O homem olha para mim e grita:

_ Quem é você? Saia daqui. – Mas continuo no mesmo local, estática, se aqueles fossem os pais de Christopher, o que eu realmente suspeitava, eles definitivamente eram um monstro.

Vou em direção a Christopher, mas ele se levanta rapidamente e vai em direção o que eu suponho ser o seu quarto, e bate a porta atrás de si.

Estava apenas eu e os monstros na sala, viro-me para o pai e digo:

_ Como você pode?

_ Como você pode o quê? Você nem é dessa família, não tem o direito de falar nada. – Responde ele se virando e se sentando ao lado de sua mulher. Aquela sua atitude tinha elevado o meu grau de nervosismo, eu não estava nem aí se eu tinha apenas 14 anos e aquele homem uns 40.

_ É claro que eu tenho o direito de falar alguma coisa, pois ao contrário de vocês eu me importo com ele, porque eu o amo, mesmo eu não sendo nada dele, eu o considero como uma das pessoas mais importantes em minha vida, eu tenho pena dele por conviver com monstros como vocês, o que ele mereceu para sofrer isso? – Quando eu vi, eu já estava gritando, a mãe de Christopher estava chorando abertamente em um canto e o pai dele parado, olhando para mim, como se estivesse refletindo em tudo o que eu tinha dito.

Largo eles para trás e vou em direção ao quarto dele, que por sorte ele tinha se esquecido de trancar.

O seu quarto era um típico quarto nerd, com um computador do lado, alguns pôster de jogos nas paredes, procure em volta e ele está sentado encolhido em sua cama com o seu fone de ouvido, eu já estava tão acostumada com o fone que eu considerava como se fosse parte do corpo humano dele, quando eu o via sem era como se tivesse faltando algo.

Vou a sua direção e sento-me na beirada de sua cama, ele continua olhando para o celular sem levantar os olhos para mim.

Será que aquela seria uma boa hora para eu falar tudo o que eu sentia por ele? Que desde o primeiro dia que eu o tinha visto o meu coração tinha começado a saltar mais do que o normal, que em todas as noites a última pessoa que eu pensava era ele e também era a primeira que vinha em minha mente quando eu acordava?

Começo a admirá-lo de longe, o seu cabelo estava um pouco espetado para cima, mas deveria ser muito macio, os seus olhos estavam brilhando, como se tivesse chorado, o que deveria ser verdade, para agüentar pais como aqueles, os seus lábios estava mais rosado do que o normal.

O seu fone estava começando a escorregar, então sem nem pensar duas vezes, eu fico de frente para ele, a centímetros do seu rosto, como aquela vez no intervalo, tiro o seu fone colocando-o de lado, e coloco dois dedos em seu queixo fazendo-o olhar diretamente em meus olhos.

Era como seu estivesse entrando em outro mundo, os seus olhos me atraia mais e mais, então ignorando tudo, toda a minha vergonha, tudo o que eu tinha planejado para aquele momento ser perfeito, a promessa que eu tinha feito para minha mãe, fecho os olhos e selo os meus lábios aos seus.

Os seus lábios eram mais doces do que eu imaginava, como se fosse feito de algodão. Ainda em seus lábios passo os dedos pela sua bochecha, amparando as lágrimas, dou um sorriso, aquele sim poderia ser considerado um primeiro beijo mais perfeito do mundo.

Sem perceber eu coloco a minha mão em seu cabelo, que como eu suspeitava era perfeitamente macio.