Wings, Um Anjo Em Minha Vida escrita por Nynna Days


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii, queridos. Mesmo com o pequeno número de comentários, tenho fé que irá melhorar a situação.

Ah, já escrevi o capítulo da festa. Mas, ainda falta um pouco.

Por enquanto vamos aproveitar mais os momentos Alimy ou Jereel, kkkk. Se tiverem sugestões de nomes pro casal Aliel/Jeremy, podem me mandar. E para Sarah/Jason também.

Aproveitem e me desculpem pelos erros.



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Eu voava acima das nuvens, mas sem perder a direção para onde eu estava indo. Minhas asas batiam com precisão, mesmo que minha mente estivesse distante por conta de tudo o que tinha acontecido depois da escola. As estrelas estavam me ajudando a me guiar. Eu iria parar a uns metros de distância do meu destino. Enquanto não chegava, deixei-me divagar novamente.

*************************

Depois do que aconteceu no corredor, eu fui atrás de Sarah. Demorou alguns segundos para eu conseguir me mover, ainda balançada com o que Jeremy tinha me dito. O pedaço de papel com seu endereço ainda queimava em meu bolso. Saí da escola com passos bambeados e parei a alguns árvores de distância.

Tirei meu casaco de crochê e deixei que minhas asas deslizassem para fora de minhas costas. A sensação das penas em minha pele, foi como deitar em uma banheira de plumas. Me ajoelhei, pegando impulso para levantar voo. Senti o vento tocando meu rosto, e fazendo com que meu cabelo fosse jogado para trás.

Ainda bem que eu tinha ido de calça jeans para a escola, assim facilitava quando eu ia voar. Sorri ao olhar para Nova Jersey de cima. Era incrível como uma cidade com aquela fama, tivesse tão poucos anjos voando. Na verdade, nesse tempo que eu estava ali, tinha encontrado com bem menos anos do que eu esperava.

Não sabia se isso era bom ou ruim. Mas tentei não pensar naquilo enquanto chegava a casa de Sarah. Pousei a alguns metros de distância, atrás de uma igreja local. Guardei minhas asas, sentindo as asas deslizando de volta para o seu esconderijo. E recoloquei meu casaco de crochê. Andei com passos apressados, preocupada com Sarah. Ela não deveria ter visto aquilo. Se pelo menos, Jeremy tivesse deixado que eu a tivesse impedido, seria bem mais fácil. Agora, minha missão estava correndo em sério risco. Tudo por causa daqueles par de olhos azuis. Balancei a cabeça, expulsando a lembrança daqueles olhos da minha mente.

Quando cheguei na porta na casa de Sarah, suspirei. Afinal, eu sabia que não seria fácil. Eu tinha 400 anos nesse ramo de cupido, mas cada caso era um novo ensinamento, era como se fosse a primeira. Dei um suspiro e caminhei decidida até a porta e toquei a campainha. Depois de alguns segundos, Simone abriu a porta com uma expressão preocupada.

“Ela está lá em cima.”, ela disse antes que pudesse falar alguma coisa.

Assenti e subi as escadas.

Quando cheguei ao corredor, vi Simon saindo do quarto dele. Ele estava com um violão pendurado nos ombros. E sua expressão estava séria. Ele me olhou daquele jeito que fez da última vez em que nos encontramos e ficou parado. Eu também fiquei olhando para ele.

Eu queria lembrar dele. Queria lembrar quem era David Smith. Queria saber qual era o verdadeiro nome de David Smith. Queria saber o motivo verdadeiro por ele ser assim. Sei que estava pedindo demais naquele momento, mas tinha alguma coisa em Simon que o fazia tão fascinante quanto Jeremy.

“Hum, oi”, eu disse, abaixando meus olhos para os pés.

“Aliel, certo?”, ele perguntou se aproximando. Assenti. “Como você está?”

Levantei os meus olhos.

“Bem”, sorri. E emendei antes que ele dissesse mais alguma coisa. “Sarah está no quarto?”

Isso o fez fechar a cara e passar a mão pelos cabelos tingidos.

“Sim.”, ele suspirou. “O que aconteceu com ela? Nunca a vi tão triste.”, ele estreitou os olhos na minha direção. “Vocês brigaram?”

“Não, não tem nada a ver comigo.”, eu disse rapidamente levantando as minhas mãos. Ele riu. “Teve uma coisa na escola e ...”

“Tudo bem, tudo bem”, ele disse ainda rindo. Outro sorriso apareceu em meus lábios. Era incrível o quanto Simon se preocupava com sua irmã, mesmo querendo manter a fachada de durão. “Já sei que se eu escutar a história toda, vou querer bater em alguém. Ninguém machuca a minha irmãzinha.”, ele estreitou os olhos.

E eu soube que era um aviso.

“Hum, ok”, disse após limpar a garganta algumas vezes. “Eu vou falar com ela. Até”

“Até, Aliel”

Eu passei por ele, ainda sentindo a minha pele formigando e fui direto ao quarto de Sarah. Da porta, já conseguia escutar os seus soluços. Isso fez com que tudo se apagasse da minha mente de vez. Então, bati na porta. Os soluços deram uma pausa. Escutei o barulho da cama, enquanto ela se levantava dela.

Esperei até que ela abriu a porta. Seus olhos quase tão vermelhos quanto seus cabelos, que no momento estavam em um confusão ruiva. O verde de seus olhos estava apagado e no canto de sua boca tinha um pouco de chocolate. Era assim que Sarah lidava com a dor?

“Aliel?”, ela perguntou não confiando em sua visão. Coçou os olhos. “O que você está fazendo aqui?”

“Vim ver como você está.”, entrei no quarto.

Ela voltou a se sentar na cama e pegou a barra de chocolate, mordendo-a.

“Como eu estou?”, ela perguntou, mas sem tirar os olhos da barra de chocolate. “Eu estou me sentindo a garota mais burra do mundo por pensar que Jason terminaria com a belíssima Laisa Fernandez para ficar comigo. Uma ruiva deslocada.”, ela fungou mais uma vez e vi seus olhos se enchendo de água. “Eu sempre coloco expectativas demais. E isso sempre acontece.”

“Sarah...”

“Não”, ela me interrompeu com a vez baixa, mas dura. “Não tente me convencer do contrário, como você sempre faz. Você sabe que é verdade. Eu e Jason nunca vamos ficar juntos e ponto final.”

Eu me levantei, determinada. Sarah me olhou como se não me reconhecesse. Ela não poderia dizer uma coisa dessas. Estava deixando minha missão impossível. Sim, eles ficariam juntos. Não importava quanto tempo eu demorasse para juntá-los. Deus nunca errava. Respirei fundo, pensando em palavras que pudessem fazê-la mudar de ideia.

“Sarah, você não é burra. Você apenas não faz parte da sociedade burocrática que a escola exige que você participe.”, voltei a me sentar e pegar sua mão. “Deus escreve certo com linhas tortas. Sei que você e Jason vão ficar juntos, mas essa você teria que ter na cabeça que não seria fácil. Eu estou aqui para te ajudar. E vou te ajudar. Mas eu preciso que você se ajude. Não é chorando e se humilhando que as coisas vão se resolver.”

Ela parou de chorar por um segundo e levantou os olhos verdes para mim. Então, percebi que tinha tocado em um ponto que ela nunca tinha sentido. Respirei fundo, mas fiquei em silêncio, esperando que ela absorvesse as palavras que eu tinha acabado de dizer. Sarah piscou alguma vezes e passou a mão pelos cabelos, balançando a cabeça.

“O que você quer dizer com isso?”, ela perguntou hesitando em casa palavra.

Eu sorri.

“Eu quero dizer que ainda vamos aquela festa sábado e você vai mostrar a Jason o que ele perdeu”

**************************

Sorri com a lembrança daquele momento e olhei baixo, vendo um lugar perfeito para pousar. Quando tinha visto as lágrimas de Sarah, foi o momento em que decidi de vez que iria a casa de Jeremy para que minhas perguntas fossem respondidas.

Assim que meus pés tocaram no chão, olhei em volta para ter certeza que ninguém tinha me visto. Então, fiz minhas asas voltarem para minhas costas e pus minha jaqueta. Soltei meus cachos do rabo de cavalo e balancei a cabeça. Respirei fundo olhando em volta de onde eu estava. Era a área nobre de Nova Jersey.

Não estava impressionada com o fato de Jeremy morar ali. Na verdade, ficaria impressionada se ele não morasse por ali. Pus a mão no bolso, puxando o endereço. Por um momento, foi como se o papel queimasse em meus dedos. Foi só por um segundo. Reli o endereço e olhei em volta mais uma vez. Então, comecei a andar.

***************************

“Essa foi por pouco, Aliel”, Adriel disse.

Estávamos dentro do meu quarto enquanto eu terminava de me arrumar para ir encontrar com Jeremy. A missa tinha terminado a poucos minutos e eu tinha chego atrasada. Caliel estava sentada na cama com as pernas cruzadas, em seu vestido braco sem alças. Adriel estava sentada na poltrona com a expressão neutra. Os dois pensando em tudo o que eu tinha contado.

“Você tem que dar um jeito nesse Read”, Adriel afirmou.

Eu parei de escovar meu cabelo e suspirei. Por cima do ombro, pude ver o reflexo de Caliel enquanto ela estreitava os olhos. Eu não havia contado para ela quem era o humano que estava me deixando tão confusa. Mas, pelo jeito que seus olhos azuis se arregalaram, ela tinha descoberto quem era.

“Não se preocupem.”, eu disse saindo do banheiro. Estava de calça jeans escuras e uma blusa branca. “Eu irei conversar com ele e ter as respostas que preciso.”, peguei minha jaqueta e olhei para o relógio. Ainda estava cedo. Me sentei ao lado de Caliel e suspirei. “Vocês tinham que ter visto o jeito como ele controlou Laisa com a maior facilidade. Tem alguma coisa estranha ai e eu vou descobrir.”

“Acho que esse é o seu maior desafio”, Caliel disse. “Mas, se sinto sortuda. Até agora, não me deram nenhuma missão. Nem para vigiar um humano fui chamada.”, suspirou. “Se eu soubesse que ser promovida era tão chato, tinha recusado.”

“Pare de reclamar de barriga cheia, Caliel”, Adriel disse bufando.

“Hey, não estou reclamando.”, ela jogou um travesseiro nele. E eles riram. “Estou apenas dizendo que, tudo está um tédio. Mas vamos deixar Aliel falar.”, ela voltou a sorrir para mim.

Isso me fez lembrar.

“Vocês sabem quantos anjos tem por aqui?”, perguntei.

Adriel abriu os braços.

“Querida, aqui é Nova Jersey.”, ele sorriu e levantou as sobrancelhas. “No mínimo devem ter três anjos a cada pessoa.”

Eu abri a boca para dizer alguma coisa que iria contrariar essa estimativa. Mas, Caliel colocou uma mão por cima da minha, me interrompendo. Ela tinha um olhar compreensivo. Como aqueles que uma mãe dava a um filho quando ele ficava confuso.

“Aliel, você e Adriel são anjos de baixo nível.”, ela disse devagar. “É fácil para os Anjos da Guarda se esconderem de você. Além disso, se não assim, os humanos que conseguem nos identificar ficariam loucos.”

“Ah”, foi tudo o que eu disse.

Eu sabia que tinha uma pequena parte da população mundial que conseguia nos identificar. Tirando os padres. Era bem poucas pessoas mesmo. 1% da população mundial, apenas. Eles não conseguiam ver nossas asas. Mas eles tinham sensações e sabiam que tínhamos coisas diferentes. Alguma pessoas os chamavam de Profetas. Nós, anjos, preferíamos chamá-los de Escolhidos Angelicais, ou Quase Anjos. Mas, eu nunca tinha conhecido um antes.

Adriel, pela sua expressão pensativa, também não. Mas, pela idade avançada de Caliel, eu sabia que ela deveria ter encontrado, no mínimo, uns três. O que era bem raro para um anjo. Isso me fez parar para pensar em outra coisa que estava me incomodando desde de manhã.

“Vocês conhecem David Smith?”, perguntei. Isso fez Caliel e Adriel levantarem as sobrancelhas. “Ele é anjo da guarda de Simon Burke, irmão de Sarah, mas eu nunca o vi.”

“David Smith?”, Caliel disse me encarando, ainda com a sobrancelha levantada. “Você não quer dizer Daniel?”

“Oh, Daniel é o anjo da guarda de Simon?”, perguntei surpreendida.

“Sim.”, Caliel disse devagar, me olhando como se eu tivesse batido a cabeça. Então, franziu o cenho. “Estou impressionada. Você não fizeram uma missão juntos há uns 50 anos em Roma?”

“Fizemos.”, também franzi o cenho. “Não sabia que ele tinha sido promovido.”, olhei para Caliel. “Será que você pode arranjar um jeito de eu me encontrar com ele. Quero perguntas umas coisas a ele.”

“Claro”, ela sorriu. Ela olhou para o relógio ao mesmo tempo que eu. “Melhor você ir, caso contrário vai se atrasar.”

“Boa sorte, Aliel.”, Adriel disse.

Saí pela janela, abrindo minhas asas.

*************************

Estava andando pela a rua a quase quinze minutos quando finalmente achei a casa de Jeremy. Ela era grande e branca. Deveria ter uns três andarem e tinha uma varanda que deveria ter sido planejada desde a época de Abraham Lincoln. Me aproximei, não gostando da escuridão e arfei ao ver que tinha uma laranjeira bem ao lado da entrada da varanda.

E que Jeremy estava encostada nela.

Seu sorriso cresceu lentamente conforme eu me aproximava. Engoli em seco e parei a alguns passos dele. Jeremy desencostou da árvore e caminhou confiante até onde eu estava. Vestia uma jaqueta de couro, calça jeans escuras e uma camisa branca com corte V. Eu engoli em seco ao perceber que estávamos combinamos.

Ele também deve ter percebido, pois me olhou de cima a baixo e sorriu. Deixei minha expressão em branco enquanto esperava que ele dissesse algo. Insatisfeito com o espaço que estava entre nós dois, ele percorreu o restante da distância e parou bem a minha frente. Então passou a mão por seus cabelos escuros.

“Então, você veio, anjinha.”, ele deu um meio sorriso e seus olhos azuis quase queimavam. “Pensei que iria recuar. Mas parece que está bastante interessada na história de Laisa e Jay.”, ele colocou uma mão no queixo, pensativo, enquanto acariciava a barba por fazer. “Sabe, me pergunto o motivo por essa fascinação.”

“Jeremy...”

“Não precisa me responder.”, ele se apressou em me acalmar. “Afinal, eu que tenho que responder as suas perguntas, certo?”, ele sorriu. “Mas, você está me devendo umas respostas. Vamos entrar”

“Não.”, eu disse abrupta. “Quero andar um pouco.”

Jeremy estreitou os olhos na minha direção. E por um segundo eu sabia o que ele estava pensando. Afinal, nunca tinha sido recusado por nenhuma mulher. Mas, ele não poderia encara isso como uma recusa. Ele não estava me oferecendo nada. E , bem, eu era mulher agora. Na próxima missão, eu poderia ser um homem.

“Então, vamos andar.”, ele disse.

A rua em que ele morava era longa, então resolvemos andar até o final dela e voltar. Seria uma bela caminhada. Mas, como o tempo tinha esfriado, era bom para ele andar, para esquentá-lo. Nos primeiros minutos, ninguém disse nada. Apenas andamos e nos olhávamos. Eu fiquei me perguntando qual o significado para o formigamento na minha pele perto dele.

“Eu não sei como começar a contar.”, ele admitiu depois de mais silêncio. Eu o olhei e ele deu um sorriso triste. “Bem, pelo início, obviamente. Mas, que início?”

Isso me deixou alerta.

“Como assim 'que início'?”, perguntei.

Jeremy abaixou os olhos por um segundo, chutando uma pedrinha que estava no chão. Nesse pequeno instante, estudei seus ombros largos e seu cabelos negro despenteados. Como ele tinha as pernas longas e atitude em um simples gesto como colocar as mãos no bolso. Então, ele levantou os olhos azuis para mim e respirou fundo. Estava sério.

“Laisa é minha ex-namorada.”, ele disse.

Eu tropecei em meus pés, pelo susto. Jeremy foi rápido em me amparar, mas isso fez com que nos encostássemos mais do que deveríamos. Meus olhos pareciam atraídos por aquelas safiras e eu prendi a respiração. Eu não precisava dela mesmo. Jeremy passou a língua pelos lábios, deixando seu percing de fora. Balancei a cabeça, querendo acordar.

“Hum, obrigada.”, disse me soltando dos braços dele e dando um passo para trás. Jeremy continuava me encarando com os lábios franzidos. “Você e Laisa foram namorados?”

Jeremy voltou a andar e eu o acompanhei. Alguma coisa se agitou dentro de mim. Alguma coisa me fez ficar presa naqueles olhos. E os lugares onde Jeremy tocou estavam quentes. Mesmo que ele tenha tocado por cima da jaqueta. Será que isso era uma coisa que só acontecia comigo ou era algo que só ele conseguia fazer?

“Eu fiz com que Laisa fosse o que ela é hoje.”, Jeremy continuou contando, mas sem olhar para mim. “Ela mora a duas quadras daqui.”, ele riu de uma lembrança distante. “Ela não tem nenhum direito de pisar em Sarah, já que, antes do ensino médio, ela era uma nerd com N maiúsculo. Mas, ela e eu começamos a nos envolver e eu disse a ela que se ela não mudasse, não iria mais continuar com ela.”

“Exatamente o que Jay disse.”, pensei em voz alta.

“Sim.”, ele assentiu. “Então, ela sumiu por uma semana. Pensei que isso significava que tínhamos terminado. Então, comecei a ficar com Melissa. Sim, eu era um idiota.”, ele disse vendo a minha expressão com os olhos arregalados. “Não”, ele disse pensativo. “Eu ainda sou um idiota. Mas, continuando. Quando Laisa voltou a escola era outra pessoa. Tanto por dentro, quanto por fora.”

“E aí nasceu a verdadeira Laisa Fernandez.”, eu disse.

“Pode me culpar.”, ele deu de ombros. “Eu criei um monstro.”, nós rimos. Mas, meu riso era vazio, enquanto eu pensava. “Laisa ficou furiosa comigo por tê-la feito mudar e ter trocado ela. Sim, ela ficou gostosa, mas não tinha conteúdo mais. Por isso que ela me odeia até hoje e trata Melissa como um capacho.”

“E onde Jason entra nessa história?”

“Calma.”, ele disse, sorrindo. “Já ia chegar a essa parte da história. Jason e eu éramos colegas de futebol. Nada mais que isso. Ele vivia com Sarah para cima e para baixo. No início, pensei que ele era até gay. Mas, um dia, ele veio até mim e perguntou se eu ainda estava com Laisa. Eu estranhei e perguntei sobre Sarah, se eles estavam juntos. Ele parecia frustrado com alguma coisa e disse que Sarah era só uma colega de classe que o ajudava com o dever de casa. Exatamente essas palavras.”

Minha boca pendeu aberta. Eu não imaginava Jason dizendo essas palavras sobre Sarah. Mas eu tinha que entender todas as partes. Eu me lembrava vagamente de Sarah dizendo alguma coisa com Jason, sobre dar um bolo. Será que era isso que tinha acontecido. Suspirei. Teria que verificar Jason. Afinal, Sarah e Jeremy poderiam me contar histórias parecidas. Mas só quem poderia realmente me dizer o que o tinha feito mudar de ideia, era o próprio Jason.

“O resto da história você já deve ter escutado da ruiva.”, Jeremy disse. Eu assenti. “Eu apenas os apresentei. Então, eu e Jay fomos nos aproximando e somos melhores amigos. Eu não sei o que rolou – ou deixou de rolar – entre ele e Sarah, mas deve ter sido sério. Depois disso, eles só voltaram a se falar no dia em que você entrou na escola.”

Levantei a sobrancelha. Pelo jeito que eles se falaram, parecia que pelo menos eles se cumprimentavam. Mas não. Então, Jason realmente tinha sido cegado pela beleza da popularidade. Eu tinha que parar de julgar as pessoas. Tinha julgado Jeremy por ter levado Jason aquele caminho. Mas Jason tinha caminhado sozinho.

“Agora que você sabe de tudo, pode parar de achar que a culpa é toda minha.”, Jeremy disse, parando. Eu parei também e me perguntei como ele sabia o que eu pensava. “Sei que não sou a melhor pessoa do mundo, mas cada um fez a sua escolha nessa história.”

“Eu sei.”

Jeremy suspirou e pegou a minha mão, olhando no fundo dos meus olhos. Eu senti alguma coisa formigando no fundo da minha mente. A pele dos meus dedos começaram a esquentar debaixo de seu toque. Meu Deus, o que era isso? Tudo o que se passava pela minha cabeça era como os lábios dele eram convidativos. Como seus olhos brilhavam, mesmo na escuridão. O formato de seu rosto era forte e intrigante. Como ele parecia ter sido feito com cuidado.

“Aliel, eu tenho que te dizer uma coisa que está me sufocando.”, ele respirou fundo e parou na minha frente. Algo se agitou dentro de mim. “Eu me sinto estranho perto de você.”, eu franzi o cenho. “Não de um jeito ruim”, ele se apressou em explicar, então soltou o ar. “Mas, é como se fosse errado te querer. Só que...”, ele hesitou e se aproximou passando os dedos por meu rosto. “eu não sei se consigo mais resistir.”

Então, sua mão que estava em meu rosto foi para o meu cabelo e ele me puxou para o seu peito. Meus olhos se arregalaram. Senti o peito quente contra o meu. Meu coração foi de 100 a 300 por horas naquele pequeno segundo. Minha respiração ficou arfante. E os olhos de Jeremy – se eram possível – ficaram mais azuis.

Mas, eu o empurrei. Porque, eu sabia que era errado. Porque eu não poderia dar o braço a torcer. Afinal, eu não queria o mesmo final que Caliel teve. Eu não queria perder as minhas asas. Mas, no fundo, eu não queria perdê-lo. Antes que Jeremy dissesse alguma coisa, eu sai correndo e me escondi na parte de trás de uma das casas próxima e joguei a minha jaqueta do outro lado do quintal e abri as minhas asas.

E voei o mais alto e longe possível.


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Notas finais do capítulo

Ah, sobre Sociedade Renegada. Vou enviar o capítulo para revisão e talvez daqui a uma semana ele já esteja postado.

Ah ² , queria tanto ganhar outra recomendação se não fosse pedir demais. Ou talvez mais comentários dos meus leitores fantasmas. Vocês que me inspiram, meus amados leitores.

Beijos e até semana que vem