Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 15
Capítulo 15 Limite


Notas iniciais do capítulo

Estou me esforçando para acabar com a minha fic antes da estreia do filme. Por isso, vou tentar postar mais rápido. Não posso prometer que acabe até lá, só posso me esforçar muito para isso.
bjos.



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Duzentos e dois dias sem Bella.


 


            Estava cansado de ficar me escondendo naquele quarto. Esme, Emmett e até Rosalie já haviam insistido comigo que já passava da hora de pelo menos sair para caçar. Na realidade, tinha medo; se saísse dali, corria um grande risco de voltar para Forks. E eu queria isso com uma intensidade tão violenta que estava difícil resistir mais; era muito provável que meus pés me levassem para lá sem que eu conscientemente os permitisse fazer isso. Não tinha saída; pensava seriamente em voltar a rastrear Victoria, mas só imaginar falar isso a Esme me desmotivava, ela faria um drama. No entanto, ficar onde estava definitivamente não andava me ajudando em nada.


 


            Resolvi descer e enfrentar todos de uma vez. Eu estava decidido a matar Victoria. Ela poderia resolver ir até Bella; embora, na verdade, não acreditasse realmente nesta possibilidade, precisava urgentemente arrumar alguma coisa para me distrair. E agora que Alice não estava mais vigiando os seus passos, este era um risco que eu não queria correr; se qualquer coisa acontecesse a ela por minha culpa, jamais conseguiria me perdoar e provavelmente a dor que eu estava sentindo com a distância não seria nada em comparação à dor de perdê-la para sempre. Bella tinha que viver; esta era a única coisa que conseguia me manter afastado dela.


 


            - Ora, que bom que finalmente resolveu sair do quarto, Edward. Acho que está na hora de caçarmos.


 


            Esme estava preocupada, pois eu não caçava havia muito tempo; estava mesmo me sentindo meio fraco, mas nada disso realmente importava.


 


            - Olá, mãe, desculpe. Tenho estado sem muita vontade de fazer qualquer coisa. – Esme veio me abraçar, enquanto Alice entrava pela sala.


 


            Edward, não me interessam as suas burradas; mas se você se aproximar de Dallas ou do México, eu realmente vou ficar muito brava com você.


 


            Balancei minha cabeça, enquanto encarava Alice. Não queria que ela falasse para ninguém o que eu pretendia fazer; eu precisava me preparar antes de enfrentar as possíveis fortes reações sobre minha intenção de voltar a rastrear Victoria; e, principalmente, precisava sair um pouco, tentar encontrar alguma distração. Não que isso fosse de alguma maneira aliviar o meu sofrimento, mas pelo menos eu com certeza passaria mais alguns dias longe dela. Eu já sabia que em algum momento teria de voltar; não aguentaria mais por muito tempo aquela dor alucinada, que a cada dia aumentava em meu peito, e o meu desespero de olhar para ela, ver se ela estava bem e segura, já que agora Alice não me mostrava mais nada.


 


            - Esme, acho que você tem razão: preciso caçar.


 


            - Edward – Alice chamou minha atenção -, estou pensando em ir até Biloxe dar uma olhada em minha sobrinha, sei que ela não vai viver por muito tempo e gostaria muito que você a conhecesse.


 


            - Não sei, Alice... Quem sabe outro dia?


 


            - Edward, ela pode não estar viva quando você resolver ir e eu realmente ficaria muito feliz se você pudesse fazer isso por mim. Também quero que você dê uma olhada na mente dela; às vezes acho que ela me esconde alguma coisa. No caminho poderíamos parar para caçar.


 


            - Tudo bem, Alice – concordei de má vontade, só para não magoar minha irmã -, mas não vou ficar por lá muito tempo.


 


            - Certo, obrigada, Edward, sei que isso é difícil para você. Eu estou pronta, Jasper vai com a gente. E você, Esme, quer ir também?


 


            - Desta vez não, preciso fazer algumas melhorias aqui em casa. Carlisle e eu pretendemos caçar durante o final de semana. Mas quem sabe Rose e Emmett não vão?


 


             - Pelo que vejo, eles vão preferir ficar com você. Edward, vamos partir à noite, depois que Carlisle voltar. Sei que você precisa conversar com todos, mas vou logo te avisando: eu não concordo.


 


            Olhei irritado para Alice; por que ela não conseguia guardas estas coisas só para ela?


 


            - O que você quer falar conosco, Edward?


 


            - À noite falo com todos, Esme, agora me deixe arrumar as minhas coisas.


 


            Deixei Alice e Esme na sala e subi para separar as coisas de que iria precisar. Isso eu resolvi rapidamente. Então, esperei até que Carlisle voltasse para descer e conversar com a minha família. Ele demorou a chegar; Jasper voltou com ele. Ao que parece, Jasper estava fazendo um curso noturno de filosofia na universidade em que Carlisle estava lecionando. Fiquei surpreso com a notícia; era estranho perceber que todos seguiam com a sua vida normalmente, enquanto eu não encontrava graça em nada.


 


            Desci e encontrei todos na sala; pedi para que me acompanhassem até a mesa da sala de jantar. Sabia que seria uma reunião pesada e realmente não queria ter de perder a minha curta paciência. Todos sabiam que, quando o assunto era mais delicado, sempre nos dirigíamos para a mesa; sentados a uma certa distância um dos outros, tendíamos a respeitar mais as opiniões.


 


            Assim que nos sentamos, concentrei-me na mente de todos; eles estavam apreensivos com o que eu iria querer deles. Carlisle tinha a falsa esperança de que eu iria anunciar a minha volta para Forks; bem que eu queria poder fazer isso.


 


            - Bom, como todos já sabem, acabei me metendo em uma enorme encrenca no México e agradeço muito terem ido me salvar. Mas, definitivamente, não posso parar de caçar Victoria, então resolvi que, depois de conhecer a sua sobrinha, Alice, vou voltar a rastreá-la.


 


            Todos explodiram me xingando, Esme implorando, Emmett estava animado em me acompanhar, Jasper e Alice preocupados com os vampiros no sul, Rose xingando Emmett - ela se preocupava muito com ele -, só Carlisle permanecia em silêncio. Então, decidi ignorar o falatório de todos e me concentrar em que meu pai estava pensando. Assim que Carlisle tomou ciência de que eu o encarava, começou a pensar para mim:


 


            Não acho que seja prudente você começar com isso novamente. Fique conosco e espere; vou dar um jeito de largar o hospital e as aulas e vou com você.


 


            - Não acho justo que você tenha de abrir mão de sua vida para me acompanhar; além do mais, sou adulto e não preciso de supervisão paterna.


 


            Eu sei que você é adulto; não vou como pai, vou como amigo. Você sabe muito bem que anda muito distraído. Mesmo com o seu dom, você realmente não tem se importado muito em se concentrar na mente de ninguém nestes últimos tempos. E eu quero te ajudar, não posso te perder.


 


            - Eu até aceitaria a sua ajuda e companhia, mas não quero ter de esperar; preciso fazer algo para ocupar o meu tempo se não... – Não podia completar a frase na frente de todos, mesmo sabendo que todos sabiam exatamente o que eu queria dizer.


 


            Vai acabar voltando para Forks?


 


            Balancei a cabeça admitindo pela primeira vez como eu realmente estava muito perto disto. Todos pararam de falar e começaram a prestar atenção em minhas respostas.


 


            E isso é realmente um problema?


 


            - Eu já não sei, mas gostaria de tentar um pouco mais.


 


            - Dá para vocês dois conversaram direito? Afinal também fomos chamados aqui e acredito que então você quer que façamos parte da conversa! – Alice ficava irritada quando não conseguia saber de tudo.


 


            - Carlisle quer que eu espere alguns dias para que ele possa ir comigo e eu não estou muito disposto a esperar.


 


            - Eu posso ir com você, Edward. Nós começamos sem ele; quando Carlisle puder, encontra com a gente.


 


            - De maneira nenhuma, Emmett! – disse Rosalie. - Você não é nem um pouco prudente e Edward anda tão irresponsável quanto você. Não confio em vocês juntos rastreando esta fêmea.


 


            Rosalie tinha razão. E eu, na verdade, não queria a presença de ninguém, embora Carlisle eu até conseguisse tolerar; ele sempre me respeitava e de uma certa forma me passava tranquilidade, uma coisa que ultimamente eu não tinha.


 


            - Sou obrigado a concordar com a Rose, Emmett.


 


            - Então o que pretende fazer sozinho? Você não vai, principalmente, se estiver indo de novo em direção ao Texas e ao México – disse Jasper.


 


            - Serei mais cuidadoso desta vez. Lá foi o ultimo lugar onde eu sei que ela esteve, é lógico que eu tenho de começar por lá.


 


            - De maneira nenhuma, filho. Você não vai lá sozinho.


 


            Só de me imaginar lá, Esme começou a chorar. Segurarei sua mão, sabia o pânico que minha mãe sentia só de pensar em perder um filho, dor que Esme conhecia muito bem.


 


            - Então temos um impasse. Edward quer ir, mas definitivamente para lá ele não vai sozinho – disse Carlisle.


           


            Olhei sugestivamente para Alice, ela balançou a cabeça, seria muito mais fácil se ela concordasse em me dar o rastro da Victoria.


 


            - Por favor, Alice, sei que não estou te pedindo nenhum milagre, será muito fácil para você encontrá-la.


 


            - Não vou fazer isso. A última pista que te dei quase te matou, me senti extremamente culpada por isso. Desta vez não vou te ajudar.


 


            Procurei em seus pensamentos por alguma pista ou uma brecha para que pudesse argumentar com ela.


 


            - Não te custa nada fazer isso, Alice. Ande, procure por ela – pediu Rosalie.


 


            - Não! E se por acaso ela estiver no México, tenho certeza de que Edward vai correr atrás dela e não estou a fim de ter de ir salvá-lo novamente. Então, esta é minha última palavra. Não concordo que ele saia por aí atrás desta fêmea. Já que não posso impedir, posso muito bem não ajudar.


 


            - Obrigado, Alice! – exclamei, sarcasticamente.


 


            - Disponha, irmãozinho.


 


            - Sem a ajuda da Alice, as coisas realmente ficam mais difíceis, Edward. Espere por mim, em menos de um mês a faculdade entra em férias, depois eu consigo uma licença no hospital, então vamos juntos.


 


            Eu realmente não tinha este um mês para dar a meu pai, eu mal agüentava esperar mais um dia. Resolvi propor outra coisa:


 


            - Bom, quando Victoria fugiu, ela foi em direção à América o sul. E se eu fosse até a Argentina e começasse a minha busca por lá? Poderia ir por todos os países da America do sul e se não a encontrar, você terá tido tempo para organizar a sua vida aqui e nos encontramos no México, Carlisle.


 


            Todos ficaram em silêncio; ouvia os que eles pensavam, mas não falei nada. Esperei pacientemente pela resposta do meu pai.


 


            - Acho que essa é a melhor solução, já que, pelo que vejo, você realmente não está disposto a me esperar.


 


            - Não, Carlisle! E se ele encontrar com ela? Pelo que sabemos, ela não costuma ficar muito tempo sozinha. Enquanto Edward estiver sozinho pode ser perigoso. – Esme estava em pânico.


 


            - Esme, se eu encontrá-la, você tem minha palavra de que não vou atacá-la sozinho. Entro em contato com vocês. Assim, alguém poderá se encontrar comigo onde quer que eu esteja.


 


            - Isso não me agrada, mas vou aceitar o que você diz, afinal você nunca mentiu para mim antes.


 


            - Não se preocupe, Esme – disse Alice-, eu mesmo vou colocá-lo no avião para ter absoluta certeza de que ele não pretende ir ao México sozinho.


 


            Alice me olhou profundamente antes de pensar:


 


            Sei que aprendi muitas coisas e que estou respeitando o seu tempo, mesmo te achando um teimoso cabeça-dura, mas se você pensar em ir até o México, juro que esqueço tudo isso e volto para Forks. Ah, e também é proibido ir sozinho à Itália, entendido, irmãozinho?


 


            - Eu realmente não pretendo fazer nenhuma destas duas coisas por ora, então não temos de nos preocupar com nada disso, Alice.


 


            - Do que vocês estão falando? – questionou Esme.


 


            - Nada! – dissemos juntos.


 


            - Se isso é tudo, tenho que ir. Preciso voltar para o hospital.


 


            - Isso é tudo – respondi. Carlisle se levantou e me deu um abraço. - Provavelmente não te encontrei tão cedo, Alice me contou que você vai conhecer a sobrinha dela. Fico feliz.


 


            - É, vou até Biloxe. De lá pego um avião para a América do sul. Provavelmente nos encontraremos no México, daqui a um mês.


 


            - Esme, dê para Edward a chave da nossa casa do Brasil e também a chave da lancha, ele pode precisar. E, Alice, consegui uma folga para este final de semana, então me espere em Biloxe, também quero conhecer a sua sobrinha. Agora eu vou, realmente estou atrasado.


 


            - Alice, vamos também. Acho que preciso caçar, então vamos ter de dar uma parada no caminho.


 


            Apesar de Alice insistir em irmos todos no mesmo carro, eu não quis; precisava dirigir e também não queria impor a minha presença ao Jasper, sabia muito bem como era difícil para o meu irmão ser obrigado a partilhar da minha dor.


 


            Paramos para caçar. Eu fui rápido e logo estava de volta no carro; esperei por eles, que demoraram um pouco demais em minha opinião; assim que chegaram, voltamos para a estrada. Chegamos a Biloxe no final da tarde; fomos direto para o hotel em que Alice já estava habituada a se hospedar.


 


            - Alice, eu realmente não quero me demorar muito por aqui. Que tal irmos de uma vez para este asilo? Assim, quem sabe eu não consigo pegar um voo ainda hoje?


 


            - Tudo bem, podemos ir já. Minha sobrinha Alice ainda vai estar acordada quando chegarmos. Mas esquece a história do voo, você só vai conseguir embarcar amanhã.


 


            Não discuti com ela, pegamos o meu carro e fomos para o asilo. Só fazia isso para agradar Alice, não tinha espaço em meu corpo para me animar com nada daquilo, mas devia muito a ela e, independentemente de tudo, sempre amaria minha irmã.


 


            Assim que chegamos, Alice foi entrando sem a menor cerimônia e cumprimentava a todos como se fosse uma simples humana. Eu vasculhava a mente deles, procurando por algum sinal de desconfiança sobre a nossa estranheza, mas o que ouvia era uma certa pena por sermos doentes, coisa que na hora não entendi, e havia uma certa admiração e gratidão pelo que estávamos fazendo pelo asilo.


 


            - Olá, Pamela! E aí, como estão as coisas por aqui? – perguntou Alice.


 


            - Bem, graças à ajuda de vocês, Isabella.


 


            Olhei para Alice, questionando o porquê de a moça a chamar de Isabella, mas não consegui perguntar; minha atenção se voltou para o ódio na mente da tal moça:


 


            Garota idiota! Não gosto deles, de nenhum deles. Para mim, são um bando de ricaços querendo aparecer. Também, o que eu podia esperar pessoas interessadas em cuidar destes velhos nojentos? Por mim, matava todos, ia ser muito mais útil. Não sei por que gastar tanto dinheiro cuidando destes imprestáveis. E o pior é que me pagam um salário de fome para ter de fingir que gosto deles... Até o cheiro deste lugar me enoja!


 


            Precisava alertar Alice sobre esta mulher odiosa; ali não era o lugar dela. Os pensamentos dela a respeito dos idosos tinham tanto ódio que realmente me preocupei se ela não estava fazendo nenhum mal a ninguém.


 


            - Sofi está aguardando por vocês, ela está próxima aos quartos.


 


            Assim que entramos, fiquei encantado com o lugar: cores claras, como a minha mãe gostava, e com o charme da Alice; todos os quartos davam para um lindo jardim, cheio de arvores e com um ótimo sistema de circulação, que facilitava a vida de quem tem dificuldade de locomoção. Tudo tinha a cara da Alice, lindo, bem decorado e com muitas cores suaves para tornar o ambiente alegre e tranquilo ao mesmo tempo.


 


            - Parabéns, Alice! Está tudo maravilhoso! Realmente, você se superou.


 


            - Obrigada, mas Esme também ajudou bastante, quer dizer, todos ajudaram. Você realmente não acreditaria se visse como Rosalie gostou de fazer isso. Ela tem jeito para lidar com humanos desta idade, fiquei impressionada com o carinho com que ela tratava deles.


 


            - Jura? Estou chocado! Normalmente ela só se importa com ela mesma...


 


            - Acho que, na verdade, ela queria ter a oportunidade de envelhecer e estar perto de humanos que possam passar por isso, de certa forma, fez com que ela sentisse que estava passando por isso também. Achei legal conhecer este lado dela.


 


            - Ela não é má, só meio egoísta e muito mimada.


 


            - Ver o modo carinhoso com que ela cuidava deles me fez olhar Rosalie de outra forma. Mas vamos, quero que voe conheça Sofi, ela é a alma do lugar.


 


            Enquanto andávamos, comentei com Alice sobre a moça da recepção.


 


            - Acho melhor vocês se livrarem dela, seus pensamentos realmente me deixaram preocupado.


 


            - É, eu realmente nunca gostei muito dela. Pode deixar, vou dar um jeito nisso.


 


            - Agora me explica: por que disse que se chamava Isabella?


 


            - No começo, não soube bem o porquê, só segui a minha intuição. Depois, vi que estava certa, te falei sobre isso... minha sobrinha teve um tipo de visão comigo; bem, não foi uma visão, foi mais para uma audição – Alice sorria. - No final, foi bom ter dado o nome falso. Como eu iria explicar para ela: “Oi, eu realmente sou a sua tia e, adivinha, também sou uma vampira.” Acho que não daria certo, poderia matar a pobrezinha do coração.


 


            Sorri para Alice, mas no fundo não gostei muito dela usar o nome Isabella; Bella era única, e havia tantos outros nomes. Por que Alice foi escolher justo o dela? Isso me levou a outro pensamento: eu me casando com Bella, assim ela iria se chamar Isabella Cullen e, no fundo, eu realmente adoraria que isso pudesse acontecer de alguma forma.


 


            - Olá, Sofi. Como andam as coisas por aqui?


 


            - Ah, Isabella, está tudo tão bom agora, ainda não cansei de admirar a nossa nova casa. Às vezes penso que estou sonhando.


 


            - Nós é que ficamos muito felizes em poder ajudar. Mas me diga: está tudo certo, estão precisando de alguma coisa?


 


            - Não, está tudo absolutamente perfeito. Oi, Jasper, como está?


 


            - Boa noite, Sofi. Estou muito feliz por te ver novamente. - Ela me olhava intrigada.


 


            - Desculpe, Sofi, este é meu irmão Edward. Nós o trouxemos para conhecer o lugar.


 


            - Olá, Edward. Seja bem vindo, todos da família Cullen são muito bem vindos a nossa casa.


 


            - Obrigado.


 


            Fomos andando por todo o lugar, Alice e Sofi pareciam estar se entendendo muito bem. Alice perguntava como estava a saúde de todos; avisou que nosso pai, que era médico, viria no final de semana para conhecer e examinar a todos, o que deixou Sofi ainda mais emocionada por nossa ajuda. Ela pensava em como poderia nos retribuir por ajudá-la a cuidar destas pessoas, que, em muitos casos, a própria família havia abandonado à sua própria sorte.  


 


            - Sofi, vou levar Edward para conhecer Alice, eu realmente gosto muito dela.


 


            - Claro, ela só sabe falar de você, todo dia me pergunta “quando Isabella vai vir nos ver novamente?”.


 


            - Então não vamos deixá-la esperando mais.


 


            Alice estava impaciente; arrastou-me pela mão e quando não havia nenhum humano por perto me fez correr com ela. Assim que entramos no quarto, vi a sua sobrinha; ela era muito parecida com Alice, pequena, de traços delicados, os cabelos, que um dia já foram da mesma cor, hoje estavam praticamente quase todos brancos.


 


            - Alice, está acordada?


 


            Ela chamou pela sobrinha com tanta doçura na voz que me pegou de surpresa; realmente Alice amava a sua sobrinha.


           


            - Estou acordada. Senti muito a sua falta, querida Isabella. Venha, sente-se aqui perto de mim, vamos conversar.


 


            - Eu trouxe alguém para te conhecer. Este é o meu irmão Edward; Edward, esta é Alice.


 


            - Olá, Senhora Alice, é realmente um prazer conhecê-la. Minha irmã só sabe falar da senhora desde que a conheceu.


 


            - Não me chame de senhora, me chame de Alice. E eu também já me apeguei muito a ela; estranho como nos entendemos desde o primeiro momento.


 


            Alice me arrastou para um sofá que ficava próximo à cama de sua sobrinha, enquanto ela se empoleirava na beirada da cama. Fiquei ouvindo as duas conversarem por horas, às vezes Jasper também se manifestava. Eu me concentrei na mente da sobrinha dela, captei coisas muito interessantes que depois precisaria contar para Alice.


 


            - Edward, o que está acontecendo com você, criança? Estou te sentindo tão pesado.


 


            Ela já estava pensando sobre isso por algum tempo, mas me pegou de surpresa o fato de falar isso, como se já me conhecesse havia muito tempo.


 


            - Nada, só estou escutando a conversa de vocês, eu sou meu tímido.


 


            - Não é só isso, eu posso sentir que você está realmente passando por algum problema. Desculpe esta velha enxerida; se não quiser me contar, fique à vontade, só estou querendo ajudar. Sabe, às vezes quando a gente tem um problema, alguém de fora consegue enxergar melhor do que quem está no meio da bagunça. Além do mais, eu já vivi um pouco mais do que você, isso deve contar alguma coisa.


 


            Olhei para Alice sorrindo; “ela viveu mais do que eu”.  Bem, eu nunca havia tido contato com uma humana tão velha antes, alguma sabedoria ela deveria ter.


 


             - Vamos, Jasper, deixe os dois conversarem sozinhos.


 


            - Alice, não! – sussurrei para ela; Alice sorriu e saiu do quarto.


 


            - Venha, Edward, sente aqui na minha cama.


 


            Alice ia me pagar. Não fazia o menor sentido eu ficar aqui discutindo os meus problemas com uma humana que acabei de conhecer. E o que eu poderia falar para ela? Mas o pior era que não mudaria nada, ela não poderia saber realmente dos meus problemas. Relutante, fui me sentar com ela. Quando estava em sua cama me senti tão acolhido que de repente senti uma necessidade desesperada de falar com essa estranha senhora.


 


            - Eu só ando meio triste, sinto muita falta da minha antiga namorada.


 


            - Você ama muito essa garota, ouço a dor em sua voz. Deve realmente estar sendo muito difícil para você ficar sem ela.


 


            - Sim, dói tanto que eu preferia morrer a ter de continuar a passar por isso.


 


            - E o que você está fazendo aqui? Vá atrás dela, nada pode ser mais importante do que amar.


 


            - Existem muitas complicações, coisas que eu realmente não posso mudar, por mais que eu queira.


 


            - Ouça, filho, não vou ficar questionando os seus motivos para se manter afastado desta sua namorada, mas preste atenção: eu fui casada a vida toda com o mesmo homem e eu o amei, de certa forma, mas ele não foi o meu grande amor. Conheci o meu grande amor muito jovem, ele era irresponsável e meu pai proibiu que eu me casasse com ele; eu era uma tola, acabei obedecendo meu pai, o maior erro que cometi na vida. O nome dele era Michael. Anos depois, eu me encontrei com ele, mas já estava casada e ele também; ele quis largar a esposa para ficar comigo, fui covarde e pela segunda vez dei as costas para a minha felicidade. Devia ter largado o meu marido. O que sentíamos um pelo outro era diferente, ele me completava. Este é o único arrependimento que tenho na minha vida. Sinto que fui incompleta a vida toda. Ainda hoje o meu coração chama por ele.


 


            - Não posso te explicar, mas comigo é diferente, tenho que me manter longe dela.


 


            - Querido, se ela sente por você o mesmo que você sente por ela, a distância e o tempo não vão mudar isso. Sabe, às vezes eu sinto como se estivesse fazendo hora extra na Terra. Praticamente todos os que conheci durante a minha vida já se foram, meu primeiro amor, o Michael, meu marido, amigos; eu não tenho nenhum parente vivo. Alguns acham que é uma benção viver tanto. Eu realmente não posso reclamar, gosto de ainda estar viva, mas trocaria todo este meu tempo extra pela possibilidade de voltar no tempo e ter aproveitado um único dia com Michael, isso sim me deixaria feliz. Edward, quando somos jovens, não pensamos que alguns erros podem ser muito pesados ao longo da vida e dar as costas para o amor é abrir mão da verdadeira felicidade. Não cometa o mesmo erro que eu cometi. Agora acho que está na hora de você ir, eu realmente estou com muito sono.


 


            Dei boa noite para ela e saí do quarto. Encontrei Alice e Jasper esperando por mim na recepção. Não conseguia parar de pensar no que ela havia me dito.


 


            - Ela não é ótima, Edward?


 


            - É, realmente ela é especial. Só podia ser sua sobrinha mesmo, Alice.


 


            Ela até era meio enxerida, como a Alice.


 


            Voltei para o hotel calado, pensava seriamente em tudo o que ela havia me dito. Eu tinha a perspectiva de um imortal, a sobrinha da Alice não. Ela me falou em como uma humana se sente ao chegar ao fim da vida e ver que havia desperdiçado os seus dias com um homem que não era o seu amor. E se Bella se sentisse como ela? Será que valia a pena me afastar para dar a ela a oportunidade de ter uma vida longa ou seria melhor voltar com o risco de que alguma coisa pudesse acontecer a ela e ter alguns anos felizes ao seu lado? Estava totalmente confuso, não sabia o que fazer.


 


            Alice bateu na porta do meu quarto e entrou, tirando-me dos meus pensamentos.


 


            - Bom, posso ver que você está totalmente perdido, não decidiu ainda qual rumo vai seguir amanhã. E eu não vou poder bancar a babá, então você terá que ir sozinho para o aeroporto. Ficarei felicíssima se você finalmente seguir o seu coração e tomar o avião certo.


 


            - Alice, por favor...


 


            - Tá, eu sei, não vou te atormentar. Só quero saber o que você achou dela.


 


            - Tenho que te agradecer por praticamente me arrastar para conhecê-la, ela é única, exatamente como você.


 


            - Eu também gosto dela. Não fique bravo, mas eu gostaria muito que Bella pudesse conhecê-la.


 


            Olhei para ela, divertindo-me: como teríamos de chamar a Bella? Alice já havia roubado o seu nome!


 


            - Alice, ela pensa que já te conhece de outras vidas, pensa que talvez você seja uma reencarnação da tia dela, ou melhor, uma reencarnação de você mesma. Bizarro, não?


 


            - Bom, eu já sabia que ela tinha uma teoria a meu respeito, mas nunca pensei que poderia ser essa. Melhor isso do que descobrir que eu realmente sou a titia vampira dela. Poderia matá-la do coração caso isso acontecesse; não existem muitos humanos que sejam como a Bella.


 


            Conversei com Alice por horas. Desde que havia deixado Bella, eu e Alice vivíamos em uma espécie de cabo de guerra, eu tentando me manter longe de Forks e Alice me puxando para lá; por isso brigávamos tanto ultimamente. Contudo, eu sentia uma falta tremenda de conversar com ela assim. Principalmente porque, antes disso tudo, passava horas do meu dia conversando com ela; desde o primeiro momento em que nos conhecemos foi assim. Alice de cara se tornou especial para mim, ela me compreendia.


 


            - Edward, se não quiser perder o avião para Seattle, acho melhor você se apressar.


 


            - Pare, Alice, você sabe muito bem que eu vou para a América do Sul.


 


            - O que eu sei é que você resolveu que iria para o aeroporto e só consigo ver você parado no meio do saguão sem saber que passagem vai comprar. Então, não me venha dizer que já decidiu para onde vai que você não pode me enganar; só me faça um favor: se resolver voltar para Forks, dê um beijo em Bella por mim e avise que logo estarei lá. Estou louca para saber o que minha amiga fez durante este tempo que ficamos separadas.


 


            Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Alice me deu um beijo e saiu saltitante pelo quarto.


 


            Arrumei as minhas coisas e fui fechar a conta do hotel. Deixei um envelope na portaria para Alice, com as chaves do meu carro e um bilhete.


 


Querida, Alice


 


Venda e repasse o dinheiro para o asilo.


Desculpe o seu irmão cabeça-dura, amo você.


 


Edward.


 


            Peguei um taxi até o aeroporto e fiz exatamente o que Alice disse que eu faria: olhava o painel, sem saber que rumo dar para o meu destino.


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Notas finais do capítulo

Tenho mais um pronto, querem que eu poste logo, ou que espere até o final de semana?



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