Aos poucos Tina abria os olhos, ela observou ao redor e viu que estava em um quarto de hospital. Ela suspirou. A partir daquele momento teria que se acostumar em estar ali nos seus últimos momentos.

A porta se abriu e a doutora Brenda entrou. Vendo que Tina estava acordada ela se aproximou de sua cama.

– Olá querida, como se sente? - perguntou a doutora.

– Um pouco... como se meu corpo pesasse uma tonelada - respondeu Tina.

A doutora sorriu e puxou um banco para perto da cama.

– São alguns efeitos colaterais da doença misturados com os remédios fortes que você toma.

Tina pensou um pouco.

– Eles vão ficando piores? Os efeitos?

– Tina... vai ter um momento que os remédios não vão mais adiantar...então sim, vai ter alguns efeitos um pouco desagradáveis.

Tina concordou.

– Espero que eu não passe muito por isso, que seja rápido.

A doutora sentiu o coração apertar por ela. Tina era tão jovem! Ela pegou a mão dela, mas não conseguiu dizer nada.

– Tudo bem doutora, como eu já disse, eu já estou preparada.

– Você é uma menina incrível Tina - disse a doutora se levantando e dando um beijo na testa de Tina - Daqui uma meia hora eu volto pra você fazer mais alguns exames. Então pode ir pra casa. E também vou ligar pra sua avó.

– Doutora?

– Sim.

– E a Hannah?

– Ele esteve ontem aqui para pra vê-la.

Tina engoliu a seco, ainda tinha que pedir perdão a amiga pelo que fez. A doutora saiu do quarto e Tina ficou com seus pensamentos.

A tarde ela foi liberada pela doutora. Sua avó foi buscá-la. Assim que chegaram em casa Billy a esperava.

– Olá! Bem vinda de volta! - disse ele se aproximando e a abraçando.

– Que bom você estar em casa! - disse Tina retribuindo o abraço.

– Cheguei a pouco da escola, e minha mãe disse que a Eva foi busca-la no hospital.

– Sim... fui liberada... - Tina ficou pensativa.

– Tina? - Billy a chamou a tirando de seus pensamentos.

– Sim.

– Não se sente bem?

Ela sorriu para ele. Eles estavam na sala da mansão.

– Preciso falar com você - disse ela.

– Tudo bem.

Eles foram para o quarto de Tina. Chegando lá, ele se sentou em uma cadeira e ela ficou sentada em sua cama.

– Billy... - Tina olhava para baixo.

– Sim Tina - disse ele a olhando atentamente.

– Preciso contar algo pra você - disse ela. Assim Tina contou tudo sobre a discussão sem sentido com Hannah.

Depois de tudo contado, Billy se levantou em silêncio.

– Diz alguma coisa Billy? Você me perdoa?

Ele começou a andar de um lado para o outro.

– O que você disse pra ela foi pesado Tina! - disse Billy a olhando.

– Eu sei - disse ela envergonhada.

– A perdoo por que não tenho que dar satisfação do que sinto a você! Respeito você Tina, foi algo que eu aprendi. - disse ele chateado.

Tina concordava com os olhos marejados. Ele estava certo.

– Me desculpe - disse ela limpando uma lágrima.

Billy se acalmou. Viu que ela estava triste. Nas ultimas semanas a sua vida estava a mil. Ele se sentou perto dela e pegou sua mão.

– Tina... - disse ela mais calmo - Não quero que crie expectativas em cima de mim... me sinto feliz por estar bem. Mesmo que eu não retribua seus sentimentos, não quer dizer que não a considero.

Ela sorriu.

– Você é importante pra mim Billy.

– Você também.

Eles se abraçaram.

– Quero te dizer outra coisa... - disse Tina se afastando e respirando fundo.

– Diga.

Ela olhou para a sua mão ainda na dele.

– É que... se eu tiver que voltar pro hospital novamente Billy... eu não volto mais pra casa - disse ela com emoção.

Billy a olhou perplexo.

– Como?

– A doutora Brenda suspendeu meus remédios. Caso eu tenha mais uma crise... volto pro hospital e eles só me manterão com morfina até...

Billy a olhou chocado. Se levantou e foi em direção a janela e ali ficou olhando para fora. Tina suspirou.

– A realidade esta bem próxima agora, só tenho que acompanhar.

Billy ainda permanecia em silêncio. Devagar, Tina se levantou da cama e foi em sua direção. Ela se aproximou e o abraçou por trás. Seu rosto ficou bem no meio de suas costas.

– Preciso de você Billy... - disse ela emocionada - Não me abandone agora...por favor.

Ela sentiu Billy respirando fundo. Devagar ele se virou para ela.

– Eu não quero que você ache que em algum momento em tentei retribuir os seus sentimentos Tina... eu tentei!

– Eu sei - disse ela passando a mão em seu rosto.

– Mas é que... meu coração pendeu para um outro lado... e eu estou confuso! Tenho medo de magoar os dois lados dessa história.

Tina sorriu para ele. Ele estava falando sobre seus sentimentos. Algo raro em Billy.

– Eu seria muito hipócrita se eu partisse e não quisesse que fosse feliz. Não querendo que continuasse a viver. Eu não quero Billy - ela começou a sentir as lágrimas rolarem.

– Tina...

– Eu quero que insista no que você quer, não vai me magoar.

Billy limpou uma de suas lágrimas com os dedos.

– Não posso fazer nada por ela agora - disse ele.

– Por que? E quem é ela? perguntou Tina. Mas já tendo uma ideia.

– Por que... eu acho que ela tem medo. E ela é ... - Billy deu uma olhada para Tina esperando que ela tivesse uma reação negativa.

– Ela não terá. - Billy se surpreendeu com sua resposta. Tina sabia. - Dê tempo a ela... ela vai retribuir, eu sei! - disse ela de coração.

Billy pegou a mão de Tina e a fez sentar na cama ao seu lado.

– Se tivéssemos a chance de voltar no tempo, eu queria ter sentido algo a mais por você Tina.

Tina sorriu radiante.

– Eu teria sido a garota mais feliz do mundo! - disse ela se jogando em seus braços. - Eu te amo!

Eles ficaram um bom tempo abraçados.

Hannah chegou em casa. Sua mãe, como sempre, estava com muito trabalho no hospital. Ela foi até a cozinha pegar um copo de suco e depois voltou para a sala e foi assistir TV.

De repente a campainha tocou. Ela foi atender e quando abriu, era Billy.

– Billy! - disse ela surpresa.

Ele sorriu.

– Oi.

Ouve segundos de silêncio.

– Err...desculpa, entre! - disse ela sem jeito abrindo espaço pra ele entrar.

– É rapido! Só quero uma palavrinha com você - disse Billy indo até a sala.

– Tudo bem.

Ele olhou para ela e respirou fundo.

– Vou logo ao ponto... a Tina já voltou pra casa. - disse ele.

– Sim, minha mãe me ligou e avisou. Isso é ótimo!

– Sim. E ela quer ver você Hannah! Ela não pode vir por que está descansando, mas ela precisa falar com você.

Hannah ficou nervosa.

– A-Agora?

– Sim, vim buscar você. Depois lhe trago de volta!

– Billy...

– Hannah! - Billy se aproximou de Hannah tão perto que ela chegou a dar um passo para trás.

– Eu não posso...

– Ela me contou o que aconteceu.

Hannah olhou para Billy surpresa.

– S-Sério?

– Sim.

– Nossa! - disse ela nervosa.

– Eu não gostei de ela ter insinuado sobre nós dois, estávamos tentando ajudá-la.

Hannah parecia nervosa.

– Ela achou que nós dois...err...

– Ela disse.

Hannah ficou vermelha.

– Mas não aconteceu nada!

– É claro que sim! Então...vamos?

Hannah pensou.

– Ela quer muito falar com você! - insistiu Billy.

– Está bem! - disse Hannah sorrindo.

A ida até a mansão foi em silêncio. Hannah ainda estava com vergonha de Billy por causa do motivo da sua discussão com Tina. Billy estava com seus pensamentos também. Chegando lá, Hannah e Billy estavam indo em direção ao quarto de Tina quando Adam saiu de sua sala. Hannah logo se encolheu. Não gostava daquele homem.

– Billy! - Adam chamou Humm, está ocupado! - disse ele sorrindo maliciosamente.

– A Hannah veio ver a Tina pai!

Adam contorceu o rosto.

– Minha cara... - disse ele olhando Hannah - Acredito que já sabe da situação de sua amiga não é?

Hannah olhou para Billy aflita.

– Sei...mais ou menos.

– É uma pena...tão jovem! - disse ele com cara de emocionado. Hannah é claro, não acreditou.

– Eu vou vê-la, com licença - disse Hannah saindo em direção ao quarto da amiga. Billy foi atras.

Chegando a porta do quarto de Tina, Hannah parou antes de bater.

– Não vai entrar? - perguntou Billy logo atrás.

– Err...vou sim! - então ela bateu. Alguns segundos depois Tina abriu. - Oi Tina...eu... - Hannah não conseguiu falar, pois Tina a abraçou e começou a chorar.

– Desculpe amiga...eu sinto muito! Muito mesmo! - dizia Tina abraçada em Hannah. Emocionada, Hannah retribuia o abraço.

– Tudo bem...eu perdoo!

Billy deixou as duas a sós. Precisavam conversar. Tina pediu mais uma vez perdão a amiga e assim uma conversa foi levando a outra até Tina lhe contar sobre sua ida ao médico. Hannah é claro, chorou com a noticia, realmente a realidade estava bem perto. Depois de Tina convencer Hannah que tudo iria ficar bem, e que ela queria que sua amiga continuasse com sua vida, Hannah se acalmou.

Começaram a conversar sobre outras coisas, e no meio delas, Davis foi comentado. Já que Brenda, mãe de Hannah também cuidava dele.

– Eu quero que o Billy não leve a culpa, ele é inocente! - disse Tina tristemente.

Hannah ainda não havia contado sobre o que ouviu do pai de Billy naquele dia ao telefone. Uma ligação muito suspeita. Hannah precisava se abrir.

Respirando fundo, Hannah olhou para Tina.

– Tina, preciso contar algo pra você...e ao Billy.

Tina olhou atentamente a amiga.

– O que ouve?

– Acho que tenho uma pessoa suspeita...do acidente do Davis.

Tina ficou surpresa.

– Como você tem certeza?

– Por que eu ouvi.

Nesse momento, uma batida na porta chamou a atenção das duas. Billy apareceu.

– Bem na hora. - disse Tina olhando Billy.

– Bem na hora de quê? - disse ele se aproximando.

Tina olhou para Hannah que parecia nervosa.

– Conte Hannah, é a vida do Billy que esta em risco! - disse Tina aflita.

Billy olhou para Hannah sem entender.

– O que foi Hannah? - perguntou Billy a olhando nos olhos.

– Ela desconfia de alguém que pode ter sido o causador do acidente do Davis! Ela ouviu! - disse Tina nervosa - Fale amiga!

Hannah respirou umas duas vezes e olhou para Billy.

– Billy...

– Sim. - disse ele a olhando atentamente.

– Acho que... quem causou o acidente do Davis... foi seu pai.