I Love My Nerd escrita por Mia Golden
Já era outro dia e Anna fez um café da manhã de estreia na casa nova. Os três comeram e logo Brad teve que sair para ir até a casa de seu pai por que a noite, toda a família Taylor iria se reunir na casa para um jantar de boas vindas.
– Volto à tarde querida – disse Brad indo em direção à porta. Anna concordou e foi terminar de arrumar algumas coisas.
Sarah estava sentada no sofá da sala. Parecia entediada. Anna observou a filha quando passou por ela. A garotinha nunca teve um amigo fixo, tipo, um amigo para todas as horas. Eles viajavam muito e a menina mal podia ter amizades concretas. Mas Anna sabia que agora aquele novo lugar e aquela nova vida poderiam dar mais chances para sua filha aproveitar mais a infância. Ela se aproximou de Sarah.
– Querida! Por que você não sai um pouco para ver se faz algum amigo? – disse Anna.
– Será que tem crianças aqui no bairro mamãe? – perguntou a menina se desencostando do sofá.
– Você só precisa procurar – disse a mãe.
Então, foi o que Sarah fez, ela pegou sua bicicleta e saiu pelo bairro em busca de alguém para brincar. A Rua Holanda era uma rua sem saída, então a probabilidade de haver muito trafego de carros era pequeno. Os Taylors moravam bem no fim da rua. A garota andou e andou e nada, então começou a desistir da procura. Quando ela estava voltando para a casa, passou em frente a uma casa parecida com a dela, porém, era cor azul e de janelas brancas. Mas o que chamou sua atenção era um garoto sentado na escada em frente à entrada da casa. Sarah parou e o observou. Ele era gordinho e usava óculos, além de estar usando uma camiseta do Capitão América e comendo um sanduiche. Neste momento o garoto olhou em direção a ela. Sarah sorriu e o garoto meio encabulado deu um sorrisinho. Ele usava aparelho! Sarah desceu da bicicleta e foi em direção ao garoto. Enfim ela ficou em frete a ele.
– Olá? – disse Sarah.
– Oi – disse o garoto olhando por cima dos óculos.
– Eu me chamo Sarah – disse ela – e sou nova na cidade.
– Eu me chamo Davis, e nunca saí da cidade – disse ele ainda segurando o sanduiche pela metade.
– Por que está sentado aqui sozinho? – perguntou ela.
– Estou comendo meu sanduiche – disse ele dando uma mordida bem grande. Sarah sorriu.
– Você tem amigos? – perguntou ela se sentando ao seu lado.
Davis mastigou, engoliu e olhou para ela:
– Não – disse o garoto.
– Por quê? – insistiu a menina.
– Por que não – disse o menino dando de ombros.
– Eu também não tenho amigos – começou Sarah – e então saí para achar um e então eu queria saber... – disse ela mexendo na trança de seu cabelo – se você gostaria de brincar.
O garoto a olhou e pensou por alguns segundos:
– Você não tem problema em brincar comigo? – disse o garoto.
– Não. Por quê? – perguntou ela.
– Por que... eu sou assim – disse ele abaixando a cabeça.
– Assim como? – perguntou Sarah ainda sem entender.
– Gordinho – disse ele agora a olhando nos olhos.
Neste momento Sarah pode ver melhor os olhos de Davis de trás daqueles óculos de nerd. Eles eram castanhos esverdeados. E ele tinha os cabelos bem cortados e repartidos para o lado direito. Ele tinha cabelos castanhos.
– Acho que isso não é problema. Por que você acha que isso é problema? – perguntou ela.
– As crianças do bairro não gostam de mim e ficam fazendo piadinhas por eu ser gordinho e tal – disse ele terminando seu sanduiche.
– Isso é horrível – disse a menina.
– É! – disse ele limpando as mãos na calça. Já tinha terminado seu sanduiche.
– Mas eu não sou assim – disse ela.
Davis a encarou e ergueu seus óculos com o dedo:
– Não? – ele perguntou.
– Não.
– Nunca ninguém pediu para ser meu amigo – disse ele.
– Então isso é um sim? – disse Sarah sorrindo.
– Humm! – ele pensou.
– É um não? – disse ela perdendo o sorriso.
– Esta bem, podemos ser amigos – disse ele sorrindo pela primeira vez.
Sarah pode perceber que ele tinha covinhas nas bochechas quando sorria com vontade. Enfim, Davis se levantou e olhou para ela:
– Qual é a sua casa? – perguntou ele.
– É a casa 1055, Rua Holanda – disse ela.
– Legal – disse ele.
– Legal – disse ela.
– Quantos anos você tem? – perguntou ele.
– Eu tenho onze, e você? – perguntou ela.
– Eu também – disse ele.
– Você quer entrar na minha casa? – Davis perguntou. Sarah concordou e então eles entraram.
Quando entraram na casa, ela era completamente diferente da arrumação da sua. Havia muitos livros espalhados por todos os lados e a casa parecia faltar alguma coisa. Sarah ficou olhando para todos os lados até dizer:
– Onde estão seus pais?
– Meu pai esta trabalhando – disse o garoto.
– E sua mãe? – perguntou ela.
Davis a olhou por um momento até enfim responder:
– Ela morreu – disse ele se sentando e ligando a TV.
– Sinto muito – disse ela de coração.
– Sem problemas! – ele deu de ombros – Foi há muito tempo, tipo, quando eu ainda era um bebê.
– Mas deve ser triste – disse ela se sentando ao seu lado.
– Um pouco – disse ele.
Os dois olharam TV por mais ou menos uma hora até ouvirem o barulho na porta. Um homem apareceu. Ele olhou os dois e sorriu. Ele parecia jovem.
– Oi filho? Quem é sua amiga? – o homem perguntou.
– Essa é a Sarah, ela é nova na cidade – disse o menino.
– Muito prazer Sarah – disse o homem se aproximando para cumprimentá-la – eu me chamo Alex White, sou o pai do Davis – disse ele sorrindo.
– Olá senhor. – disse a menina.
– É muito bom o Davis ter amigos – disse ele se sentando.
O pai do Davis deveria ter uns trinta anos. Ele parecia muito jovem. E diferente do filho, o homem era magro e alto, tinha olhos da mesma cor do garoto, porém, tinha cabelos loiros escuros.
– Eu também não tenho amigos, então, encontrei o Davis – disse Sarah. O senhor White sorriu.
– Isso é muito bom! – disse ele se levantando – Vai querer algo para comer Sarah? – perguntou o homem.
– Não obrigado, o Davis já me deu um chocolate – disse Sarah. O senhor White olhou torto para o filho como se tivesse o repreendendo.
– Você sabe muito bem que deve se controlar no chocolate, não é filho? – disse o homem.
– Eu sei – disse Davis envergonhado por estar sendo chamado a atenção.
– Bem, tenho que ir – disse Sarah se levantando – já estou aqui a um bom tempo e minha mãe pode se preocupar – disse ela olhando para Davis.
Davis a acompanhou até a porta e ela se foi. Ele se virou e voltou até a sala. Seu pai estava escorado na porta sorrindo. O garoto o encarou:
– O que foi papai? – perguntou ele desconfiado.
– Ela parece ser uma boa menina – disse ele ao filho.
– Mas conheci ela hoje! – disse o garoto.
– Eu sei, só acho que vocês serão grandes amigos – disse o homem se aproximando do filho – e espero que dure bastante – disse ele colocando a mão no ombro de Davis – não gosto de ver você sozinho – disse ele parecendo triste.
Davis não disse nada, mas abraçou seu pai. O homem também o abraçou.
Davis nunca foi um menino agitado. Ele era tímido e possuia um único defeito, ele era um garoto de onze anos, gordinho que usava óculos e aparelho. Ele era um alvo fácil para outras crianças o caçoarem. Elas mantiam distancia dele como se ele estive com alguma doença contagiosa. E através desta situação, ele adquiriu a solidão como seu único amigo, pelo menos, até agora.
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