O Herdeiro da Ruina escrita por Fail Name


Capítulo 34
Conhecemos Atlântida e seus curiosos habitantes


Notas iniciais do capítulo

Oi galera!!
Depois de mais de um mês sem postar, voltei com tudo! Acabou a escola, TCCs e finalmente férias o/
Eu queria agradecer a leitora RL pela ótima recomendação, valeu te agradeço muito!! Esse capitulo é pra vc... e também para o leitor Pegasus, que sempre me fala pra não demorar muito, mas nessa demorei demais!! Foi mal cara kk

Enfim, vamos ao capitulo



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POV – Nico

Ficar o dia inteiro em alto mar é o maior saco. Agora imagine DOIS dias inteiros.

Fazia quase dois dias desde que saímos de Miami, como também fazia uma hora desde que eu estava querendo acabar com a minha guia sereia de meia-idade, Mareias (um nome bem idiota, em minha opinião), com sua estrige chamada Rodrigo... É, sem comentários.

A vastidão azul parecia cada vez maior com o passar do tempo, estávamos navegando num luxuoso iate que a sereia velha tinha conseguido com um de seus amantes, mas mesmo com todo conforto, o tempo passava devagar e não tinha nada para fazer. Foram apenas uma vez ou outra que fomos atacados por monstros marinhos, acho que todos evitavam se aproximar do iate por causa do Ben... ele me disse que vários monstros tem medo dele.

“Queria que Amanda estivesse aqui...”, pensei. Ela saberei como se divertir em um lugar assim.

Benjamin solucionou o problema do tédio dormindo por horas. Sério. Ele acordava apenas para comer ou para peidar, de vez enquanto ele me falava coisas que passou nos últimos três meses, das lutas e aventuras que vivenciou, mas nada sobre ter destruído tudo relacionado aos deuses. Já a sereia ficava cuidando daquele monstro medonho dela.

Tudo começou a mudar quando Akhlys chegou, e Amanda junto com ela. A primeira coisa que fiz foi abraçá-la por um longo tempo. Benjamin também a abraçou. Pela primeira vez em muito tempo, nós três estávamos juntos novamente numa missão. Mas havia certa tensão entre Benjamin e Akhlys, eu conseguia perceber que eles trocavam olhares discretos desde quando chegaram.

– Ei, Nico – Chamou Amanda – Quero falar com você rapidinho. – Então ela me puxou até a proa.

– O que foi?

– Antes de tudo... – Ela se aproximou e me beijou inesperadamente, foi um beijo lento e incrível. Fazia apenas três dias desde que nos vimos pela ultima vez, mas realmente parecia uma eternidade. Assim que paramos para respirar um pouco ela me pergunta: – Você ainda é gay?

– O que você dizer? – Perguntei.

– Você ainda é gay?

– Isso eu entendi! Mas por que está me perguntando isso? Alguém te disse algo?

– Eu conversei com uma filha de Afrodite que me disse que você era gay e que seu namoro com a Lacy foi mentira. Eu não quero ser uma namorada de mentira também! Por isso eu estou te perguntando.

Eu a encarei como se ela fosse a pessoa mais boba do mundo, até comecei a rir.

– Você está rindo do que?

– De você. – Ela ameaçou a me dar uns socos, mas antes comecei a me explicar – Me escuta, eu admito que houve um período na minha vida que eu pensava que era gay, até os deuses me convenceram que eu era um. Mas tudo isso mudou há quase cinco meses atrás, quando eu resgatei uma garota de ser devorada por três irmãs medonhas num armazém mais medonho ainda. Quando eu vi aquela garota loira vestindo uma roupa de animadora de torcida com armadura romana olhar pra mim e, depois disso, me abraçar como se eu fosse um ursinho, eu senti algo que eu nunca imaginei que seria possível por uma garota. Talvez tenha sido alguma brincadeira de Afrodite querendo manipular meus sentimentos, mas... desde então, eu rezo para que ela nunca pare com isso. Pois eu aprendi a amar essa garota e eu vou amá-la pro resto dos meus dias. – Lágrimas escorreram nas bochechas da Amanda, eu passei o dedo para limpa-las – Só espero ela pensar da mesma forma que eu, se não nosso relacionamento vai muito estranho daqui pra frente.

Amanda ri antes de me abraçar e dizer as palavras que pareciam engasgadas em sua garganta.

– Eu também te amo, Nico!

Ouvir isso encheu meu coração de alegria, foi como esperar todos esses dias tediosos no mar tivesse valido a pena.

– Ei, pombinhos. – Disse Benjamin – Terra à vista.

Ele apontou para bombordo e consegui ver um pequeno pedaço de terra no horizonte, finalmente estávamos chegando a algum lugar. Ele andou até nós e deu um tapinha nas minhas costas dizendo:

– Cara, parabéns. Vejo que realmente conseguiu conquistar uma garota em vez de uma estatua. Estou muito orgulhoso.

– Tá meio tarde pra essa piada, – Tipo, mais de três meses – mas obrigado mesmo assim.

– Quem liga? – Ele sorriu – Já é uma tradição. Amanda você pode ver com aquela sereia de meia-idade se aquela ilha é realmente Atlântida, ameace-a se for preciso.

– Sim, capitão!

Ela se afastou e Benjamin comentou:

– Capitão Briggs... gostei. Nico, me chame assim de agora em diante.

– Sonhe com isso. – Respondi, observando Amanda se afastando – Ben, o que vamos fazer assim que chegar lá? Não tenho a menor idéia como algo nessa ilha abandonada pode ajudar em alguma coisa.

– Deixa comigo, sei o que fazer.

– Ei, – Gritou Amanda, perto do timão – Ela disse que sim! Aquela é Atlântida!

Benjamin assentiu, se virou para o mar e um sorriso de empolgação surgiu em seu rosto.

– Finalmente. – Disse ele.

***

O céu estava nebuloso quando chegamos a praia. A praia tinha uma areia cinzenta, com diversos tipos de conchas de todos os tamanhos sobre ela, uma concha chegava a ter o tamanho de um carro. Imaginei o tamanho do crustáceo que morava ali.

O vento frio soprava em direção a ilha e dava a impressão que o sol não chagava ali a muito tempo.

– Que lugarzinho mais pra baixo. – Disse Akhlys, assim que chegamos à praia.

– Está abandonado a mais de três mil anos... o que esperava? – Disse a sereia – Nenhum ser com sã consciência ficaria mais de cinco minutos nessa ilha. A fúria de Poseidon não foi a única coisa que veio junto as ondas que engoliram esse lugar. Seres antigos que nem ouso dizer o nome fizeram desse lugar sua morada, eu não quero ficar mais aqui. Sr. Briggs, nosso acordo foi cumprido, por favor, de a chave da gaiola do Roberto para que possamos ir embora.

– Claro, a chave está aqui em algum lugar... – Disse ele verificando os bolsos – Nico e Amanda, vocês podem ir na frente? Acho que vou ter que voltar pro iate... devo ter deixado a chave lá. Vamos nos encontrar ali. – Disse ele, apontando para uma torre solitária no meio da floresta – De acordo?

– Certo. – Digo – Não demore muito.

– Aqui, leva os casacos, vai ficar frio dentro da floresta. – Disse Akhlys, tirando casacos da mochila para Amanda e para mim.

– Obrigada. – Disse Amanda.

Assim que pegamos os casacos, atravessamos a praia e entramos numa densa floresta tropical. As raízes das arvores centenárias saiam do solo formando obstáculos em nosso caminho, teve vezes que precisei escalar as raízes para atravessá-las.

– Nico, olha aqui. – Ela me mostra uma chave. Era a chave da gaiola de Rodrigo – Benjamin está procurando isso. Temos que voltar.

Assenti e assim fizemos.

Faltava apenas alguns passos para voltarmos para a praia quando ouvimos um grito de uma mulher. Nos apressamos e conseguimos ver Benjamin arrancar sua espada do peito da sereia Mareias, antes que ela pudesse desaparecer numa nuvem de poeira negra. Em seguida foi o Roberto que virou pó quando sua cabeça foi arrancada do corpo.

– Mas o que ele está fazendo? – Disse Amanda, indo em direção a praia.

– Espera. – Digo num sussurro – Não sabemos o que aconteceu, ela pode ter o ameaçado.

– Isso não faz sentido. – Disse ela – Ela não tentou nada quando estávamos no barco, ela até me ensinou a ler um mapa marítimo. O Ben a executou!

– Ei galera. – Disse Benjamin, vindo na nossa direção – O que aconteceu?

– Nada, a Amanda queria que fossemos juntos para a torre, por isso voltamos. Cadê a sereia?

– Ah, assim que achei a chave e libertei o Roberto, ela saiu nadando com ele voando em cima dela. Ela ficou bem feliz, acho.

Ele estava mentindo. Por quê? Se fosse algo que ela fez que o forçou a atacá-la ele teria dito, mas ele estava mentindo. Foi realmente uma execução. Olhei para Amanda e notei que ela pensou o mesmo.

– Vamos então. – Disse ele, com um sorriso assustadoramente calmo.

Akhlys desapareceu assim que ele passando por nós. Então nós o seguimos, sem olhar para trás.

***

Depois de quase quinze minutos andando pela densa floresta, Amanda disse ter visto um movimento a frente. Logo saquei minha espada e Benjamin sua pistola. Então tomei a frente com Ben me dando cobertura. Segui em frente e depois de atravessar um denso arbusto, saí numa grande clareira. Dando de cara com um bicho muito esquisito.

– Que diabos? – Digo, espantado.

– O que tem aí? – Perguntou Amanda.

– Eu... não faço ideia do que seja isso.

Benjamin e Amanda abriram caminho pelo arbusto e viram a mesma criatura que eu. Ela parecia um cervo mistura com um pássaro de forma quase bizarra. Tinha a cabeça, o pescoço, as pernas e os chifres de um cervo, combinados com uma leve plumagem em verde claro, também tinha asas e o resto do corpo igual a um falcão.

O animal era um pégaso em edição limitada.

– Que coisa estranha. – Disse Ben.

– Bem vindo à Atlântida.

A criatura se virou para nós e ficou nos encarando. Ela deu um passo em nossa direção e abaixo a cabeça, como se fosse uma reverencia.

– Ah, ele até que é fofo. – Comentou Amanda.

Nessa hora, a criatura ergueu a cabeça e deu outro passo, se aproximando de nós. Outros da mesma espécie começaram a descer dos céus e pousando bem perto de nós, primeiro pensei que eram criaturas dóceis e curiosas... até elas rosnarem e mostrarem seus dentes afiados. Esses monstros estavam com fome e nós éramos a comida.

– Corremos? – Perguntei.

Benjamin disparou contra o monstro mais perto e o projétil mágico ricocheteou nas penas dele.

– É corremos. Muito.

Saímos correndo de volta para floresta. Acima de nós, eles sobrevoavam nossas cabeças. Benjamin disparava com sua pistola sempre que podia, sua mira tinha melhorado muito desde a última vez que lutamos juntos. Seus tiros eram certeiros, mas não causava nenhum efeito nos monstros. Um deles nos passou e pousou na nossa frente, impedindo nossa passagem. Tentei acertá-lo com minha espada, mas sua pele era impenetrável. Nessa hora, a criatura tentou me atacar, mas Amanda me puxou pro lado com força e acabamos caindo num buraco escondido na vegetação.

– Aí, Nico sai de cima.

Eu me levantei e olhei para a abertura, logo notei que era muito alto para escalar.

– Cadê o Ben? – Perguntou Amanda.

– Acho que continuou correndo, ele vai conseguir escapar desses monstros de alguma forma... mas ele não vai nos achar aqui. Eu bem que podia usar as sombras pra voltar lá em cima, mas aquelas coisas ainda podem estar lá em cima. Temos que bolar um jeito de sair daqui.

– Que tal seguirmos esse túnel?

Eu me virei pra ela.

– Que túnel?

Amanda tirou um par de lanternas da mochila e iluminou uma estreita passagem que dava para um túnel maior. Ela me deu a outra. Nós passamos pela passagem e começamos a seguir o túnel, ele parecia ser antigo, mas era bem feito, ele tinha um formato circular quase perfeito e parecia que seguia por muitos quilômetros.

– Vamos seguir em frente, esse túnel deve sair em algum lugar. – Digo.

– Não temos muitas opções mesmo.

O calor naquele lugar era inacreditável. Nem no Mundo Inferior fazia tanto calor como naquele lugar, mas ainda seguíamos em frente sem paradas. Acho que andamos por quase duas horas até a exaustão tomar conta, assim paramos para descansar e comer algumas barras de cereais.

– Ei Nico. – Chamou ela – O que você acha que o Benjamin quer encontrar nesse lugar?

Eu me perguntava a mesma coisa.

– Segundo ele, é um modo de resolver a profecia de um modo que não envolva a mortes dos deuses ou... sacrifícios. Mas ele não me disse o que era, ele está guardando muitos detalhes.

– Acho que sim.

– Tem algo te incomodando? – Perguntei, ela parecia meio avoada. Mais que o normal.

– Nada eu só... estou com um mal pressentimento com tudo isso. O Ben não é mais o mesmo, parece que ele está prestes a entrar em colapso consigo mesmo. – Eu a encarei sem entender, ele parecia normal pra mim – Você não percebeu o fingimento de bom garoto quando estávamos no iate? Meus deuses você está com ele quase três dias e não notou nada?

Eu neguei com a cabeça.

– Ele sempre fingiu. Ele sempre foi muito atormentado desde A Tragédia na Pousada de Hermes, você conhece a história. Para não mostrar as “cicatrizes” que aquilo deixou nele e sempre deu uma de bom garoto perto dos outros. Ele era igual a mim anos atrás. – Ela me encarou como se não gostasse disso – Quer saber, acho que vimos o “verdadeiro” Benjamin quando o vimos matar a sereia.

– Mesmo assim, nós dev... – Suas palavras foram interrompidas por um tremor que abalou todo o túnel, o tremor cessou por alguns instantes até retornar mais forte e mais... próximo?

Iluminei a escuridão do túnel do lado que vinha o tremor que era cada vez mais forte e alto.

– Pegue as coisas, vamos embora daqui. Tem algo muito grande vindo aí.

Começamos a correr para o lado oposto em alta velocidade. O esforço sugava nossas energias, mas quando ouvimos um sibilo ensurdecedor atrás de nós, ignoramos o cansaço e corremos ainda mais rápido.

Eu sentia o monstro se aproximar rapidamente, mesmo com escuridão. Meu pai é o deus do submundo e graças a isso conseguia sentir muitas coisas que um semideus comum não consegue, eu sentia o movimento do monstro na terra. Ele parecia um verme gigante, to tamanho desse túnel. Mas eu não queria ficar naquele lugar o suficiente para descobrir se eu estava certo.

– Nico aqui!

Amanda achou um buraco no teto, eu conseguia ver a luz do Sol. Aquele era nossa saída. Eu a segurei pelo quadril e com muita concentração me transportei para fora daquele lugar usando as sombras, mas antes tive um pequeno vislumbre do verme monstruoso. Ele era branco como leite e tinha uma boca circular cheio de dentes afiados. Agradeci os deuses por não ter que enfrentar aquilo, mas não tive tempo nem para soltar um suspiro de alivio.

Olhei em volta da onde estava e parecia uma aldeia nativa, com casebres e templos feitos de pedra. Logo me vi no centro de um circulo formado por seres humanóides, a única diferença era que eles possuíam cabeças de cachorros. A partir do pescoço, pelos negros como a noites percorriam as costas e terminavam na base da coluna. Suas mãos eram grandes com garras bem afiadas e acho que não preciso dizer que eles nos encaravam como se nós fossemos o jantar tão esperado. Saímos de um lugar ruim e acabamos em outro bem pior.

Eu saquei minha espada e Amanda retirou sua adaga e sua antiga harpe.

– São Cinocéfalos, ou algum ancestral mais selvagem. – Disse Amanda. – Pensei que eles eram apenas um mito. – “Como muita coisa aqui”, pensei.

– Me deixe adivinhar, adoram comer carne de semideus.

– Não exclusivamente. – Um dos Cinocéfalos ergueu sua lança de madeira e apontou para mim. – Ouvi dizer que eles caçam outros animais e, em casos extremos, praticam canibalismo. Mas com toda certeza preferem nos comer, é.

– Amanda, – Chamei. Ele virou para me encarar – você não faz ideia o quanto estou odiando esse lugar.


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Notas finais do capítulo

Então, como talvez vcs possam ter percebido.. Nico era gay, é.
Uma amiga me deu um belo de um spoiler sobre o quinto e ultimo livro da série.. desculpem por isso, mas decide deixar a historia mais fiel aos livros, por isso decidi fazer essa "adaptação" para resolver conflitos entre a fic e o livro...
Outro exemplo seria Akhlys, que no quarto livro é uma velha, mas na minha historia é uma jovem garota (além de serem diferentes em todos os sentidos)... se isso não incomodar, não farei mas essas "adaptações", mas se quiserem posso criar algo nesse caso também.. Bem, já tenho algo em mente, mas... sei la.
Mandem sua opinião, junto com os reviews kkk

Quase me esqueci, o nome do cervo alado é Peryton. Do verme gigante é Verme do Rio Indo (em tradução literal, pesquisem "Indo Worms" se quiserem sabem mais).. que é um rio da Índia. Cinocéfalos são cinocéfalos mesmo.

Até a próxima!