Elinor escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, não muito interessante mas necessário. Alguém mais vai ler além da Vi ?!?!



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Era claro que mais olhares foram trocados, e não foram agradáveis. Cada um, por um motivo diferente trazia um coração indignado, na mente cada segundo como ora ofensa, ora como uma agente degradante da razão. Evitaram-se a mesa, mas por fim acabaram mais próximos que o previsto e ao fim da noite o pouco de vinho tornou ambas as presenças quase irrelevantes. Mas não podiam se sentir indiferentes, odiavam-se.

O que apaziguou a discórdia que Edgar criara naquela noite com Elinor, foi a indiferença de Lucy, ela na verdade não prestava respeito em especial a nenhum cavalheiro e parecia longe de fazê-lo por este. Foram vistos conversando por um minuto, mas era uma conversa supérflua e se tinha algum objetivo de criar indignação em Elinor, assim não foi feito, já que essa não presenciou o momento.

Na volta, acomodada no ombro do pai, ela reconheceu uma aflição neste. Preocupou-se de ser a doença que seu pai parecia premeditar e afligiu-se também. Poderia o pai estar realmente em dias restantes? Uniria-se a mãe, mulher que tanto amava e tanto parecia aguardar? Oh, céus! Se fosse isso em pouco Elinor estaria sozinha e abandonada, sem família para amar e amá-la, porque ninguém mais ela sabia que a amava como tinha certeza do pai. Mas era claro que havia e este era o verdadeiro motivo da aflição paterna, erros passados vinham agora lhe tomar a paz e o lembrar de sua ignorância, vendo o valor do ato sendo lhe cobrado durante anos, agora esta parecia a facada que o mataria.

Separaram se no alto da escada, o pai beijou a testa da filha e foi se deixar, da mesma forma que esta, deitados estavam em lugares separados mas as mentes juntamente despertas pela noite toda. Precisou que o sol clareasse a paisagem na janela para que os olhos cansados se fechassem por alguns momentos.

Eram estes o que assustavam Elinor, ela tinha medo de sonhar. Pois sonhou, sonhou com o que mais feriu seu coração. Em forma de espírito viu na sala abaixo do quarto em que dormia, nele havia dois jovens jurando promessas de amor. Tola em se lembrar daquilo, Morfeu maldito, permitia que sonhasse com aquilo. Lembrou-se então da carta, guardada na primeira gaveta e completamente amarelada, mas não foi assim que ela chegou...

Por fim, sua imagem cavalgou até o penhasco, e ela caiu no limbo do sono profundo para secar as lágrimas vertidas, para cessar as dores e quem sabia a vida.

Acordou, porém, anestesiada, parecia ter perdido durante a noite a sensibilidade dos sentidos, mas aos poucos o recuperou. Na mesa do café ela fez mimos ao pai, ele parecia mais abatido que na noite anterior, se aquilo era um presságio da morte, esta vinha mais rápido que o esperado. Não tentou ela disfarçar a preocupação e pouco menos a noite mal dormida, simplesmente se despediu e foi ao estábulo.

Lady estava limpa e bem disposta, logo Elinor corria solta pelo campo encima da égua. Correu pelo campo aberto algumas vezes, contornando a clareira em que estava a propriedade, então se aventurou pelos veios dentro da floresta, não era muito densa, mas uma troca de ares maravilhosa para qualquer cavalheiro que esteve ao sol, para uma amazona então era um deleite nas vestes escuras e voluptuosas.

A cerca de uma milha porém ouviu o som de outro cavalo se aproximar, os gritos de incentivo declaram ser um homem. Ela se aproximou e com um relance no rosto do homem, viu aquele que não queria. Disparou na direção contrária a ele e percorreu um caminho duas vezes maior do que já tinha, estava agora ao centro do bosque.

Deu água a égua e se sentou em uma pedra. Se o sr. Wymer seguia por aquela direção, era porque se dirigia a Woodhouse e isso era uma absurdo, pensou então que poderia ter imaginado seu rosto no de outro cavalheiro, a luminosidade era pouca e o cavalo corria em um galope muito rápido para que fosse permitido detalhes da face. Mas conhecia tão bem os olhos dele para saber se realmente era com Edgar que tinha cruzado.

Resolveu voltar e perguntar as criadas se alguém os visitara durante a ausência de Elinor, parecia de certo um bom modo de se esclarecer as dúvidas. Correu pela mata por toda sua extensão, então submergiu na pura claridade nas áreas ao redor da propriedade, mesmo momentaneamente cega, continuou a apressar a égua e só desacelerou quase ás portas do estábulo. Caminhou apressadamente até a casa e perguntou a Cassandra quando essa abriu a porta, a naturalidade foi forçada, mas era por um motivo capaz de livrar um peso na consciência da moça.

- Madame, ninguém veio nos visitar a não ser o médico de seu pai.

- O médico foi chamado? - Perguntou com um quase horror em sua voz.

- Era uma consulta rotineira, a muito seu pai informou que queria vê-lo logo. - Tranquilizou a empregada que a muito se fazia de uma mãe carinhosa para a menina. 

- E papai está bem?

-Dormindo, senhorita.

Elinor entrou na sala e correu até o quarto do pai, ele realmente dormia calmamente e isso a acalmou. Se sentou aos pés da cama e ficou encostada na colcha pelo tempo necessário para seu coração se reestabelecer. A saúde tinha se tornado no momento que soube, uma prioridade em sua vida, mas ao vê-la bem e controlada outro assunto voltou-lhe a mente.

O cavalheiro que vira não era o médico, o sr. Barnes sempre se utilizava da carruagem para visitas distantes como Woodhouse. Aquele cavalheiro era real, isso o logo ainda molhado pela estação das chuvas poderia confirmar, o homem seguia em direção a propriedade deles, mas nunca completou o percurso, por um motivo que Elinor não podia suspeitar.

E se este era Edgar, nada mais faria sentido em sua mente. Edgar não tinha qualquer razão no mundo para ir a Woodhouse, era um tirano que destruiu o coração da alegre moça que habitou a casa uma vez, a tantos anos atrás, agora não viria ele atrás da envelhecida e entristecida boneca de porcelana deixada a janela para esperar aquele que jamais chegaria. Ele não estava regressando, Edgar, o Edgar de Elinor, jamais retornaria. Mas este viria como aquele cavalheiro assombrado, em uma corrida interminável até o lugar onde tinha deixado uma vez a amada. 


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Notas finais do capítulo

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