– O que aconteceu entre você e a Hannah? - Billy perguntou para Tina que estava sentada em uma cadeira com a cabeça entre as mãos.

– Eu ...eu não sei o que deu em mim! - disse Tina chorando.

– Tina... - Billy se sentou ao seu lado - Quando eu entrei aqui, nem parecia você. O jeito que você falava e o jeito que você olhava...

– Eu sei...

– O que a Hannah disse pra você pra que ficasse assim?

Tina pensou na resposta, mas estava com medo de Billy brigar com ela.

– Eu estava achando algo que na verdade não era ... - de repente Tina sente uma dor forte na cabeça. Billy percebe que do nada seu rosto mudou.

– Tina!

– Eu estou morrendo de dor de cabeça Billy - disse ela se levantando - Preciso me deitar.

Billy a ajudou até seu quarto. Ela se deitou e Billy logo saiu. Tina ficou com essa dor por um tempo, mas a que mais doia era o que sentia por dentro, o que fez com Hannah foi injusto, ela pediria seu perdão. Hannah sempre foi uma grande amiga. Em meio a sua dor, relembrou o que Adam disse a ela. O homem tinha veneno em suas palavras e quem acabou sendo a presa foi ela, Billy e Hannah.

No outro dia na escola, Billy resolveu que as incinuações das pessoas na escola entravam em seu ouvido e saiam no outro, mas no fundo ele se sentia mal com acusações injustas. Tina não foi novamente a escola, a partir daquele momento ela estava dispensada pela diretoria da escola por causa de sua situação. Billy sentiu a sua falta, ela era insubstituível.

Ele passava pelos corredores ouvindo piadas, ofensa e até era empurrado nos armários pelos garotos do time de basquete. Naquele momento ele percebeu que era daquele mesmo jeito que ele tratava Davis desde criança, humilhando. Entendia agora a mudança de seu primo em tentar enfrentar ele e o resto da família. Davis havia criado um escudo em que ninguém mais o colocasse pra baixo.

Quando Billy se aproximou de seu armário, as palavras assassino estavam pichadas em sua porta. Ele respirou fundo, sabia que não tinha feito nada, mas como provar a todos que era inocente?

Depois de ter pegado suas coisas, foi para a sua primeira aula do dia. Quando entrou na sala, todos de repente pararam de falar e ficaram o olhando. Sussurros e risadas irônicas tomaram conta da sala, devagar ele foi passando pelas classes. Então ele avistou Hannah sentada no fundo da sala. Ela olhava pela janela pensativa parecendo que não se importar com o burburinho da sala. Ele decidiu se sentar ao seu lado.

Quando ele se sentou, ela nem ao menos se virou para ver quem era. Ela estava em seu próprio mundo.

– Hannah! - Billy a chamou mas ela ainda não se virou - Hannah! - ele insistiu, mas desta vez ele tocou em seu ombro. Então ela saiu do transe e se virou para ele.

Ela possuía algumas olheiras.

– Oi. - disse ela dando um pequeno sorriso forçado. - Desculpe, eu estava aqui...com meus pensamentos.

– Você está bem?

Hannah deu um suspiro doloroso.

– Mais ou menos - disse ela dando de ombros.

Billy não queria tocar neste assunto mas estava curioso.

– O que aconteceu entre você e a Tina ontem?

Hannah olhou por um momento para Billy.

– Não tem importância Billy, vai ficar tudo bem - disse Hannah.

– Não parecia sem importância ontem Hannah. Parecia sério - disse ele.

– Eu... não quero falar sobre isso - disse ela se endireitando na cadeira.

– Tudo bem mas... pelo que eu ouvi da Tina ontem, ela parecia arrependida - Billy puxou a sua cadeira mais perto de Hannah - Não consigo imaginar vocês duas sem se falar.

Hannah sorriu.

– Eu... eu nem consigo imaginar o que ela esta passando. Ela precisa de pessoas do seu lado. Pessoas que a ajudem a passar por esse momento. Acho que... é explicável esses momentos tensos dela.

Billy queria perguntar mais sobre o que aconteceu, mas achava que de Hannah ele não conseguiria mais nada.

– Tudo bem, acho que isso é uma coisa entre vocês duas.

– Obrigada.

Mais a frente na mesma sala, Sarah estava sentada entre Lory e Amber.

– Inacreditável, como ele pode aparecer assim, como se nada aconteceu! - disse Lory inconformada pela presença de Billy.

Sarah só suspirou.

– Talvez não tiveram provas suficientes contra ele - disse Amber. Sarah permanecia em silêncio.

– Sabemos que não foi exatamente assim Amber - disse Lory levantando uma sobrancelha sugerindo algo.

– O que? - disse Amber confusa - Como assim miga?

– O pai dele!

Amber arregalou os olhos.

– É verdade, eu me lembro bem quando o pai nos livrava das confusões... com suborno.

– Meninas por favor! - disse Sarah passando as mãos pelo rosto.

– Desculpa miga, você está com dor de cabeça? - perguntou Amber abraçando Sarah pelos ombros.

– Eu não dormi bem essa noite... penso no Davis todos os dias, e agora essa situação com o Billy... - Sarah parecia exausta.

– Tudo bem Sarah, a gente entende - disse Lory segurando sua mão.

– Eu só consigo pensar de quando esse pesadelo vai terminar - disse Sarah com um suspiro cansado.

No fim do dia, os alunos estavam indo embora. Hannah estava saindo pelo corredor quando seu telefone tocou.

– Oi mãe! - disse Hannah.

– Oi filha, estou ligando por causa da Tina, ele veio pro hospital. Não parece bem - disse Brenda.

Hannah parou no meio do corredor. Alguns alunos quase esbarraram nela.

– O que aconteceu?

– A sua avó ligou e disse que ela se queixava de muita dor de cabeça.

Hannah sentiu o peito apertar. Tina já estava perto do fim.

– Eu vou estar logo aí mãe.

– Tudo bem querida, só quis avisá-la já que são tão amigas.

– Sim, nós somos.

Hannah chegou no hospital em dez minutos. Quando se aproximou da recepção, viu sua mãe conversando com a avó de Tina. A mulher parecia inconformada.

– Mãe...

Brenda se virou.

– Olá filha - ela se aproximou e deu um beijo na testa de Hannah - Estou conversando com a Eva, já falo com você.

– Mas...como ela está agora?

– Nada bem - disse Eva enxugando uma lágrima com um lenço.

Hannah olhou assustada para sua mãe.

– Mãe?

– Ela esta passando por alguns exames, depois vai ser medicada. Acredito que vá passar a noite aqui.

Eva estava as lágrimas.

Se passou mais de uma hora e Tina ainda era atendida pelos médicos. Hannah ficou na recepção com Eva. De repente, Billy apareceu. Hannah se levantou.

– Billy! - ela o chamou, pois ele não a havia visto. Ele olhou para trás e viu Hannah.

– Soube da Tina quando cheguei em casa, tinha ido até o escritório do meu pai, por isso só fui saber a pouco.

– Tudo bem.

– Como ela esta?

– No momento ela está sendo avaliada pelos médicos, depois eu acho que ela vai ficar internada.

– Internada? - Billy pareceu surpreso - Esta tão ruim assim?

– O que você acha Billy?

– Desculpa, foi uma pergunta idiota - disse ele bufando.

– É muito legal você estar aqui, pra uma pessoa que não gosta de hospitais - disse Hannah sorrindo.

– É a primeira vez que entro aqui... por pura e espontânea vontade - disse Billy.

– Já é alguma coisa.

– Bem... - ele parecia sem jeito - Eu, desde o acidente do Davis, nunca fui vê-lo.

– Nunca? - Hannah ficou surpresa.

– Nunca, não tenho coragem de vê-lo...sei lá... não acho que conseguiria. - Billy olhava para baixo.

Hannah pegou sua mão o fazendo olhar pra ela. Ele parecia triste.

– Vai ter um momento que você vai ter que vê-lo - disse Hannah sinceramente - Ele, apesar de toda a história entre vocês, é seu primo. Sua família.

Billy suspirou.

– O que...está acontecendo comigo?

Hannah pareceu confusa.

– Como assim?

– A um tempo atras, eu não me importaria assim com as pessoas, mas agora, sinto... um aperto aqui - disse ele colocando a mão no peito.

Os dois ainda estavam de mãos dadas.

– Acho que você descobriu que tem um coração - disse Hannah amigavelmente.

Vendo que ainda estavam de mãos dadas, Hannah se soltou de Billy.

– Será que isso é o efeito Tina? - ele disse sorrindo.

Hannah sorriu.

– Acho que sim. Ela causa isso nas pessoas.

Billy concordou.

A doutora Brenda apareceu na recepção. Ela disse que Tina realmente passaria a noite no hospital em observação, pois seu quadro exigia cuidados. No momento a sua doença estava sendo controlada, mas nada mudou. Tina estava com os dias contados.

Depois de saber de Tina, doutora Brenda disse que não precisavam ficar no hospital pois Tina seria bem cuidada. Assim todos resolveram ir embora.

– Antes de ir mãe, como esta o Davis? - perguntou Hannah.

Billy se viu curioso.

– Ainda na mesma, está estável.

– Você também cuida do Davis? - perguntou Billy.

– Sim, eu cuido dele também.

Billy balançou a cabeça concordando.

Sarah foi até o hospital para ver Davis, ela iria aproveitar o tempo de visitas. Ela havia falado com Alex que ficaria com Davis, assim ele poderia descansar. Alex não vivia mais em sua casa, o hospital virou seu lar junto com seu filho.

Quando ela estava andando pelo corredor, deu de cara com Billy. Os dois pararam e se encararam. Ela viu que Billy estava acompanhado por Eva e Hannah.

Sarah se preparou para passar por Billy sem dar atenção a ele, mas seu braço foi segurado. Surpresa, Sarah se virou e viu que Billy é que estava a segurando.

– Me solte! - disse ela. Ele não a estava machucando, mas ela estava incomodada com sua ousadia.

– Por favor Sarah, podemos conversar.

Sarah puxou o braço com força.

– Não. Eu não quero conversar com você - ela começou a sair.

– Não fui eu! - disse Billy a ela.

Sarah parou e lentamente se virou para olhar Billy.

– Então...quem foi? - disse ela fisicamente cansada.

– Eu não sei! - disse Billy. - Eu juro!

Hannah e Eva estavam paradas no meio dos dois.

– O que você faz aqui Billy? Você odeia hospitais! - disse Sarah.

– Ele está aqui pela Tina - disse Eva de repente.

Sarah olhou para a mulher que sempre a tratava bem quando ela namorava Billy.

– O que a Tina tem? - perguntou Sarah curiosa.

Eva não conseguia falar.

– Ela esta... doente - disse Hannah, a palavra câncer parecia tão pesado pra se dizer.

Sarah ainda permanecia esperando uma explicação melhor.

– Ela tem câncer - disse Eva.

Sarah abriu a boca surpresa. Tina parecia uma garota tão sadia.

– Eu...eu sinto muito Eva - Sarah se aproximou da mulher e a abraçou. Eva começou a chorar.

– Já não tem mais o que fazer - disse Eva ainda abraçada com Sarah.

– Sinto muito mesmo - Sarah se afastou para olhar Eva. - Pelo pouco que eu conversei com a Tina, ela me pareceu uma pessoa incrível.

– Ela é - disse Eva com uma sorriso triste.

– Minha mãe esta cuidado dela também, assim como do Davis - disse Hannah.

Sarah compreendeu.

– Eu preciso ir, vou ver o Davis - disse Sarah se afastando, então ela olhou para Billy que estava parado olhando as três.

– E você Billy... negou o seu nojo de hospitais pela Tina - não era uma pergunta mas sim uma confirmação que saia quase inacreditável de Sarah. Nunca ela imaginaria ver Billy naquele lugar.

Ele ficou em silêncio, não sabia o que dizer.

– Já que você está dizendo que não fez nada, que está mudando - dizia Sarah, Billy só a olhava - Eu espero que... pelo menos algum dia, você vá ver o Davis.

Sarah ficou olhando para Billy, ele abaixou a cabeça.

– Preciso ir. - disse Sarah acenado para Hannah e Eva.

Sarah chegou no quarto de Davis. Ela se aproximou de sua cama e lhe deu um beijo no rosto. Ele ainda tinha aparelhos ao seu redor, um estava dentro de sua boca pra que pudesse respirar. Sarah passou as mãos em seus cabelos, eles já estavam um pouco mais longos. Seus hematomas, aos poucos pareciam estar desaparecendo. Mas ele ainda dormia sem se quer dar um único movimento. Os médicos disseram que Davis estava se recuperando devagar, mas era uma boa noticia, pelo menos ele não estava desistindo.

– Oi amor - disse Sarah segurando sua mão - Decidi vir hoje pra ficar com você, amanhã seu pai volta.

Sarah começou a falar sobre o seu dia a Davis, como se ele estivesse falando com ela também. Não queria dizer a ele coisas negativas.

Depois de conversar com Davis ela parou um pouco e só ficou olhando para ele. Ela sentia tanta saudade. Queria o seu Davis brincalhão de volta. A pessoa que conquistou seu coração.

– Sinto sua falta - disse ela sussurrando - Volta pra mim Davis - uma lágrima correu no seu rosto - Lute, por favor.

Ela ainda segurava sua mão.

– Esses dias, estava na minha casa pensando... no dia que você acordar e ficar completamente bom. Vamos fazer tudo diferente, não vamos mais nos preocupar com as pessoas negativas e que querem nos fazer mal. Vamos só aproveitar.

Ela se levantou e pegou de dentro da sua mochila o seu celular e fones de ouvido.

– Esses dias eu sonhei que nós...bem... nos casávamos - ela deu uma risada - Foi...perfeito.

Ela se aproximou mais de Davis e colocou um fone em cada ouvido dele.

– Eu não sei se é verdade, mas soube quando as pessoas estão em uma situação assim, elas podem nos ouvir, mas não podem responder - disse ela tirando uma mexa de cabelo dele que estavam caída em sua testa - Eu me lembro quando você me deixou aquela musica antes de ir pra Nova Iorque. Lembra? Aquela me pedindo desculpas - ela sorriu com o pensamento - Eu coloquei ela no meu celular pra ouvir sempre.

Ela pegou o seu celular e começou a mexer na pasta de músicas.

– Antes de eu sonhar com o nosso...casamento - ela sorriu mexendo na tela do telefone - Eu estava ouvindo essa música. Sabe, ela é de um filme, mas a letra dela até então pra mim era bonita, mas agora, naquele dia em meios aos meus pensamentos eu percebi como ela é mais do que bonita - Sarah ficou emocionada - Ela é perfeita. E diz tudo o que eu sinto por você. Eu não quero que seja só a minha música pra você, mas a nossa música.

Sarah apertou o play.

Clique pra ouvir a música ---> https://www.youtube.com/watch?v=hyDjvmGK2oY

Ela pegou o outro fone do ouvido de Davis e ouviu junto com ele. Ela fechou os olhos e se entregou a sensação de que Davis ouvia, estendia seus braços e a abraçava.

Era o momento deles. Era a música deles.