Elinor escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para você (s), não me desculpo por postar vários, fala sério, não tem nada melhor que isso! Tanto para quem escreve como para quem lê. A segunda capa ficou mais feia, fato, mas é que essa é verossímil com a história, ok? Pode ser que eu encontrei uma melhor, realmente estou pesquisando e sugestões são bem vindas!



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Na mesma semana da preparação da mansão para receber o seu futuro dono, os senhor e a srta. Anneberg foram convidados a um jantar formal em Dumbville. Cassandra, a empregada que a muito tinha sido promovida a criada da única filha do sr. Anneberg, tratou de vestir Elinor com elegância, era como se soubesse de algo que a menina desconhecia, e deveras sabia. Colocou as pérolas no pescoço da moça, e lhe enrolou as madeixas loiras da patroa com grampos decorados, separou um belo vestido de cetim azul escuro como a noite e um xale fino e negro. Se aquele era um momento propício, Elinor estava capaz de exercer toda sua força sobre qualquer ser humano, talvez isso lhe servisse de preparação para os dias que viriam e trariam o primo consigo. A muitos dias já vinha exercendo todo o poder sobre si mesma e a casa como deveria uma senhora fazer, transformando a antiga rotina simples que a muito vigia na casa em verdadeiros preparativos de um palácio sobre as ordens de uma rainha que preparava um baile.

De fato nossa protagonista estava agora disposta a casar-se como prometera nunca fazer, sem quebrar a promessa que já durava seis anos, mas que ainda tinha a mesma força do dia em que fora feita. O pai a tinha alertado sobre as dificuldades que encontraria se continuasse como havia planejado, e sem saber, tinha pressionado o único defeito de caráter da menina, já esta pretendia seguir a vida da mesma forma que decidiu em uma tarde depois das lágrimas secarem no travesseiro. Porém, nessa conclusão teimosa e quase obtusa, tinha ignorado o ponto em que tudo caminhava da forma necessária porque era feita por outros, e que ela sozinha, jamais conseguiria.

Pensou também em seguir só pelos anos que viessem, em uma cabana no interior do condado talvez, mas não se trataria da mesma coisa, a solidão excessiva a mataria aos poucos. Lecionar ou cuidar de algo pertencente a outro não lhe convinha, tinha durante toda sua vida, e por mais de uma década, sido totalmente dona de si e de tudo que a rodeava, era uma dama com jeitos e trejeitos, e seria muito moldá-los para o conforto alheio e não ao próprio. A verdade é que não suportaria qualquer opção que não fosse continuar como estava, uma senhora em uma casa rica na qual sempre haveria espaço para si própria e suas lamúrias que alimentava enquanto estava só em um dos muitos quartos ou então no campo.

Por fim restava-lhe o matrimônio, mesmo tendo seu coração uma vez já destroçado e o completo pavor de se ferir novamente, não podia dizer que os anos tinham sido bons com ela e mesmo que se negasse a acreditar, a esperança havia encontrado uma sombra agradável para crescer e agora vinha-lhe agarrar os pés em clamor. Teria então esperança e nessa confiaria a vida. Não era mais uma garota tola que acreditaria no que lhe fosse dito, e capaz de reconhecer a decência de um caráter, poderia encontrar então uma boa companhia, calma e só, livre de apertos e fortes emoções e com essa partilharia a rotina até o fim. Poderia ser-lhe um futuro agradável, poderia manter a boa convivência e até o respeito, apenas sabia que não nutriria o amor romântico que antes tanto procurou, se um cavalheiro pudesse entendê-la, ela poderia aceitar seus defeitos também.

Porém se retornarmos a Elinor, ela que se encontrava sentada na cadeira se observando no espelho era um único momento de contemplação que esta se permitia, sentia-se bonita mesmo que em todos esses anos tenha parado de se preocupar com isso quando era Cassandra que a mantinha não apenas apresentável como bela, as rugas ainda não a preocupavam, muito menos a pálida tez que avia mantindo e que agora parecia agradável junto como os fios loiros em contraste do vestido escuro. Logo, pois, foi para o térreo e lá encontrou o pai em um dos seus melhores fraques já a sua espera. Tomou-lhe o braço e foram em direção a carruagem fechada.

Em Dumbvilles foram recebidos pelos criados e pouco além do vestíbulo encontraram a sra. Eliza Rochester, ela os cumprimentou e levou-os ao marido e ao círculo de homens que lá estavam, apreciando as bebida enquanto os demais convidados chegavam. Elinor parecia uma coisinha pequena e bela, agarrada ao braço do pai enquanto atraia os olhares masculinos, como uma jovem envergonhada, no entanto, suas faces não coravam, apenas os olhos se mantinham baixos até que foi necessário fazer apresentações e as dias pérolas negras com quais seus olhos com baixas pestanas se pareciam se tornaram meticulosos e firmes para uma moça que atingia os vinte e cinco anos.

– Que prazer vê-la aqui em tão boa saúde e tão bonita. - Disse o sr. Rochester em sua alegria costumeira. - Conhece os senhores Douglas, Richmond, Gibson e Castellon. - Todos a cumprimentaram com boas palavras e gestos e esses foram devolvidos com graça. - Permita-me agora, apresentar um antigo amigo meu, talvez até o conheça, viveu um tempo na região, o sr. Wymer.

Seu sangue gelou por um breve momento ao ouvir o nome, então para que se tornasse quente novamente o coração golpeou forte o peito da moça, em suas bochechas o rubor de primavera se foi visto quando entraram em foco no rosto que se dirigia a ela. Não era fácil de se reconhecer o jovem que uma vez tinha visto e amado, aquele era um homem totalmente transformado, mas sem tempo para uma maior análise, se limitou mecanicamente a falar sem emoção:

– De certo não é necessário apresentação alguma, conheci o sr. Wymer a tempo, mas não ouvi seu nome por anos.

– Faz cerca de um mês que cheguei da China.- Ele respondeu com uma leve reverência a que tinha recebido dessa.

– Vejo que ficou muito tempo no oriente. Quantos anos? - Elinor poderia ter simplesmente afirmado que foram longos os seis anos que escureceram a pele de Edgar, mas em meio a surpresa, queria provar-se bem diante do antigo amante.

Aquele homem lhe pareceu por um momento detestável, gostaria talvez de gritar a todos o que ele havia feito, mas o primeiro olhar dele pareceu límpido antes de se tornar obscuro e oblíquo, foi este breve momento que a conteve. Edgard parecia surpreso em vê-la, como se não soubesse que era ele o responsável por Elinor ter se mantido solteira pelo tempo que pode, e que por mais que puro descaso do destino tinha voltado a tempo de vê-la encontra um noivo dentre os cavalheiros que já tinha a muito se recusado, talvez fosse a moeda com que a vida daria-lhe o troco que ela carregava para que o sr. Wymer agora sofresse.

– Estive fora por seis anos, fiquei dedicado ao comércio por todo momento, mas se pouco me lembro tive seu nome mencionado certa vez, a muito tempo sra. Francey. - Elinor novamente congelou pelo chamamento, lembrou-se da carta que tinha escrito à cinco anos atrás, quis dizer que suas fontes eram erradas e pouco informadas, mas ela mesmo tinha se proclamado noiva e a beira de um casamento na época.

– Senhor, não deve estar me reconhecendo, continuo sendo srta. Anneberg, tive o infortúnio de perder meu noivo por doença a alguns anos. E continuo no status que sempre ostentei. – Oh, ele não sabia de toda a história, e pareceu ter pouco preocupado de procurar algo por ela, mostrando todo o desinteresse que sempre tivera escondido de Elinor enquanto esta lhe pedia para que não partisse. “Os homens são figuras perversas e nada menos merecem que o inverno que lhes foi reservado” deveria dizer um poeta depois de afirmar como poderia um homem amar um anjo de pura bondade, pois não teria mentido.

Não se podia negar que a dor de se deparar com Edgar, agora rico e um homem de porte e altura, lhe era doloroso quando, diferente dele, Elinor não evoluira diante da sociedade, não tinha se casado e então tido filhos, permanecia como quando deixada. Todas as ideologias que ela acalentava sobre seu coração foram desfeitas, tinha sido boba pela resistência ao natural e desejável e agora se via ali rebaixada a uma dama menor e solteira.

– Pois não se casou. - Disse ele com interesse, e este foi interpretado como a completa zombaria por parte dela, “deveria sorrir-lhe de minha desgraça também” Elinor pensou. Queria ela, correr e atravessar o oceano se fosse necessário para se esconder de olhar tão malvado, mas não pode. Em um surto de coragem o enfrentou.

– Não tive essa dádiva, acredito que a Providência tenha me trazido planos melhores que este. Mas de que digo! Perdoe-me, o senhor deve estar casado e isso seria algo tolo a se dizer.

– Permaneço solteiro a ponto de lhe perdoar a expressão totalmente, mas de fato acredito o casamento como um bom plano divino quando encontrada a esposa correta. – Seus olhos brilhavam quase amáveis quando se dirigia a Elinor, porém, esta se recusava a enxergar mais do que a maldade que havia conhecido dele a anos.

– Como esta seria então? Talvez possa eu tomar a liberdade de apresentar algumas das damas com as qualidades corretas. - Esta frase reafirmou as intenções de Elinor, não se lembraria daquele passado e das promessas, tudo já havia sido desfeito a tanto tempo que não deveria ser lembrado por ninguém. Ela não agiria como se fosse aquela com quem ele compartilhou confidências e tocou-lhe os lábios e o coração, ele seria como foi decidido, um estranho completo diante dela.

– Não acredito ser necessário, tive até o momento uma presença nesse salão que tem todas as qualidades que desejo. A srta. Lucy Cater é de um temperamento fino e sua ingenuidade a faz a pessoa mais confiável e verdadeira que conheço.

O sorriso de escárnio que brotou no rosto de Edgar fez com que uma parte da esperança de Elinor ruísse, tinha no fundo do coração petrificado a pequena esperança que emergiu ao ver o sr. Wymer mesmo contra a decisão de odiá-lo, se ainda fosse o mesmo, mas este não foi o ser que conhecera a tantos anos, era um ser duro e zombador. Tinha agora um semblante sério e mal tratado, o cabelo grande o fazia parecer um fino senhor, mas não sorria, e quando o fez foi para ferir uma pequena criatura.

– Que Deus abençoe a alma dessa pobre garota. - Respondeu Elinor então se retirou sem mais palavras, caminhou entre as moças e ficou próxima a janela de onde o ar frio a deixava desperta e insensível à ele.

Como ninguém mais tinha ouvido suas últimas palavras não se preocupou com reações, decidiu de todo o coração evitar Edgar, não falaria com ele por mais necessário que fosse. Ele jamais a tinha merecido e agora seria extremamente repudiado. Só lhe restava agora salvar a ingênua Lucy das garras de um predador.


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Notas finais do capítulo

Foi bem mais intenso esse capítulo, tenho certeza que se tivesse pólvora naquele lugar, tudo realmente teria ido para os ares kkkkkkkComentários? Recomendações? Qualquer coisa?!?