Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 16
Capítulo 16 Visita


Notas iniciais do capítulo

Agora as histórias voltam a se cruzar.



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            Assim que fiquei longe do meu irmão, voltei a olhar o seu futuro.


 


            Passamos alguns dias em Biloxe, com a minha sobrinha. Ela me contou tudo sobre o seu marido e que a casa em que os dois moravam pegou fogo, destruindo todas as lembranças que ela tinha da minha família. Eu não tinha mais esperanças de poder ver como eram a minha mãe e irmã.


 


            Voltamos para Ithaca. Sabia que a minha família estava organizando as coisas para passar as férias de verão em Denali. Carlisle conseguiu uma folga no hospital e a faculdade estaria entrando em férias de verão.


 


            - Não é melhor, ir atrás do Edward de uma vez, Carlisle? – perguntou Esme.


 


            - Vou com vocês até Ithaca; de lá, ligo para ele. Edward está em São Paulo, Alice?


 


            - Está. Não decidiu o seu próximo passo.


 


            - Então vamos, já avisei a Tânya que estamos chegando.


 


            Fomos para Denali, estava animada. Vi que eles haviam preparado uma festa para quando chegássemos. Não contei a ninguém, estava ficando boa neste negócio de respeitar os outros.


 


            Quando chegamos à casa deles, já era noite. Tudo estava perfeitamente decorado, com muitas flores em lindos vasos de cristal; a música era perfeita. Todos olhavam para mim, admirados pela a minha discrição.


 


            - Carlisle – Tânya abraçava o meu pai -, que bom que vieram. Preparamos uma pequena festa, mas Alice já deve ter informado.


 


            - Na verdade, ela não falou nada.


 


            Todos me olharam. Não pareciam acreditar que eu mantive a minha boca fechada. Será que eu era assim mesmo, tão “fofoqueira”?


 


            - Achei melhor respeitar a surpresa de vocês.


 


            Todos riram de mim.


 


            Nós nos abraçamos e começamos a colocar o papo em dia. Havia acontecido muita coisa neste tempo todo. Entre uma conversa e outra dançávamos. Rose e Emmett nos mostravam o que aprenderam nas aulas de dança que fizeram na Itália. Estava tudo perfeito, todos se divertiam muito. Contudo, uma parte do meu cérebro era reservada para olhar o futuro do Edward; sempre que alguma coisa importante acontecia a ele, chamava a minha atenção. Estava dançando com Jasper, copiando alguns passos de mambo que Rose e Emmett nos ensinavam, quando fiquei tensa. Jasper me abraçou enquanto cochichava em meu ouvido:


 


            - Que foi, amor? – olhei para ele e falei baixo:


 


            - Edward, ele está sofrendo muito. Eu mostrei para ele a visão da praia, aquela que quase fez com que ele voltasse, lembra? – Jasper assentiu. – É a praia da ilha da Esme. Eu não fazia idéia, ele está lá; estou me sentindo péssima, você não faz idéia de como ele está, Jasper.


 


            - Alice – Jasper me abraçou mais apertado -, não se culpe.


 


            Fingi concordar. Assim que obtive uma brecha, escapei e liguei para o Edward. Ele não estava nada bem; contudo, não queria ninguém por perto. A minha animação acabou. Voltei para o nosso chalé e fui para o meu quarto. Só saí de lá no final do dia seguinte. Comentei com Carlisle que Edward não queria ninguém por perto naquele momento e que, assim que estivesse melhor, avisaria a todos.


 


            Enquanto vigiava os dias do meu irmão, fui ficando mais triste; o peso da culpa que sentia por aquele sofrimento dele não era agradável. Jasper fazia de tudo para me animar, mas eu sabia que só voltaria a me sentir melhor quando Edward saísse do seu estado catatônico na praia.


 


            - Alice, estou pensando em ir caçar com a Esme por alguns dias. Você já consegue ver quando Edward vai melhorar?


 


            - Não. Podem ir, eu cuido dele.


 


            - Tem certeza, filha? Estou preocupada – disse Esme. - Não só com ele, você nunca ficou assim antes, anda tão triste...


 


            Não contei para ninguém a culpa que estava carregando, só Jasper sabia.


 


            - Não fique assim, Esme. Só estou triste pelo Edward, logo isso vai passar. Ele não vai aguentar muito tempo mais.


 


            Meus pais só partiram depois que consegui convencê-los de que não precisavam ficar ali e que, se qualquer coisa acontecesse a Edward, eu estaria atenta.


 


            No começo da tarde seguinte, estávamos todos na sala, cada um absorto em sua atividade; eu navegava pela rede enquanto ouvia música. Do nada, veio a pior visão que tive da Bella.


 


            - Não! Não faça isso!


 


            Todos se assustaram com o meu grito; levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro.


 


            - Alice? – ignorei Jasper.


 


            - Anda, aparece! – olhei para ele, em pânico.


 


            -Alice, o que aconteceu?


 


            Caí de joelhos, Jasper correu para me pegar.


 


            -Bella... Jasper, ela vai se matar daqui a pouco e eu não posso fazer nada. – Esta era a pior sensação: a de impotência.


 


            - Alice, “se matar” como? Bella não pode fazer isso! – Jasper sabia que atitude Edward tomaria se isso acontecesse.


 


            - Ela vai pular de um penhasco... Bella vai se afogar. Igual a Esme - abracei Jasper.


 


            Levantei, corri para o quarto, peguei a minha bolsa e meu passaporte e voltei para a sala, já sabendo que estava comprando uma enorme briga.


 


            - Estou indo para Forks.


 


            - Não, Alice! Edward não quer! – gritou Jasper.


 


            - Preciso ir!


 


            - Se não dá tempo para salvá-la, o que você vai fazer lá? – Rose tentava me dissuadir.


 


            - Não sei, mas tenho que ir para Forks. – Suspirei profundamente tentando controlar a dor que crescia em meu peito. – Talvez possa ajudar o Charlie.


 


            - Ela realmente...


 


            - Ela pulou e não a vi desde então - gritava com eles.


 


            Emmett estava muito quieto no canto da sala, Jasper e Rose tentavam bloquear a minha saída.


 


            – Saiam da minha frente! Eu vou, nem tentem me impedir.


 


            - Edward não quer! – disse Jasper.


 


            - Eu vou! E vocês não digam para ele o que aconteceu, esperem aqui. Quando voltar, resolveremos o que fazer.


 


            Saí do chalé destroçada. Passei pela Irina, que sorriu para mim; ignorei e peguei o primeiro carro que vi e corri para o aeroporto. Estava desolada. Doía demais perder a minha amiga, mas também não conseguia encontrar uma maneira de dizer isso para o Edward; isso mataria o meu irmão.


 


            A viagem de avião até lá foi extremamente dolorosa. Tomei o carro do Carlisle que havíamos deixando em Seattle e corri o máximo que pude para Forks. Parei o carro na frente da casa da Bella, fiquei um tempo olhando para ela; a casa parecia sombria demais. Não conseguia imaginar a vida dentro dela sem a minha amiga. Com muito esforço, decidi sair do carro e esperar por Charlie lá dentro. Como consolar um pai que perde a filha de uma maneira tão violenta? Como consolar o meu irmão? Edward se sentiria profundamente culpado.


           


            Fiquei parada no escuro pensando no que devia fazer, em como poderia ajudar Charlie. E principalmente o que faria com Edward; teria de ter muito cuidado, sabia que meu irmão iria para os Volturi assim que soubesse o que aconteceu; precisava reunir forças para tentar detê-lo.


 


            Enquanto pensava, ouvi um carro se aproximar. O estranho era que eu não conseguia ver quem estava dentro. Concentrei minha atenção para ouvir o que as pessoas dentro dele estavam conversando; levei um choque quando ouvi a voz da Bella.


 


            Balançava a minha cabeça, isso não estava fazendo o menos sentido; eu a vi pular, esperei e a Bella não apareceu de volta. Era impossível que ela estivesse do lado de fora da casa conversando. Ouvi o carro ligar e manobrar para ir embora. Dei um passo em direção à porta, quando o carro parou novamente; fiquei quieta, ouvindo uma discussão.


 


            Se é que era mesmo a Bella, a pessoa estava voltando; assim que ela abriu a porta, eu fiquei em choque: era realmente a Bella, viva, parada na minha frente; ela estava congelada. Sabia que estava muito escuro na casa e provavelmente ela não podia me ver; então acendi a luz, não esperava pela reação dela.


 


            Bella correu e se jogou em cima de mim.


 


            - Alice, ah, Alice!


 


            Não havia dúvida alguma; o cheiro, o toque quente da pele, era Bella e ela estava completamente viva, só que ela estava com um cheiro detestável.


 


            - Bella?


 


            Não pude deixar de perguntar; nada estava fazendo sentido em minha cabeça. Ela perdeu completamente o controle, chorava de forma descontrolada, senti que as pernas dela não estavam conseguindo mantê-la de pé. Arrastei-a até o sofá e a coloquei em meu colo. Tive de prender a respiração: mesmo com aquele cheiro estranho, conseguia sentir o doce aroma do seu sangue e o contato dela com a minha pele não estava facilitando; podia claramente sentir o caminho que o delicioso sangue dela fazia por sua fina pele.


 


            - Eu... Desculpe. Estou tão... feliz... por ver você!


 


            - Está tudo bem, Bella? Está tudo bem?


 


            Tentava acalmá-la para que ela pudesse sair do meu colo logo; precisava urgentemente caçar.


 


            - Sim.


 


            - Tinha me esquecido de como você é cheia de vida.


 


            Não queria ser grosseira com ela, estava muito aliviada por encontrá-la viva, mesmo que nada fizesse nenhum sentindo em minha cabeça. Pelo menos essa seria uma boa notícia para o Edward. Droga, Edward iria me matar quando soubesse o que aconteceu.


 


            Bella olhou para o meu rosto e percebeu que eu estava travando o meu maxilar na tentativa de não atacá-la.


 


            - Ah! Desculpe – ela corou. Isso não estava ajudando.


 


            - A culpa é minha. Faz muito tempo que eu não caço. Eu não deveria ficar com tanta sede, mas hoje estava com pressa. Por falar nisso, poderia me explicar como você está viva?


 


            Bella parou de chorar na hora que eu falei isso, parecia extremamente constrangida.


 


            - Você me viu cair.


 


            Tive vontade de socá-la; eu a vi claramente se jogar do precipício.


 


            - Não! Vi você pular. - Não conseguia ainda acreditar que ela havia sobrevivido àquela queda. - Eu disse a ele que isso ia acontecer, mas ele não acreditou em mim. “A Bella prometeu.” “Não fique olhando o futuro dela também.” “Já causamos muitos danos.” Mas não estar olhando não quer dizer que eu não veja. Eu não estava vigiando, eu juro, Bella. - E realmente era verdade; no começo eu até que a vigiava bastante, mas depois da minha última briga com Edward eu parei com isso. - Mas já estou sintonizada em você... Quando a vi pular, nem pensei, só peguei um avião. Sabia que chegaria tarde demais, mas não podia não fazer nada. Então cheguei aqui pensando que talvez pudesse ajudar Charlie de alguma maneira, e você apareceu de carro. - Balançava a cabeça, não havia a menor possibilidade de eu ter imaginado que ela não tivesse morrido. - Eu a vi entrar na água e esperei que saísse, mas isso não aconteceu. O que houve? E como você pode fazer isso com Charlie? Não pára para pensar no que causaria a ele? E a meu irmão? Você tem alguma idéia do que Edward...


 


            Assim que toquei no nome do Edward, Bella ficou mais pálida e logo me interrompeu:


 


            - Alice, eu não estava tentando me suicidar.


 


            Tive vontade de dar uma gargalhada sarcástica, mas achei melhor deixar que ela me contasse o que havia acontecido.


 


            - Está dizendo que não pulou de um penhasco?


 


            - Não, mas... era só para me divertir. Vi alguns amigos do Jacob pulando do penhasco. Pareceu... divertido e eu estava entediada. Não pensei que a tempestade fosse afetar a correnteza. Na verdade, nem pensei muito na água.


 


            Para mim, era óbvio que ela estava me escondendo alguma coisa. Bella estava muito reticente e escolhia as palavras que estava dizendo com muito cuidado, sem mencionar os seus batimentos cardíacos, que estavam muito acelerados; fiquei em silêncio, esperando pelo que ela iria me dizer.


 


            - Então, se me viu mergulhando, por que não viu Jacob? – Olhei para ela, sem entender o que ela estava dizendo. - É verdade que eu provavelmente teria me afogado se Jacob não tivesse pulado atrás de mim. Bom, tudo bem, não há duvidas disso. Mas ele pulou e me tirou de lá, e acho que me levou de volta à praia, mas a essa altura eu estava meio desligada. Não devo ter ficado mais de um minuto debaixo da água até ele me pegar. Como você não viu isso?


 


            Eu vi Bella pulando, não tinha ninguém com ela lá, eu tinha absoluta certeza disso.


 


            - Alguém tirou você de lá?


 


            - Sim. Jacob me salvou.


 


            O tal garoto quileute! Edward iria morrer de ciúmes se imaginasse isso. De repente, comecei a me lembrar das histórias que Carlisle me contara havia algum tempo. Cheguei próxima a Bella, cheirando as suas roupas e os seus cabelos; tinha um cheiro horroroso, de algum animal morto e molhado, que me daria ânsia, se eu pudesse sentir isso. Bella ficou tensa.


 


            - Não seja ridícula – será que ela pensou que eu iria atacá-la?


 


            - O que está fazendo? – Bella perguntou.


 


            - Quem estava com você lá fora agora mesmo? – ignorei as perguntas dela, estava pensando nas histórias de Carlisle.


 


            - Jacob Black. Ele é... meu melhor amigo, eu acho. Pelo menos era... O que foi?


 


            - Não sei. Não tenho certeza do que significa.


 


            Não podia ser isso; moramos em Forks por dois anos e nunca encontramos com nenhum lobisomem... Não, isso não era possível.


 


            - Bom, pelo menos não estou morta – Bella me tirou dos meus pensamentos.


 


            - Ele foi um tolo por pensar que você podia sobreviver sozinha. Nunca vi ninguém com tamanha tendência à idiotice letal.


 


            - Eu sobrevivi.


 


            Sentia que Bella estava deliberadamente escondendo alguma coisa muito importante de mim. Resolvi pressioná-la:


 


            - Então, se a correnteza era muito forte para você, como esse Jacob conseguiu?


 


            - Jacob é... forte. – Olhei fixamente nos olhos dela. - Olhe, bom, ele é... algo como um lobisomem. Os quileutes se transformam em lobos quando há vampiros por perto. Eles conheceram Carlisle de muito tempo atrás. Você estava com Carlisle na época?


 


            - Bom, acho que isso explica o cheiro. Mas explicaria o que eu não vi? – Era isso que ela estava escondendo de mim.


 


            - O cheiro?


 


            - Você está com um cheiro horrível. Um lobisomem? Tem certeza?


 


            - Muita. Acho que você não estava com Carlisle na última vez que houve lobisomem aqui em Forks, não é?


 


            Enquanto Bella falava, comecei a imaginá-la perto daqueles monstros.


 


            - Não, ainda não tinha encontrado. Seu melhor amigo é um lobisomem? – que droga, isso não ia dar certo. Onde a Bella estava com a cabeça? - Há quanto tempo?


 


            - Não muito. Ele só virou lobisomem há algumas semanas.


 


            - Um lobisomem jovem? Pior ainda! Edward tinha razão... Você é um ímã para o perigo. Não deveria ficar longe de problemas?


 


            Agora não teria jeito, eu ia ter de contar tudo para ele, não podíamos deixá-la desprotegida.


 


            - Não há nada de errado com os lobisomens – Bella parecia estranhamente ofendida.


 


            - Até que eles se zanguem. Faça como bem entender, Bella. Qualquer outro seria melhor depois que os vampiros saíram da cidade. Mas você tem que começar a sair com os primeiros monstros que encontra.


 


            - Não, Alice, os vampiros não foram embora... Quer dizer, não todos. É esse o problema. Se não fosse pelos lobisomens, Victoria já teria me pegado. Bom, se não Fosse por Jacob e os amigos dele, acho que Laurent teria me pegado antes dela, então...


 


            - Victoria? Laurent? – Fiquei chocada. O mais eu havia perdido?


 


            - Ímã para o perigo, lembra? – Bella disse enquanto apontava para o próprio peito.


 


            - Conte tudo... desde o começo.


 


            - Bom, quando vocês partiram... – Bella suspirou profundamente -, eu fiquei algum tempo ser sair muito de casa. Depois, passei muito tempo com os meus amigos quileutes, isso me ajudou um pouco; mas aí Jacob acabou se transformando em um lobisomem e não podia me contar, então ele se distanciou de mim. Voltei a ficar muito sozinha. Resolvi fazer trilha sozinha, estava cansada de ficar em casa; acabei encontrando com o Laurent. No começo, eu até fiquei contente em vê-lo, me fez lembrar mais de vocês - Balancei a cabeça. - Mas depois, quando começamos a conversar e ele falou que estava procurando por mim, estava aqui atendendo a um pedido da Victoria, eu comecei a ficar tensa... Ao que parece, Victoria resolveu que me quer morta, ela acha que isso poderia igualar as coisas, já que... Edward matou o seu parceiro... ela imagina que se me matar pode atingi-lo de alguma forma.


 


            Os olhos da Bella se encheram de lágrimas; ela balançou a cabeça e continuou:


 


            - Enfim, Laurent me atacou e, de repente, quando percebi, estava cercada por cinco lobisomens! Na hora, eu achei que eram só alguns lobos muito grandes, então eles correram atrás do Laurent. Fiquei pasma quando ele fugiu, mas aproveitei a distração de todos e corri. Quando finalmente cheguei em casa, estava em pânico. Aí, algum tempo depois, Jacob me fez lembrar das lendas quileutes que ele já havia me contando e descobri que ele e seus amigos eram lobisomens. Ele me falou que andavam tentando caçar Victoria, mas não faziam idéia de que estavam na verdade me protegendo – fiquei tensa; Bella estava muito perto de ser morta. - Contei para ele tudo o que aconteceu desde o dia do jogo na clareira. Eles vêm me protegendo desde então. Tenho passado praticamente todos os meus dias de férias na reserva e durante a noite eles correm por aqui. Mas hoje ela quase conseguiu, Alice; sei que fui imprudente, me perdoe. Eu estava cansada de passar o tempo todo sozinha e Jacob tinha dito que iríamos pular hoje do penhasco. Só que os outros sentiram um rastro fresco dela esta manhã e decidiram caçá-lá. Eu resolvi me divertir, pulando do penhasco. Quando Jake me pegou, eu vi algo no mar, que na hora não fez muito sentido, mas agora eu tenho certeza: era ela. Eu vi algo vermelho, tenho certeza de que era o cabelo da Victoria, Alice. Se o San não estivesse conosco na praia, ela teria atacado. Depois, veio a notícia do Harry e me senti extremamente culpada por fazer com que todos tivessem que se preocupar comigo...


 


            Meu coração estava partido. Vendo Bella contar todas aquelas coisas, reparei nela de verdade. Ela estava mais magra, com olheiras, e seus olhos, quando tentava falar o nome do meu irmão, transbordavam a dor que ela tentava sem sucesso esconder.


 


            - Nossa partida não lhe fez nenhum bem, não foi? – Bella deu um risada histérica.


 


            - Mas isso nunca teve importância, não é? Até parece que vocês partiram para o meu bem.


 


            Não pude olhar para ela. Queria contar para Bella tudo o que havíamos passado desde que Edward resolveu deixá-la, mas não podia fazer isso.


 


            -  Bem... Acho que hoje agi por impulso. Não deveria ter me intrometido.


 


            - Não vá, Alice. Por favor, não me deixe. – Era obvio que eu não podia deixá-la sozinha, ainda mais agora que eu sabia de tudo. Mas precisava pelo menos falar com Carlisle.


 


            - Tudo bem. Não vou a lugar nenhum esta noite. Respire fundo. – Ela parecia à beira de se descontrolar novamente. - Você está horrível, Bella.


 


            - Eu me afoguei hoje.


 


            - É mais do que isso. Você está péssima.


 


            - Olhe, estou fazendo o melhor que posso.


 


            - O que quer dizer?


 


            Olhar para ela me deixava em dúvida se eu não deveria levá-la até Edward.


 


            - Não tem sido fácil. Estou me esforçando.


 


            - Eu disse a ele.


 


            - Alice, o que você achava que ia encontrar? Quer dizer, fora a minha morte? Esperava me ver saltitando por aí assoviando musiquinhas animadas? Você me conhece bem.


 


            - Conheço. Mas eu tinha esperança.


 


            Das últimas vezes que eu havia visto Bella com Jacob, parecia que ela estava um pouco melhor.


 


            - Então acho que a idiotice não é exclusividade minha.


 


            O telefone estava tocando, eu não conseguia ver quem era. Bella segurou a minha mão e me levou com ela, parecia que ela estava imaginando que eu poderia sumir se ela não estivesse me vendo.


 


            - Deve ser Charlie.


 


            - Charlie? Jake! – Fiquei tensa, mesmo sabendo que eles a salvaram eu não estava feliz com essa proximidade, mas não tinha o direito de reclamar. - Eu estou bem. Eu lhe disse que não era... – Bella me olhava dividida. - Isso vai ser um problema.


 


            - Eles não estão animados com a minha presença aqui.


 


            - Não especialmente. Mas não é da conta deles.


 


            Fiquei contente que ela pensasse assim. Abracei-a. Sentia uma falta enorme da minha amiga.


 


            - Então, o que vamos fazer agora? Providências a tomar. Pontas soltas a amarrar.


 


            Com toda certeza ela não podia mais ficar sozinha; lobisomens eram extremamente perigosos e ainda tinha a Victoria. Edward ia ficar uma fera quando soubesse disso.


 


            - Que providências?


 


            - Não sei bem... Preciso ver Carlisle. – Era melhor Carlisle procurar pelo Edward.


 


            - Não pode ficar? Por favor. Só um pouquinho. Senti tanto a sua falta. – Bella apertava a minha cintura.


 


            - Se acha uma boa idéia – tinha medo do que Edward acharia.


 


            - Acho. Você pode ficar aqui... Charlie ia adorar.


 


            - Eu tenho casa, Bella.


 


            Pensando bem, era melhor eu ficar de olho nela. Caso alguma coisa acontecesse a ela, agora que eu sabia de tudo, nunca me perdoaria.


 


            - Bem, preciso pelo menos pegar uma mala de roupa.


 


            - Alice, você é o máximo.


 


            Ela me abraçou, o cheiro do seu sangue me atingiu com força, minha garganta queimou.


 


            - E acho que vou precisar caçar. Imediatamente.


 


            - Epa – Bella corou.


 


            - Pode ficar longe de problemas por uma hora? – Busquei em seu futuro, Victoria estava em Seattle. – Sim, você ficará bem. Pelo menos esta noite.


 


            - Vai voltar?


 


            Ela parecia prestes a desmoronar, então olhei profundamente em seus olhos antes de prometer:


 


            - Prometo... Daqui a uma hora.


 


            Assim que saí da casa dela, pensei em tudo o que havia me relatado. Entretanto, sabia que ela havia escondido muita coisa de mim. Achei melhor nem ligar para o Jasper, ele estava furioso comigo e eu não gostava de brigar com ele. Cacei enquanto planejava os meus próximos passos. Definitivamente, Bella não podia ficar sozinha e eu não sairia do lado dela enquanto Edward não aparecesse por ali. Estava fazendo aquilo para protegê-la, não era para pressionar Edward.


 


            Resolvi buscar por apoio. Liguei para o celular do Carlisle e deixei outra mensagem:


 


            - Carlisle, Bella está viva, mas em sérios problemas. Assim que receber esta mensagem, me ligue, estarei em Forks.


 


             Corri até minha casa e peguei algumas roupas. Entrei pela janela dela e me sentei no sofá, esperando até que ela acabasse de se alimentar.


 


            - Você chegou cedo - Bella correu e se sentou ao meu lado; eu a abracei.


 


            - Bella. O que vamos fazer com você?


 


            - Não sei. Eu tenho mesmo tentado ao máximo.


 


            - Acredito.


 


            - Ele... ele... Edward sabe que está aqui?


 


            Ela falava o nome dele com tanta dor que eu queria poder dizer a Bella o quanto o meu irmão também estava sofrendo, mas essa era uma conversa que os dois precisavam ter sozinhos.


 


            - Não.


 


            - Ele não está com Esme e Carlisle?


 


            - Ele os visita de meses em meses – queria poder acrescentar mais informações, contudo não podia.


 


            - Ah! – Ela suspirou. - Você disse que veio de avião... de onde veio?


 


            Achei bom ela mudar de assunto, não era boa em refrear as minhas vontades e eu estava morta de vontade de revelar tudo a ela.


 


            - Eu estava em Denali. Visitando a família de Tanya.


 


            - Jasper está aqui? Ele veio com você?


 


            Jasper estava muito bravo comigo e quando soubesse que a Bella estava viva isso iria piorar. Precisava primeiro falar com Carlisle e convencê-lo a trazer Edward aqui, o que não seria difícil; quando Edward soubesse dos riscos que a Bella vinha correndo, estaria aqui no dia seguinte. Assim que eles se vissem, iriam fazer as pazes e todos ficariam felizes e ninguém mais iria brigar comigo.


 


            - Ele não aprova que eu interfira. Nós prometemos... – podia ver que Charlie estava chegando. - E você acha que Charlie vai se importar por eu estar aqui?


 


            - Charlie acha você maravilhosa, Alice – isso era antes do meu irmão quebrar o coração da filha dele.


 


            - Bom, isso nós estamos para descobrir.


 


            Bella levantou e foi para fora receber o pai. Pobre Charlie. Ele estava arrasado pela perda do amigo, não era uma boa hora para receber visitas.


 


            - Lamento muito por Harry, pai.


 


            Ouvi a Bella consolando o pai. Eles conversavam; decidi dar privacidade a eles. Assim que Bella deu a deixa, apareci na porta.


 


            - Hmmm, pai? Não vai adivinhar quem está aqui.


 


            - Oi, Charlie. Desculpe ter vindo em má hora.


 


            Ele me olhava perdido; piscou, parecia que estava vendo um fantasma.


 


            - Alice Cullen? Alice, é você?


 


            - Sou eu. Estava por perto.


 


            - Carlisle está...?


 


            Assim que ele começou a perguntar pela minha família, abraçou Bella de forma protetora. Queria poder conversar com Charlie sozinha.


 


            - Não, estou sozinha.


 


            Sabia que na verdade ele estava com medo do meu irmão aparecer por ali e magoar ainda mais a sua filha; não podia culpá-lo por isso, ele não fazia idéia de como Edward estava.


 


            - Ela pode ficar aqui não pode? Já convidei.


 


            - Claro que sim. Adoraríamos se ficasse, Alice.


 


            - Obrigada, Charlie. Sei que é um momento terrível.


 


            - Não, está tudo bem. Vou ficar muito tempo ocupado fazendo o que puder pela família de Harry; será ótimo para Bella ter alguma companhia.


 


            - Tem jantar para você na mesa, pai.


 


            Bella disse enquanto arrastava Charlie para a mesa; eu voltei para a sala. Charlie parecia estar muito triste, eles precisavam de privacidade.


 


            Assim que a Bella apareceu na sala, eu a puxei para perto de mim. Agora que eu havia caçado, o seu cheiro não incomodava tanto. E eu estava com uma saudade enorme da minha amiga.


 


            - Você parece cansada – disse.


 


            - É. É isso que as experiências de quase-morte fazem comigo... E, então o que Carlisle pensa de você estar aqui?


 


            - Ele não sabe. Ele e Esme estão em uma viagem de caça. Vou saber dele daqui a alguns dias, quando ele voltar.


 


            - Mas você vai contar a ele... Quando ele aparecer de novo?


 


            Pela maneira doida em que a Bella disse “ele”, sabia que estava falando do Edward. Não podia dar falsas esperanças à minha amiga.


 


            - Não. Ele arrancaria a minha cabeça.


 


            Bella fingiu achar graça, relaxou e dormiu. Charlie terminou o seu jantar e veio até a sala; eu fingia estar dormindo também, então ele subiu. Passei a noite pensando em tudo o que eu podia fazer para que os dois se entendessem novamente. A única coisa que precisava fazer era trazer o teimoso do meu irmão até Forks; quando ele colocasse os olhos em Bella, não teria mais forças para partir. Acreditava que não seria tão difícil, afinal ela estava prestes a se tornar vítima da Victoria, e Edward, dramático como era, iria achar que tudo era culpa dele e voltaria correndo para protegê-la. Entretanto, ainda existia a possibilidade de Edward achar que Jacob estava fazendo um bom trabalho e deixar que a Bella ficasse com o lobisomem... Isso seria uma burrice sem tamanho.


 


            Enquanto pensava em minhas opções, ouvia Bella chamando pelo meu irmão. Ela chorava enquanto sonhava; passava a mão em seus cabelos, na tentativa de consolá-la; ela segurou a minha mão e sorriu.


 


            Assim que o dia clareou, Charlie desceu. Eu me levantei; precisava conversar com ele, aproveitando que Bella dormia profundamente.


 


            - Bom dia, Charlie.


 


            - Oi, Alice, bom dia. Sente-se, vou preparar o nosso café da manhã.


 


            Eca! O cheiro era repugnante. Mas precisava fingir e, principalmente, queria saber como Bella tinha reagindo à nossa partida; ela nunca me contaria isso, pois gostava de se fazer de forte.


 


            - Desculpe aparecer, mas estava com saudade da Bella.


 


            - Não precisa se desculpar, Alice, você sempre será bem vinda em nossa casa – sorri para ele.


 


            - Foi tão ruim, Charlie? – olhei para ela, sugestivamente.


 


            - Muito ruim.


 


            - Conte-me tudo. Quero saber exatamente o que aconteceu quando partimos.


 


            Charlie estava com lágrimas nos olhos; ele se virou, fingindo cozinhar. Esperei pacientemente até que ele tivesse condição de continuar.


 


            - Nunca me senti tão impotente. Não sabia o que fazer aquela primeira semana... Pensei que ia ter que hospitalizá-la. Ela não comia nem bebia nada, não queria se mexer. O Dr. Gerandy despejava palavras como “catatônica”, mas eu não o deixei subir para vê-la. Tive medo de que isso a assustasse.


 


            Eu acompanhei só um pouco desta fase da Bella, estava muito preocupada com o Edward; ele também não reagiu muito bem ao término do namoro.


 


            - Ela superou?


 


            - Pedi para Renée vir e levá-la para a Flórida. Eu simplesmente não queria ser o responsável... Se ela tivesse que ir para um hospital ou coisa assim. Pensei que ficar com a mãe ajudaria. Mas quando começamos a guardar as roupas dela, ela despertou, agitadíssima. Nunca tinha visto a Bella ter um ataque daquele. Ela nunca foi de ter acessos de raiva, mas, meu Deus, ficou furiosa. Atirava as roupas por toda parte e gritava que não podíamos obrigá-la a ir embora... E depois, enfim, começou a chorar. Pensei que aquele seria o momento da virada. Não discuti quando ela insistiu em ficar aqui... e ela parecia ter melhorado no começo...


 


            - Mas?


 


            - Ela voltou à escola e ao trabalho, comia, dormia e fazia o dever de casa. Respondia quando alguém lhe fazia uma pergunta direta. Mas estava... vazia. Seus olhos eram inexpressivos. Havia um monte de pequenos detalhes... Ela não ouvia música; encontrei um monte de CDs quebrados no lixo. Ela não lia; não ficava na sala quando a tevê estava ligada, não que antes ela visse muita tevê. Finalmente eu entendi... Ela estava evitando tudo o que podia lembrá-la... dele – Charlie suspirou. – Mal conversávamos; estava tão preocupado em falar algo que a aborrecesse... coisas mínimas a faziam se retrair... E ela nunca dizia nada espontaneamente. Só respondia se eu lhe fizesse alguma pergunta. Ficava sozinha o tempo todo. Não retornava os telefonemas dos amigos e depois de um tempo eles pararam de ligar. Parecia a noite dos mortos-vivos aqui em casa. Eu ainda a ouço gritando enquanto dorme...


 


            - Sinto muito, Charlie.


 


            Eu devia tê-la vigiado mais.


 


            - A culpa não é sua. Você sempre foi uma boa amiga para ela.


 


            -No entanto, agora ela parece melhor.


 


            - É. Desde que começou a passar o tempo com Jacob Black, percebi uma grande melhora. Ela tem alguma cor no rosto quando chega em casa, e um pouco de luz nos olhos. Está mais feliz – de repente Charlie ficou com um olhar duro. - Ele é mais ou menos um ano mais novo que ela, sei que ela o considera um amigo, mas acho que talvez haja algo mais, ou, de qualquer modo, que esteja indo nesta direção.


 


            Charlie estava confirmando as minhas suspeitas: Bella estava começando a se interessar pelo cachorro.


 


            - Jake é maduro para a idade dele. Ele cuida da saúde do pai como Bella cuida da mãe emocionalmente. Isso o fez amadurecer. É também um garoto bonito... Herdou da mãe. Ele é bom para Bella, sabe.


 


            - Então é bom que ela o tenha – fingi concordar.


 


            Jacob podia ser tudo isso antes de virar um lobisomem, agora ele era um perigo para Bella. Ela já havia acordado; não queria que a Bella ouvisse a nossa conversa, mas também não podia cortar Charlie agora. Ele suspirou uma quantidade de ar, mudando rápido demais a sua opinião sobre o assunto.


 


            - Tudo bem, então talvez eu esteja exagerando. Eu não sei... Mesmo com Jacob, de vez em quando, eu vejo alguma coisa nos olhos dela, e eu me pergunto se cheguei a entender a dor que ela realmente sente. Não é normal, Alice, e isso... isso me assusta. Não é nada normal. Não é como se alguém a tivesse... deixado, mas como se tivesse morrido.


 


            Olhei constrangida para Charlie. O que eu podia falar? Que meu irmão na verdade só tentava proteger a sua filha da família de dele? Isso não, eu não podia falar. Queria poder defender o meu irmão, tudo o que Edward fez era por amor a Bella.


 


            - Não sei se ela vai superar... Não tenho certeza se é da natureza dela se curar de uma situação dessas. Ela sempre foi uma criaturinha decidida. Não deixa nada de lado, não muda de idéia.


 


            Ouvia Charlie falar e comparava o sofrimento da Bella com o do Edward; ambos não conseguiam existir sem o outro. Precisava mesmo fazer alguma coisa.


 


            - Ela é uma figura – respondi para o Charlie, enquanto pensava nos dois.


 


            - E, Alice... Agora, você sabe como eu gosto de você, e eu sei que ela está feliz por vê-la, mas... fico meio preocupado com o que a sua visita pode provocar nela.


 


            - Eu também, Charlie, eu também. Não teria vindo se soubesse disso. Desculpe.


 


            Menti para ele; eu teria vindo antes se imaginasse tudo o que estava acontecendo, mas Bella estava ouvindo e eu não podia dar falsas esperanças a ela.


 


            - Não se desculpe, querida. Quem sabe? Talvez seja bom pra ela.


 


            - Espero que tenha razão.


 


            Se conseguisse trazer Edward aqui, metade dos problemas estaria resolvida. Fiquei em silêncio, pensado em tudo que Charlie havia me contado. Estava muito preocupada, Bella tinha se envolvido demais com os lobisomens e isso podia se tornar um enorme problema quando Edward voltasse. E se os dois se metessem em uma briga? Não queria nem pensar nisso. Charlie interrompeu o meu tagarelar mental.


 


            - Alice, tenho que lhe fazer uma pergunta.


 


            - Pode perguntar.


 


            - Ele não virá visita-lá também, não é?


 


            - Ele nem sabe que eu estou aqui. Da última vez que eu falei com ele, ele estava na América do Sul – pude ouvir Bella se mexendo no sofá.


 


            - Já é alguma coisa - Charlie bufou. - Bom, espero que ele esteja se divertindo.


 


            Olhei para Charlie como uma vampira, fiquei irada; sabia que ele estava só tentando defender a filha, mas Edward estava sofrendo tanto ou mais do que a Bella. Ela pelo menos encontrava consolo no cachorro; Edward não, ele estava se isolando do mundo.


 


            - Eu não faria suposições, Charlie.


 


            Charlie se encolheu; automaticamente me arrependi de olhar para ele daquela forma. Levantou-se e foi para a pia lavar a louça; Bella fingia despertar.


 


            - Alice?


 


            - Estou na cozinha, Bella.


 


            Bella veio até a cozinha e começou a preparar o seu café da manhã; eu fiquei sentada à mesa, pensando em como aquele sofrimento estava alterando a vida de todos, não só a dos dois.


 


            Charlie saiu para o velório do amigo. Bella e eu ficamos sozinhas. Começamos a conversar sobre a minha família. Contei para ela coisas sem muita importância. Achei melhor não colocá-la por dentro de tudo e não contei todos os detalhes da minha sobrinha e das minhas descobertas. Não sabia qual seria a decisão do Edward sobre ela, então decidi que, quanto menos ela soubesse, melhor seria para ela. Bem que eu tive vontade de poder contar para minha amiga sobre tudo que havíamos passado, mas Edward poderia ficar chateado; ele sempre escondia coisas dela. “Não precisa contar tudo a ela, já é muito difícil ter de namorar um vampiro, vamos poupá-la dos detalhes.” Era até bonito a maneira com que meu irmão a protegia, mesmo que ele exagerasse muito nisso. Ele a amava demais.


 


            - Meu nome era Mary Alice Brandon. Eu tinha uma irmã mais nova chamada Cynthia. A filha dela... minha sobrinha... ainda está viva em Biloxi.


 


            -Você descobriu porque te colocaram... naquele lugar?


 


            Balancei a cabeça, mentindo. Depois que Edward voltasse, contaria toda a verdade para ela.


 


            - Não descobri muito sobre eles. Vi todos os jornais antigos em microfilmes. Minha família não era mencionada com frequência; eles não faziam parte do círculo social. O noivado dos meus pais estava lá, e o de Cynthia. Meu nascimento foi anunciado... e a minha morte. Encontrei meu túmulo. Também roubei minha ficha de admissão dos arquivos do antigo sanatório. A data de admissão e a data em minha lápide são as mesmas.


 


            Depois disso contei a ela que estávamos em Denali, aproveitando as férias com Tanya e a sua família.


 


            Passamos o dia conversando, não falei do Edward e Bella também não perguntou, embora soubesse que ambas estávamos com vontade de falar nele, eu com vontade de contar à minha amiga o quanto meu irmão a amava e ela louca de curiosidade em saber as coisas que ele estava fazendo.


 


            Fingi dormir novamente quando Charlie chegou, Bella já estava dormindo no sofá. Assim que ela relaxou, começou novamente a chamar pelo Edward. Peguei o meu celular, pensando em ligar para ele e fazer com que ouvisse Bella chamando por ele, mas desisti; tudo o que eu havia tentado dava errado mesmo...


 


            Assim que o sol nasceu, Charlie desceu as escadas vestindo o pior terno que eu já havia visto na vida; ele precisava urgentemente de ajuda com isso. Mas Charlie estava tão triste que logo eu esqueci do terno. Depois de sua saída, questionei Bella:


           


            - E, então, o que vamos fazer hoje?


 


            - Não sei... vê alguma coisa interessante acontecendo?


           


            Eu sorri para ela, balançando a cabeça.


 


            - Mas ainda é cedo.


 


            Enquanto Bella andava pela casa, tentando colocar ordem na bagunça, eu ia atrás dela conversado sobre as coisas que aconteceram enquanto estava fora. Na verdade, estava ansiosa para que Carlisle ligasse rápido. Fui dar uma olhada no futuro do Edward, o que me deixou muito esperançosa: ele finalmente se via voltando para Forks! Não contei nada para a Bella, pois Edward já havia decidido isso em outras ocasiões. Quando chegou ao aeroporto, contudo, mudou de idéia, então fiquei quieta.


 


            Enquanto conversava com a Bella, relaxei e deixei de vigiar o futuro de Edward. A campainha tocou. Fiquei tensa; já havia percebido que não podia ver nada a respeito dos lobisomens e que era por isso que Bella sumia às vezes: todas as vezes que ela estava próxima a algum lobo, deixava de existir para mim.


 


            - Já vai!


 


            Bella gritou e olhou para mim, na esperança de que eu soubesse quem estava na porta.


 


            - Bella, tenho um bom palpite de quem seja e acho melhor eu ir embora.


           


            - Palpite? – Bella me olhava confusa.


 


            - Se esta é uma repetição de meu lapso extraordinário de previsão de ontem, então é mais provável que seja Jacob Black ou um dos... amigos dele.


 


            - Você não consegue ver os lobisomens?


 


            Fiz uma careta para ela, isso me irritava bastante.


 


            - É o que parece.


 


            Eu estava extremamente irritada com isso, principalmente porque não poderia ver o que estava acontecendo com a Bella e porque ela parecia não entender o quanto era perigoso andar na companhia daqueles monstros.


 


            A campainha não parava de tocar; ela me olhou decidida:


           


            - Não tem que ir a lugar nenhum, Alice. Você chegou aqui primeiro.


 


            Eu sorri pare ela; Bella não sabia o quanto nossas espécies se odiavam.


 


            - Confie em mim... Não seria uma boa idéia ter Jacob Black e eu no mesmo ambiente.


 


            Dei um beijo em minha amiga e pulei pela janela do quarto do Charlie, não queria ter de cruzar com aquelas criaturas.


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