Wings, Um Anjo Em Minha Vida escrita por Nynna Days


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Babys, o Nyah está de volta e para comemorar, aqui está o capítulo. Quem conseguiu ler a história antes da manutenção, sabe que estou colocando o mesmo capítulo.

O motivo? Falta de comentários. Sei que não foi culpa de vocês, mas gosto de ser inspirada. E como eu disse nas outras notas, podem me mandar perguntas que eu responderei com prazer, mas sem spoillers, hem.



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“Aliel”

Pisquei os meus olhos com força, desviando-os da paisagem a minha frente, sem realmente a ver. Foquei nas safiras de Caliel, que tinha uma careta. Tinha a leve impressão que ela estava me chamando a um tempo considerável. Adriel tinha uma das sobrancelhas levantadas, curioso com o motivo de eu andar distraída.

“Me desculpe.”, eu suspirei, abaixando os olhos. “É que tem tantos pontos sem nós nessa missão que eu não estou conseguindo tirar minha cabeça disso.”, voltei a focar em Caliel. Ela pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha, ainda me observando. “O que você estava dizendo?”

Caliel suspirou.

“Consegui encontra Daniel.”, ela disse cada palavra com cuidado, se certificando que eu estava prestando a atenção. Cruzei as pernas e fechei minhas asas nas costas, evitando que o vento bagunçasse as penas. “Ele não ficou nada satisfeito em saber que você ficou fazendo perguntas sobre ele, mas concordou em te encontrar.”

Isso me animou.

“Quando?”, perguntei.

“Amanhã, depois da missa.”, ela deu um meio sorriso. “Gostaria de estar presente, mas fui chamada pelos meus superiores. Ele disse para você encontrá-lo na lanchonete aqui debaixo.”

Assenti, suspirando ao perceber que iria me livrar de metade de meus problemas. Talvez Daniel soubesse o que realmente aconteceu entre Sarah e Jason. O motivo do rompimento súbito da amizade deles. Passei a mão por meus cabelos cacheados e fechei os olhos novamente. Meus membros pareciam queimar com a velocidade que eu voei até ali.

Gostaria de me desligar novamente dos meus pensamentos, mas sabia que não seria possível com Adriel mantendo sua atenção redobrada em mim. Sabia que seria questão de tempo até que ele me questionasse sobre o motivo de me manter tão aérea. Ainda estava com a roupa que encontrei Jeremy. Fechei o casaco em volta de mim, mesmo que não sentisse frio de verdade.

“Então, Aliel.”, Adriel começou, me fazendo abrir os olhos novamente. Até que tinha demorado. “Como foi seu encontro com o humano?”

Suspirei, medindo minhas palavras.

“Frustrante.”, dei de ombros e abri minhas asas, apenas pelo prazer de fazê-lo. “Ele me deu um terceiro ponto de vista sobre a história de Jason e Sarah, mas não o ponto de vista que eu preciso.”, pressionei os lábios juntos quando a lembrança daqueles lábios tão perto dos meus se avivou em minha mente. Balancei a cabeça lentamente. “Tem algo de errado. Mas, eu não consigo dizer de fato o que é.”

Isso chamou a atenção dos anjos.

“Como assim?”, Caliel perguntou cruzando as pernas. “Você acha que esse humano tem alguma coisa a ver com essa história toda?”

“Não.”, disse dando um meio sorriso frustrado. “Eu tenho certeza. Jeremy me disse com todas as letras isso. Ele foi o meio de ligação entre Laisa e Jason. E é o elo que ainda os uni. Preciso arranjar um jeito de, ou fazer Jeremy quebrar esse elo, ou fazer o próprio Jason quebrar esse elo.”, fiz outra careta. “Só estou tentando decidir qual desses jeitos vai ser o mais complicado.”

Voltei meu olhar para frente, vendo o sol saindo detrás das nuvens. Adriel se levantou, balançando as suas asas e esticando as costas, enquanto se preparava para levantar voo. Caliel fez a mesma coisa, passando a mão por seu vestido branco. Preferi continuar sentada, sentindo o vento tocando minhas penas e meus cabelo. Fechei os olhos e sorri.

“Espero que você tenha sorte com Daniel.”, Caliel continuou, me fazendo voltar a realidade. Ela estava séria. “Ele realmente não estava nada feliz quando eu disse que você queria se encontrar com ele. Em parte, ele já sabia que você estava perto do pupilo dele, mas você não manteve a discrição.”

“O que está acontecendo, Aliel?”, Adriel me questionou, cruzando os braços.

Mas eu apenas balancei a cabeça.

“Eu também estou tentando entender, Adriel.”

*****************************

Deixei Adriel e Caliel conversando com o padre Joseph enquanto corria para me encontrar com Daniel. O tempo tinha mudado de fato. As nuvens estavam escuras e pesadas e algumas pessoas passavam pela rua com casacos pesados para se proteger do tempo. Eu não era uma dessas pessoas. Estava com calças jeans escuras, uma blusa de croché rosa e sapatilhas. Os cabelos presos, por conta do vento.

Cheguei na lanchonete e rapidamente avistei Daniel. Ele não tinha mudado quase nada desde que nos encontramos da últimas vez. Os mesmos olhos azuis acinzentados, a pele pálida e brilhante em contraste com os cabelos escuros e enrolados. Ele estava sentado no fundo da lanchonete, tomando café e olhando para os lados, aparentemente nervoso.

Dei um meio sorriso. Daniel sempre foi um anjo tímido. A sua esquerda, duas garotas o olhavam e soltavam risos, encantadas. Daniel se afundou ainda mais na cadeira e vi seu rosto corando. Não parecia de fato, um anjo frustrado. Mas essa expressão logo mudou assim que eu me sentei a sua frente. Os risos das garotas se cessaram e se tornaram suspiros desapontados.

“Daniel, bom te ver.”, o cumprimentei logo depois de fazer meu pedido.

“Digo o mesmo, Aliel.”, ele deu um meio sorriso. Então suspirou, ficando sério. “Caliel me contou sobre a sua missão e que queria falar comigo.”, ele abaixou os olhos e passou os dedos por sua xícara, parecendo incomodado novamente. “Pode falar.”

Abri a boca para dizer algo, mas fui interrompida pela garçonete. Sorri educadamente. No fundo, estava agradecendo pela interrupção. Afinal, eu não sabia o que perguntar de fato. Poderia perguntar o que tinha feito Jason e Sarah se separarem. Mas, nem mesmo a própria Sarah sabia, e Daniel tinha que se concentrar em Simon. Então, duvidava muito que ele soubesse algo a mais do que eu já soubesse.

Mas, tinha outra coisa me incomodando naquela história. Acho que isso se fez evidente em meu rosto quando estreitei os meus olhos escuros para Daniel. Ele respirou fundo e olhou para os lados, como se tivesse medo de que alguém aparecesse e o pegasse fazendo coisa errada. Eu suspirei, não entendendo. Mas não tinha muito tempo. Não queria me atrasar demais e deixar Sarah exposta.

Me inclinei na mesa, assustando o anjo a minha frente. As meninas ao nosso lado, ainda nos observavam em silêncio, então abaixei o tom de voz. Daniel, depois de se recuperar do susto da minha ação súbita, se aproximou o suficiente para que eu sentisse sua respiração em meu rosto. Dessa vez, quem olhou para os lados fui eu. Senti a apreensão me tocando.

“O que, de fato, você está fazendo na família Burke?”, perguntei. Estreitei os meus olhos. “Sei que Simon tem alguma coisa. Eu não sei o que é, e nem como isso vai afetar minha missão.”, abaixei ainda mais o tom de voz, sentindo-a tremer. “Mas, isso está me afetando. E eu não gosto disso. Preciso saber com o que estou lidando, Daniel.”

Daniel abaixou os olhos e percebi como seus ombros tremiam, como se ele estivesse com frio, ou pronto para chorar. Baseado no fato de não sermos humanos para sentirmos esses tipos de emoções e sensações, eu não sabia o que estava acontecendo com ele. Depois de alguns segundos de silêncio agonizante, levantou os olhos cinzas e suspirou.

“Simon é um Quase Anjo.”

Se houvesse momento para meus olhos se arregalarem, o momento certo foi aquele. Fiquei paralisada, sem respirar com aquilo. Mas, isso explicava muitas coisas. O fato de Simon se sentir estranhamente e instantaneamente atraído por mim. E o mesmo acontecer comigo. Era como se um imã me puxasse. Mas, não entendia a apreensão de Daniel em me contar aquilo. Tinha algo mais.

“Aliel, eu não posso contar muita coisa, ok?”, ele disse apressado, quando percebeu que eu iria insistir no assunto. “Não deveria nem te contar sobre isso, mas eu fui designado, por conta de muitos anjos caídos estarem sendo atraídos por Simon. Eu tenho que protegê-lo das más influências. Algumas vezes parece que estou tendo um avanço, mas outras...”, ele balançou a cabeça. “Você sabe como Quase Anjos chamam a atenção.”

Mas eu não estava mais prestando a atenção nisso.

“Anjos caídos?”, perguntei para ter certeza que tinha escutado certo.

Daniel se inclinou na minha direção com urgência, segurando minha mão.

“Você não pode contar isso para ninguém, escutou?”, ele quase implorou. Eu assenti. “Prometa, Aliel.”, ele disse sério.

Eu suspirei. Sabia que uma promessa de anjo era um juramento para a eternidade. Eu não poderia contar sobre nada com ninguém, mesmo que aquela revelação mexesse muito comigo. Não deveria me meter naquele assunto. Já tinha muitas coisas para cuidar. Eu assenti, lentamente e Daniel relaxou visivelmente, soltando minha mão.

“Prometo.”, disse engolindo a seco. “Simon sabe sobre o que ele é?”

Daniel balançou a cabeça, parecendo cansado e velho, mesmo que para os humanos ele só aparentasse ser um garoto normal de 19 anos. Pus a minha mão por cima da dele e o vi respirando fundo. Era como se ele tirasse o peso das costas. Ele levantou os olhos para mim e deu um sorriso triste.

“Não, Simon não sabe.”, ele passou a mão pelos cabelos enrolados e suspirou. “Tenho que me certificar que ele não sabia e o proteger.”, parecendo ficar apreensivo novamente, ele voltou a sussurrar com a mesma urgência. “E, tem alguns boatos de que há outro Quase Anjos por Nova Jersey. E que está sem supervisão. Talvez, dependendo da sua rapidez em terminar a missão, você seja o anjo da guarda do outro Quase Anjo.”

Meus pensamentos estavam totalmente bagunçados.

“Meu Santo Criador.”, eu suspirei.

“Eu sei.”, ele disse e olhou para o relógio ao mesmo tempo que eu. Nos levantamos. “Tenho que ir. Simon logo irá perguntar por mim. E creio que você tem uma missão para terminar.”, eu assenti. Daniel sorriu. “Deixe que eu pago.”, então ficou sério. “E tome cuidado, Aliel. Não sei como estão as coisas. Mas parece que o controle está se dissipando lentamente.”

Eu tremi e fui embora.

****************************

Anjos Caídos.

Quase Anjo.

Dois Quase Anjos.

“Aliel, está me escutando?”

Balancei a cabeça voltando a encarar Sarah enquanto ela me olhava de sua cama. As palavras de Daniel estavam me perseguindo durante o dia inteiro. Não tinha conseguido nem conversar com Jason para tentar descobrir o motivo dele e Sarah terem se afastados, de fato. Queria saber o motivo de sua mudança de opinião e comportamento súbito.

Eu tinha apenas uma certeza.

Tinha que terminar aquela missão o mais rápido possível.

“Sarah, o que de fato Jason quis dizer naquele dia em que disse para você não dar outro bolo nele?”, perguntei a encarando.

A ruiva quase caiu da cadeira com a minha pergunta. Então seu rosto assumiu um tom de vermelho que parecia rivalizar com seus cabelos. Ela abaixou os olhos verdes e por um momento, me senti invasiva. Não deveria ter perguntado desse jeito. Estava pronta para me desculpas, quando ela balançou a cabeça e me encarou.

“Não quero falar sobre isso, por favor.”, ela me pediu. “Faz muito tempo.”

Suspirei e assenti.

“Me desculpe.”, eu disse e a abracei.

*************************

Me vendo em um beco sem saída, fiz a última coisa que pensei que faria naquele missão. Jeremy abriu a porta surpreso, mas seus olhos azuis assumiram um tom debochado quase que instantaneamente. Ele deu um meio sorriso e cruzou os braços, me olhando de cima a baixo. Minha apreensão e pressa se suspenderam por um momento, dando lugar ao meu coração acelerado e meus pulmões inúteis. Senti a palma da minha mão suar enquanto as lembranças da noite anterior me tocavam lentamente, como a mais delicada pluma. Não tinha visto Jeremy na escola, percebi. Ou tinha visto e não lembrava?

Baseado nas reações que eu estava tendo com apenas um olhar e um sorriso, sabia que não o tinha visto. Eu me lembraria. Ah, eu me lembraria bem. Fiquei parada, porque eu sentia como se meus pés pesassem uma tonelada. Jeremy ficou ali parado, encostado no batente da porta e esperando que eu dissesse algo.

Limpei minha garganta, demonstrando o meu desconforto.

“Está ocupado?”, perguntei, encarando seus olhos azuis.

Seu sorriso se ampliou e ele deu alguns passos para o lado, gesticulando que eu entrasse. Hesitei, afinal, sabia no meu interior que não deveria mexer com fogo. E sabia que os pais de Jeremy ainda estavam viajando. Respirei fundo, tentando me acalmar. Eu estava ali para tirar alguma conclusão da história e não sairia sem chegar ao meu objetivo.

Entrei na casa dos Read em silêncio. observei o jeito como a mobília escura combinava com as paredes azuis turquesa, que consequentemente combinavam com os olhos de Jeremy. Me desviei desse pensamentos enquanto passava a mão pelo sofá de ótima qualidade, posicionado perfeitamente em frente a lareira de última geração. Dava para perceber de cara que a família de Jeremy tinha dinheiro.

Vi a escadas no final do corredor e um arco que levava a sala de jantar. Era tudo impecável e me fez sentir desconfortável. Jeremy deveria se sentir solitário morando naquele lugar sozinho. Fiquei impressionada que ele não estivesse no treino hoje. Desviando o olhar do cômodo bem mobiliado, encarei o dono da casa, que aguardava com paciência que eu dissesse o motivo da minha visita inesperada.

“Você não foi para a escola?”, perguntei, mesmo sabendo a resposta.

Queria ganhar tempo para formular a pergunta exata.

Jeremy balançou a cabeça, o que fez seu cabelo escuro ficar ainda mais bagunçado. Por um segundo, não consegui imaginá-lo fazendo o que ele fazia. Sendo popular, um dos jogadores de futebol mais cobiçado da escola. Conseguia imaginá-lo em cima de uma moto, com uma tatuagem exposta no braço e jaqueta de couro. Ele fazia o tipo perfeito de Bad Boy que faria qualquer garota humana suspirar.

Apenas humanas.

“Estava arrumando algumas para a festa no sábado.”, ele gesticulou para o sofá. Neguei. Ficaria pouco tem ali. “Você ainda virá? Mesmo depois de ontem?”

Uma coisa que me fazia admirar Jeremy era sua coragem em falar tudo o que pensava sem hesitar. Mesmo em meus 400 anos como anjo, conheci poucas criaturas – humanos ou anjos – que fossem capaz de fazer isso. Mas, a pergunta de Jeremy me fez pensar. Eu iria aquela festa? Mesmo dele ter deixado as suas intenções bem claras?

Sim.

Eu tinha que ir, não só para completar aquela missão de vez. Mas para poder dar um ponto final nessa atração sem fundamentos que Jeremy tinha por mim. Será que ele não via que nós dois nunca iríamos dar certo? Me recostei na parede perto da porta e me preparei para dizer todos os meus pensamentos para ele, quando fui interrompida pelo mesmo.

“Você tem namorado, Aliel?”, ele perguntou dando um passo na minha direção.

E por um segundo, a ideia de ficar na parede não me pareceu muito inteligente.

“N-não.”, gaguejei. Algo se agitou dentro de mim.

Não, tudo se agitou dentro de mim. Eu ofeguei por serem reações inesperadas e desconhecidas acontecendo subitamente. Balancei a cabeça, segurando a vontade de me encolher e abraçar as minhas pernas. Aquilo não estava acontecendo comigo. Não podia ser. Eu tinha tomado tanto cuidado.

E agora estava sendo tentada.

“Sabe, eu não te entendo.”, Jeremy disse chamando a minha atenção. Ele deu outro passo na minha direção, fazendo com que nossos corpos ficassem perigosamente perto. “Eu sei que você sente alguma coisa por mim. E eu já deixei bem claro que quero você.”, ele fez uma careta. “Mas, alguma coisa parece está segurando você.”

“Nada está me segurando.”, eu disse com a voz trêmula. Odiava me sentir indefesa e encurralada daquele jeito. Vir aquele lugar tinha sido uma má ideia. Nos seus olhos vi zombaria. “Eu apenas não quero nada com você.”

“Mentira.”, ele disse e se aproximou ainda mais.

“Jeremy...”, tentei mais uma vez.

Mas ele não me escutava mais.

“Por que você não cede para mim, anjinha?”

Ele pôs um braço em cada lado do meu corpo, sem realmente me tocar. Seus olhos azuis me fizeram ficar sem ar. Meu coração se acelerou e um jeito improvável aos humanos. E tudo o que ele precisou fazer foi sorrir.

“Você não sabe do que eu estaria abrindo mão se cedesse.”, eu respondi.

Ele deu um passo para trás, como se aquelas palavras queimassem. Abaixei os olhos e acalmei todos os meus órgão vitais. Jeremy passou as mãos por seus cabelos negros, em uma tentativa de se acalmar, talvez. Mas não pareceu funcionar, porque ele parou de andar de um lado para o outro na sala e me encarou, com raiva.

“O que você está fazendo aqui então?”, ele exigiu.

Mordi o lábio inferior, me perguntando pela centésima vez se tinha sido uma boa ideia ir até ali. Mas, se eu pedisse para Sarah me levar, ela ou iria suspeitar, ou se negar. Com Jeremy seria mais fácil. Pelo menos era o que eu pensava até pisar ali e tudo aquilo acontecer. Ele ainda estava me encarando esperando a resposta. Limpei a garganta.

“Preciso que você me leve até a casa de Jason.”, eu disse.

Jeremy me encarou como se eu fosse louca. Na verdade, desde que essa missão tinha começado, eu estava duvidando de minha sanidade. Talvez eu devesse consultar algum anjo superior quando eu terminasse aqui. Por isso que eu não gostava de missões com deslocadas X popular. Era desgastante.

Esperei pelo questionamento. Estava preparada para o questionamento. Meu corpo estava tenso, enquanto minha mente trabalhava para lembrar da mentira que eu tinha arrumado para ser meu motivo dessa visita tão repentina á Jason. Mas, tudo o que Jeremy fez foi assenti e pegar a sua jaqueta de couro.

“Vamos”, ele disse passando por mim e abrindo a porta.

******************************

“Para que vocês querem saber disso?”

Jason parecia desconfiado enquanto encarava a mim e a Jeremy por cima do seu copo de refrigerante. Jeremy estava esparramado no sofá, como qualquer melhor amigo ficaria. Eu estava sentada ereta. Não queria encostar em ninguém. Principalmente nele.

“Ela quer entender, Jay.”, Jeremy veio em minha salvação. Ele se sentou direito, encarando os olhos verdes suspeitos de Jason. “E na verdade, eu também quero. Você nunca me contou o motivo de ter cortado o contato com a ruiva e ter caído em cima de Laisa.”

Encarei Jeremy, pela escolha de palavras. Mas ele apenas deu de ombros. Sabia o que ele estava pensando. Que não fazia parte de nenhuma igreja – como eu – então, não precisaria controlar ou ter uma linguagem formal – novamente como eu. O ignorei, esperando a resposta de Jason que tinha os olhos vazios. Era como se ele estivesse preso em alguma lembrança longinqua.

“Foi no último ano do ensino fundamental.”, ele começou a contar, sem realmente focar em nós. Parecia que ele estava contando a história para si mesmo. Não o cortei e nem permiti que Jeremy o fizesse. “Eu... eu realmente gostava de Sarah e estava disposto a demonstrar isso.”, ele deu um sorriso triste. “Acho que fui um estúpido em pensar que ela me via mais do que um amigo.”

Jeremy abriu a boca pronto interromper o amigo, certamente com algum comentário maldoso. Mas ergui a mão, o impedindo. O movimento foi discreto o suficiente para apenas Jeremy ver e me mandar um olhar. Balancei a cabeça e fiz um sinal para que fizesse silêncio. Ele suspirou e assentiu, parecendo entender que aquilo era importante, pelo menos para mim.

“Eu queria dar uma chance para nós dois, sabe?”, Jason levantou os olhos para mim e Jeremy, dando um sorriso triste. “Estava disposto a ultrapassar a linha da amizade. Vi que ela era a única que eu precisava e gostava disso.”, ele soltou um suspiro triste. “Pena que ela não pensava a mesma coisa.”, ele balançou a cabeça. “Mas, eu estava tão determinado...”, seus olhos voltaram a ficar distantes.

Comecei a pensar que a culpa não fosse realmente de Jason.

“Então, na véspera da prova de matemática final, resolvi fazer um surpresa para Sarah.”, seus olhos se escureceram. Senti Jeremy ficar tenso ao meu lado, mas não disse nada. “Sabia que ela estava tensa com essa prova e queria que ela relaxasse. E queria conversar sobre dar uma chance para nós dois. Quase tínhamos nos beijado uns dias antes e eu queria mesmo tentar. Por isso, fiz piquenique, pensando em tudo o que iria dizer.”

Escutei Jeremy engolir em seco.

“Estava tudo planejado em minha mente.”, Jason continuou e soltou um riso amargo. “Acho que ainda lembro das palavras.”, ele balançou a cabeça lentamente e levantou os olhos para nós. Eu nem respirava. “O problema do encontro perfeito, é que só se torna um encontro quando as duas pessoas estão presentes.”

“Sarah não foi?”, eu perguntei tentando compreender.

Jason negou, ao mesmo tempo que minha cabeça tentava processar tudo o que eu estava escutando. Então esse era o real motivo por Sarah não querer tocar no assunto de Jason e o tal “bolo” que ele tinha dado nela? Mas, porque ela não tinha ido? Não tinha como ela saber que Jason iria finalmente se declarar para ela. Ou tinha?

Só de pensar que teria que arrancar o restante daquela história de Sarah, me senti velha e cansada. Como se meus 400 anos fizessem minhas asas pesarem. Então, percebi que Jeremy ainda tenso ao meu lado. Estranhei, encarando-o. Mas ele olhava para Jason. E tinha culpa em seus olhos. Estreitei meus olhos escuros.

Então, ele tinha um dedo naquela história, afinal.

“Jay, preciso te contar uma coisa.”, ele disse. Mas, me surpreendendo, não abaixou os olhos, quando o melhor amigo o encarou. “Cara, você vai querer me matar.”, passou os dedos pelos cabelos.

Eu estava apreensiva.

“Jeremy, conte logo.”, Jason disse, duro. Era como se sua voz pudesse cortar o aço.

Minha tentação suspirou e resolveu que era melhor contar tudo de uma vez.

“Na véspera da prova de matemática, Sarah não foi se encontrar com você, porque estava comigo.”, ele disse e respirou fundo. Mas pareceu ter percebi que falou besteira, quando eu e Jason o encaramos com os olhos arregalados. Ele levantou as mãos. “Não desse jeito. Relaxem.”

“Explique, Jeremy.”, eu disse, ficando cada vez mais confusa.

“Ela estava me ajudando a estudar para a prova.”, ele olhou para Jason, que parecia pronto para matá-lo. “Eu estava desesperado e ela já tinha passado. Quase implorei para que ela me ajudasse, ok? Não sabia que ela tinha um compromisso.”, ele pôs um dedo no queixo, pensativo. “Mas, lembro que ela parecia apreensiva e olhava para o relógio a cada cinco minutos.”, ele passou a mão pelo cabelo. “Se eu soubesse que era tão importante, não teria feito isso, Jay. Eu juro.”

Mas, Jason não parecia escutar. Balançava a cabeça de um lado para o outro e passava os dedos pelos cabelos claros, exasperado. Eu me levantei e respirei, satisfeita. Já tinha tudo o que queria. Antes de ir, parei ao lado de Jason e pus uma mão em seu ombro. Pude sentir o quanto ele estava confuso e tenso.

E louco para voar no pescoço de Jeremy.

Ele me encarou, como se o mundo ao seu redor tivesse desmoronando. Na verdade, estava. Afinal, tudo estava entrando em seu devido lugar. Se ele tivesse perguntado o que tinha acontecido, ao invés de apenas virar as costas para Sarah, as coisas poderiam ser diferentes. Jeremy estava com a cabeça entre as mãos, envergonhado demais para olhar para o amigo.

“Você sabe o que tem que fazer.”, eu disse e dei um pequeno sorriso. “Além de resolver as coisas com Sarah. E não culpe Jeremy. Ele não tem culpa. Não de tudo, pelo menos. Ele é seu amigo. Seu melhor amigo.”, deu um meio sorriso.

Tinha que admitir que estava usando um pouco da minha influência de anjo. Isso fazia com que meus olhos ficassem em um tom de castanho claro, quase que mel. Jeremy piscou algumas vezes na minha direção, mas eu estava me concentrando em Jason. Ele piscou algumas vezes e assentiu lentamente.

“O que você vai fazer?”, eu pisquei, fazendo com que a minha influência sumisse.

Jason suspirou, parecendo cansado.

Mas, decidido.

“Vou terminar com Laisa.”

Eu sorri e Jeremy se levantou, satisfeito.

“Finalmente, cara.”

Eles apertaram as mãos.


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Notas finais do capítulo

Amores, que também me acompanham em outras histórias, notícias.

Sociedade Renegada deve sair até final do mês. Já coloquei o capítulo para revisão. E Destino Sulista deve sair assim que eu terminar Wings. E tenho outra novidade, mas só no capítulo 13.

O que acharam da decisão de Jason? E de quem vocês acharam que foi a culpa? Comentem baby. Isso me deixa pulando que nem canguru, kkkkkkkkk