A TARDE estava fresca. Uma leve brisa agitava as folhas nas copas das árvores e o ar exalava um perfume de diversas flores nos seus canteiros. 

Eu e Annabeth havíamos estendido uma toalha na grama recém-cortada e espalhávamos todo o conteúdo da mochila por cima desta. Havia biscoitos, um bolo de chocolate, uns pasteizinhos de carne e frango, e umas outras coisas mais. 

Tínhamos planejado uma linda tarde de piqueinique, sem monstros, sem intervenções. Por enquanto, nada dera errado. 

Enquanto comíamos, falamos de coisas completamente sem sentido. Quem olhava, dizia que éramos um simples casal mortal. No momento, eu queria estar certo. Annebeth começara a falar sobre os seus projetos no Monte Olimpo. Claro, era um pouco difícil prestar atenção no que ela falava, mas eu tentava. Só que, nela mesma, haviam coisas demais que me distraiam facilmente. O jeito que encantador que os olhos cinzentos brilhavam, o sorriso lindo estampado em seu rosto, os cabelos louros caindo por sobre o ombro como uma cascata e...

-...Não é mesmo? - Annebeth viu que eu a observava. - Cabeça de Algas?

Olhei para ela e me permiti um pequeno sorriso.

-Sim? - perguntei, completamente bobo. 

-O que você tem? - ela perguntou, erguendo uma sobrancelha. 

-Hã... - eu senti meu rosto ficando um pouco quente - nada não - me aproximei dela e a abracei. - Eu te amo sabidinha - dei um beijo em seus cabelos. 

-Eu também te amo Cabeça de Algas - ela disse, olhando em meus olhos e me dando um beijo. Todas as vezes que eu a beijava, perdia completamente a cabeça, eu desejava que este momento não acabasse nunca. 

Olhei para os olhos da minha sabidinha. E eu compreendi que era por ela que eu havia resistido por todo esse tempo, era por ela que eu havia ido até o final. 

Suspirei e deitei minha cabeça em seu colo, enquanto ela acariciava meus cabelos com suas mãos delicadas. 

-Você lembra quando chegou no Acampamento Meio-Sangue? - Annabeth me perguntou, ainda brincando com meus cabelos. 

-Lembro - respondi. - Eu parecia um idiota. 

-Você é um idiota, Cabeça de Algas - antes que eu pudesse responder, ela me calou com um beijo. 

-E você continua uma princesa - retruquei. 

O sorriso de minha namorada aumentou, eu sentei e lhe roubei um beijo. 

-Que tal uma volta? - sugeri, já colocando as coisas de volta na mochila. 

-É claro - Annabeth sugeriu, me ajudando a guardar o que sobrou. 

Assim que tínhamos terminado, pendurei a mochila em um dos ombros e entrelacei minha mão com a de Annabeth. Enquanto caminhávamos, ela escorou sua cabeça em meu ombro. Nuvens cinzentas e rechonchudas começaram a aparecer pelo céu antes tão azul. Pessoas conversavam animadamente e um cachorro latia ao longe. Avistei um laguinho mais adiante. As suas águas calmas ondulavam e brilhavam com a luz do sol. 

-Vem comigo - puxei Annabeth pelo pulso. 

-Per...- ela não chegou à terminar a frase, pois eu pulei no lago, puxando ela para perto de mim. 

Me senti ainda melhor debaixo d'água. Naturalmente, eu estava respirando. Ainda de mãos dada com Annabeth criei uma bolha de ar ao redor de nós. As roupas dela estavam molhadas, mas o sorriso ainda estava estampado em seu rosto. 

-Ah, você é tão imprevisível, Cabeça de Algas! - ela disse, enlaçando meu pescoço e me dando um beijo. Segurei em sua cintura e a puxei mais para perto. Uma de suas mãos se enroscou em meus cabelos e a outra ficou pousada em meu pescoço. 

Só nos separamos quando perdemos o fôlego. 

- Vamos. 

Annabeth me deu a mão e subimos nadando até a margem do pequeno lago. Um pensamento me ocorreu... Os mortais devem ter estranhado dois adolescentes entrando em um lago e não os terem visto subindo de volta a superfície...

Saltei para fora do lago e estendi a mão para Annabeth sair. Enquanto eu estava completamente seco, ela estava toda molhada e tremendo de frio. Abracei-a em volta da cintura.

Havia começado a chover e um vento frio agitava as árvores com mais força. Raios cortavam o céus e os trovões retumbavam. 

-Vamos para meu apartamento - eu disse, já começando a correr, com Annabeth acompanhando meu ritmo. 

As gotas de chuva eram cada vez mais espessas. Raios iluminavam o céu, seguidos do barulho ensurdecedor dos trovões. Ficava mais escuro.

Subimos correndo as escadas até meu apartamento. Abri a porta com minhas chaves, deixei Annabeth entrar. Depois entrei e tranquei a porta atrás de mim.