Wings, Um Anjo Em Minha Vida escrita por Nynna Days


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Bem, como eu disse no capítulo 9, quero dizer alguma coisas. Mas, para não atrapalhá-los, vou dizer apenas nas notas finais.

Então, aproveitem o capítulo.



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Fiquei sentada ali até que meu coração e minha pernas estivessem prontos para a realidade. Estava chorando por um humano. Eu não sabia o motivo exato, mas estava chorando por ele. Ou talvez fosse por mim. Afinal, a dor era em meu peito, não no dele. Nesse momento ele estava sendo entorpecido pela dor e pelo prazer carnal.

Respirei fundo, controlando a ardência que voltava em meus olhos. Eu estava molhada, mesmo que tivesse tentado me proteger da chuva. Causada por mim. Levantei, passando a mão por meu vestido e fazendo uma careta ao perceber que estava em um estado deplorável. Eu estava pensando em doá-lo depois dessa missão.

Meu cabelo estava grudado em meu rosto, e eu tive um pouco de dificuldade de afastar alguns fios, por minhas mãos ainda estarem tremendo. Quanto tempo será que tinha se passado? Mordi o lábio, olhando para a casa de Jeremy e vendo que a festa ainda acontecia, como se o tempo estivesse do mesmo tempo que antes.

Levantei meu olhar, com a desculpa de ver as nuvens. Mas, me peguei encarando a janela dele. Fechei os olhos com força, tentando recuperar o controle das minhas emoções. Passei a mão por meu rosto e respirei fundo. Minha garganta ainda estava seca, por isso engoli em seco. Balancei a cabeça. Tinha que sair dali antes que causasse outra mudança de tempo.

Caminhei lentamente pela rua, sem pressa de chegar ao meu quarto e ter que ser questionada pelos anjos que me aguardavam. Mas, ao mesmo tempo, tudo o que eu queria era deitar e poder esquecer que essa noite havia acontecido de fato. A vontade de chegar em casa foi maior, por isso parei atrás de uma das casas e tirei minhas asas falsas, para poder abrir as verdadeiras.

O vento bateu em minhas penas. Eu sorri. Algumas roçaram em meu rosto e me lembraram de sua maciez e exuberância. Bati-as duas vezes, apenas pelo prazer de fazê-lo. Meu sorriso aumentou. Mas, algo o fez diminuir consideravelmente. Meu olhar parou em uma pena prateada caída no chão. Me agachei e a peguei, vendo o quanto era suave e resistente. E que estava fora de seu lugar.

Eu sabia que estava merecendo isso. Mas me doía ver. Apertei-a em meu peito e flexionei os joelhos para pegar impulso. Quando abri os olhos novamente, estava acima das nuvens pesadas pela chuva recente. Olhava as estrelas e batia minhas asas com determinação. Por um segundo, esqueci o motivo de estar chateada. Porém, quando meu olhar parou na solitária pena em minha mão, a verdade pareceu gritar em minha mente.

Eu estava na linha de risco.

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Como eu imaginava, Caliel e Adriel estavam me esperando no quarto. Caliel estava sentada na cama folheando as pastas que Rafael tinha me dado no começo da missão e Adriel brincava com as mangas de sua camisa, sentado na sua usual poltrona. Assim que eu entrei, eles deram um salto de seus devidos lugares e pararam na minha frente.

“Como foi?”

“Conseguiu terminar a missão?”

“Por que está toda molhada?”

“Que pena é essa?”

“Por que demorou tanto?”

“Não vai falar nada?”

Massageei as minhas têmporas, esperando a enxurrada de perguntas terminar. Lembrando da pena, a soltei, observando como ela caía lentamente no chão. Caliel e Adriel se calaram, também olhando para a pena. Por fim, eu suspirei, passando por eles e me sentando na cama para que pudesse tirar aqueles sapatos.

“Foi bem, tirando alguns imprevisto.”, eu respondi sentindo minha mente começar a queimar. Mas era fácil ignorar se comparasse a dor que habitava em meu peito. “Acho que já estou no passo final dessa missão. Estou molhada porque choveu. E essa pena é minha. Demorei porque – novamente – choveu. Não falei nada antes porque estava esperando vocês terminarem seu interrogatório.”

Eles ficaram em silêncio apenas me observando. Também não tentei dizer nada. Meus lábios estavam pressionados em uma linha reta. Tinha quase certeza que se os abrisse, um grito agonizante sairia deles. Seria perda de tempo tentar esconder isso deles. Era quase palpável a certeza que tinha alguma coisa errada comigo.

Mexi meus pés, sentido-os mais livres e fui até i banheiro. Senti os olhares dos anjos em mim, mas continuei os ignorando. Tirei a roupa e tomei banho lentamente, sentido a água quente tocar minha pele ainda úmida e fria pela chuva. Saí algum minutos depois, com uma blusa de manga longa e calça branca.

“Aliel”

Parei de secar o meu cabelo e encarei os anjos sentados na cama. Joguei a toalha de volta no banheiro e respirei fundo. Sabia que eles iriam me confrontar para saber a verdade. Também sabia que não estava preparada para admitir a verdade em alto e bom som. Me movi até a poltrona e me sentei, colocando os cotovelos nos joelhos e os encarando.

“Tem algo estranho com você.”, Adriel começou.

“E eu já vi esse olhar antes.”, Caliel disse levantando uma sobrancelha loira. “No espelho”

Meu rosto parou em minhas mãos e eu tive que controlar a minha respiração. Sabia que eles estavam esperando a minha resposta. Eu estava esperando a minha resposta. Sentia meu coração batendo com força contra os meus ossos, quase como se quisesse quebrá-los. Levantei os meus olhos, incomodada com o quão o silêncio estava gritante. Eles tinham os olhos multicoloridos me encarando com firmeza.

Suspirei.

“Eu acho que fui tentada.”

******************************

“Que Deus acompanhe vocês nessa jornada.”, padre Joseph se despediu de todos.

Como de costume, Caliel, Adriel e eu caminhamos até o padre que nos esperava com um grande sorriso. Eu fiquei aérea a conversa que prosseguia ao meu lado. Sabia que eles estavam falando da próxima missa. Tinha sido o assunto de domingo também.

Durante o fim de semana, nós tínhamos ignorado o assunto de minha tentação. Mas, no restante de sábado, foram uma enxurrada de perguntas que me acompanharam. Minha cabeça ainda estava latejando, como se eu mentisse em cada respiração. Então, foi decidido que eu teria que terminar aquela missão essa semana ainda. Fiquei relaxada por eles não me dedurarem aos superiores.

“Algo está pesando seu coração, louvável anjo?”, padre Joseph perguntou.

Foquei meus olhos escuros nele e forcei um sorriso. Caliel e Adriel observaram em silêncio, vendo qual seria a minha resposta. Mas, aquela foi a minha resposta. Pegar na mão do padre Joseph e sorri. Ele sorriu para mim e retornou ao assunto com os outros anjos.

Era incrível o quanto os humanos eram fáceis de serem enganados.

*********************************

“Aliel”

Minha mão apertou o braço frágil de Sarah e ela arregalou os olhos verdes com a minha força. Dei um sorriso sem graça e frouxei. Mas apertei o passo em direção á próxima aula, mesmo sabendo que não adiantaria. Afinal, sua voz conseguia atravessar um corredor barulhento. Por que suas pernas não poderia fazer o mesmo?

“Você tem que me contar o que aconteceu, Aliel.”, Sarah disse, séria.

“Não, na verdade quem tem que me contar algo é você.”, disse com um pequeno sorriso. Que sumiu instantaneamente ao escutar o meu nome ser chamado novamente. “Assim que acharmos um lugar para conversar.”, disse nervosa.

“Conversa ou se esconder?”, ela levantou uma sobrancelha.

Fingi considerar.

“Ignorar.”, eu respondi.

Finalmente conseguimos despistá-lo e entramos na sala em que o professor Brown daria aula. Estava consideravelmente vazia, já que a maioria dos alunos estavam no refeitório. Nos sentamos no canto, de um jeito que quem passasse na porta não pudesse nos ver. Sarah se sentou na minha frente e se virou para mim.

“Você realmente tem que me contar o que aconteceu.”, ela disse, então balançou os cabelos ruivos que ainda estavam lisos. “Mas, deixe para mais tarde. Jason me levou para casa depois da festa.”, ela sorriu e seus olhos brilharam. “Um perfeito cavalheiro. No domingo ele me chamou para ir á sorveteria e foi como se o tempo não tivesse passado.”, fechou os olhos e tocou os lábios. “Sinto que estamos conectados de um jeito inexplicável.”

“E Laisa?”

Isso a fez abrir os olhos e os estreitar.

“Além de ser o boato da escola?”, ela perguntou. Eu sabia que era retórica, mas assenti. Suspirou e franziu o cenho, não gostando do assunto. “Ela ligou para Jason no domingo, dizendo que iria destruir a vida social dele e todas essas coisas.”, revirou os olhos. “Jay desligou antes que ela terminasse a terceira frase.”

Me ajeitei na cadeira, me inclinando na sua direção, interessada.

“Então eles realmente terminaram?”, perguntei.

Sarah assentiu e tirou uma mecha do seu cabelo do rosto.

“Sim.”, ela deu outro sorriso. “Desde a festa. Ele me beijou solteiro, se você quer saber.”, riu. Continuei séria, segurando o som de alívio que estava preso em meu peito. Sarah ficou séria e eu soube que o assunto iria mudar de rumo. “Agora quero que você me conte o que aconteceu com você. Eu até te ligaria, mas você não tem celular.”

Pressionei os meus lábios, sabendo que não teria outra escolha além de contar o que tinha acontecido. Mas, repassar aquela cena em minha mente, ainda me machucava. Tentava justificar Jeremy, mas nada apagava suas palavras. Aquilo era o que pensava. As drogas e as bebidas apenas o instigaram a falar.

Abri minha boca, decidida a contar tudo. Mas fomos interrompidas por alguém fechando a porta. Nós duas nos levantamos, alertas, prontas para encontrar o professor Brown curioso com a nossa permanência na sala. Mas quem nossos olhos encontraram, foi a pessoa que eu mais estava tentando ignorar. Abaixei os meus olhos escuros.

“Aliel, precisamos conversar.”, Jeremy disse se aproximando. Sarah ficou tensa ao meu lado. “Sei que disse coisas horríveis e fiz coisas horríveis, mas aquele não era eu, ok?”

Ele parou bem na minha frente. Conseguia sentir a sua respiração batendo em meu rosto e segurei um suspiro. O calor que exalava de sua pele me fez ficar com as pernas bambas. Não queria olhá-lo nos olhos, porque sabia que iria ceder. E eu não poderia mais ceder. Estava em um estrada perigosa.

“Jeremy, ela não quer conversar agora.”, Sarah disse, vindo ao meu resgate. Jeremy rosnou e eu sabia que ele estava lhe dando um olhar hostil. “Sei que nós não somos melhores amigos, mas gostamos de Aliel. E você fez mal á ela. Está fazendo mal á ela. Apenas dê um tempo.”

“Sarah...”, Jeremy começou, mas então pausou. O imaginei balançando a cabeça e passando a língua pelos lábios. “Tudo bem.”, então seu corpo virou totalmente para mim. Seus pés calçados com tênis pretos da Nike. “Isso não quer dizer que eu desisti de você, anjo.”

Então, sem mais nenhuma palavra ele saiu da sala. Sem mais conseguir me segurar, minhas pernas cederam e eu caí sentada na cadeira. Sarah pegou minha mão e suspirou. Se eu não estivesse não devastada e esperando que meus órgãos voltassem para seus devidos lugares, ficaria orgulhosa com a sua coragem e o modo que dobrou Jeremy.

“Ele se drogou ontem, não foi?”, Sarah disse. Isso me fez encará-la. Tinha os olhos verdes sérios. Assenti. Ela estalou a língua. “Ele tinha parado, mas parece que voltou. Jason o ajudou a sair e vai ficar decepcionado ao ver que Jeremy fez uma coisa errada.”, ela pausou me olhando. “Na verdade, duas coisas erradas.”

******************************

Eu não sabia o porque de estar fazendo isso.

Apenas estava.

Minhas asas batiam com força e precisão invejável até para o Arcanjo mais superior. O vento batia em meu rosto, fazendo com que meus cachos quase ficassem presos em minhas penas. Em minha mão direita estava minha jaqueta, mesmo que meu corpo parece estar super aquecido.

Quando cheguei até a sua casa, não fechei as asas. Fiz o contrário que o meu senso estava mandando. E quando parei para realmente analisar a situação em que me encontrava, estava parada em frente a janela do quarto de Jeremy. Coloquei meus pés no telhados e fechei as asas, vestindo a jaqueta.

Fiquei no canto, de um jeito que ele não pudesse ver. Mordi o lábio enquanto meus olhos se acostumavam com a escuridão. Pus a mão nos tijolos que sustentavam o lado direito da janela e esperei. Finalmente consegui encontrá-lo.

Estava sentado na beirada na cama. Seu torço estava nu, deixando suas costas expostas e meu coração acelerado. Ele tinha uma tatuagem? Estreitei os meus olhos, pensando estar enganada, mas não. Ali, atrás do meu ombro direito estava um grande corvo negro, que parecia me encarar com os olhos escarlate.

Um frio subiu por minha coluna, mas me mantive firme. Observei como a tatuagem fazia contraste com sua pele pálida e destacava suas costas malhadas. Seus cabelos desordenados, atrás tampavam sua nuca. Como se sentisse meu olhar, passou a mão por eles. Então, se levantou e foi até o outro lado do quarto.

Me encolhi ainda mais no meu esconderijo. Por um segundos tive a visão de sua abdômen sarado e senti minhas bochechas corando. Criador, ele estava só com uma calça preta de moletom, descalço. A curiosidade fazia minha pele coçar e arder. Se eu fosse um anjo respeitável, estaria no caminho de volta. Na verdade, nem estaria ali.

Jeremy voltou ao meu campo de visão, dessa vez carregando alguma coisa. Demorei á identificar o objeto, por conta da escuridão. Era um violão. Vi seus ombros se movendo, como se ele suspirasse. Cheguei mais perto da janela, deixando que meus ouvidos fizessem o restante do trabalho. Escutei-o soar as primeiras notas, hesitante. Então começou a tocar com firmeza e se arriscou a cantar.

Let me hold you

For the last time

It's the last chance to feel again

But you broke me

Now I can't feel anything

When I love you

Is so untrue

I can't even convince myself

When I'm speaking

It's the voice of someone else

Fechei os olhos, sentindo o sentimento e as palavras que Jeremy cantava. Mesmo não sabendo que música era, achava linda só pelo fato de estar sendo cantada por ele. Sua voz era rouca, e parecia acariciar cada palavra com mesma delicadeza que me abraçou no dia da festa. Como se para mostrar que estava ali, mas que eu pudesse ficar presa em minhas próprias ideias.

Oh it tears me up

I try to hold on but it hurts too much

I try to forgive but it's not enough

To make it all okay

Independente em quem ele estava pensando enquanto cantava, parecia ser sincero. Ele realmente parecia ferido. Meu coração doeu. Pus a mão em meu peito, sentindo-o bater por baixo da palma. Comecei a piscar com rapidez. Tinha que controlar todas aquelas sensações que me alcançavam sem permissão.

You can't play on broken strings

You can't feel anything

That your heart don't want to feel

I can't tell you something that ain't real

Oh the truth hurts

And lies worse

How can I give anymore

When I love you a little less than before

Ele largou o violão e suspirou novamente, enquanto balançava a cabeça. Voltei a me encolher no vão e esperei. Jeremy passou a mão pelo cabelo e soltou o ar. Frustração, talvez. Então bateu as mãos nas coxas e se levantou, como se estivesse determinado a fazer alguma coisa. Mas tudo o que fez foi olhar para a cama e franzi os lábios.

Pendi a cabeça, confusa com o seu comportamento. Não parecia o mesmo Jeremy seguro que frequentava a St. Loise. Parecia tão ou mais confuso que eu. Parecendo sair de pensamentos longínquos, ele levantou a coberta e se deitou. Pôs um braço em cima dos olhos, como se estivesse se forçando a dormir.

Hesitei, resolvendo esperar mais alguns minutos. Qualquer pessoa normal talvez ficasse entediada no meu lugar, mas eu não. Observei Jeremy dormindo com a maior fascinação no mundo. Afinal, eu nunca tinha feito isso. Seu rosto relaxou e ele feliz, onde quer que a mente humano dele estivesse o levando.

Contei até 1000 antes de entrar, apenas para ter certeza. Olhei para os lados, me certificando que ninguém estaria me vendo. Coloquei a mão na janela e sorri ao perceber que estava aberta. Obviamente ninguém pensaria em entrar pelo segundo andar. Apenas quem tinha asas que poderia chegar até ali.

Meu sorriso aumentou com esse pensamento.

Empurrei com cuidando, tendo medo que fizesse barulho. Assim que teve espaço suficiente, passei uma perna e testei se o chão estava perto. Meus dedos tocaram o chão e eu suspirei baixo. Então passei o restante do meu corpo em um silêncio invejável, entrando no quarto de Jeremy. Então, um pensamento lógico me ocorreu.

Eu realmente tinha enlouquecido.

Mas o ignorei, vendo o corpo desacordado de Jeremy a poucos passos de mim. Mordi meu lábio. A última vez em que eu tinha estado ali, não era uma boa lembrança. Mas deixei isso no fundo na minha mente, me movendo até a beira da cama. Curiosa, passei a mão por seus cabelos negros, percebendo o quanto eles eram realmente macios.

Jeremy se remexeu, mas não o suficiente para acordar. Ele suspirou e deu um meio sorriso. Eu sorri de volta com aquela visão. Ele parecia tão inocente enquanto dormia. Engoli em seco e passei meu dedo levemente por seus lábios, sentindo-os macios e firmes. Como todo o resto dele. Fechei os olhos e passei as costas da minha mão por sua bochecha. Isso era tão errado, mas parecia ser tão certo.

Continuei com aquela carícia. Respirei fundo, sentindo o cheiro cítrico dele invadindo meu olfato. Talvez se eu abrisse a boca, seu gosto fizesse minha língua coçar. Caliel e Adriel teriam um ataque se me vissem. Eu estava quase tendo um ataque. Eles sentiriam a minha falta e iriam me questionar sobre onde eu estava essa noite.

Eu só não sabia o que iria dizer.

Suspirei, resolvendo dar ouvidos ao meu bom senso e ir embora. Passei o indicador no lábio inferior de Jeremy e sorri. Ele queria me beijar com esses lábios pecadores. Que tinha beijado tantas outras, que saíam calúnias e difamações. Um cético. Tirei minha mão do rosto dele, e estava pronta para sair dali.

Quando a mão de Jeremy segurou meu pulso, me impedindo de levantar.

“Já vai?”, ele perguntou, sério.

Meus olhos se arregalaram. Ele soltou meu pulso, se sentando na cama. Dei dois passos para trás, assustada por não ter percebido que ele estava acordado. Seus olhos estavam com aquela mistura estranha de azul e anil, como um redemoinho. O coberto caiu, deixando seu torço exposto. Desviei o olhar e me movi rapidamente para a janela.

Talvez não tão rápido, já que Jeremy me alcançou antes que eu piscasse. Parou na minha frente e me segurou pelos ombros. Mesmo que eu estivesse com a jaqueta, o lugar onde ele tocava se aqueceu quase que imediatamente. Meus pulmões saíram do lugar e meu coração começou sua usual corrida. Jeremy tinha os olhos sérios e estava esperando.

Respirei fundo.

“O que você veio fazer aqui, Aliel?”, ele perguntou me soltando.

Cruzou os braços, sem sair da janela. Nem uma pergunta do como eu tinha alcançado essa altura incrível. Mas, eu também não ligava para isso. Ele tinha feito a pergunta prêmio. O que, de fato, eu estava fazendo na casa de Jeremy. Não tinha ido ali apenas para vê-lo dormir. Tinha algo me incomodando desde que nos conhecemos.

Então a resposta se instalou em minha mente.

“Vim te mostrar quem sou de verdade.”

Isso o fez arregalar os olhos e levantar a sobrancelha. Talvez se ficássemos totalmente em silêncio, pudéssemos escutar meu coração travando a sua batalha contra os meus ossos, buscando sua liberdade. Eu respirava como uma humana asmática. Jeremy descruzou os braços e deu um meio sorriso, passando a língua pelos lábios. A visão de seu percing me fez tremer.

“Me mostre quem é você, Aliel Sky.”


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Notas finais do capítulo

E o que será que Aliel irá fazer? Irá realmente contar a verdade?

Bem, eu decidi fazer sim, uma continuação. Se chamará Light, O Amor Nunca Morre. Sendo que, terá Caliel como a principal. Sim, terá outra história na perspectiva de Aliel, mas eu queria experimentar algo com outro anjo. Já que Caliel tem tantas pontas soltas, queria me focar um pouco nela.

E espero que todos acompanhem. Reta final, amores. E a música acima é Broken Strings. Estava escutando ela enquanto escrevia e me veio essa ideia.