Por Rose

Aro passou a mão sobre meus cabelos e sorriu. Essa é a minha última lembrança que eu tenho em minha mente. Queria poder comentar o que eu senti enquanto me transformava, mas apenas senti um vazio completo. Foi horrível. Quando acordei estava com uma sede tão grande que o humano a minha frente virou um grande pedaço de bife mal passado.

Não estou me sentindo muito bem por ter matado, mas a sensação de ser forte é algo grandioso, e nem acredito que estou usando esta palavra, mas eu ainda trocaria essa sensação para ter a minha família de volta. Agora eu vou ter que conviver com muitos estranhos que irão passar a ser a minha família, um clã.

– É tão estranho sentir que pode resolver todos os problemas em um estalar de dedos, matar uma pessoa e ter uma consciência quase limpa. Como você se sentiu quando se tornou uma vampira, Jane?

– Você lembra que eu não gosto muito de você, certo? – Jane me responde indiferente. – Não sou o meu irmão.

– Dá para perceber que vocês não são nada parecidos. – corro com meu corpo para o espelho, por algum motivo eu sou muito lenta e a minha velocidade de vampiro não é nada impressionante como o do restante, Aro disse que eu tenho controle sobre minhas ações. – Alec é um vampiro divertido que não merecia uma irmã carrancuda e sem graça.

Da onde que eu estou tirando a coragem para dizer isto? Não me pergunte. Só sei que estou me sentindo no controle e que eu posso falar o que eu quiser que irei conseguir me defender mesmo com Alec tão distante de mim. Infelizmente ele foi para outra missão com outros homens, não sei muito bem o motivo e na realidade eu nem quero saber o motivo.

Eu, Rose, tinha começado a imaginar minha transformação em vampiro e em todas as minhas ilusões Alec estava perto de mim me apoiando, ou beijando, ou passando a mão pelo meu cabelo, ou fazendo qualquer coisa, só não imaginei que ele não estivesse do meu lado neste momento tão importante.

– Por que você é tão especial mesmo? Porque tem umas visões do passado. – Jane está de pé e segurando a vontade de usar o seu poder sobre mim, recuo. – Não sei como isso vai te ajudar em uma guerra, provavelmente não irá e você vai passar toda a vida presa dentro deste castelo tentando fazer algumas visões para Aro.

– Minha habi...

– Não é para uma batalha, mas apenas para ficar aprisionada e usar como marionete. Essa é a verdade, Rosemary.

– Pelo menos eu não sou considerada uma vampira louca e dissimulada. – tudo bem agora eu estou realmente com muito medo. – Não me olha desse jeito você sabe que as pessoas te acham isso.

Meu corpo começou a arder e a doer. Estou no chão frio tentando não deixar que a dor fique mais forte, é complicado, mas acho que estou conseguindo controlar bem. Inferno eu devia ter nascido com algum poder de proteção ou algo parecido.

– Viu como o meu poder é essencial em uma batalha? Eu causo dor, ninguém consegue lutar sentindo dor. – será que ela descobriu isso sozinha ou precisou de ajuda? De qualquer forma eu não vou perguntar, pois já senti o seu poder para um dia inteiro, talvez amanhã eu pergunte.

– É dor é algo tão... dor. – ignorem a minha bosta de comentário, mas não posso perder a ironia a uma hora dessas, ela não pode me matar mesmo... Pelo menos eu acho que ela não pode me matar.

– Meninas, por favor. – Heidi falou com um sorriso amigável, não que ela seja a pessoa mais amigável desse lugar. – Rose, por favor, me acompanhe que eu tenho que te mostrar como se camuflar entre os humanos.

– Olha eu era uma humana á algumas horas atrás, eu acho que ainda me lembro de como é ser uma humana, obrigada.

– Ainda não percebeu que não está piscando, fazendo movimentos involuntários e andando em uma velocidade fora do normal? – nego. – Geralmente não se percebe mesmo, e é por isso que eu quero te ajudar, entendeu?

– Pera, eu tenho que aprender a ser uma humana para me camuflar na sociedade e me alimentar sem que ninguém perceba que eu sou um tipo de aberração? Aceito aprender, mas pode tirar Jane daqui, eu não consigo me concentrar com ela perto de mim.

[...]

Posso dizer que sou forte demais ou preciso dizer que sou lerda demais? Eu devo ser um caso inédito no mundo dos vampiros. Minha habilidade sobre força é incrível e impecável provavelmente pelo fato que sou uma recém-criada – sempre pensei que vampiros mais velhos fossem mais fortes, mas agora eu acho que é relativo. – mas a minha habilidade de me esquivar de alguns ataques é de dar vergonha, pelo menos eu estou conseguindo desenvolver meus poderes sem precisar dormir.

É estranho. Eu estou acordada e quando me concentro em um plano fixo, me dou melhor com planos pretos, eu viajo para outro mundo e consigo ver o passado de pessoas próximas á mim. Eu tentei me concentrar e viajar até o passado de Alec, mas não deu muito certo pois eu não vi absolutamente nada. Estou com saudades dele, faz quase uma semana que não o vejo e nem tinha ideia que ele ia me fazer pensar em coisas bobas.

– Quer ver seus amigos humanos? – Heidi perguntou e eu assenti com um movimento rápido. – Imaginei, pois os sentimentos não são esquecidos. Está anoitecendo pode pegar meu carro e andar pela cidade.

– E se... E se eu matar alguém? – perguntou olhando para a lua gigante que ilumina o céu com suas amigas estrelas. – Além de ser proibido não quero assassinar nenhuma pessoa na frente dos meus amigos, e se eu matar Daniel ou Dianna...

– Não posso falar que irá matar ou que vai conseguir se controlar isso é tão relativo quanto às chances de você ser queimada por algum clã inimigo. – acho que eu não quero saber o que isso quer dizer.

– Você está certa acho que posso me divertir um pouquinho. – falo dando um beijo em sua bochecha. – Se o Alec voltar por favor me ligue que eu quero muito falar com ele.

A noite está bastante quente, ou é eu que estou sentimento, de qualquer forma mal sinto o vento bater nos meus fios de cabelo, apenas consigo ver meu cabelo voando na direção do vento. É uma sensação boa. Queria saber se eles sentem a minha falta, se ainda pensam em mim ou que se esqueceram de mim completamente e vão me tratar como uma estranha completa.

– Daniel. – digo quando eu vejo o garoto loiro indo em direção a um carro branco, o carro da sua mãe. Ele olha na minha direção.

– Rosemary? – ele perguntou olhando para mim com um sorriso no rosto. – Você sumiu e eu pensei que estava morta neste exato momento, talvez por um maníaco.

– Não, eu estou viva e irei viajar e por isso não podia deixar de ver você e a sua irmã afinal de contas vocês são meus únicos amigos daqui e nunca poderei esquecer vocês. – não estava pretendendo falar estas palavras, mas simplesmente não posso comentar que virei uma vampira e que o sangue das pessoas que passam me dá vontade de me alimentar.

– Vai se mudar? Pensei que ia continuar aqui, mas eu entendo aqui deve te trazer muitas lembranças tristes. – ele fala me abraçando, acho que ele deve estar me abraçando, não retribuo com medo de quebrar suas costelas. – Está diferente, parece mais velha mais... sensual.

– Sensual? Eu sempre fui sensual e isso não é de hoje. – digo com um sorriso irônico nos lábios. – Cadê Dianna para eu me despedir dela?

– Acho que ficarei devendo minha irmã, ela está saindo com um garoto insuportável e ela não sai de perto dele nem por um minuto, estou me sentindo abandonado.

– Sinto muito.

– Não sinta. Eu gosto de você.

– Eu sei.

– Você vai embora.

– Eu sei.

– Você é uma vampira.