jackson e sua lenda... ele que foi um amigo, professor, irmão de guerra, – Olhei para Annabeth – um companheiro para a vida... Ele se sacrificou não pelo os deuses ou pelo o mundo, mas sim por nós. Ele sabia do perigo, mas o encarou e com todas suas forças. Ouçam. A batalha não terminou. Não deixemos que o sacrifício desse herói, não, desse incrível amigo tenha sido em vão! Ergam suas armas e lutem! Pois agora, eles vão sentir nossa ira e determinação! Vamos, por Percy!

– Por Percy! – Gritou Kevin, erguendo seu arco.

– Por Percy! – Repetiu alguém ao fundo.

Um coro maciço se formou como se fosse um grito de guerra. “Por Percy!”. Todos que ali estavam voltaram a luta. Mesmo com as lagrimas nos olhos e a dor da perda, ninguém deixou de destruir cada um dos monstros.

Até o fim da noite, nenhum semideus perdeu a vida.

***

– Eu quase tinha perdido todas as esperanças quando vi você morrer, mas depois que vi o medo nos olhos de todos a minha volta, eu... eu pensei que não deveríamos desistir depois de tudo. Então nós destruímos todos os monstros. – Digo. – Por você.

Eu estava sozinho, sentado ao lado da cama onde Percy repousava solenemente. O corte tinha sido costurado e limpo, ele vestia uma camiseta laranja com as mangas e gola roxas, assim representando os dois acampamentos.

– Jason.

Olhei para a porta e vi Annabeth entrando com uma caixa de lenços. Ela não tinha parado de chorar a noite inteira, por isso seus olhos estavam inchados e com olheiras. Ela não tinha comido nada desde que Percy morrera também.

– Como você está?

Me arrependi de fazer essa pergunta assim que as palavras saíram da minha boca, era obvio que ela estava mal. Droga. Era só ver o estado dela.

– Desculpa eu... – Comecei dizendo.

– Não, eu sei. – Disse ela – Jason você pode me dar licença, quero ficar com Percy... uma ultima vez.

– Sim, claro.

Eu me retirei da sala e a deixei sozinha com ele. Assim que saí da Casa Grande, encontrei minha irmã Thalia indo na minha direção. Ela vestia a roupa das caçadoras da cor prata, como de costume, mas assim que vi seu rosto, notei que ela sofrera com a morte de Percy como todo mundo.

– Oi, Thalia.

– Oi, irmãozinho. – Era engraçado ela me chamar assim, mesmo que ela seja mais velha, ela tinha o corpo de uma garota de 16 anos. E eu tenho 17. – Onde está a Annabeth?

– No quarto com Percy.

– Sei... você está ocupado? – Neguei com a cabeça – Ótimo, quero que chame os outros para uma conversa. Temos muita coisa pra decidir, mas não chame Annabeth. Ela precisa de um tempo.

Ela seguiu em frente para a Casa Grande e eu corri para encontrar os outros.

Em uma hora, consegui reunir Leo, Frank, Hazel, Kevin, Mary, Gabe (que estava de cama desde sua luta com Victor no Posto Avançado) e Chloe. Thalia nos esperava na antiga sala onde estava a mesa de tênis que servia como nossa mesa de reuniões.

Assim que todos se sentaram, Thalia começou dizendo:

– Acho que todos sabem o porquê de eu ter reunido vocês aqui.

– Claro, – Disse Chloe, seus olhos estavam um pouco inchados também – Estamos aqui para darmos o troco.

– Dar o troco contra um deus? Como? – Perguntou Hazel.

– É meio obvio que não será contra ele diretamente. – Disse Chloe, um pouco ríspida – Acho que devemos dar o troco em seus objetivos, ou seja, vamos acabar com a Profecia.

– Legal sua idéia, mas só uma coisinha, como nós vamos fazer isso se estamos praticamente sendo atacados todas as noites? Talvez role um ataque agora mesmo, ninguém sabe.

– É meio estranho dizer isso, mas Leo tem razão. – Disse Frank.

– Ei! Como assim?

– Gente. Foco. – Digo – Gostei da idéia da Chloe, mas de qualquer modo, Benjamin já está fazendo isso. Onde quer que esteja.

– Ele estava indo para Atlântida. – Disse Chloe – Eu me comuniquei com ele pelos sonhos, ele me disse que talvez precisasse de ajuda quando chegasse lá.

– Quando falou com ele? – Perguntou Thalia.

– Hoje de manhã. Ele já deve ter chegado nessa hora.

– Atlântida ein... como chegaríamos lá? O lugar é totalmente desconhecido. – Disse Frank. – Se fossemos pra lá, como iria ser?

– Não sei... – Disse Chloe.

A sala ficou em silencio por alguns instantes.

– Eu sei! Os semi-primordias! Eles trabalham para Chaos junto com o Tânatos, ou seja, eles devem saber a localização de Atlântida já que ela está envolvida com a Profecia. Eles sempre estão um passo a frente nesse quesito. Informações. – Disse Kevin. – E coincidentemente, temos uma deles presa no nosso porão!

Kevin mais uma vez supera qualquer expectativa sobre ele. Esse cara tem um raciocínio incrível, não é a toa que ele é o braço direito de Annabeth.

– Faz sentido. – Disse Gabe. Ele tava com a maior cara que não tava entendo nada, já que perdeu tudo que aconteceu nos últimos dias.

– Então a garota das facas pode saber a localização exata da ilha... bom, mas ela tá piradinha. Duvido que consigamos tirar uma referencia com ela. – Disse Leo.

– Deixa comigo. – Disse Chloe.

Assim que disse isso, ela se levantou e correu para fora da sala. Eu, Hazel e Kevin fomos atrás dela. Nós a seguimos até o porão, onde ela ficou de frente com Kate, que estava sentada imóvel na cama improvisada que fizemos pra ela.

Kate não tinha melhorado nada desde que perdeu a razão, às vezes era possível ouvi-la gritar sem qualquer motivo. Os demônios em sua mente não paravam de atormentá-la e Chloe iria tentar explorar esse lugar tortuoso e confuso.

Ela se aproxima de Kate e pousa sua mão na cabeça de dela. Por um momento, nada. Até que Chloe começou a se contorcer como se estivesse sofrendo uma dor insuportável, enquanto Kate mantinha-se fixa em sua posição. Eu me aproximei pra ajudá-la, mas Chloe grita:

– Não! Afaste-se! Eu tenho que fazer isso sozinha!

Poucos segundos depois que disse isso, ela se afastou rapidamente, quase caindo no chão. Só não caiu porque Kevin a segurou. Kate desmaiou para trás, deitando na cama.

– Chloe, conseguiu? – Perguntou ele.

– Sim. E muito mais.

Eu ajudei Kevin a levá-la até o andar de cima, todos os outros estavam lá esperando por nós. Assim que se sentou na cadeira, Chloe começou a contar toda a informação que tinha conseguido.

Ela descobriu a localização exata de Atlântida no Mar de Monstros, além de todas as rotas seguras até lá. Também descobriu quase tudo sobre os Semi-Primordiais, suas antigas vidas, como se reuniram e principalmente o plano para deixar o “lado negro” de Benjamin tomar conta de seu corpo, para ele destruir todos os deuses e jogar o mundo no caos.

– Eles estão em Atlântida! – Disse ela. – Estavam esperando Ben o tempo todo, eles já sabiam de tudo! Temos que ir pra lá imediatamente.

– Como? Mesmo sabendo a rota segura, não chegaríamos lá rapidamente. – Digo –Demoraria no mínimo dias.

– Eu sei como. – Disse Hazel, sorrindo. Todos nós nos viramos pra ela – Com magia.

***

POV – Nico

Assim que terminamos de descer as escadarias da muralha, eu me vejo em frente a uma estrada feita de pedra e ossos. O céu continuava nebuloso, fazia pelo menos quatro horas desde que chegamos aqui e o tempo não parecia ter mudado. Coisa estranha.

Minha cabeça ainda doía muito por ter ficado usando meus poderes, era estranho, pois o único efeito colateral de ficar usando as sombras demais era eu acabar virando um fantasma, o que não deixa de ser ruim. Mas as dores de cabeça são um saco. Talvez algo nesse lugar que influencie diretamente nos meus poderes.

– Nico, isso são ossos de verdade?

– Parece que sim. – Digo olhando para um crânio embaixo do meu pé. – Talvez sejam os antigos habitantes de Atlântida que tinham sido vitimas do caos que tomou a ilha antes de Poseidon afundá-la. É meio triste.

– Bastante. – Corrigiu ela.

Tínhamos atravessamos metade da estrada quando Amanda parou de andar subitamente, eu a encarei e notei a palidez tomando comando conta de seu rosto. Ela olhou pra mim como se disse: “Estamos em perigo!”.

– Nico... eles estão aqui.

– Quem?

Nessa hora, ouvi alguém se aproximando pela estrada de ossos, eu me virei lentamente e vi dois semideuses. Um deles era um cara magro e albino de olhos vermelhos sanguinários. Gutierrez. O outro era um cara alto e loiro, seus braços grossos estavam a mostra por causa da camisa regata que usava. Victor. Ambos estavam empunhando suas armas.

– Olá e Bem-vindos. – Disse Gutierrez, com um sorriso.

Tirei minha espada do cinto e apontei pra eles, mas eles nem se sentiram ameaçados. Amanda também pegou suas adagas.

Gutierrez retirou dos bolsos dois socos ingleses que numa fração de segundo se tornaram dois cutelos afiados. Enquanto Victor ergueu um martelo de ferro enorme, logo soube se aquilo me atingisse, nem toda a sorte do mundo me manteria vivo.

– Temos duas coisas pra dizer a vocês. – Começou Victor – Primeiro: Ei, filha da Paz, você vem com a gente. E segundo: Você não é necessário para nós, di Angelo. Você pode morrer.

Assim que disse isso, Gutierrez avançou sobre mim com seus cutelos. Seu ataque foi rápido, mas previsível. Defendi um cutelo e esquivei do outro, mas logo em seguida, ele me da uma cabeçada no meu nariz. Recuei alguns passos por causa da repentina dor, assim que me recuperei, vejo o cutelo descer sobre mim e, por puro reflexo, me defendi do golpe. Em seguida, dou um chute nele para afastá-lo.

– Você é melhor que eu pensava. – Disse ele.

Eu invoquei um esqueleto para me ajudar. O esqueleto avançou sobre ele com sua lança, mas Gutierrez agarrou a lança num movimento giratório, em seguida corta a lança no meio com seu cutelo. Com o esqueleto indefeso, ele apenas precisou de um ataque para decapitá-lo, que desapareceu numa nuvem de poeira negra.

– Nico, você sabe por que os monstros que o Herdeiro e eu matamos se desfazem em pó negro em vez de dourado?

Eu já me perguntei isso, mas nunca tive oportunidade de perguntar pra o Ben e sei que esse cara é um tagarela. Talvez uma conversa de para ganhar tempo até Ben chegar aqui. Pois não eu e Amanda não daríamos conta deles sozinho.

– Não faço idéia. – Respondi.

– O motivo é simples, basicamente todos os monstros que existem são imortais, quando o matamos eles voltam para o Tártaro e depois de muuuuito tempo eles retornam pra atormentar nossa vida. Por isso a poeira é dourada, simboliza essa “imortalidade”. Mas a poeira negra... é o oposto. Ela simboliza a morte. A morte definitiva. Os monstros que morrem por nós ficam mortos para sempre. Legal, né?

– Legal não é bem a palavra que define isso.

– Gutierrez, você fala demais. – Disse Victor, um pouco irritado – Já devíamos ter voltado pro palácio. Acabe logo com isso, se não eu vou até aí matar ele por você.

– Ok... – Gutierrez se virou pra nós – Acho que o tempo acabou.

Ele avançou novamente sobre mim, eu o ataquei primeiro, mas ele desvia com facilidade e tenta me golpear. Eu me defendi com minha espada, nessa hora começou uma disputa de força. Gutierrez forçou as armas para baixo e em seguida me golpeou com o cotovelo. Eu caio no chão, desorientado. Amanda veio até nós me ajudar, ela desferiu um golpe certeiro no ombro dele, mas então ele a agarrou pelo pescoço e jogou pro lado, na direção de Victor.

Ele a pegou pelos cabelos e então uma onda de escuridão os cobriu. Eles desapareceram na minha frente.

– Amanda!

– É, ela já foi.

Eu tentei me levantar, mas Gutierrez apareceu do nada ao meu lado e me chutou bem no estomago. Então ele colocou o pé na minha cara e começou a forçar minha cabeça no chão.

– Outra coisa. – Começou Gutierrez – Eu tenho quase certeza que quando você usava as sombras, tinha algum efeito em você certo? – Eu não respondi, então ele continuou – Acho que isso é um sim, bem, culpa minha. As sombras são o meu domínio cara, se você usá-las de novo, elas vão matá-lo. – Ele coçou o nariz e continuou: – Aposto que você se perguntou “como assim? Seu domínio?”, agora vem a bomba. Eu sou filho de Érebus, deus primordial da Escuridão.

Mais uma vez, esses semi-primordiais conseguem me surpreender.

– Agora que você já sabe, eu vou dar um fim em você e voltar a jogar League of Legends.

Ele lentamente ergueu seu cutelo para cima da cabeça, mas quando ia descer com toda força na minha cabeça, uma flecha perfurou seu pulso. Ele deixa seu cutelo cair no chão. Ele fica encarando a flecha em seu pulso ensanguentado.

– Que diabos?

– Kevin... – Digo.

– E eu. – Disse Benjamin, que surgiu atrás de Gutierrez com Poinê ao seu lado.

Gutierrez não teve reação alguma quando Ben acertou um soco em rosto.

Perto da muralha, eu vejo cinco semideuses, meus melhores amigos. Mary com os braços cruzados, Kevin com o arco pronto para disparar outra flecha, Gabe com sua coroa de louros que ganhou no Campeonato de Gladiadores (Ele ainda tá usando isso? Sério?), Jason com sua espada de ouro imperial em mãos e Chloe com seu sorriso sarcástico que só ela sabia fazer. Todos eles vieram nos ajudar.

Benjamin me ajudou a me levantar.

– Adivinha quem eu encontrei no caminho pra cá? – Perguntou ele, sorrindo.

– Como eles...?

– Hazel os teleportou pra cá, por que você nunca me disse que ela sabia usar magia?

– Tinha me esquecido. – O poder mágico de Hazel tinha aumentado muito nos últimos dois anos, além de manipular a perfeitamente a Névoa, ela aprendeu muitos outros truques, o teletransporte é um exemplo disso.

Gutierrez se levantou rapidamente e viu a cena. Um sorriso enorme surgiu em seu rosto, como se queria muito que isso acontecesse.

– Não achei que viriam. – Ele limpou o sangue que escorria no seu lábio – Acho que vamos nós divertir muito hoje.

Assim que disse isso, as portas da muralha do outro lado da estrada se abriram. Dois semideuses saíram por ela. Darius Johnson, o maníaco por morte e uma garota que eu não conhecia. “O oitavo membro desconhecido...”, pensei.

– Guti, – Disse ela – o que é isso? Viemos por que você estava demorando demais pra enviar a garota da paz, mas vejo que está ocupado brincando.

A garota tinha um sotaque estranho, não era britânico ou de outra parte dos EUA. Talvez seja australiana. Parecia estar na faixa dos 16 anos, cabelos negros trançados e olhos da cor de lama. Usava uma camiseta branca de manga curta e calça jeans rasgado na área das coxas. O mais curioso é que ela usava um coldre com duas pistolas, ela deve ser uma ótima atiradora.

– Ah, para de pegar no meu pé Naomi, já mandei ela com o Victor pro Palácio.

– Ótimo. – A garota tirou as duas pistolas Colt .45 do coldre e apontou para nós, assim como Darius tirou sua espada e lambeu a ponta – Agora, vamos limpar logo essa bagunça.

E abriu fogo.


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Notas finais do capítulo

Tretas serão iniciadas no próximo capitulo!!
Ah me lembrei, estou escrevendo um enorme capitulo extra! Ele se passa durante os três meses que Ben ficou desaparecido. Quero fazer surpresa sobre o enredo, mas vou dizer que vai ter uma deusa olimpiana envolvida, uma vingança (quando não tem, né?) e, é claro, tretas!

Posto quando terminar... até lá!