Acordei de repente naquela manhã com uma forte ânsia de vômito, aquilo vinha acontecendo com frequência nos últimos dias o que já estava me deixando preocupada.

Corri em direção ao banheiro e coloquei todo o jantar da noite anterior para fora, quando terminei minha testa suava e meus cabelos caíam em meus olhos, levantei com dificuldade e tomei um longo banho, daqui alguns minutos teria que ir ao médico fazer uma prevenção contra o câncer de mama.

Quando desci as escadas para preparar o café da manhã já que meus pais tinham viajado, ainda me sentia fraca, precisava comer algo, revirei a geladeira e acabei fazendo um sanduíche de pasta de amendoim com geleia e suco de laranja.

Logo estava saindo do prédio em que morava para as ruas gélidas e movimentadas de Manhattan, dirigindo meu amado porscho preto.

O trânsito não estava tão ruim então minutos depois estava estacionando o carro perto da clínica.

Caminhei lentamente até lá, assim que entrei cumprimentei a atendente e sentei esperando ser chamada.

Senti algo vibrar no bolso de trás da minha calça, era uma mensagem de Percy me desejando bom dia e milhares de beijos, não pude deixar de sorrir com isso.

Fui tirada de meus devaneios por alguém chamando meu nome.

—Annabeth Chase, repetiu a atendente.

—O que? Perguntei confusa.

—Chegou a sua vez.

—Ok, foi apenas o que disse antes de seguir pelo corredor até a sala da médica.

—Com licença, posso entrar? Perguntei colocando a cabeça para dentro da sala.

—Claro.

Logo ela pediu que eu trocasse a blusa por uma apropriada que eles tinham lá, assim fiz e me deitei na cama.

A médica, que se chamava Mackenzie, mas disse que eu poderia chamá-la de Mac, derramou o líquido quente em cima de meu seio e começou a passar aquela maquina estranha por toda a sua extensão, enquanto olhava algo naquela televisão.

Durante todo esse processo conversávamos sobre coisas aleatórias, até que a conversa chegou aos meus enjoos, contei o que estava acontecendo comigo ultimamente e ela apenas escutava, quando terminei de falar Mac me olhava com uma cara estranha.

—Bem, começou ela. Não posso ser uma especialista nessa área, mas posso tentar.

Enquanto falava ela colocava mais um pouco daquele líquido quente sobre minha barriga e passava a máquina de um lado para o outro.

—O que você está sugerindo? Perguntei confusa.

—Annabeth, disse ela e sorriu. Você está grávida.

Lembro-me de que após ela falar essas palavras eu fiquei em choque, mas logo me recuperei do susto e liguei para Thalia contando a novidade.

Ela gritou pelo outro lado da linha, fazendo mil perguntas de uma só vez:

—O que? Como assim eu vou ser tia? Pelo amor dos deuses Annabeth você e o idiota do Percy nunca ouviram falar em camisinha não? Se queria trepar que usasse pelo menos proteção né? Quando você descobriu isso? Porque não me contou antes? Quero ser a madrinha ouviu bem? Qual vai ser o nome? O que você acha de etevaldo?

—THALIA CALA A BOCA CARALHO E DEIXA EU FALAR! Gritei.

Pude ouvir ela bufar e falar alguma coisa que não entendi, mas ficou quieta.

—Primeiro, sim, você vai ser tia, e segundo, aconteceu tá legal, não sei como, sempre usamos camisinha, mas o que importa é que estou grávida, agora, porra, podia pelo menos ser mais discreta e não gritar essas coisas pelo telefone? E eu descobri isso hoje sua apressada, ainda não sei se você será a madrinha, agora, MEU FILHO NÃO VAI SE CHAMAR ETEVALDO SUA LOUCA!

—Calma, para que todo esse estresse, relax, não precisa gritar Annie, agora vem logo para cá, precisamos comemorar!

—Filme, doritos, Coca-Cola, chocolate e sorvete?

—Sempre.

Não pude deixar de rir, definitivamente certas coisas nunca mudam.

Aquele dia foi completamente louco, já faz algumas semanas e eu ainda estou surpresa, a última coisa que eu poderia imaginar era estar grávida, mas o que mais me preocupava nesse momento era o fato de que contaria para Percy mais tarde, quando almoçarmos juntos, não me aguentava de tanta ansiedade.

Já era cerca de onze da manhã quando resolvi sair de casa para encontrar meu namorado, eu não me sentia muito bem, mesmo assim andei até a garagem em direção ao meu carro, até que senti  uma pontada na barriga e algo escorrer por entre minhas pernas, olhei para baixo, era sangue.

Não, isso não podia estar acontecendo, eu não podia de maneira alguma perder meu filho, rapidamente liguei para Percy, mas ele não atendeu nenhuma das minhas cinco chamadas, então liguei para Luke, meu melhor amigo, por sorte ele estava por perto e veio ao meu encontro.

Depois de minutos o que me pareceram horas, pois cada segundo de demora era um tempo a menos para garantir a vida de meu bebê, ele chegou.

—Meu deus Annabeth, o que aconteceu?

—Não fala nada só, por favor, me leva para o hospital agora.

Ele me obedeceu, me pegou no colo e com cuidado me colocou no banco do passageiro e correu para o outro lado, logo estávamos correndo em disparada para o hospital mais próximo.

Ao chegar ele me pegou no colo e correu até a entrada, dois enfermeiros vieram ao nosso auxílio, me depositaram em uma cadeira de rodas e me guiaram hospital adentro.

Lágrimas já escorriam descontroladamente por meu rosto, o medo de perder meu bebê já dominava meus sentidos, eu não podia, eu não iria perder meu pequeno anjo, só tinha uma pessoa que poderia me ajudar nessa hora, Percy, eu precisava do Percy.

Uma enfermeira veio até mim e me deu uma injeção, logo fiquei tonta, minha visão embaçada, então apaguei.

Quando acordei estava deitada em uma cama sendo examinada por um senhor de meia idade.

—Senhora...

—Annabeth, falei.

—Senhorita Annabeth, há quantas semanas está grávida?

—Cinco, respondi rapidamente. Senhor...

—Ah, me desculpe, mas que falta de educação a minha, nem me apresentei, sou o Dr. Jeremy.

—Jeremy, o que aconteceu? O bebê está bem? Eu perdi meu filho? O bombardeei com perguntas.

—Calma, precisa descansar, você quase sofreu um aborto espontâneo, por enquanto o quadro é estável, mas nunca se sabe, é melhor prevenir do que remediar não é mesmo?

Assenti.

Ele se voltou para Luke.

—E você é o pai da criança eu suponho.

Quando Luke iria responder o interrompi.

—Não, falei rápido. Ele é só um amigo.

—Entendi.

E se foi, deixando a mim e Luke a sós.

—Será que você poderia ligar para Percy, Thalia e os outros, por favor?

—Eu já fiz isso, Thalia disse que viria imediatamente junto com os outros loucos, já o Jackson não atendeu o celular.

Meu coração se apertou, Percy sempre andava com o telefone, se ele não atendia algo estava acontecendo.

Minutos depois Thalia chegou acompanhada de Jason e Piper.

A primeira coisa que fizeram foi me encher de perguntas.

Quando ia respondê-las mais chegaram e quando vi quem eram sabia que ia dar treta todo aquele povo junto em um hospital.

Travis, Connor, Leo, Grover, Juníper, Bianca, Clarisse e Chris, mas nada de Percy e Nico, e mais uma vez fui recebida com milhares de perguntas.

Confesso que estava feliz por todos os meus amigos estarem ali, mas a falta de Percy naquele momento tão importante era maior do que todos os meus sentimentos no momento.

—Annie, porque não nos contou que estava grávida? Perguntou Piper fingindo estar chateada. Eu já poderia estar preparando o enxoval.

Quando iria responder, a porta se abre mais uma vez, meu coração se enche de expectativa pensando que é Percy, mas tudo se esvai quando vejo Nico com uma cara nada boa.

—Onde está o Percy?Perguntei. Ele não estava com você? Quando ele vai chegar?

Antes que Nico pudesse abrir a boca uma enfermeira entrou de supetão no quarto.

—Mas o que a torcida dos Giants inteira está fazendo aqui? Quem deixou vocês entrarem? Já pra fora, vamos, ela não pode se agitar!

Um pouco contrariados, um a um se despediram de Annabeth e saíram do quarto, restando apenas Thalia e Nico.

—Cadê o Percy, Nico? - Insisti.

Ele me lançou uma olhar triste então disse:

—O Percy não vem Annabeth, ele acabou de embarcar num avião e não faço ideia o destino, sinto muito.