FOI NUM clima um pouco tenso que Annabeth, Groover e eu saímos da Casa Grande. Quíron disse que a reunião estava encerrada por enquanto e que poderíamos "nos divertir". 

Annabeth saiu pela porta sem olhar para minha cara, e quando eu chamei ela me ignorou, passando reto por mim e indo em direção aos chalés. 

Revirei os olhos e soltei um suspiro um pouco irritado. 

-Calma cara - Groover me deu um tapinha no ombro - vocês vão se acertar logo. 

-Mas me diz porque ela tem de ficar furiosa comigo por causa de uma briga tão idiota? - perguntei. 

-Essa é Annabeth - Groover sorriu. 

Às vezes Annabeth era pior do que um cavalo. Sinceramente. Os cavalos conversavam comigo e eles não ficavam chateados tão fácil assim. Era mais fácil domar um totalmente selvagem do que desviar de um coice de Annabeth. 

Groover e eu caminhamos, conversando sobre muitas coisas. Primeiro, ele me falou sobre como os sátiros andavam cuidando da natureza e de alguns meio-sangues novos. Ele me acompanhou até a porta do meu chalé. Enquanto eu estava indo em direção ao 3, Annabeth passou ao meu lado com Rachel. Engraçado como as duas ficaram tão amiguinhas depois que Annie começou a namorar comigo. Rachel nos cumprimentou animadamente, mas Annabeth não olhou para minha cara. 

-Não vai dizer que ela quer que eu peça desculpas - resmunguei. 

-Parece que sim - Groover parecia estar tentando segurar um sorriso. 

-Mas eu não fiz nada! - suspirei. 

-Você ainda não se acostumou - Groover comentou. 

Quando chegamos a porta do meu chalé, Groover se despediu de mim e foi se encontrar com Júniper. 

Abri a porta do chalé e respirei aquele cheio de mar que eu tanto gostava. Fui logo abrindo as janelas e dando uma arrumada nele. O chalé 3 não estava tão bagunçado assim, só algumas coisas fora do lugar, em meia hora ele estava totalmente limpo, com a fonte gorgoelejando lá no fundo. 

Tyson deveria ter estado ali à pouco tempo, pois as harpias não fariam questão de arrumar o chalé antes das férias realmente começarem e a alta temporada começar no Acampamento Meio-Sangue, quando os campistas que não ficavam o ano inteiro chegavam. 

Deitei na cama, tentando descansar um pouco, mas como nem pensar eu conseguia, resolvi dar uma volta. Conversei com bastante campistas e vi com andavam os novos chalés. Alguns detalhes ainda estavam sendo encrementados em alguns deles, mas fiquei feliz em ver que os deuses estavam cumprindo a sua promessa de reclamar os seus filhos. 

Automaticamente me vi nos estábulos. 

Ei Blackjack!, disse, na mente do cavalo. 

Olá chefe!, o pégasos negro relinchou, alegre, como anda ultimamente, chefe?

Muito bem, e você? Que tal um passeio?

Blackjack relinchou e deu um pulo de alegria. E você ainda pergunta, chefe?

Saí dos estábulos com Blackjack e voamos até a beira da praia. Eu ainda tinha receio de voar, mas ao ver o mar me senti muito mais feliz.

Os cascos dele tocaram a areia sem produzir ruído algum. 

Ei chefe, posso dar uma voada por aí?

Claro que pode! 

Fiquei sentando na beira do mar, ouvindo as ondas quebrando em ondas e chegando até meus pés e depois voltando. A brisa do mar balançava meus cabelos, e fazia com que eu me sentisse muito bem. 

-Hei! - uma voz conhecida disse atrás de mim. Annabeth sentou ao meu lado. 

Permiti um sorriso, que ela contribuiu, mas não tão largo. 

Ficamos sentados um do lado do outros, em silêncio, contemplando o mar. Eu tinha total consciência dos cabelos louros de Annabeth acompanhando o ritmo da brisa, e de seu olhar fixo logo à frente; também sabia que apenas alguns centímetros nos separavam. Mas eu a conhecia bem demais. E sabia que ela queria falar alguma coisa. 

-Percy... - ela começou, mordendo o lábio. - Eu... Me desculpe. É que eu fiquei um pouco nervosa, lá na Casa Grande, e bem, eu me descontrolei. Desculpe. 

Olhei no fundo dos seus olhos cinzentos. 

-Eu também tenho que pedir desculpas - disse. - Às vezes eu sou mesmo muito idiota. 

-Isso é...?

-Eu te amo demais para não te perdoar - eu disse. - Ainda mais por essas brigas tão idiotas e sem sentido. 

Um largo sorriso se abriu em seu rosto, e os olhos brilharam. Annabeth me deu um beijo. Consegui pegá-la no colo e corri para o mar, com ela gargalhando e segurando em meu pescoço. 

Caímos os dois no mar. Formei uma bolha de ar, para que ela pudesse respirar e aproveitar melhor o momento.

-Eu te amo tanto cabeça de algas - ela disse, com as mãos repousando sobre minha nuca. 

-Eu também te amo - sussurrei em seu ouvido,  lhe dando um beijo de esquimó (nariz com nariz) e depois, a puxando mais para perto com as mãos envolta de sua cintura, selei nossos lábios com um beijo.