LIGUEI A televisão e me atirei no sofá. 

-Eu vou tomar um banho - Annabeth disse, batendo os dentes. 

-Tem toalhas na gaveta de baixo - eu disse, lhe dando um selinho.

-Eu queria não me molhar dentro d'água - ela disse, indo de braços cruzados até o banheiro. Um sorriso surgiu em meu rosto, enquanto eu mudava de um canal para o outro. Só encontrei filmes que eu já havia visto milhares de vezes e um programa onde as ganhava quem comia mais barras de chocolate. 

-Percy! - Annabeth gritou do banheiro. 

-Pode pegar uma roupa no meu quarto - respondi sorrindo, imaginando que era exatamente o que ela queria. 

Annabeth saiu do banheiro enrolada em uma toalha, com o cabelo molhado caindo sobre os ombros e entrou em meu quarto.

Resolvi tomar uma ducha também. Quando terminei fui até o meu quarto. Annabeth não estava mais lá. Coloquei uma roupa simples e voltei para a sala. 

Annabeth estava na cozinha fazendo alguma coisa. Mudei o canal para um filme que iria começar. Lá fora os raios continuavam brilhando, e o céu estava muito escuro, com os trovões soando muito altos. 

-Pra gente - Annabeth apareceu à minha frente. Estava com um shorts que esquecera aqui em casa e uma camisa azul minha, que era realmente grande para ela. Os cabelos não estavam mais tão molhados. Nas mãos, ela trazia uma tigela de pipocas.

Ela sentou ao sofá no meu lado, escorada em mim. Ficamos assim, olhando filme e comendo pipocas. Quando a tigela acabou, a colocamos em cima da pequena mesa da sala e Annie foi buscar uma coberta em meu quarto.

Quando ela voltou, deitou na minha frente, com a cabeça escorada em meu peito  e a coberta atirada por cima de nós dois. Fiquei brincando com seus cabelos loiros enquanto olhávamos o filme. 

Parecia que se tratava de um casal apaixonado que não era aprovado pelos pais, mas eu não consegui prestar muita atenção, porque acabei adormecendo. 

Acordei com o estrondo de um trovão e dei um pulo.Annabeth fez o mesmo. Instintivamente a envolvi em um abraço. De repente, tudo ficou escuro. Olhando pela vidro fechado da janela, vi que e os prédios vizinhos também estavam sem luz. 

Bleacute. 

Ótimo. 

Suspirei, e passei a mão pelos cabelos de Annabeth. 

-Vou pegar uma lanterna - disse. - Só um pouco. 

Levantei do sofá e fui cambaleante até meu quarto. Abri algumas gavetas e procurei as cegas por uma lanterna. Quando a encontrei liguei e voltei até a sala. A luz estava bem fraca, à ponto de terminar. 

-Nossa - vi que Annabeth erguia uma sobrancelha. - Grande diferença. 

-Ah, cale a boca, Sabidinha - retruquei e enquanto ia até o sofá tropecei e caí por cima dela. 

-Vem calar - ela respondeu, com um sorriso de canto nos lábios. 

Os selei com um beijo longo. Minhas mãos passearam pelos seus cabelos e depois pelas suas costas. Eu sentia as mãos dela segurando meus cabelos e passando por minha nuca.

Um trovão retumbou e fez com que nos separássemos. A casa inteira pareceu tremer. 

-Nossa... - Annabeth murmurou. - Acho que alguém está muito bravo. 

Eu não precisava de nenhuma dica para perceber que ela estava falando do meu tio, Zeus. Mais um trovão e a janela foi estilhaçada. Cacos de vidro voaram para todos os lados e minha mão foi até meu bolso, de onde tirei minha caneta Contracorrente, e a destampei. Sua lâmina cresceu  e iluminou o ambiente com a fraca luz. Raios cortavam o céu. Annabeth já havia empunhado sua faca e estava ao meu lado. 

-Quem está aí? - perguntei, avançando um passo com contracorrente erguida e os olhos atentos, tentando enxergar no escuro. Alguma coisa parecia estar se levantando à poucos metros de mim. - quem está aí? - perguntei novamente. E uma forma escura se lançou contra mim.